Para detetarmos muitas das causas que nos levaram ao atual estado de austeridade, nem será preciso fazer a famosa descida ao fundo do poço. Muitas delas foram fruto de uma revolução desfasada nos conceitos e totalmente fora de uma realidade que levou o mundo a caminhar por vias diferentes, muito diferentes. Estamos a pagar o preço por não termos caminhado por uma democratização sem revanchismos nem excluídos, antes, de mão dada com todos tal como fizeram os nossos vizinhos espanhóis. Eis pois, aquilo que se fez e não devia ter sido feito; Das chamadas “conquistas da Revolução” – nacionalizações, reforma agrária e controle operário – a terceira nunca existiu de facto, a segunda deixou uma marca profunda no Alentejo, a primeira moldou o destino da economia e da sociedade portuguesa até aos dias de hoje, no mau sentido.
As nacionalizações, a seguir ao 11 de Março, foram da responsabilidade da ala militar ligada ao PCP, no MFA, são, ainda, nos tempos que passam, um enorme sorvedouro de recursos financeiros e uma fonte de sacrifícios para os portugueses, sem esquecer a fonte de instabilidade sindical e social que as deixam ser. Em todo este problema de saber quem detém a posse das empresas, há um outro que não pode ser esquecido por dizer respeito aos seus trabalhadores. Eles são, foram e continuarão a ser o maior capital dessas mesmas empresas e do país e nessa condição viram-se confrontados com difíceis adaptações e uma nova realidade na estabilidade do emprego.No ato das nacionalizações, que foram atos revolucionários, a primeira acção era regra geral o saneamento selvagem de toda a estrutura de comando ou até técnica. Muita gente de lágrimas nos olhos viu ser-lhes retirado o trabalho e os direitos adquiridos. Normalmente eram substituídos por outros , por vezes alheios às empresas, nomeados nunca por desempenhos ou qualidades demonstradas. Ascenderam a tais posições de relevo na estrutura dessas empresas, mais como comissários políticos. A qualidade pedida era que fossem de esquerda de preferência ativistas políticos e antifascistas. Nesta situação as empresas foram-se deteriorando, adoecendo até se verem forçadas a estender a mão aos cofres do Estado. Os salários começaram a estar em perigo todos os meses, foram poucos os casos de encerramento com despedimento coletivo. Mas é destas cinzas que renasce a vida, a fénix renascida. Passa por aí a nossa salvação-
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