PÓS 25 DE ABRIL E A GRANDE INSTABILIDADE SOCIAL CONSEQUENTE
A Revolução do 25 de abril ocorreu numa situação de um escudo forte (cerca de 10 escudos para um marco alemão e 25 escudos para um dólar), com reservas de ouro em quantidade apreciável e numa situação de expansão económica.
O choque petrolífero acontecido em 1973 fez estremecer o escudo. A instabilidade social trazida pela revolução de abril (1974) e os aumentos brutais dos vencimentos postos em prática, puseram a economia e o escudo em franca crise. Voltou a haver casos de fome em Portugal. A situação foi corajosamente denunciada pelo bispo de Setúbal, uma das regiões do país onde o problema do desemprego era mais grave. Muitas empresas não pagavam como deviam aos seus empregados, prática que ficou conhecida pelo nome de "salários em atraso".
O certo é que, logo em 1981, irá continuar o rumo descendente da economia. Note-se que agora, se já não era necessário gastar como aquando do regresso dos retornados, era necessário começar a pagar os empréstimos anteriormente feitos, os quais, em finais de 1981, rondavam já os 600 milhões de contos. As reservas cambiais continuavam a descer, em parte devido à "fuga de capitais" provocada pela contínua perda de valor do escudo, e possibilitada pelas novas leis económicas e pelo novo clima social em que se vivia, que tinha deixado de considerar tais práticas como reprováveis. A desvalorização de escudo desta vez é de 12%, à qual se segue uma desvalorização deslizante de 1% ao mês. Tornava-se necessário contrair um novo e grande empréstimo ao Fundo Monetário Internacional, o qual coloca como condições as geralmente propostas por esse organismo: a redução da despesa pública e a diminuição da procura privada.
Assim, em 1986 a situação económica normalizou-se. Portugal chegará entretanto ao fim deste período de instabilidade com algumas feridas: quase 10% de desempregados e um escudo que valia face ao marco alemão seis vezes menos (em relação aos valores de 1974) e sete vezes menos face ao dólar americano, enquanto a dívida pública seria também quase seis vezes superior à de 1976, ou seja, cerca de seis mil milhões de dólares.
Em termos políticos, todo o período entre 1976 e 1986 pode ser caracterizado, tanto na prática como no discurso oficial, pela progressiva eliminação das "conquistas da Revolução" (como afirmava o Partido Comunista) ou, de acordo com Mário Soares, pelo "apertar do cinto" para "viver com aquilo que temos", e por "meter o socialismo na gaveta".
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