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Educação: Necessário um 'grupo de sábios' entre professores e Governo
António Vitorino é da opinião que o Executivo deve equacionar a criação de uma comissão com vista a alcançar um acordo sobre o processo de avaliação de professores. A proposta foi defendida ontem pelo socialista, no programa de comentário político na RTP. Afirmou que não faltam no País personalidades capazes de fazer a ponte entre o ministério da Educação e os professores. Defendeu a criação de um "grupo de sábios" que, "inspirado no modelo inglês", possa alcançar um acordo sobre o processo de avaliação de professores.
O dirigente socialista Augusto Santos Silva rejeitou a ideia de criação de uma comissão de sábios para mediar o fosso existente entre professores e o Governo e lembrou à TSF que já foi criada a comissão de paridade.
Paridade ? O que é isso ?
É claro que perante a hipótese da intervenção de "sábios", algumas pessoas ficam assustadas, mesmo quando não acertam nas melhores soluções, necessárias para desbloquear situações graves que podem estar a afectar milhões de pessoas, e o próprio futuro do país e do mundo ! Os actuais políticos, de tão superiores se julgarem , perderam a indispensável humildade, de tal modo, que nem se apercebem como a população deixou de acreditar neles! De como a política e outras instituições públicas estão desgastadas ! Há sondagens que comprovam tão dura realidade. Até feitas pela Assembleia da República! E pelo partido socialista!
Eles preferem esquecê-las . Dormem melhor. Instalados no sono delicioso da ignorância ! Afinal há políticos empossados sem terem sido, sequer, eleitos ! Muitos. No país e na UE ! Onde pára a Democracia Representativa ?
O país e o mundo são uma coutada de políticos mal formados. Afinal o ministro fala numa comissão paritária ! Não é disso que se trata. Não são uns por um lado e os outros, do lado oposto! Cinco de cada lado. O sábio pode ser um !
Nem é gente nomeada pelo governo. Como nas "Entidades Reguladoras" de tudo e o mais que fosse! O partido a controlar tudo !
É gente independente, por ser superior aos mesquinhos interesses dos partidos. Estão acima. Muito acima. São muito respeitáveis. Ninguém lhes atira tomates.
A Lisboa do século XIX e XX acolheu tertúlias sobre literatura, arte, sociedade e política. Eram conversas informais entre grupos de pessoas, umas mais fiéis, outras mais esporádicas, que se reuniam em cafés, restaurantes, livrarias, clubes, hotéis ou mesmo em esquinas. As tertúlias aconteciam um pouco por toda a parte, desde a Baixa ao Cais do Sodré, e especialmente na Rua Garrett a que José Cardoso pires chamou o “nervo do Chiado”. “Durante mais de um século. foram a fonte das artes, das letras portuguesas, da política e do social”, onde “a cada notícia, a cada encontro, havia uma ideia a contestar para logo outra nascer”. À volta de uma mesa, em lugares mais ou menos requintados, grupos de sábios e de menos sábios, leram, escreveram, debateram, conspiraram, reinventaram o mundo. Essas tertúlias constituiram conversas informais, orientadas de forma organizada, sobre assuntos relevantes no âmbito da vida portuguesa e internacional.
No Portugal de hoje, tem vindo a despertar um ambiente de tertúlia, próprio desta nova era que é a nossa. Foi o prazer de continuar a pensar que o fez nascer. Numa forma de «convívio ao vivo», num ambiente de conhecimento partilhado e de desenvolvimento da consciência crítica. São os grupos de reflexão . Clubes de pensadores. Alguns existem há vários anos !
Trata-se de um profundo gosto por saber. Porém, hoje, muita gente se sente despeitada só pela atribuição da palavra “Sábios” aos membros que emergem na sociedade e que se reúnem para discutirem assuntos de interesse, para além do saber ! Mas o verdadeiro sábio é muito mais. É referenciado e respeitado por toda a população. É um homem ou mulher de bem. Estão sempre ao lado dos que sofrem. Mas não querem o poder. Mas cai-lhes no colo um poder imenso. O carinho e a admiração de toda a gente. A sua total confiança. Porque eles nunca traiem, nem se submetem ! Não querem ser governo.
Podem ser novos ou, mais idosos . Afinal, todos nós somos sábios. Uns mais que outros. Procuram-se os “mais sábios”, porque só eles têm o condão de gerar consensos . Ultrapassam os limites das tertúlias. Gostam da crítica, do saber, mas acima de tudo de serem solidários e tolerantes. São bons por natureza. Não têm lugares bem pagos !
Sábio, quando muito, pode e deve significar uma pessoa que goza do respeito geral da população, que lhe admira o bom senso, a humildade e a seriedade de análise . É uma pessoa, que aos olhos do povo, é credível, ao contrário dos políticos. É uma pena . Não decorrerão muitos mais anos, sem as coisas terem que mudar. A sociedade civil está, indevidamente, subalternizada! E o poder político é, por direito próprio, dela. É ela que representa a população organizada e activa. É ela que cria riqueza com o seu trabalho. Riqueza essa que os políticos estão a desbaratar ! Tornando o nosso país mais pobre, a um ritmo assustador! Esbanjando aos milhões em " Magalhães", sem ouvirem os professores sobre a sua validade no ensino !
Não admira, pois, que os nossos políticos não gostem de ouvir alguém clamar pela ajuda dos “ sábios “. Homens bons que amam o seu povo ao contrário dos políticos . Que para o seu bem, trabalhariam sem recompensa, a vida inteira. Onde encontrá-los ? Hoje não seria preciso ir ao Chiado, basta estar atento. Ouvir as conversas no autocarro, nos hospitais, na praça, na rua, etc. Onde estiver gente do povo.Podemos ainda encontrá-los nos que, trabalham como enfermeiros ou médicos, administrativos, juizes, polícias, padres, professores, condutores de táxi, barbeiros, bombeiros, ao serviço das associações de todos os géneros, trabalhando sem salário depois de um dia de trabalho ... ! De resto, basta, também, perguntar às pessoas . Elas sabem . Também, não são muitos. Em todo o país serão algumas centenas . Faça-se o seu levantamento . Com orgulho. Seria a estes que deveria ser dado um diploma de sábio. Não às outras centenas ou milhares das " Novas Oportunidades. Para ludibriar estatísticas ! Para enganar os empregadores ! Para enganar o país !
Ser sábio, é acima de tudo ter nascido para o “ serviço público “. Servir e comprender o próximo. Esses homens e mulheres deste Portugal vão, certamente, recuperar , para o nosso país , o prestigio que os actuais políticos fizeram desaparecer ! A confiança e o bem-estar, também.
É bom que se faça o seu levantamento. Fazem parte do renascimento da política. Do nosso maior património, mais ainda.
António Reis Luz