Basta de injustiças
Vamos ver se a gente se entende. O sítio anda para aí a atacar injustamente o senhor presidente do Conselho por tudo e por nada. Um dia destes o homem cansa-se de tomar conta dos indígenas, volta para a terrinha, dedica-se de novo a fazer projectos de alta qualidade arquitectónica e vai ser o bom e o bonito neste sítio sem um timoneiro forte e determinado ao leme. Esta barcaça cheia de buracos, cada vez mais mal frequentada, que mete água por todos os lados, vai ao fundo num instantinho se o homem se zangar de vez com esta gente pobre e muito mal - agradecida. É verdade que a política é mesmo assim. Uma pessoa está no auge, é aplaudida pelas massas e no outro dia é corrida a pontapé e à pedrada pelos mesmos que a idolatravam na véspera. Mas agora é demais. O homem fala e cai tudo em cima dele sem dó nem piedade. Basta de injustiças, basta de desaforos. Mesmo nesta época de paz e amor, de família, de prendinhas e beijinhos caíram todos em cima do homem de forma implacável e profundamente injusta. Vejamos. Os ministros e secretários de Estado deram 50 euros cada um e ofereceram ao chefe amado, venerado e temido um cheque-prenda de 2250 euros para fazer compras na Fashion Clinic, uma marca de altíssima qualidade. Caiu o Carmo e a Trindade. Uma associação de comerciantes não admite que se tenha revelado o nome da cadeia de lojas e fala de concorrência desleal. Marcelo Rebelo de Sousa, o comentador mais ouvido no sítio, diz que o homem não tem bom senso porque não só o valor é superior ao ordenado médio dos indígenas como vivemos tempos de crise. O homem vai à televisão desejar um bom Natal ao povo, fala de 2008 e diz que 2009 vai ser ainda pior. Pelo caminho diz que foi graças a ele que os juros baixaram e as famílias vão pagar menos pelos créditos à habitação. Estalou a polémica, ataques altos e baixos, que é tudo mentira, o Governo e o presidente do Conselho são zeros à esquerda em matérias monetárias. E agora, qual cereja em cima do bolo, vem o Presidente da República ameaçar o Executivo por causa do Orçamento de Estado cheio de esperança e optimismo, feito de propósito para os indígenas não apanharem nenhuma depressão. Perante esta sequência de injustiças e desaforos, só faltava que um dia destes aparecesse por aí um bota-abaixo a gritar que a chuva, o sol, o frio, e o calor não são obra e graça do senhor presidente do Conselho. Chega de desaforos. Chega de injustiças.
António Ribeiro Ferreira - Jornalista