Quando falamos em primárias, o mais certo é vir-nos à memória as complexas eleições para a Presidência dos Estados Unidos, com votações que se estendem por vários meses e expressões como “Super Terça-feira”, mas a verdade é que a ideia não está assim tão distante do continente europeu como se pode pensar.
As diferenças na execução são enormes, é certo, mas a ideia é mais ou menos a mesma: alargar o universo dos cidadãos que determinam quem é o candidato mais bem posicionado para vencer umas eleições ou assumir a liderança de um partido.
Depois de António José Seguro ter proposto que o futuro candidato a primeiro-ministro pelo Partido Socialista (PS) seja escolhido por “militantes e simpatizantes”, os esclarecimentos sobraram para as mãos de Maria de Belém Roseira. A sua tarefa é “recolher os regulamentos de eleições primárias semelhantes já realizadas em França e em Itália e a realizar em Espanha”, disse o secretário-geral do PS.
A julgar pelo que acontece há mais de 170 anos nos Estados Unidos, e nos tempos mais recentes em França e Itália, a tarefa do PS português lança algumas questões para as quais ainda ninguém tem respostas claras. Será possível votar nas primárias do PS quando se é, ao mesmo tempo, apoiante do PSD? Quanto vai custar – e quem vai pagar – a organização de um ato eleitoral que pode ter mais do que uma volta candidatando-se três, quatro, cinco ou mais figuras do partido?
Nos Estados Unidos há várias soluções, consoante os estados – a maioria promove eleições primárias com o envolvimento dos governos locais, mas em alguns a escolha é organizada pelos próprios partidos, nas suas próprias secções. Em quase todos os estados, a vontade dos eleitores é obrigatoriamente respeitada pelos delegados que votam nas convenções nacionais, mas noutros, essa primeira votação passa depois por vários filtros (delegados de condado, que depois escolhem delegados estaduais, ou outros).
Mas há uma regra de ouro quando as primárias são abertas (as que permitem a participação de todos os cidadãos): quem vota nas primárias do Partido Democrata, já não pode votar nas primárias do Partido Republicano, e vice-versa.
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