O indicador do crédito malparado revela a gravidade com que a crise económica está a atingir Portugal, um país 'em que o endividamento dos particulares continua a ser um dos mais elevados na Zona Euro', segundo o quadro traçado pelo BdP, que espera 'um aumento significativo do incumprimento no crédito ao sector privado não-financeiro'. Segundo o BdP, em 2008 o endividamento dos particulares atingiu 135 por cento do rendimento disponível, o que em termos de PIB representa 96 por cento da riqueza nacional daquele ano.
A previsão do BdP baseia-se, por um lado, no 'expectável aumento do desemprego', que contribuirá para a subida do crédito malparado nos particulares, e, por outro, 'a actual conjuntura, aliada à elevada ciclicidade de alguns sectores da economia, torna expectável um aumento das taxas de incumprimento [das empresas]'. No sector empresarial, 'o valor projectado para a probabilidade de incumprimento em 2009 corresponde a um aumento de cerca de dez por cento face a 2008', frisa o relatório sobre a Estabilidade do Sistema Financeiro. Apesar das previsões negativas sobre o incumprimento no crédito, a situação deverá ser contida pelo facto 'de grande parte dos empréstimos a particulares ser para aquisição de habitação própria e ter associadas taxas de juro variáveis'.
FRASES
'Aproximadamente 36% dos empréstimos [para compra de casa] foram concedidos por um período entre quarenta a cinquenta anos.'
'O expectável aumento do desemprego contribuirá para a subida do incumprimento do crédito a particulares.'
'A menor dimensão desta instituição [BPP] e a especificidade da sua área de negócio implicavam um pequeno impacto sistémico.'
'Os bancos portugueses têm conseguido acomodar a crise financeira.'
VíTOR CONSTÂNCIO
PARTICULARES COM MAIS IMPOSTOS
Os bancos pagaram à Direcção--Geral de Contribuições e Impostos (DGCI) 607 milhões de euros em impostos sobre os lucros obtidos no exercício de 2008. Como os resultados antes de impostos ascenderam a 2,86 mil milhões de euros, a Banca acabou por pagar uma taxa média de IRC de 21,2 por cento, inferior à taxa média de IRS paga por muitos trabalhadores dependentes.
Por causa do impacto da crise financeira, agravado a partir de meados de Setembro do ano passado, a Banca apresentou resultados muito inferiores aos obtidos em 2007: nesse ano os resultados antes de impostos ascenderam a 4,63 mil milhões de euros; no ano passado caíram 39 por cento, por causa das desvalorizações causadas pela crise financeira.
Em 2007 a Banca pagou ainda menos em IRC: a taxa média foi de cerca de 17 por cento. Muitos trabalhadores dependentes pagam actualmente mais de 25 por cento de taxa de IRS.
INVESTIR MENOS EM TÍTULOS
Em 2008 os bancos portugueses reduziram em 15 por cento o investimento em aplicações financeiras para assim diminuírem o impacto da crise financeira nos seus activos.
'A maior redução de valor verificou-se na carteira de activos financeiros ao justo valor através de resultados', diz o relatório do BdP. O documento precisa que alguns grupos bancários venderam participações em empresas e noutros grupos bancários. E deste modo conseguiram atenuar o impacto da desvalorização de outros activos.
NÚMEROS
45%
Cerca de 45 por cento do montante emitido em obrigações até Abril pelos bancos portugueses corresponde a emissões com garantia do Estado, revelou ontem o Banco de Portugal.
101 M
Os números mostram que em 2008 os bancos portugueses gastaram mais 101 milhões de euros com os trabalhadores do que no ano anterior. No total, os custos com pessoal chegaram aos 4,013 mil milhões.
75%
Segundo os dados estatísticos do Banco de Portugal ontem revelados, 75% do endividamento dos portugueses 'corresponde a crédito bancário concedido para a aquisição de habitação'.
NOTAS
RISCO: BPN AFECTARIA BANCA
O BdP considera que a falência de BPN 'poderia ter algum impacto sistémico', apesar da sua reduzida dimensão. Já a eventual falência do BPP implicava um pequeno impacto no sistema
MEIOS: CLIENTES FINANCIAM
Os recursos de clientes e outros empréstimos foram, segundo o BdP, as principais fontes de financiamento da actividade bancária em Portugal, com uma taxa próxima de 12 por cento
GRUPO: REGULAR SALÁRIOS
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