Depois da crise vêm os impostos
Um dia vamos sair desta recessão. Quando, eis a primeira questão. Mas bem mais importante é como. Quando o mundo começar a recuperar, em que situação estará Portugal? Pronto a acompanhar os outros? A andar mais depressa ? Ou continuará a atrasar-se ?
Olhando para os números desde 1974, vê-se que Portugal cresceu sempre acima da média europeia em todas as décadas, com excepção da actual, iniciada em 2000. E o problema é que; 1) as causas que deram origem a este fraco desempenho não estão resolvidas; 2) a crise internacional contribuiu para degradar muito significativamente o défice orçamental (6,5% este ano e 6,7% para para o próximo, segundo o FMI). Além disso, como aqui se referiu na semana passada, citando um artigo do ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga, o endividamento externo do país passou de 10% do PIB em 1995 para 60% em 2004 e 100% em 2008. E todos sabemos que as famílias e as empresas também estão altamente endividadas. O que é que isto significa ? Em primeiro lugar, como o comprova a observação histórica, a recuperação em Portugal seguirá a retoma na Europa com um desfazamento mínimo de seis meses; em segundo, essa fase será caracterizada por um aumento das taxas de juro, o que levará a um ónus adicional sobre o Estado, as empresas e as famílias; em terceiro, esse período será caracterizado pelas exigências de Bruxelas para que os países voltem a cumprir num prazo razoável o Pacto de Estabilidade e Crescimento, ou seja, uma dívida inferior a 60% do PIB e um défice orçamental abaixo dos 3%.
Decorre daqui que dentro de dois anos poderemos encontrar-nos na seguinte situação: um crescimento abaixo da média europeia; empresas e famílias mais hipotecadas; e um Governo pressionado a repor dentro dos limites exigidos os grandes indicadores macroeconómicos. será o pior dos três mundos.
Ora os sinais que começam a chegar de vários
países europeus são inquietantes para os cidadãos, a braços com o desemprego e quebras do nível de vida: Irlanda, Reino Unido, Letónia, Lituânia, Hungria, Roménia e Polónia já subiram diversos impostos sobre o consumo e redimento.
Chegados aqui dirá o leitor: safa ! Era só o que faltava que, depois do que estamos a passar, ainda nos aumentassem os impostos ! Sobre isso, todos estamos de acordo. O problema é que para resolvermos as questões da dívida pública e do défice orçamental não há muitas vias: ou aumentamos muito a riqueza que criamos ou reduzimos substancialmente o nível das nossa despesas, o que, por outras palavras, significa empobrecer. Também se pode cortar no investimento público - os grandes projectos, sobretudo, devem ser abandonados uns, adiados outros - mas isso significa comprometer o futuro. Ficam, portanto, duas vias: emagrecer o Estado drasticamente, adequando-o aos desafios do século XXI; ou aumentar impostos. Como a primeira via demora tempo e exige muita determinação e disposição para enfrentar grandes combates políticos e sociais, imaginem porque caminho vai optar o Governo saído das próximas eleições legislativas ....
Expresso 16-05-2009
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