DEBATE SOBRE O ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 1999
No entanto, ao contrário do que seria recomendável, o Governo não aproveitou a conjuntura favorável para proceder a uma consolidação da redução do défice orçamental. O Governo aproveitou basicamente a conjuntura para não ter de mexer em situações que requerem alguma coragem política. Actuou como actuam todos os governos que pensam mais no dia de hoje do que no dia de amanhã.
Tudo o que já devia ter sido feito terá de ser penosamente levado a cabo mais tarde numa conjuntura bem mais desconfortável, ou seja, com custos sociais para o povo português, bem acima do que poderia ter sido. É uma atitude que não subscrevemos e que os portugueses, quando se derem verdadeiramente conta da realidade, seguramente também não subscreverão - até porque, obviamente, serão eles os primeiros prejudicados.
Perguntarão, entretanto, os portugueses como se paga tudo isto? Como se paga o despesismo socialista? Paga-se, naturalmente, com aumento de impostos, com reduções de investimento e com endividamento oculto.
Diz o Governo que não há aumento de impostos, porque o seu combate à evasão fiscal é admirável e, por isso, o aumento da receita deve-se a cobranças junto dos que antes fugiam e agora não conseguem. Mesmo que isso fosse verdade, estava errado! Estava muito errado! Se o combate à evasão fiscal fosse um sucesso, o aumento da receita devia ser para baixar os impostos de quem paga demais e não para pagar o despesismo desta espécie de governação. Com a despesa corrente a disparar e sem verba para dinamizar o investimento, o Governo aderiu ao novo princípio do constrói agora e paga depois.
A construção de auto-estradas em regime de portagens virtuais, as denominadas Scuts, constitui um endividamento oculto que vai sobrecarregar as gerações futuras. São, no fundo, juros e amortizações de divida que aparecerão nos orçamentos dos próximos anos, sem que estejam, alguma vez, contabilizados na dívida pública oficial. É uma medida de fuga para a frente. é uma medida típica de quem quer fazer a política do betão que antes tanto criticou, sem que, no entanto, saiba preparar devidamente as finanças públicas para tal. É bom que se diga que este Governo também tem os tais dois milhões de contos de Bruxelas por dia.
Rui Rio - A Política in situ 2001
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