DITO&FEITO – 20/11/2009
20 November 09 12:01 PM
O quinhão de autoridade perdida e de credibilidade desgastada que José Sócrates parecia ter recuperado com a vitória minoritária nas legislativas de 27 de Setembro esfumou-se em pouco mais de um mês com os danos colaterais com que foi atingido pelo processo ‘Face Oculta’. Não é só a confirmação de que seguia, interessada e pessoalmente, os negócios da TVI e outros órgãos de comunicação antes de o ter negado no Parlamento. Nem é apenas a dúvida que permanecerá sobre o facto de os magistrados de Aveiro terem encontrado razões para extraírem certidões sobre as suas conversas telefónicas. O problema de Sócrates é, sobretudo, a rede de corrupção e tráfico de influências desvendada pela ‘Face Oculta’ envolver um círculo de personagens e fidelidades, de Armando Vara a Paiva Nunes, que lhe é muito próximo. É mais uma mancha, a juntar a outras de processos com ele relacionados
e sempre mal explicados, na abalada imagem do primeiro-ministro.
E a verdade é que não há memória de um chefe de Governo com tantos incidentes e casos pendentes a cada pedra que se levanta do seu percurso. Nunca se viu nada semelhante, por exemplo, com Guterres ou Cavaco, que estiveram longos anos em S. Bento e sujeitos ao mesmo tipo de escrutínio.