Motivações Económicas
A vastidão e complexidade da economia mundial é de tal ordem que seria fastidioso e pretensioso, enumerar toda a rede de interesses comerciais que provocam conflitos de dimensão assinalável ! Ou tão somente, instabilidade generalizada de forma constante !
Todavia no mundo actual, há uma rede comercial internacional, que se sobrepõe às demais. Sobretudo quando se fala de uma área geográfica, Médio Oriente, que está literalmente assente sobre uma gigantesca mancha do chamado “ ouro negro “ ! Trata-se do negócio do petróleo.
Quando as tropas da coligação anglo-americana iniciarem o ataque ao Iraque, será já claro que o petróleo, principal fonte de energia do ocidente estará na origem da guerra. Tal como antes, fundamentava a posição franco-alemã, nas Nações Unidas, contra a intervenção militar, mais uma vez o “ouro negro” semeava a discórdia entre os Estados.
Este ouro « ainda vai trazer muita guerra na região » afiança Richard Duncan, o presidente do Institute on Energy and Man, sediado em Seattle, nos Estados Unidos.
Como pano de fundo está um estudo prospectivo deste mesmo Duncan que aponta para um período muito crítico em que se vai jogar a liderança mundial desta escassa mercadoria, e cuja contagem decrescente já começou. Duncan parte de duas constatações que não são contestadas por ninguém: as reservas de petróleo devidamente comprovadas são detidas em 77,6% pelos países da OPEP e, neste grupo, uma fatia de 63,8% está nas terras dos cinco «magníficos» do Médio Oriente – Arábia Saudita, Emiratos, Irão, Iraque e Kuwait .
Acontece ainda, ser este crude, em todo o mundo, aquele que apresenta os mais baixos custos de produção. Está muito à superfície e em terra.
Entrando na prospectiva de Duncan, os cenários futuros do mercado do petróleo apontam para uma sucessão de datas com implicações geo-estratégicas que não podem ser ignoradas.
Datas a Reter
2006: Pico da produção mundial de petróleo
2008: Inversão da relação entre OPEP e produtores de petróleo não-OPEP
2025: Domínio dos 5 países do Golfo dentro da OPEP
2040: Produção mundial de petróleo caiu em 60% em relação ao pico de 2006 e os países do Golfo produzem 92% da produção de petróleo.
Por este estudo, oficialmente credenciado, a produção mundial de petróleo atingirá um pico histórico em 2006, altura a partir da qual deverá entrar num período de desaceleração de 2,5% ao ano, caindo em 60% até 2040.
A liderança absoluta da OPEP – e, por arrastamento, do ouro negro – será progressivamente localizada no Médio Oriente
A “jihad” petrolífera
Segundo Duncan, é do interesse vital dos cinco países produtores do Médio Oriente um controlo apertado da torneira do crude ao longo dos próximos vinte e cinco anos.
Os seus interesses de longo prazo ( 40 a 50 anos no século XXI ) não são compatíveis com as pressões dos países importadores desenvolvidos que querem mais e mais milhões de barris por dia colocados no mercado e a um preço barato.
O Médio Oriente vai transformar-se, por isso, numa região escaldante no presente século. Uma « guerra santa» prolongada à volta do petróleo, com diversos episódios, não deve ser excluída dos cenários.
A maldição do “ ouro negro “ , raro e essencial para os países industrializados, o petróleo surge associado à instabilidade político militar, não só no Médio Oriente como no resto do mundo. Abril de 2002