Confesso que já não tenho paciência para a propaganda governamental em torno do Magalhães. Aliás, a forma como Sócrates tenta vender o pequeno computador azul em todo o lado onde aparece - na Cimeira Ibero-Americana? Senhor primeiro ministro, por amor de Deus, tenha um pouco de bom gosto - quase faz lembrar aqueles feirantes que, em cima de uma carrinha carregada de lençóis, colchas, pijamas, cuecas, cobertores e soutiens, nos tentam convencer a tudo comprar porque, ali, vende-se tudo do bom e do melhor. Sempre a baixos preços. A José Sócrates, por vezes, só parece faltar aquele microfone tamanho XXL encostado à boca e que faz com que quase não se perceba o que diz o feirante enquanto berra para quem passa, numa ladainha ensurdecedora.
A necessidade que José Sócrates tem de promover a nova coqueluche da propaganda socialistas quase faz lembrar aquele menino rico a quem deram um brinquedo novo e que, na escola, a todos tem de mostrar para conseguir criar inveja entre os amigos. Pena é que Portugal não seja um menino rico nem o brinquedo seja propriamente nosso.
Mas o primeiro ministro não se acanha e, na XVIII Cimeira Ibero-Americana, lá estava Sócrates, de Magalhães em riste, mostrando todas as virtudes do dito cujo. Desse grande produto, resultado do desenvolvimento tecnológico e industrial do nosso país. Elogiando as qualidades do computador, com nome de navegador, tecnologia de ponta e que, tal como o Tintim, é para pessoas "dos 7 aos 77 anos".
E eu, no meio disto tudo, fico a pensar: Como será que nos vêem os outros chefes de Estado e governantes que estavam presentes na Cimeira perante tanta necessidade de promover um computador?