“ Para quem pensasse que o resultado obtido pelo PS nas eleições do mês passado tinha , pelo menos até ao próximo Congresso , arrumado a questão da liderança e da orientação estratégica do partido , aí estão os sinais concertados dos últimos dias para mostrar que o «centrismo » está longe de estar morto .
Mais : em diversas intervenções públicas , alguns destacados dirigentes do PS vêm criticar duramente a recentragem à esquerda , personificada em Ferro Rodrigues , defendendo , uma vez mais , que é ao centro que o PS se deve situar , daí partindo para a conquista do eleitorado de esquerda .
Este « centrismo » não é , propriamente um centrismo ideológico ; mas parte do pressuposto de que o «centrão» , essa massa de algumas centenas de milhares de eleitores que votam alternadamente no PS ou no PSD , é um centrismo ideológico . Não é . O « centrão» move-se por interesses e estados de espirito , mais do que por convicções . Até porque não há , pelo menos em Portugal , um corpo doutrinário que defina o centrismo . É um vazio ideológico que , por isso mesmo , quando procurado , desemboca no casuísmo das alianças e no tacticismo das opções políticas .
No primeiro caso , dá orçamentos Campelo ; no segundo , rege a sua acção política pelo resultado das sondagens e pela perspectivas de eleições .
Em ambos os casos , pensa que é pragmático , como se viu, e desemboca no «pântano » .
Visão 24 Abril 2002