“ Uma questão política “
“Se poucos erros palmares existiram durante o “ cavaquismo “, o principal foi sem dúvida o modo como o centro-direita se despojou da sua influência na comunicação social e vendeu aos seus adversários internos e externos a corda com que seria enforcado.
Se a SIC e a TVI, criadas com a bênção do consulado social-democrata foram os canais televisivos mais implacáveis com os governos de Cavaco, já a criação do “ Império da Lusomundo “, redundou num genuíno Alcácer – Quibir já que a direcção e linha redactorial dominantes dos diários do grupo foram oferecidas de bandeja pelo coronel Silva às sinecuras socialistas do jornalismo.
A vitória do PSD nas últimas eleições, a qual se fez paradoxalmente contra a própria imprensa dominante, não foi, todavia, acompanhada por uma estratégia certeira para a comunicação social, pois um sector da liderança ainda acredita que “ la donna e mobile “ e que se pode vir a inclinar ainda para o seu lado.
A reacção da linha dominante da imprensa nos primeiros “cem dias“ da actual coligação esmaece todas essas ilusões.
Para quem não queira ver, o “ estado de graça “ governativo foi morto à nascença por uma “fatwa “ dos fazedores de opinião; o primeiro-ministro foi reduzido ao estatuto de um fantasma; Manuela Ferreira Leite foi transformada na «bruxa malvada do Oeste»; Morais Sarmento transmutado no “Calvin” do Executivo; o Governo foi crismado de inepto e trapalhão; os críticos internos do PSD foram brindados com um palco público de luxo; e o “ Bloco de Esquerda “ erigido a consciência colectiva.
Importa, pois, que o PSD entenda, uma vez por todas, o que Portas já entendeu.
Ou o centro-direita decide lutar no terreno da comunicação social pelo espaço próprio a quem em termos de representatividade democrática tem direito, apoiando quem deve apoiar, ou será a sobredita “ comunicação social das causas “ a acabar com o centro-direita.
No tempo presente, a comunicação social de massas encontra-se maioritariamente privatizada e os grupos e interesses económicos que a possuem estão desde há muito acomodados ao “ pacto tácito “ de não influírem na linha editorial, contanto que a sua influência comunicativa no campo económico fique garantida.
No seu entendimento foi sempre preferível manter uma orientação de esquerda na imprensa que controlam, para agradar aos imprevisíveis socialistas, estejam eles no Governo ou na oposição, já que os partidos do centro-direita “ estão no bolso “ e constituem um parceiro tácito e adquirido quando alcançam o poder.
Importará talvez que a coligação no poder, eventualmente através de um exemplo que faça doer, relembre a uma certa plutocracia descuidada e pouco grata que nada está verdadeiramente adquirido e que não existem valsas dançadas senão a dois.”
INDEPENDENTE 12 Julho 2002
. O CONCEITO DE SERVIÇO PÚB...
. ENDIVIDAMENTO PÚBLICO E P...
. A SACRALIDADE DA PESSOA H...
. 200 000
. A VERDADE PODE SER DOLORO...
. IMAGINEM
. PORTUGAL, UM PAÍS DO ABSU...
. CIVILIZAÇÃO Pré-histórica...
. UMA SOCIEDADE SEM "EXTRAV...
. O POVOADO PRÉ-HISTÓRICO D...
. AS INTRIGAS NO BURGO (Vil...
. MANHOSICES COM POLVO, POT...
. NOTA PRÉVIA DE UM LIVRO Q...