É lugar-comum dizer-se que sem partidos não há democracia, mas o inverso também é verdadeiro.
Os nossos partidos do poder (PS/PSD), cuja existência custa aos portugueses uma soma incomportável das suas parcas possibilidades financeiras, são avessos a falar de si e, quando o fazem, avançam números com pouca credibilidade como seja:
PS “dixit“; O número de militantes do PS ronda os 73 mil. No entanto, o número de militantes com direito a voto para o congresso deverá ser substancialmente menor. Só votam aqueles que pagarem as quotas.
PSD “dixit”; O número de militantes do PSD, em 2007, segundo fontes partidárias não ultrapassaria os 60 mil, contudo apenas 50% votaram nas eleições diretas (o número, provável, de militantes do PSD).
O partido do atual governo (2008), tentou que todos os partidos fizessem prova de terem pelo menos 5.000 militantes devidamente identificados, tendo com isso levantado uma autêntica revolução. Isto da parte dos mesmo que querem a abolição do segredo bancário para todos os cidadãos e não enjeitam em devassar a sua vida privada.
Ora, considerando um total nacional de mais de oito milhões de votantes, temos dentro do PS e PSD, no melhor dos casos, um total de 133 000 militantes, sendo que metade não vota. Dos que votam, a maioria deles votam com quotas pagas pelos caciques.
Haja a coragem de radiografar os partidos e fazer um levantamento do perfil dos seus militantes e depressa se vai concluir que na sua grande maioria votam em quem lhes mandam votar, a troco de milhares de pequenos favores. A sua capacidade e entendimento do votar é muito limitada e as carências são inúmeros.
A discussão política dos problemas reais do país passa ao lado da vida interna dos partidos que, perdem todo o tempo digladiando-se entre facões e encontrando dentro do partido os seus maiores inimigos. As sinergias estão arredias, pior, o objetivo nacional é completamente arredado e dá lugar a guerras constantes que paralisam toda a estrutura partidária.
Apetece perguntar, como podem surgir dentro de um universo de votantes inferior a 0.01% do total nacional de votantes, os melhores servidores para o país?
O resto imenso dos portugueses, não contam? Porém, sempre serão 99,99 %!
Nem seriam precisas, tantas, explicações, para se perceber que, com honrosas exceções, o partido e o país ficam entregues aos caciques partidários que manipulam a maioria dos militantes. As exceções dentro dos militantes, vão sendo marginalizadas, até saírem por livre vontade.
Como podem os partidos deter tanto poder?
Será que qualquer líder partidário pode ser o melhor primeiro-ministro para Portugal?
Só com muita sorte. E se isso for possível estará ele como candidato preparado para tal, perdido que andou em tanta luta para conquistar o poder e manter o partido unido ? Afastado ou nunca empossado na gestão de qualquer grande empresa! Sem nunca ter participado em qualquer governo, nem sequer como secretário de Estado. Com habilitações de qualidade duvidosa!
Hoje, o objetivo de um líder partidário é governar o país e não o partido.
Não esquecer que o atual primeiro-ministro já falhou a maioria das promessas que fez em campanha! A realidade que encontrou no país era outra e ele desconhecia-a.
Mesmo assim como está a vida económica de Portugal, e a crise da educação, saúde e justiça? Como vamos solucionar o desemprego e a reforma do Estado. Estará o tão apregoado Plano Tecnológico a servir a economia, para além da entrega gratuita de computadores?
Será a profusa distribuição de diplomas do 12.º ano o melhor caminho para a educação se pusermos de fora as estatísticas?
Como ficou a tão contestada avaliação dos professores?
Porque vão milhares de portugueses a Cuba ser operados se tudo vai bem? A expensas das autarquias?
Muito, muito mais se poderia perguntar e dizer calando as loas publicitárias de alguma média e do próprio governo.
O povo já fez a sua parte apertando o cinto para equilibrar as finanças públicas e enfrentar o custo de vida e o desemprego!
Por fim, não é mais possível acreditar que o melhor primeiro-ministro de um país tenha que sair de dentro de um partido. Outro caminho terá de ser encontrado e deixar para os líderes partidários o difícil papel de apoiar e ajudar a descobrir o melhor primeiro-ministro na sociedade civil, com provas dadas.
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