Editorial – O sistema de ensino tem provocado o sucessivo desgaste de escolas, professores e famílias. Por muito que o Governo use as estatísticas, estas não mudam o que é evidente.
Esta foi uma semana de exames do ensino básico e secundário. Mas foi uma semana onde vimos a ministra da Educação congratular-se com os magníficos resultados que os alunos obtiveram nas provas de aferição. De acordo com a ministra Maria de Lurdes Rodrigues esses resultados mostram um progresso assinalável na capacidade de aprendizagem dos nossos jovens.
Mas vejamos os números. Houve, em matemática por exemplo, 8,8% de reprovações no 4.º ano e 18,3% no 6.º ano. Mas se olharmos os números do ano passado, veremos que a taxa de reprovações foi mais do dobro (19,7% no 4.º ano e 41% no 6.º ano). O que significa isto? Que os nossos alunos progrediram assim tanto, de um ano para o outro, ou que os exames foram simplificados? Cada um retirará as suas conclusões.
Vejamos, entretanto, o que dizem os estudantes no final dos exames que esta semana decorreram: de um modo geral que foram fáceis. Não haverá aqui uma estranha unanimidade? E o que dizem as associações como a dos professores de Português ou a Sociedade de Matemática? Que há facilidade excessiva! E o que dizem os especialistas e os professores? Mais ou menos o mesmo.
Acresce que nos exames atuais os alunos podem ter negativas sem ficarem chumbados. Além de que existem inúmeras facilidades que não existiam, em termos de apoios (v.g. máquinas de calcular, acesso a fórmulas, etc.).
Ora isto, além de pouco resolver do ponto de vista do conhecimento, nada contribui para a motivação dos professores, atrapalha a autoridade das famílias (é muito difícil mandar uma criança estudar quando o sistema lhe diz que não é assim tão importante) e prepara os jovens para um mundo inexistente, um país de faz-de-conta. Porque nada na vida real é assim tão simples.
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