Massa crítica
Sinais
Toda a gente anda à procura de sinais. Os crentes procuram-nos nas estrelas, nos búzios, nas cartas ou nas igrejas. Outros tentam encontrá-los onde deve ser, ou seja, nos indicadores económicos. O ministro das finanças, por exemplo, também já deu sinais. Não se sabe se está entre os crentes, ou nos outros.
Trata-se de uma actividade que está a excitar políticos e economistas de todo o mundo. Uns vêem sinais de retoma, outros nem por isso. Mesmo aqueles que antes não conseguiram ver sinais da crise, conseguiram agora vislumbrar sinais de esperança. É como recuperar a visão depois de uma operação às cataratas. Um milagre.
O estado de alerta reage a qualquer movimento. A bolsa sobe ? É, sinal de retoma. Desce ? É sinal de ajustamento. O BCP apresenta lucros ? Isto está a melhorar. Não são tão bons como se esperava? Afinal, a crise vai durar mais do que se pensa. Andamos assim. Bipolares. Um dia eufóricos, com uns sinais, um dia deprimidos, com o sinal contrário. Na grande depressão dos anos trinta aconteceu o mesmo. A retoma foi anunciada centenas de vezes. É claro que a crise não durará sempre.
Adivinhar que um dia a retoma económica chegará é como acertar no totoloto depois da extracção. Mais complicado é acertar no quando e no como é que ela vai chegar.
por isso devemos procurar os sinais certos, positivos ou negativos. Há, de facto, sinais de que a economia americana pode recuperar mais cedo. Mas, ao contrário do que alguns nos andaram a dizer, há sinais de que a Europa terá uma crise mais prolongada e mais profunda do que a do Estados Unidos.
Há sinais, como se esperava, de que a economia portuguesa vai recuperar ainda mais tarde do que a maioria dos países europeus. Pura adivinhação ? Não ! Estamos dependentes dos outros. Mas não só. Há sinais de descontrolo orçamental, o que dificultará a retoma. Há sinais de que a banca pode ter mais dificuldades do que aquelas que aparenta. O que vai atrasar o apoio ao investimento.
Há sinais de que alguns sectores de actividade não irão recuperar, mesmo depois da crise. Há sinais de que as pessoas estão cansadas. De onde resulta não um sinal, mas umas quantas certezas.
O desemprego veio para ficar. O ajustamento vai ser duro e difícil. O nível de vida vai piorar. Podemos ter conflitos sociais graves. Precisávamos de um sinal, é verdade. O sinal de que alguém está a preparar o pós-crise.
Expresso - 23-05-2009 - Luís Marques
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