Carlos Abreu Amorim *
Interrogo-me, muitas vezes, acerca das razões que dificultam a existência efectiva de um pensamento liberal em Portugal. Até conheço muita gente que se diz liberal.
Mas, salvo algumas honrosas excepções, transmitem-me a sensação que se trata apenas de uma afirmação de princípio, abstracta, indeterminada e propositadamente ambígua, ocasionalmente, seguida de um mais do que irritante aviso: “ Mas, atenção, também sou a favor do social “, dando voz à visão “ politicamente correcta “ da pretensamente lendária e feroz oposição entre as ideias liberais (selvagens , frias e egoístas) e as preocupações de índole social (bondosas, caridosas e altruístas, isto é, “ humanas”.
Pior ainda, são os que se afirmam liberais mas constantemente confundem liberalismo com uma espécie de “ snobismo “ sobranceiro, e não apenas no plano no plano intelectual. Falo de pessoas com responsabilidades, entre nós, na inclusão das ideias liberais numa espécie de beco ideológico, vagamente esotérico, como se fosse um conhecimento apenas alcançável por um conjunto restrito de iluminados previamente iniciados em misteriosas práticas de raízes anglo-saxónicas.
Mas a grande questão é saber se existe uma oposição de princípio entre as tradicionais formas de estar e ser português e o núcleo duro da ideologia liberal. Se partirmos do pressuposto que o liberalismo assenta numa visão integral do indivíduo, numa particular concepção da interligação deste com o mundo e numa clara delimitação do papel do Estado face às pessoas e às instituições, podemos chegar a conclusões desconfortáveis.
Numa primeira análise, obviamente superficial, existe um percurso existencial colectivo em Portugal que se confronta com os valores da Liberdade e da Responsabilidade e favorece o dirigismo, a desculpabilização, o conforto da subjugação, enfim, a remissão de todos os nossos pecados para uma entidade que hoje é o Estado.
Daí, decorre o parâmetro comportamental mais relevante nos portugueses, independentemente do seu grau de cultura política, que é o medo da mudança, o pânico da alteração dos seus paradigmas existenciais, ainda que nos seus pormenores mais mínimos. Para além daquilo que diz ser, todo o bom português se sente um conservador no mais íntimo do seu ser.
Melhor do que ninguém, os políticos notaram essas características. Raríssimos são os que se assumem como liberais ou reconhecem o peso dos valores liberais em algumas das suas iniciativas – mesmo quando estas são de um liberalismo evidente.
Veja-se o presente Governo. No caso RTP, nos contratos da função pública, nos institutos públicos, ainda que as suas propostas sejam marcadamente “ liberais “, ai de quem afirmar essa impiedosa expressão para definir essas iniciativas!
Com temor de má palavra, refugiam-se em argumentos exclusivamente pragmatistas, fugindo a uma elaborada e segura argumentação política e ideológica.
A consequência é que, sem o suporte da ideia, aos olhos do observador comum, essas acções podem parecer desgarradas, precipitadas e, até caprichosas.
Tenho a esperança de que tudo isto seja, principalmente, uma questão de geração.
Noto, por todo o país a formação expontânea de grupos de acção e discussão liberais, protagonizados por gente nova nos modos, e nas ideias, e na forma de serem portugueses.
Destaco, como exemplo, para além daquele que ajudei a fundar, o movimento “Causa Liberal”, que faz adivinhar um futuro mais confiante para a divulgação das ideias liberais em Portugal.
O segundo artigo que se transcreve, em minha opinião está muito bem escrito, e parece-me que defende pontos de vista muito defensáveis.
Na realidade julgo ser possível conciliar as técnicas de gestão e economicistas mais “ evoluídas “ com uma certa preocupação do “ social “ .
Mas não é bem esse o meu objectivo, pelo que corrigirei sempre qualquer desvio, no sentido de aprofundar o conhecimento geral do significado de certas palavras e expressões no entendimento da nossa população.
“PAÍSES QUE DESCOLARAM, NÃO SEGUIRAM AS RECEITAS NEOLIBERAIS DAS INSTTITUIÇÔES DE BRETTON WOODS “
Semanário 31 Maio 2002
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