Já há algum tempo que se vem comentando à boca cheia que existe um ambiente de medo e de cerceamento das liberdades. Quanto ao primeiro, já tive oportunidade de falar, escrevendo um pequeno texto, intitulado “epidemia do medo”, no qual, o medo, fruto de várias circunstâncias, às vezes até de coisas aparentemente benignas, acaba por se transformar em fonte de perigosas ameaças entre as quais se destaca a limitação da liberdade. O silêncio passa a ser uma regra preciosa.
Fiquei a saber que o empresário Belmiro de Azevedo “se queixa das dificuldades de discordar do Governo”! Se for verdade, então as coisas não devem andar muito bem.
No Parlamento, esta semana, através da televisão, ouvi o deputado do PSD, Pedro Duarte, a denunciar a existência de movimentos “socialistas” destinados a intimidar os professores! No final, o senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares, em defesa da Ministra da Educação, fez o seu papel político, - que gosta de fazer -, atacando a líder do PSD a propósito da “suspensão da democracia”, dando a entender precisamente o contrário, ou seja, que não há ninguém melhor do que os socialistas para defender a democracia.
Pessoalmente estou convicto de que não há quaisquer orientações superiores para provocar medo a nível dos cidadãos. Seria mesmo terrível e perigoso se tal ocorresse. Mas, já acredito que, cá por baixo, alguns “zelosos” devotos tenham tendência para executar tarefas, eticamente condenáveis, por “iniciativa própria”. De qualquer modo, não deixa de ser preocupante, porque uma atmosfera de medo vai levar a situações propícias ao surgimento de ameaças às liberdades. Penso que tem que haver coragem para denunciar esses casos.
Lembro-me de, em 2004, ter lido o livro de José Gil, “O Medo de Existir”. Um livro interessante que tenho que reler. Nessa obra, Gil afirma que “Os portugueses não sabem falar uns com os outros, nem dialogar, nem debater, nem conversar. Duas razões concorrem para que tal aconteça: o movimento saltitante com que passam de um assunto a outro e a incapacidade de ouvir”.
O medo, não é novo, vem dos tempos da ditadura, e impede que se assuma a liberdade plena. E quando passamos a não dizer o que pensamos...
posted by Salvador Massano Cardoso @ 21:56 4 comments
O Orçamento para 2009, agora aprovado, estabelece um novo e agressivo aumento da carga fiscal para os automóveis novos: 15,6% nos automóveis a diesel, e 5,2% nos carros a gasolina.
Este aumento dos impostos irá implicar, só por si, um acréscimo no preço dos carros, à volta de 2,5%. De aumento em aumento de impostos, a despesa pública está cada vez mais respaldada, mais próspera e proeminente e a economia mais pequena e definhada.
Desavergonhadamente, o Governo vai dizendo que diminuiu a despesa e os impostos.
Concomitantemente e contraditoriamente, o Ministro das Finanças também vai dizendo que prefere aumentar a despesa e, naturalmente, aumentar os impostos, para relançar a economia.
Anestesiados pela crise e pela propaganda, os cidadãos já nem reagem às contradições do Governo. E, confortavelmente instalados, os barões do maior partido da oposição discutem o sexo dos anjos, quando não, porventura de forma irónica, o da Presidente do Partido!...