Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2009
21 Dezembro 2009 - 00h30
Dia a dia
Intrigas palacianas
Depois do ‘fim da cooperação estratégica’ e do ‘fracasso da coabitação’, fases iniciais do clima de guerra aberta que se vive entre Cavaco Silva e José Sócrates, chegámos ao momento da intriga palaciana.
Chegámos ao ponto quente que costuma anteceder o estilhaçar formal, com repercussões institucionais, da confiança política entre os titulares dos respectivos palácios de S. Bento e Belém. Começa a não haver grande espaço para alguma marcha-atrás. O mal-estar é mais que evidente e todos já percebemos que, metaforicamente ou não, Sócrates e Cavaco já nem se olham de frente.
As prioridades do Presidente não coincidem com as do Governo, o PS faz barreira de fogo, as fontes anónimas movimentam-se, o País fica para plano secundário. Nos próximos tempos vai ser assim, com a radicalização a crescer dentro do sistema político e, porventura, no País. Com a fractura social e económica a cavar um abismo cada vez maior entre portugueses. Entre os que ainda podem aproveitar a crise para encher mais os bolsos – e são alguns! – e a imensa maioria que sobrevive cada vez com maior dificuldade.
Entre as intrigas palacianas e a vida real há uma abissal distância que, esperemos, não venha a transportar-nos todos para o inferno de um País adiado e, mais do que isso, verdadeiramente na penúria.
Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto