ENSINO DOMÉSTICO GANHA ADEPTOS EM PORTUGAL
Uma centena de crianças aprende em casa ou em instituições que recorrem a pedagogias alternativas ao ensino oficial
Por não gostarem da escola massificada e acreditarem que conseguem fazer melhor ou por não se reverem no currículo tradicional do ensino oficial, cada vez mais famílias procuram soluções alternativas para educar as crianças.
Segundo dados do Ministério da Educação, há 100 crianças a frequentar actualmente o chamado "ensino doméstico", uma modalidade que abrange as que aprendem em casa, mas também as que estudam em espaços não reconhecidos pelo Estado e que apostam em pedagogias diferentes. É nesta estatística que se integram os 25 alunos da Casa Verdes Anos ou os nove que frequentam a associação Harpa, em Alhandra. "Os pais que nos procuram querem fugir do ensino oficial onde todos são tratados de forma igual, da violência imensa que há em algumas escolas. Temos cada vez mais pessoas a visitar-nos", afirma Leonor Malik, responsável da Harpa, associação que, a partir do próximo ano, deverá gerir a segunda escola primária de pedagogia Waldorf em Portugal (a Escolo Livre do Algarve é actualmente a única reconhecida). "Estas pedagogias potenciam múltiplas linguagens, valorizando muito as expressões artísticas e a educação ambiental. São experiências interessantes e válidas. Mas o controlo administrativo e burocrático do Ministério sobre as escolas acaba por normalizar tudo, fazendo com que ocorram sobretudo no ensino privado e fiquem reservadas às classes médias-altas", lamenta Manuel Sarmento, do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho. Em busca de alternativas, há quem faça escolhas mais radicais e opte por assumir a educação integral dos filhos. Foi essa a decisão de Lara Dias, que ensina em casa a filha Catarina, de oito anos. "A escola sobrecarrega muito, com horários que deixam pouco tempo para as crianças brincarem ou fazerem outro tipo de actividades. O ensino doméstico é mais adequado às suas necessidades. Assim trabalho mais uma matéria ou outra em função das dificuldades que ela vai manifestando", explica. Apesar da resistência da familia, Lara, tradutora, garante que o marido está hoje "totalmente rendido".
Mas a opção está hoje longe de ser pacífica. O sociólogo infantil Manuel Sarmento defende que o ensino em casa "prejudica a criança, que perde a socialização com os pares e não convive com outras formas de pensar e estar". "O ensino doméstico não é solução. A saída é a possibilidade de haver instituições educativas com vários perfis pedagógicos para que os pais tenham liberdade de escolha", corrobora Leonor Malik.
Joana Pereira Bastos com I.L. - Expresso
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