A VLN, o Remendo nas Calças
Umas calças por levarem um remendo não deixam de ser velhas. Tudo isto a propósito da Via Longitudinal Norte, há mais de 10 anos anunciada e sistematicamente adiada, ou quase.
Em boa verdade anda ali pelos lados da Outurela naquilo que foi designado pelo 1.º sublanço e mesmo assim por iniciativa da CMO. O 2.º sublanço era para chegar a Queijas em 2004 !
O monstro que a partir do ano 2000 se tornou desmedidamente grande, ao abrigo de um consumismo incentivado como panaceia do crescimento económico, provocou no poder central uma magreza assustadora na sua capacidade de realização de obras estruturantes!
Parece lógico que as prioridades de execução do poder central se articulem em paralelo com as do poder local. Na verdade elas, quando falham, afectam sempre vários projectos em curso não só de um, mas de vários concelhos!
Neste caso a não execução da VLN afectou principalmente os concelhos de Oeiras, Cascais e Sintra. No caso de Oeiras afectou durante vários anos, em especial, a boa funcionalidade do principal polo do desenvolvimento estratégico de Oeiras.
Falamos do Taguspark, ou seja uma visão muito acertada da CMO no plano tecnológico, que só agora foi descoberta pelo poder central e ainda de uma forma incipiente! A falta destas infra-estruturas (VLN), nesta zona, situada junto a Lisboa e na confluência de vários eixos fundamentais no acesso a Lisboa (rodoviários, A5, IC19 e CREL, e ferroviários, linha de Cascais e de Sintra), obrigava a que os utentes, visitantes e convidados do Taguspark percorressem 4 ou 5 quilómetros, por vezes, em mais de uma hora.
Felizmente que, de novo a CMO, conseguiu fazer a pressão necessária para que muitos anos depois da inauguração da jóia de Oeiras aparecesse um acesso fácil entre a A5 e o Taguspark.
Ganhámos um espaço de acessibilidade que permitiu às grandes empresas deslocarem-se para lá, rapidamente.
Lamentavelmente muitas sequelas continuaram, originadas pela ausência da VLN.
A realização desta via teria ainda permitido um melhor aproveitamento do aeródromo de Tires e o descongestionamento da A5 e IC19.
Mais do que necessário, acho indispensável essa infra-estrutura.
A grande força de desenvolvimento destes concelhos foi a A5 ter chegado a Cascais. Agora, de novo, estamos carentes de um outro impulso. Trata-se de uma via que permitirá fazer a ligação entre Cascais e Oeiras pelo interior dos dois concelhos e desenvolver esse mesmo interior.
Temos que afastar as pessoas de se deslocarem no transporte individual. A dívida externa (importação de carros, combustível,
acessórios, etc.) e perdas de tempo, impõem tal decisão.
Junto ao mar temos uma linha de comboio, mas é preciso que as freguesias de Porto Salvo, Barcarena, Queijas e Carnaxide, sejam servidas pelo mesmo meio de transporte ou por um menos poluente, mais rentável e mais cómodo. Este pode ser um metro e superfície que se faça em paralelo com a via longitudinal norte, que anda há 10 anos para ser feita.
Muitas urbanizações no concelho de Oeiras e noutros, fizeram-se a contar com as acessibilidades disponibilizadas por esta via e hoje, na sua falta, temos um trânsito caótico, nomeadamente ao princípio e final dos dias.
Dentro das povoações é uma balbúrdia como seja, por exemplo, o caso da vila de Queijas.
O congestionamento do IC19 leva ao atravessamento do tráfego entre esta via e a A5, ora num sentido ora noutro. A obrigatoriedade de pagamento de portagens na CREL, fez com que muitos condutores a ignorassem e em Queijas invadissem esta vila para, através da Estrada Militar, atingirem o IC19 ou a A5 sem pagarem.
Estes serão os constrangimentos externos no caótico trânsito dentro desta vila aos quais serão de somar outros internos.
Queijas e Porto Salvo há mais de quarenta anos foram escolhidas como localidades a albergar um projecto de auto-construção, destinado a pessoas de baixos recursos financeiros. Esta medida eleitoral populista, dos anos 60, foi de curta duração e contemplou pouco mais de cem famílias.
Por um valor à volta de 20 contos essas famílias adquiriam um lote de 200 m2 e teriam de construir uma casa simples com projecto fornecido pela câmara. Depois do acto eleitoral acabou!
Todavia a estreiteza de conceito urbanístico, ruas e passeios de largura muito reduzida, foi tornado extensivo a largas áreas de terreno, mas tais lotes foram já vendidos a preços especulativos.
Com o decorrer dos anos vieram outros projectos sociais como cooperativas atiradas para o lado nascente de Queijas e sem outras acessibilidades que não fossem as estreitas ruas de Queijas.
Já nos tempos em que se falava da Via Longitudinal Norte outras urbanizações foram aprovadas (encosta de Linda-a-Pastora) no pressuposto das acessibilidades desta infra-estrutura que serviria de circular á parte nascente de Queijas com duas rotundas, uma próximo da Senhora da Rocha e outra mais a norte.
Com o passar dos anos e o esquecimento da realização desta obra (VLN), muitas centenas de moradores são obrigados diariamente a atravessarem, para entrarem e saírem de Queijas, as suas ruas sem condições de circulação rodoviária.
O problema do Taguspark levou um remendo, construção da Variante da EN249-3 (Porto Salvo a Taguspark), mas as acessibilidades funcionais de Queijas e outras localidades dos três concelhos ficaram feridas de morte.” Ad Eternum”!