“A forma como os partidos têm funcionado tem-se vindo a degradar ao longo dos anos e é perfeitamente castradora da qualidade. A maioria dos portugueses , principalmente os de maior capacidade política e de mais nobres intenções , não têm paciência para uma vida partidária que , ao funcionar nos moldes tradicionais ,exige, acima de tudo , vocação para tarefas menores e não para a defesa de convicções.
Milhares de cidadãos que passaram pelos partidos saíram frustrados com o que assistiram . Atropelos à democracia , ausência de regras claras , votos amestrados, decisões políticas de orgãos jurisdicionais , quotas pagas por terceiros , cadernos eleitorais à medida, representatividade política meramente virtual , prioridade à discussão das tricas internas, organização deficiente e longe dos padrões médios actuais.
Esses cidadãos fugiram da vida partidária . São uma maioria e, ao tomarem essa decisão , estão a prescindir da principal riqueza do regime que é , precisamente ,a participação. Nos moldes em que tudo tem funcionado , a responsabilidade desse afastamento é de todos aqueles que, tendo consciência de esta situação, nada fazem para a resolverem.
A qualidade da nossa classe política está intimamente ligada a esta problemática . Sem uma alteração do quadro actual , jamais será possível a sociedade poder aspirar a mais qualidade . (... ) O mais penoso de esta questão prende-se, no entanto, com o facto de o ritmo de desenvolvimento de qualquer sociedade depender muito directamente do nível da capacidade dos seus dirigentes”.
Rui Rio PORTO EDITORA