Os deuses devem estar loucos...
Um assessor do chefe do Estado acusa, anonimamente, o Governo de vigiar o Presidente e nada acontece? Cavaco... cala-se; Sócrates diz que é um disparate de Verão. E nós? Rimo-nos?
A história é difícil de engolir. É tão inacreditável que seria preferível fingirmos que nunca existiu. Uma acusação, vinda de uma fonte anónima, de que o Governo anda a 'vigiar' o Presidente - ao não ser desmentida por ninguém - não é tolerável num país normal. Não é admissível o silêncio e a inacção de Cavaco Silva, nem que José Sócrates reaja com displicência e paternalismo, chamando-lhe disparate de Verão.
Imaginemos, por um momento, que este país era dirigido por estadistas, em vez de pessoas que parecem gostar de contribuir para a confusão e o descrédito da política e seus agentes.
Num país de estadistas, quando um assessor do chefe do Estado dissesse que o Governo estava a vigiar o Presidente da República, este, ou o desautorizava, ou convocava o Conselho de Estado para analisar as provas que existissem. E o primeiro-ministro - em vez de falar de brincadeira - averiguaria o facto e trataria do assunto com o próprio Presidente. Depois de apurada a verdade, ou era demitida a fonte de Belém ou o vigilante do Governo, ou ambos - e isto, no mínimo.
Mas Portugal é diferente; as coisas ficam sempre em meias-tintas. Esta história nasceu no 'Semanário' (jornal morto há mais de 10 anos, apenas com uma venda residual) que publicou uma notícia a dizer que assessores de Cavaco colaboram no programa do PSD (o único nome citado, Eduardo Catroga, já disse que não é assessor nem colaborou em programa nenhum). Nervoso, o PSD desmente que assessores de Cavaco colaborem com o partido (não se percebe porquê, sempre houve assessores de presidentes a colaborar com todos e mais alguns e toda a gente sabe que a equipa de Cavaco é composta, maioritariamente, por militantes ou simpatizantes do PSD).
Perante as acusações do PS, uma fonte de Belém reage de forma inédita: como sabem se assessores de Belém colaboram? - interroga-se - O Governo andará a vigiar a presidência? Um jornal publica este desabafo e continua, no dia seguinte, com a história de um tipo suspeito, que ninguém conhece, e um dia foi a uma viagem de Cavaco.
O Presidente, de férias, assobia para o lado e cala-se, para comprometer Sócrates; este comenta o facto, em tom jocoso (nunca o desmente formalmente), tentando diminuir Cavaco. A novela continua, com acusações e desmentidos a sucederem-se.
Tudo isto é mau de mais para ser verdade. O país tem uma crise económica enorme, uma crise social violenta - veja-se o desemprego - e uma crise política em perspectiva.
Como querem os seus principais responsáveis que os eleitores, confiem neles?
Assim não é possível!
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