Se há princípio diferenciador entre PSD e PS ele está, desde logo, na cultura reformista do Partido Social Democrata. Não se trata de uma diferenciação meramente teórica nem, diria, de uma diferenciação ideológica. Trata-se, antes de tudo, de um ponto de partida distintivo que se fundou na consciência crítica de um regime opressivo e que se manifestou na sua plenitude com a implantação da democracia. É, por isso, a matriz identitária do PSD. Com a força de uma matriz que assume o ideal reformista por convicção e não por uma qualquer obrigação doutrinária. Consciente de que as reformas não se esgotam no tempo, nem se concluem com a concretização dos objectivos enunciados e com a responsabilidade de as assumir como processos contínuos de ajustamento das políticas às realidades, ora antecipando-as, ora condicionando-as. A reforma é, por natureza, uma never ending story.
Não há mudanças sem resistências, nem há regras procedimentais, objectivas e lineares, para implantação de uma reforma. Na sua concepção tem que haver, isso sim, perspectiva estratégica e sentido de interesse público. E na sua aplicação a democracia ensina-nos que o bom senso e o pragmatismo são dois elementos indispensáveis. É na conjugação destes elementos que ela se deve estruturar e aplicar, tendo por certo que as mudanças numa sociedade se fazem com os seus sectores mais dinâmicos.
É uma contradição nos próprios termos partir-se para um processo reformista com o pressuposto de confronto antecipadamente instalado. O confronto extrema. Ao extremar distancia, enquista posições e desvirtua o sentido das políticas. O resultado não é de soma nula. É negativo. Porque as políticas não foram aplicadas pese embora o processo ter deixado marcas que, mais cedo do que tarde, se acabam por transformar em custos. Não apenas financeiros, mas, o que é pior, sistémicos.
Por outro lado, importa considerar o valor essencial de uma reforma, qual seja o de absoluto. Melhor dito: uma reforma deve ter um valor intrínseco e inalienável na medida em que não deve ser condicionada por um horizonte eleitoral. Este é um dos factores mais devastadores para uma dinâmica de transformação e não raro tem estado presente no consciente do decisor político. Razão pela qual se poderá dizer que só deveremos acreditar no sentido reformista daqueles que não determinam o seu horizonte de actuação por calendários eleitorais, sobrepondo o interesse partidário de mera conquista de poder sobre o interesse público na efectivação das mudanças. Este sim, o verdadeiro vírus da reforma.
Rita Marques Guedes
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