“ INSTRUTOR QUIS SER SUBSTITUIDO “
“ As disparidades , incongruências e imprecisões que resultam das declarações que foram prestadas são de tal ordem que não consideramos possível fixar qualquer posição definitiva num relatório final “ , escreve o inspector João Gonçalves , num documento enviado à subinspetora – geral da Inspecção Geral da Administração Interna ( IGAI ) , a 11 de julho .
De seguida , acrescenta : “ De facto , neste processo há demasiada “ verba “ e pouca “ res “ . Isto é , quando pedimos documentos justificativos das decisões tomadas , ou nos dizem que não existem ( e tal está evidenciado nos autos ) , ou se atribui essa inexistência a “ despachos verbais “ , “ ordens superiores “ , “ determinações “ , “ orientações “ , ou mesmo “ gestão desburocratizada e flexibilizada “ . ( ... ) Este processo transcende a pura legalidade formal “ .
Estes são só alguns dos motivos apresentados por João Gonçalves para formular um pedido pouco habitual nestas situações : “ Entendemos não ter condições objectivas – pessoais e institucionais – para prosseguir na instrução deste processo de inquérito “ . O inspector que averiguou as empreitadas na Quinta de Santo António , na Pontinha – o imóvel do Ministério da Administração Interna que viria a ser destinado à sede da Fundação para a Prevenção e Segurança – pediu a sua substituição ao fim de seis meses de trabalho .
João Gonçaslves ouviu , por diversas vezes , António Morais , director do GEPI , Lencastre Bernardo , director do SEF , Armando Vara , ex-secretário de Estado do MAI , Luís Amado , que teve as mesmas funções , o governador civil de Lisboa e técnicos , assessores e até secretárias , sem conseguir chegar a uma conclusão .
“ Quer o queiramos , quer não , este processo está “ contaminado “ por
processos políticos de decisão que não podem ser escamoteados , sob
pena de a árvore não nos deixar ver a floresta ou , então , de sermos
conduzidos por caminhos que não levam a parte nenhuma “, escreveu ,
premonitório , no primeiro relatório que fez sobre este caso.” Expresso - 2000
A fundação
A relação de Lopes Barreira com a FPS começou com a sua presença na reunião de 2 de Fevereiro de 1999 , na sede dos Bombeiros Voluntários de Oeiras , onde os fundadores decidiram instituir um órgão para a prevenção e segurança rodoviária . Na segunda acta da FPS Fernando Lopes Barreira já participou como presidente da Mesa da Assembleia Geral .
Segundo fontes próximas do processo, a relação de Barreira com Tomé
Falcão , presidente da fundação , e Armando Vara , ex-ministro do
Desporto e ex-secretário de Estado-Adjunto de Jorge Coelho na Administração
Interna, começa precisamente em Bragança , o distrito onde nasceram os
três .
A amizade de Lopes Barreira com Armando Vara e Tomé Falcão facilitou o
convite a Barreira para ser um dos membros fundadores da FPS . Expresso