Quem viu o "Prós e Contras" desta semana na esperança de esclarecimento sobre os meandros processuais do "Face Oculta" ficou ainda mais baralhado. Isto apesar de lá estarem dois insignes professores de Direito, o bastonário da Ordem dos Advogados e um Juiz desembargador dos mais mediáticos.
Ficou claro, isso sim, que as leis são um novelo inexplicável - não sabemos se por mera incompetência, ou se quem as concebe tem a intenção deliberada de as tornar inoperantes. E também ficou claro, quer no programa em causa quer num comunicado posterior da Associação Sindical dos Juízes, que a Justiça está a ser palco de uma guerra aberta em dois planos: entre agentes da própria Justiça, que se questionam e até já pedem explicações públicas uns aos outros: entre os políticos quer do Governo quer da oposição, e esses mesmos agentes da Justiça. Os do Governo desconfiam dos magistrados que ouviram nas escutas Vara-Sócrates matéria passível de incriminar o primeiro-ministro: os da oposição desconfiam do procurador-geral e do presidente do Supremo, que entenderam não haver matéria incriminatória e declaram o caso encerrado.
Quanto ao ministro da Economia lança a suspeita de "espionagem política" a propósito do "Face Oculta" está a fazer uma acusação gravíssima aos magistrados responsáveis pelo inquérito. Quando a líder da oposição afirma que todos os dias temos "um pouco menos de Justiça" está a sugerir uma ideia oposta: a de que os altos responsáveis da Justiça manobraram para livrar Sócrates de sarilhos.
No fundo, o país segue estas duas linhas de opinião contrárias. As dúvidas só seriam esclarecidas se as escutas fossem divulgadas, mas isso corresponderia ao abandalhamento total do sistema. Assim, cada qual fica na sua, enquanto o descrédito se abate em doses iguais sobre a política e a Justiça. Pelo que já se percebeu, o Parlamento vai chamar a si esta questão. É bom que o faça, desde que não se limite a reeditar o "Prós e Contras". Uma comissão de inquérito, se for por diante, durará meses. A questão que se vai colocando é a de saber se, com fundamento ou sem ele, alguma vez o primeiro-ministro deixará de estar sob suspeita. E por quanto tempo mais o país aguentará esta situação.
Fernando Madrinha - Expresso 28-11-2009
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