Na realidade, José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa, a 25 de Fevereiro de 1855, segundo filho de José Anastácio Verde e Maria da Piedade dos Santos.
Tinha Cesário Verde apenas dois anos quando a família optou pelo refúgio numa quinta situada em Linda-a-Pastora, na sequência de uma epidemia de peste que grassava em Lisboa.
A casa da quinta integrava, então, uma capela que logo foi transformada, primeiro em armazém e, depois, em casa de banho. Em 1870, José Anastácio Verde, já na posse total da propriedade, procedeu a alterações de adaptação às suas necessidades.
É aí que o pequeno José Joaquim passa a sua infância, na companhia da irmã, um ano mais nova, e de outros dois irmãos, nascidos entretanto. Ao longo desse período, a preparação escolar de Cesário Verde foi feita em Lisboa, indo o poeta diariamente a pé, dali até à Cruz Quebrada, onde tomava o americano para a capital.
Um incêndio ocorrido em 1919, destruiu grande parte da mansão, incluindo a biblioteca, perdendo-se, irremediavelmente, o espólio do poeta. As chamas também consumiram os desenhos e os quadros do grande pintor que foi Domingos António de Sequeira, que ornavam a casa ( o artista fora casado com Maria Benedita Vitória Verde, filha de Manuel Baptista Verde , bisavô de Cesáreo).
Com o interior profundamente alterado, subsistem, dos seus tempos áureos, em anexo, a casa de acondicionamento da fruta, o pequeno campanário da primitiva capela, as rústicas argolas de ferro para prender os animais, o relógio de sol e algumas estátuas.
O poeta sofre o primeiro grande revés da sua vida, quando, em 1872, depois de uma longa luta contra a terrível tuberculose, a sua irmã Maria Julia acaba por sucumbir à doença. Com apenas 19 anos de idade.
É em Linda - a - Pastora que ele vai tentar amenizar a sua dor.
Os anos passados na aldeia terão deixado marcas profundas e indeléveis, de tal forma que manteve durante toda a vida uma íntima e marcada lembrança dos tempos em que viveu na companhia constante da natureza e do campo. Enquanto acompanhava a exploração agrícola que seu pai fazia na quinta, Cesário Verde desenvolvia um espírito observador e atento aos pormenores do meio ambiente.
Passados poucos anos, era o próprio quem orientava os negócios relacionados com a exploração da quinta, sempre estimado pelos empregados, a quem chegava a suspender o trabalho, para que pudessem ter "uns dedos de conversa com ele".
Com 16 anos, começou a trabalhar numa loja de ferragens e quinquilharias que seu pai possuía em Lisboa. Nesse tempo, a família já só vivia na quinta durante a Primavera e o Verão.
Dirigia a loja do pai quando começou a publicar poesias em jornais, mal recebidas pela generalidade da classe literária, que por certo não compreendia como podia um agricultor ser poeta...
Em 1878 regressa a Linda-a-Pastora, publicando "Noitada", "Em Petiz", "Manhãs Brumosas" e "Cristalizações".
A maldição - Conta João Pinto de Figueiredo que a profanação do espaço sagrado da capela gerou a crença de que , como castigo, uma terrível maldição marcaria a propriedade dos Verdes em Linda - a - Pastora. Assim, ao longo dos anos, têm-se assinalado " desgraças múltiplas e sucessivas - incêndios devastadores, doenças inesperadas, mortes repentinas". Mas, agora, normalizadas as relações com a igreja, a paz deve ter regressado ao sítio....
Já muito debilitado pela doença que o atormentava, Cesário Verde procurou no campo as forças e a vitalidade perdidas, identificando-se com os trabalhadores da quinta, realçando a majestade do esforço físico que já não tinha. Na Primavera de 1886 muda-se para Caneças, a conselho médico.
A tosse começa a atormentá-lo. A dor no peito é uma constante. A doença apanha-o, e trava com ele uma luta que acaba por vencer quando o poeta tinha 31 anos. Estávamos no ano de 1886.
As sua últimas palavras recolhidas pelo único filho sobrevivente do Sr. Anastácio Verde foram : " Não quero nada, deixa-me dormir".
No Verão, tinha-se transferido para o Paço do Lumiar, onde veio a falecer, vítima dessa tuberculose. Uma vida curta que deixará marcas profundas em muitos, que depois dele o chamaram de mestre, tal como o fez Fernando Pessoa.
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