A violência que atingiu o World Trade Center, o Pentágono, e o Voo 93 da United Airlines há dois anos atrás constituiu um ataque à liberdade da América, mas também um rude golpe nas esperanças de liberdade no mundo.
Cidadãos inocentes de 87 países foram mortos nos ataques de 11 de Setembro – mais do que 3.000 homens e mulheres de todos os continentes, culturas, credos, raças e religiões. Cidadãos de países desde Antígua ao Zimbabwe, incluindo países predominantemente Muçulmanos desde o Bangladesh ao Iémen, morreram há dois anos atrás.
Mães foram arrancadas às suas filhas e pais aos seus filhos. Casais foram dilacerados, amigos para sempre separados. Nova Iorque perdeu parte do seu famoso horizonte, mas não perdeu o seu espírito.
O mundo mudou ?
Os trágicos e horríveis ataques aos seus cidadãos mudaram mais do que apenas a América, mudaram o mundo. O impacto real dos ataques encontra-se muito para além da dor sofrida pelos sobreviventes e familiares das vítimas, e mesmo além da ameaça à segurança dos Estados Unidos.
Os ataques de 11 de Setembro alertaram-nos para o facto de que o terror nos ameaça a todos.
Os terroristas florescem com o apoio dos tiranos e com os ressentimentos dos povos oprimidos. Quando os tiranos caem, e os ressentimentos dão lugar à esperança, homens e mulheres de todas as culturas rejeitam as ideologias do terror, e viram-se para a procura da paz. Onde quer que a liberdade impere, o terror bate em retirada.
Já que todos somos vítimas potenciais da ideologia do ódio, e porque os terroristas acreditam que todas as vidas são dispensáveis no seu ímpeto para espalhar o caos, as nações vão continuar a condenar o massacre de inocentes e a rejeitar o ódio que alimenta essa violência.
Após o dia 11 de setembro, o mundo já não é o mesmo de antes, como parecem pensar a generalidade das pessoas. Por outro lado, os Estados Unidos perderam o sentimento de invulnerabilidade. Por outro, os cidadãos de todo o mundo querem sentir segurança, conscientes de que, em reacção ao ocorrido naquela data, um conflito mundial pode ser desencadeado.
Ainda não se sabe o número exacto das vitimas que morreram durante os ataques às torres gémeas do World Trade Center (WTC) de Nova Iorque, ao pentágono em Washington e no desastre do avião que caiu na Pensilvânia sem ter atingido o seu objectivo de chocar com a Casa Branca, como dizem muitos, ou contra o Congresso, como afirmam outros. As últimas estimativas citam 2800 mortos mas, até hoje, ninguém sabe ainda o número exacto. As torres do WTC foram destruídas, uma ala do Pentágono também.
A maioria realça o sentimento de unidade que atravessou o país. Os efeitos políticos e económicos dos ataques foram sentidos por todos e não só pelos cidadãos dos Estados Unidos.
O principal objectivo do contra ataque americano, declarado logo no dia 11 de setembro a seguir aos ataques terroristas era o de “capturar e trazer perante a justiça” os autores dos atentados contra o World Trade Center e o Pentágono.
Mas com o passar dos dias e das semanas, emergiram algumas conclusões mais completas:
Ø que ia ser difícil encontrar os culpados, escondidos nas terras desertas e abandonadas do Afeganistão, qual agulha em palheiro;
Ø que a captura dos responsáveis não destruiria a sua rede de apoio que começava no Afeganistão e não se sabia aonde acabava;
Ø que destruir os terroristas e a sua rede de apoio carece de apoio da comunidade internacional, que George W. Bush passou os primeiros nove meses da sua presidência a desprezar;
Ø e que até essa rede ser destruída, a mão terrorista de Osama bin Laden e a sua organização (Al-Qaeda) pode voltar a aparecer.
Na impossibilidade de encontrar bin Laden, imediatamente – há anos que os EUA tentam capturá-lo ou assassiná-lo – um ataque contra o Afeganistão satisfaz a necessidade de acção punitiva exigida pela opinião pública – se mais não fosse porque foi prometida pela administração há já tempo – e começa a desfiar a teia de apoios no país aonde bin Laden se sentia em casa.
Outros países, nomeadamente o Iraque estão na lista de suspeitos. Mas atacar outros países “amigos” dos terroristas não resolve o problema do terrorismo. Mais eficaz é convencer terceiros países a não darem guarida, apoio ou albergue aos terroristas.
Assim como aconteceu com a guerra fria, o terrorismo, tal como o comunismo, pode não ter para todos os países a mesma urgência que tem para os Estados Unidos. Washington terá grande dificuldade - sobretudo no mundo islâmico – em encontrar aliados de confiança. É que mesmo que Washington diga e repita que esta guerra é contra o terrorismo e não contra a fé islâmica, milhões de muçulmanos em todo o mundo não acreditam. ABRIL DE 2002