A promessa falhada do crescimento de 3% em 2009
No que a Portugal diz respeito, para além das dúvidas de Bruxelas quanto ao défice público de 2008 e 2009 (projectados em valor superior ao que o Governo prevê), da manutenção da taxa de desemprego em redor de 8% neste horizonte temporal (também um número superior às projecções do Executivo), e do défice externo continuar em redor de 9% do PIB, o maior destaque vai, em minha opinião, para o crescimento projectado para o PIB em 2009: 2.1%, depois de 2% em 2008 (também abaixo dos 2% previstos pelo Governo). Confirma-se, assim, que, pelo menos até final da presente legislatura, o nosso país continuará a divergir da média europeia (UE-27: 2.4% de crescimento quer em 2008, quer em 2009), isto é, continuaremos a ficar mais longe da Europa e a empobrecer face aos nossos parceiros. O que, infelizmente para todos, creio que poderá continuar bem para além de 2009…
Mas para mim o mais importante é que estamos perante o primeiro cenário que deita por terra qualquer possibilidade, por mais ínfima que ela pudesse ser, de Portugal crescer 3% em 2009 – como José Sócrates, na campanha para as eleições legislativas de 2005, tinha prometido.
Já nessa altura era possível prever que essa promessa não iria ser cumprida, dadas as debilidades estruturais que a nossa economia atravessava – e ainda atravessa. E isto por mais que o Governo estivesse a governar bem, porque quaisquer reformas que sejam realizadas levam tempo até produzirem efeitos. Ora, não estando o Executivo Socialista a governar bem em diversas áreas – pelo menos em minha opinião – claro que atingir esse objectivo ficava ainda mais difícil… como, repito, infelizmente, tenho a firme convicção que sucederá em 2009.
Espero também que, tratando-se uma vez mais de uma promessa eleitoral que não será cumprida (e prometer um determinado nível de crescimento é um perfeito absurdo, porque, como facilmente se percebe, o crescimento económico não se pode decretar…), este caso sirva novamente como exemplo da postura que os responsáveis políticos não devem ter na proximidade de actos eleitorais. Prometer algo que depois não se pode cumprir é, em termos de credibilidade, o pior que pode haver. E é dos factores que mais contribui para cavar um fosso ainda maior (ao já existente) entre a população e a classe política.
Infelizmente, trata-se de algo que, como se sabe, não serve apenas para o Partido Socialista…