Ser empresário, ser empreendedor, criar o seu próprio emprego e outras coisas conexas está na moda em Portugal e faz parte do discurso politicamente correcto.
É normal a apresentação na comunicação social dos casos de sucesso e da procura por parte dos governantes e dos políticos em geral de empresas/ instituições que possam ser apelidada de sucesso para inclusão nos seus roteiros e nas fotografias da praxe, em especial se existirem jornalistas e televisões por perto.
Estes condimentos são ainda mais apetecíveis se os protagonistas forem jovens empresários.
Em contraponto desta “bondade” no discurso, o Estado actua com total arrogância e desconfiança de todos os empresários, mantendo um discurso irresponsável de lançar suspeitas generalizadas sobre todos, quando este não é muitas vezes um exemplo para a sociedade.
Ao Estado compete fiscalizar e ter “mão pesada” quando se verificarem infracções, mas também criar condições para o desenvolvimento desta actividade em condições de competição a nível internacional. Não basta a “empresa na hora”, a “marca na hora”, nem os outros expedientes de pequeno impacto na actividade real das empresas. A reforma da justiça, uma aposta na formação das pessoas, acelerar a reforma das finanças e da segurança social, posicionar o país no contexto internacional (em termos da logística, da especialização/ diferenciação da nossa oferta de serviços e produtos, da nossa competitividade fiscal de modo a atrair capital externo, …) e de criar infra-estruturas que permitam melhorar as condições de funcionamento do país, em suma assumir uma visão de longo prazo para Portugal.
Não considero que o Estado deva intervir na actividade empresarial, nem quero um Estado galinha mantendo uma infindável clientela, interna e externa, com todos os inconvenientes que são por demais conhecidos.
Este país para ser competitivos tem que assumir as suas dificuldades e com muito esforço e sacrifício iniciar uma nova etapa de afirmação empresarial. Sem empresas geradoras de riqueza não haverá emprego, poder de compra e uma aproximação aos padrões de vida europeus.
Ser Empresário não é um emprego, mas uma forma de vida de alto risco. Risco pela degradação da vida pessoal, risco de nunca ganhar nada, risco de perder tudo o que ganhou ao longo de anos de sacrifício, risco de ser considerado “arguido” em n situações e mais n riscos.
Se tiver o azar de cair em desgraça, ou seja, arriscar e perder, terá que enfrentar a exclusão social. Os amigos deixam de aparecer, os bancários que lhe ligavam todos os dias, mudam de passeio para não passar por si, o fisco não o larga e trata-o como ladrão e incumpridor das suas obrigações (com sorte ainda é capa de jornal ou notícia de abertura nos telejornais), os funcionários acusam-no de incompetência e podem fazer algumas barricadas à porta da empresa, se não fugir para o Brasil, terá ainda de enfrentar outras muitas consequências.
Ouvi o Sr. Presidente da República, julgo que durante a visita à Índia, a desafiar os empresários a arriscar e a lamentar a falta de cultura de risco empresarial. Alguém me sabe apontar quais as razões para Ser Empresário em Portugal e para arriscar em Portugal?
Quando vir os casos de insucesso serem tratados como processos normais de aprendizagem empresarial (o que não impede “mão pesada” por parte do Estado nos casos de prevaricação dos empresários), quando deixarem de idolatrar supostos casos de sucesso e a sociedade e o Estado entenderem que só irá crescer com um tecido empresarial competitivo (com tudo o que isso significa), teremos condições para arriscar.
Apesar destas palavras ainda considero que vale a pena Ser Empresário.
Publicado por Alípio Oliveira © às 22:25
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