Já sabíamos, por experiências anteriores, que o aproximar das eleições perturba a mente e o comportamento dos políticos. Pessoas até aí normais, e muitas delas estimáveis, saltam a cerca, desatam a dizer disparates e a comportarem-se de forma bizarra.
As duas últimas semanas mostraram que essa febre se estendeu a outras pessoas, fora da política profissional, para espanto do país. O que é que se está a passar? Aparentemente o que temos pela frente é um acto normal de democracia, no qual os portugueses decidirão quem os vai governar nos próximos quatro anos. Na realidade, ao que tudo indica, é muito mais do que isso e há muita gente a ficar excessivamente nervosa.
O que se passou em torno da Portugal Telecom é, a todos os títulos, lamentável e a demonstração do desnorte que por aí vai. Que uma empresa como a PT esteja no centro da querela política revela que algo está podre no reino dos lusitanos. Quando, de dentro da própria PT, vêm sinais que, em vez de resguardar a empresa, deitam achas para a luta partidária, então é caso para dizer que temos o mundo de pernas para o ar. A instrumentalização de empresas como a PT ou a EDP, onde o Estado continua a ter participações qualificadas não é nova. Elas são privadas apenas na forma. No essencial, continuam dependentes das decisões políticas, do governo da ocasião. O que é novo é essa realidade estar a ser exposta de forma tão evidente e tão incompetente.
Neste ambiente conturbado esperava-se do ministro das Finanças algum recato. Ele tem a responsabilidade de ser a pessoa de quem os portugueses esperam que tenha algum controlo na máquina. Mesmo que não seja verdade. Pois bem, Teixeira dos Santos decidiu uma vez mais chamar a si os holofotes. Vislumbrou o fim da crise, nos mais recentes dados macroeconómicos.
Podia ter deixado esse exercício para o seu colega Manuel Pinho, que já tinha adivinhado o fim da crise quando ela estava a começar. Evitava a demagogia fácil se tivesse optado pela prudência em vez do soundbyte. A crise acabará um dia, mas aqui, como em todo o mundo, ninguém consegue dizer quando será esse dia. Nem sequer o ano.
Para compor esse ramalhete só faltava que em vez de um manifesto de economistas tivéssemos três manifestos. O primeiro contra as grandes obras, que tem a minha simpatia, o terceiro a favor e o segundo mais ou menos. Um fartote. Karl Marx deve estar a dar voltas no túmulo.
Expresso 04-07-2009
. O CONCEITO DE SERVIÇO PÚB...
. ENDIVIDAMENTO PÚBLICO E P...
. A SACRALIDADE DA PESSOA H...
. 200 000
. A VERDADE PODE SER DOLORO...
. IMAGINEM
. PORTUGAL, UM PAÍS DO ABSU...
. CIVILIZAÇÃO Pré-histórica...
. UMA SOCIEDADE SEM "EXTRAV...
. O POVOADO PRÉ-HISTÓRICO D...
. AS INTRIGAS NO BURGO (Vil...
. MANHOSICES COM POLVO, POT...
. NOTA PRÉVIA DE UM LIVRO Q...