Esta semana houve três confirmações fundamentais, na área da saúde. Primeiro: a gripe A não mata tanto como se previa no início - isso é óptimo. Segundo: apesar de não matar muito, é completamente imprevisível: um quinto das pessoas que morreram não tinha qualquer factor de risco - isso é preocupante. Terceiro: o Ministário da Saúde acha definitivamente que salvar a vida dos portugueses não é uma prioridade - e isso é assustador.
Depois da decisão da Organização Mundial de Saúde de recomendar uma única dose por pessoa, Portugal tem duas hipóteses: duplicar a quantidade de vacinas disponíveis, alargar a imunização a quem não tem factores de risco e diminiuir significativamente o números de mortes por gripe A, ou manter tudo como está e doar as novas doses disponíveis a países pobres.
É claro que o nosso Governo, com o vício típico de quem vive em Chelas mas acha que mora em Bruxelas, se inclina para a atitude altruísta: pode haver portugueses que queiram ser vacinados e não têm hipótese, pode haver pessoas saudáveis que acabam por morrer porque em Portugal não tiveram direito a vacina, mas o Governo prefere a atitude politicamente correcta à politicamente eficaz. No parlamento, Ana Jorge admitiu a doação. E uma fonte do ministério já explicou aos jornais que, na melhor das hipóteses, alarga-se a vacinação a todas as crianças, jovens e mais alguns doentes crónicos - e doa-se o resto.
Se ainda restasse alguma dúvida sobre a ligeireza deste Governo no combate à gripe A, Mário Carreira da Direcção-Geral de Saúde, esclareceu ao Público na segunda-feira o que já se temia: esta gripe: esta gripe "é uma roleta russa". E, caso mesmo assim a ministra Ana Jorge não tivesse percebido que deixar uma pessoa saudável sem vacina é colocá-la nessa roleta russa, o especialista explicou nesta edição da SÁBADO que a "ùnica forma de evitar mortes é vacinar". Mais de 70% das pessolas atingidas pela gripe A têm menos de 30 anos. E 20 a 30% das vítimas mortais em todo o mundo não tinham qualquer factor de risco associado. Ou seja, estavam no grupo de pessoas que Ana Jorge considera não precisarem de vacina.
SÁBADO - 17-12-2009
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