O país tem consumido mais do que é capaz de produzir. Consumir em vez de poupar é um erro. O ajustamento teria de chegar. Cá está ele com a entrada deste novo século. O pior está ainda para chegar. Neste confronto com a realidade, eis o desemprego devastador, o feroz endividamento que bloqueia a procura. O país está menos livre!
Portugal tornou-se uma enorme contradição, quando precisava de elevar o nível de qualificação dos seus recursos humanos, vê esses quadros fugirem para o estrangeiro. São dados aterradores! No início desta década, 146 mil licenciados tinham emigrado, de acordo com o Banco Mundial. Quase 15% da nossa população qualificada vive no estrangeiro. Portugal está na cauda e o mundo está em crise. A nossa doença é mais grave! A democracia está em perda acelerada de qualidade. O povo sofre e não entende porquê. Sonhou com o socialismo e em troca ficou de rastos! E agora?
Agora, com graves problemas a atormentar o mundo (escassez de água potável e matéria-prima, elevação do preço do petróleo em escalada até à sua extinção etc.), o problema não é só nosso, mas é muito mais nosso. Agora talvez só o génio saudável de uma loucura afoita possa fazer rumar a humanidade a um outro plano de vivência. Não há que ter medo de ser louco! Todos os génios o foram. Só num rasgo para lá dos limites e conclusões dos catedráticos estudiosos, para lá das conclusões unânimes das mais famosas universidades mundiais e de permeio com uma vontade indómita, o caminho possa ser iniciado.
Os grandes problemas, tais como o desemprego, o défice, a produtividade e a competitividade, a inovação e outros obstáculos que nos enredam e quase bloqueiam, talvez possam ruir que nem castelo de cartas. Se os sistemas socialistas caíram esmagados pelo peso do Estado que defendiam, vamos soltar as pontas e pensar no “Estado Mínimo”. Sem medo daqueles que dele se têm servido, para viverem à rica. Daqueles que com ele têm enganado o povo.
Vamos viver à volta do “défice zero”, sem medo. Ele não é um bicho medonho! É isso que as famílias pobres fazem nas suas casas. Na política não o fazem porque julgam que os políticos têm poderes que, de facto, não têm.
Vamos aproveitar os enormes recursos informáticos para facilitar ao tal “Estado Mínimo” um quadro de referências para toda a economia do país. Os salários flutuarão ao sabor desse quadro e ajustados ao défice. A sociedade civil será forte e livre e entenderá que crescer e criar riqueza é no benefício de todos, depois de contribuir com margens financeiras para apoiar as “franjas frágeis dessa sociedade” e criar fundos para pesquiza, investimento e inovação.
Um novo conceito de emprego será criado e estabelecido. Andar de mão estrendida à procura de emprego é humilhante. Não respeitar o seu emprego é crime. Novos conceitos de "ensino à distância" ou trabalho na área de residência devem ser explorados. Provavelmente com redução de horas de trabalho laboral e algum serviço voluntário extra. No quadro salarial do país, as referências não serão rigidas, nem fixas. Tudo se deve articular dentro de limites aceitáveis. Contudo, quem não o fizer de forma consciente será, de algum modo, penalizado. Fala-se do mundo dos gestores. O objectivo da economia, em si, não será só o lucro (também o será), mas principalmente a pessoa. O SER HUMANO.
Será uma sociedade sem extravagâncias, mas não será uma sociedade com injustiças sociais. A livre iniciativa (tudo girará à sua volta), teria todo o apoio, tanto financeiro como no campo da pesquisa, inovação e estudo de mercados. O povo sentir-se-ia responsável e participativo, e não, como agora, simplesmente utilizado.
ONDE ESTARÁ O GÉNIO LOUCO QUE AGARRE O PROJECTO?
António Reis Luz
De Zé da Burra o Alentejano a 26 de Novembro de 2009 às 11:39
A "Globalização", tal como foi concebida, vai determinar a derrocada económica do ocidente que passará para segundo plano e será ultrapassado pelas as novas superpotências que a globalização ajudou a criar: a China, a Índia e outros países. O Ocidente caiu na armadilha da globalização que interessava às grandes Companhias que pretendiam aproveitar-se dos baixos custos de produção no oriente. Todos sabem que o custo da mão de obra é insignificante no valor dos bens aí produzidos em virtude dos baixos salários e da inexistência de quaisquer obrigações sociais. Os países ocidentais perderam a aposta quando aceitaram a "globalização selvagem" sem exigirem aos países do oriente que prestassem às suas populações melhores condições sociais, como: regras laborais justas, melhores salários, menos horas e menos dias de trabalho, férias anuais pagas, assistência na infância, na saúde e na velhice. A única alternativa será a de nivelar os salários e as condições sociais no ocidente pelas do oriente e é a isso que estamos a assistir neste momento, enquanto algumas empresas não resistem à concorrência e fecham as portas por falência, outras fecham portas para se deslocarem para oriente. De qualquer maneira o resultado será sempre mais desemprego no ocidente em favor do oriente. Quanto aos trabalhadores, será que vão aceitar trabalhar a troco de um ou dois quilos de arroz por dia sem direito a descanso semanal, sem férias, sem reforma na velhice, etc...? Não! por isso o ocidente está já a iniciar um penoso caminhar em direcção ao caos: a indigência e o crime mais ou menos violentos irão crescer e atingir níveis inimagináveis apenas vistos em filmes de ficção que nos põem à beira do fim dos tempos como consta nos escritos bíblicos. Para desincentivar a deslocalização de empresas começam a ser-lhes dadas facilidades fiscais e de isenção nas contribuições para a Segurança Social, que serão cada vez mais pagas apenas por assalariados, pequenos comerciantes e pequenos industriais, o que não será suficiente para evitar as deslocalizações nem para financiar a SS com necessidades acrescidas. A democracia só é viável se existir uma classe média que assegure a manutenção do sistema económico; sem ela como esperam os políticos manter-se no poder? Como vão convencer os trabalhadores escravizados a votar neles? Será com o apoio de criminosos e outros marginais? Será que vão conseguir enganar a maioria dos trabalhadores e convencê-los de que a miséria é boa pra eles?
Um dia esta convulsão irá estabilizar mas o centro do novo mundo económico estará então no oriente e a época áurea do ocidente pertencerá ao passado. As ruas encher-se-ão por cá de grupos de salteadores desesperados, sobrevivendo à custa do saque. Com o declínio da classe média, haverá apenas duas classes: a dos ricos (alguns à custa do crime violento e/ou económico), que habitarão autênticas fortalezas protegidas por todo o tipo de protecções e que apenas sairão rodeados por guarda-costas dispostos a matar ou a morrer pelos seus “senhores”; e a dos pobres, uma enorme mole de gente desocupada de mendigos e de salteadores lutando pela sobrevivência a todo o custo e cuja protecção apenas poderá ser conseguida quando em grupos. As ruas serão dominadas por bandos de marginais, ficando as polícias confinadas aos seus espaços e reservadas para reprimir as “explosões” sociais que possam surgir.
Os políticos, desonestamente, para justificarem o corte de regalias sociais, continuarão a lamentar a redução da "natalidade", num discurso perverso, escondendo que o desemprego será o futuro mais que provável para as futuras gerações, até porque a intervenção humana será cada vez mais desnecessária à produção face às novas tecnologias. E como não há uma melhor repartição da riqueza produzida (a nível global) não haverá a possibilidade de grande aumento de ocupações alternativas, como nas áreas do lazer, saúde, etc.
PS e PSD são os dois fiéis representantes em Portugal desta política. de "Globalização", por isso não podem enjeitar os resultados que estão a surgir.
O seu comentário é uma verdadeira maravilha em termos de análise e realismo. Já uma vez lhe disse, que fujo desta visão, talvez por cobardia. Tem 90% de possibilidades de acertar no negro futuro que nos espera. Já tive muitas vezes razão antes do tempo, nada remediou. Medina Carreira diz muitas verdades, as pessoas não as querem ouvir. Escervi um livro que tentei publicar junto de duas ou três editoras, em vão. Nele falava a sua linguagem, mais por percepção do que conhecimentos. Chegava a adiantar datas da chegada do caos. Não consegui publicá-lo. De resto aqui no Blog quando abordo coisas desta natureza, caí-me um "script" em cima e sou obrigado a apagar tudo. Não sei se às outras pessoas isto acontece. Mesmo assim, bem gostaria de poder publicar no meu Blog, o seu comentário com a sua permissão, assinado ou não. Parabéns.
Reis Luz
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