26 Novembro 2009 - 09h00
Da vida real
Aparentemente o sistema político parlamentar adormeceu e só se lhe escuta o ressonar profundo.
Se há algo de salutar para a Democracia e para o crescimento dos povos, é a saudável divergência dos projectos, de ideias, e a transparência e eficácia das Instituições.
Pode suceder – e sucede com muita frequência – que num País democrático inexistam divergências estruturais, ou inexistam até projectos ou as Instituições sejam opacas, ineficazes e pouco transparentes. Tudo junto é que é fatal. Não fica nada ou quase nada a opor resistência aos vírus democráticos. As democracias hoje em dia vivem crivadas de vírus. Nós assim estamos, crivados de viris, pese as excepções que temos.
Aparentemente o sistema político parlamentar adormeceu e só se lhe escuta o ressonar profundo. O ponto é que enquanto dorme tudo se degrada à volta: o deficit, o desemprego, as receitas em forte quebra; o risco de deixar de haver financiamento externo a médio prazo (quem emprestará a um País cuja dívida pode vir a atingir o dobro do PIB?); o aumento de impostos com a entrada em vigor do novo Código Contributivo; a projectada redução de pensões dos trabalhadores que se reformem no futuro; a demissão face às dúvidas que não poupam o Governo; a indiferença pelas térmitas que corroem o interior do que é público...
Já com o Governo passa-se o contrário: esvai-se, excedendo-se num diálogo tão permanente quanto destituído de rumo e efeitos, envolto em caso atrás de caso, casos que o fragilizam e destituem de credibilidade. Cercado de dúvidas, absorvido por elas e à defesa, o Governo esvai-se em insónia. E é assim.
O ponto é que persistimos em ignorar o que nos espera e estamos nesta quietude incompreensível.
Com um Governo em insónia permanente e um parlamento em sono profundo, autodestituído da competência fiscalizadora que a Constituição lhe comete, só resta percebermos que temos de ser nós próprios, desde o apoio no ensino aos nossos filhos, às nossas vidas profissionais, empresariais e cívicas (para os que têm a sorte de as ter), a fazer este País. Temos de ser nós a reconstruir a Cidadania que permita criar uma bolsa de resistência e exigir uma densidade social diferente, uma responsabilidade ética com a consciência clarinha de que também teremos de ter a coragem de empobrecer primeiro, para poder relançar este País tão desnorteado e condicionado.
Temos de começar a operar a metamorfose que nos permita pôr a caminho da construção de uma identidade económica e social. E se tudo isso acarreta muitos custos, também abre o Futuro.
Paula Teixeira da Cruz, Advogada
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