As ostras no Tejo poderiam valer muitos milhões. Centenas de empregos também!
O ano de 1966, talvez marque o início do fim das ostras no estuário do nosso Tejo, que chegou a ser o maior fornecedor destes bivalves na Europa. As ostras, bastante resistentes, suportaram a crescente poluição da bacia do Tejo depois do desaparecimento de golfinhos e tantas outras espécies! Foram morrendo, devagar, até 1970, e a partir daí, acabou-se. Nunca mais voltaram.
O Posto de Depuração de Ostras do Tejo, que começou a operar em 1954 na Moita, foi desativado! Antes, o marisco ficava em cinco tanques e em 36 horas levava três banhos com água do rio, tratada com cloro. Dali, as ostras iam para o resto do país e para Espanha, França e Inglaterra.
A apanha de ostras dava emprego a centenas de pessoas da região. Em 1960, 120 empresas exploravam o marisco no estuário, enquanto em 1972 existiam apenas oito. Pelo menos até 1964, saíam do Tejo cerca de 10 mil toneladas de ostras por ano, segundo dados do Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (Ipimar).
A poluição industrial (o tributal de estanho das tintas usadas pelas embarcações também é tido como responsável pela eliminação das ostras), a poluição agropecuária vinda da lezíria e o aumento populacional nos municípios ribeirinhos - até há poucos anos sem tratamento de esgotos - ditaram o fim da fartura. Em 1970, as ostras do Tejo acabaram, mas continuaram a chegar ao posto as de Setúbal e do Algarve. "As últimas estiveram aqui em Dezembro de 1996".
Há cerca de quatro anos, o Ipimar tentou introduzir no Tejo as ostras do estuário do Sado, ainda em exploração. Mas a experiência, repetida durante dois anos, falhou.
A Administração de Região Hidrográfica do Tejo, responsável pela elaboração do Plano de Ordenamento do Estuário, está a analisar a possibilidade de reintroduzir os bivalves no rio. E há quem diga que isso é possível. João Gomes Ferreira, investigador docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa, estima que o estuário tem capacidade para produzir entre sete e 12 mil toneladas de ostras por ano, que, se forem exportadas podem render 35 a 60 milhões de euros. Onde antes se limpava marisco, agora fazem-se festas e outros eventos. O rio está hoje menos poluído mas ainda não há ostras para depurar. "O que se vê por aí é a ostra-anã, não presta para comer"! Se não puserem cá ostras de qualidade, elas não voltam a aparecer."
http://www.youtube.com/watch?v=FfobXE-XpdA (ostras em Vigo)
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