Para a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), este tipo de avaliação pretende ser apenas mais um espelho das políticas educativas do Ministério da Educação (ME) e não uma avaliação dos alunos, dos professores e das escolas.
"O ME não quer utilizar as provas para avaliar, mas quer chegar ao final da legislatura e dizer que o resultado melhorou em relação a anos anteriores, que, dirão eles, só pode ter a ver com as suas políticas. Assim não se afere nada. Quanto muito, avalia-se o resultado dos alunos num contexto especial", disse Mário Nogueira, secretário--geral da Fenprof, ao CM.
Ainda assim, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, fez um "balanço positivo" das provas, destacando que os resultados serão conhecidos "daqui por um mês". "As crianças estavam tranquilas e as escolas bem organizadas, com os professores com um elevado grau de profissionalismo", comentou ontem durante uma visita às Caldas da Rainha.
Na Escola Básica 2,3 de Nuno Gonçalves, em Lisboa, 280 alunos dos 4º e 6º anos realizaram provas de aferição. As aulas estiveram interrompidas entre as 10h00 e as 12h30, regressando depois à normalidade.
Daniel Matos, do 6º ano, garantiu não ter tido nenhuma dificuldade: "Pensava que era mais difícil. Estudei um pouco no sábado, mas, como sou bom aluno, acabei por não ter dificuldade nenhuma." A mesma opinião foi partilhada por Ruben Alves, de 11 anos, na Escola Básica 2,3 D. João II das Caldas da Rainha. "Não estudei muito e achei a prova fácil. O mais difícil foi inventar uma história sobre o nosso livro favorito, porque não costumo ler muitos livros. Sou aluno de ‘4’, mas para Matemática vou ter de estudar mais."
DEPOIMENTOS
"MATÉMATICA NÃO VAI SER ASSIM TÃO FÁCIL": Joana Rogério, Caldas da Rainha
Estudei apenas duas horas. Não achei difícil. Fiz tudo dentro do tempo. Não tenho qualquer razão para queixas. Acho que a prova de Matemática, na quarta-feira, não vai ser assim tão fácil e, por isso, vou estudar mais.
"A SEGUNDA PARTE FOI A MAIS COMPLICADA": Francisco Marcos, Portimão
A prova era muito fácil, mas a segunda parte, a da composição, foi um pouco mais complicada. Eu não estava nervoso e acho que a prova me correu bem e aos meus colegas também. A minha mãe ajudou-me a estudar. Estava preparado.
"SAIU QUASE TUDO O QUE ESTAVA À ESPERA": Joana Pinto, Porto
Foi fácil de fazer. Fiz tudo sem dificuldades. Saiu quase tudo o que estava à espera. Gosto de Português, mas a Matemática é a minha disciplina preferida. Já estou preparada para esse exame e comecei a estudar durante o fim-de-semana.
"PROVA ACESSÍVEL E SOBRE MATÉRIA ESTUDADA": João Barros, Faro
Achei a prova de Português muito acessível e de fácil compreensão. Toda a matéria do teste fazia parte do programa que temos estudado durante o ano lectivo. Estou optimista que vá apanhar uma boa nota, apesar de estar algo nervoso.
"NÃO HAVIA NADA DIFÍCIL, ATÉ FIQUEI SURPREENDIDO": Rodrigo Morais, Guarda
Correu muito bem. Não havia nada difícil, até fiquei surpreendido. Estudei muito e achei que foi extremamente fácil. Agora só espero pela prova de Matemática, amanhã, porque até gosto mais dessa disciplina.
"ACHO RIDÍCULO NÃO CONTAREM PARA NOTA": Cristina Rodrigues Lisboa
Acho ridículo estas provas de aferição não contarem para a nota final. Deveriam contar, nem que fosse numa percentagem de dois ou cinco por cento. Para a semana também vão ter as provas de passagem, o que os está a sobrecarregar.
"PROVAS SÃO UM TREINO PARA FUTUROS EXAMES": Luís Silva, Lisboa
As provas são um bom treino para futuros exames. Mas é necessário que os resultados finais sejam tidos em conta para que se possa melhorar. Se divulgarem as notas e esquecerem por completo os resultados, é mais uma perda de tempo.
DOCENTES DE PORTUGUÊS CRITICAM
A Associação dos Professores de Português (APP) considera que as provas de aferição não conseguem "avaliar a totalidade dos conhecimentos e das competências que fazem parte do programa obrigatório", pois "reduzem drasticamente a ‘matéria’ que é dada em sala de aula, deixando de parte tudo o que não é avaliável por este tipo de prova".
Como um dos aspectos negativos, a APP aponta a inclusão de várias instruções sobre os textos de produção escrita. Segundo Paulo Feytor Pinto, presidente da APP, "isso é exactamente aquilo que se pretende avaliar no aluno. A prova do 6º ano perguntava qual o livro favorito do aluno e, de seguida, apresentava alguns procedimentos que deveriam ser adoptados, como identificar o livro, o autor e o assunto. Ora, o nosso objecto de avaliação é saber se o aluno faz essa identificação", referiu.
A Associação de Professores de Português lamenta também que as provas de aferição não sejam realizadas mais cedo para que os seus resultados possam ser conhecidos a tempo de solucionar as falhas identificadas.
ALUNOS SEM AULAS DEVIDO A EXAMES
Os alunos que não têm aulas enquanto se realizam as provas de aferição dos 4º e do 6º anos de escolaridade vão ser compensados com mais dois dias de escola no final do ano lectivo. A decisão do Governo visa ultrapassar as dificuldades com que algumas escolas se debatem nesta altura, sobretudo nas zonas urbanas onde não há salas disponíveis para isolar os alunos que realizam as provas de aferição.
Ontem, a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) recebeu algumas queixas de encarregados de educação, que dizem ter sido surpreendidos com as escolas encerradas.
APONTAMENTOS
PROVAS DESDE 1999
As provas de aferição foram introduzidas em 1999. Em 2002, deixaram de ser universais para abranger uma amostra de alunos. Em 2007 voltaram a ser aplicadas a todos os alunos dos 4.º e do 6.º anos.
235 MIL EM 2008
No ano passado, realizaram as provas mais de 235 mil alunos de 6666 escolas. Foram designados 8924 professores classificadores.
NOTAS MELHORARAM
Em 2008, o número de negativas a Matemática caiu para metade, gerando acusações de facilitismo por parte do Governo.
NOTAS
ALUNOS: CONHECIMENTO À PROVA
As provas são anónimas, não contam para nota final e servem para aferir o nível de conhecimento dos alunos a duas disciplinas fundamentais: Língua Portuguesa e Matemática
AMANHÃ: MATEMÁTICA
Amanhã os alunos dos 4.º e do 6.º anos de escolaridade regressam à escola para uma nova prova de aferição que irá testar, desde vez, os seus conhecimentos a Matemática
MINISTÉRIO: INSTRUÇÕES
Amanhã os alunos dos 4.º e do 6.º anos de escolaridade regressam à escola para uma nova prova de aferição que irá testar, desde vez, os seus conhecimentos a Matemática
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