Fala-se muito e com razão, da crise económica e financeira internacional que nos bateu à porta. É verdade que esta crise é grave, é profunda e está para durar. Mas esta é apenas uma meia-verdade da situação que estamos a viver. Há outra meia-verdade que é sistematicamente ocultada no discurso oficial. E é esta: Portugal não vive apenas os efeitos de uma crise. Portugal vive uma dupla crise: uma crise nacional e uma crise internacional. A crise internacional começou por ser financeira e transformou-se a seguir numa grave crise económica e social. A crise nacional é, sobretudo, de competitividade que há mais de uma década nos aflige e que é responsável pelo nosso continuado empobrecimento.
Por outras palavras, antes de a crise internacional nos ter batido à porta já Portugal estava em crise, já divergia da Europa, já se afundava nos “rankings” europeus de crescimento e prosperidade, já o desemprego subia e se agravavam as desigualdades sociais.
Esta é a verdade que o discurso oficial omite. E esta omissão é grave e vai ter consequências. É grave porque omitir esta situação é semear a ilusão. A ilusão de que, passados os efeitos da crise internacional, Portugal vai, finalmente, encontrar o caminho do sucesso e da prosperidade.
Lamento dizer mas infelizmente isso não vai suceder. A crise portuguesa começou antes da crise internacional e vai prolongar-se para além do seu terminus.Mas esta omissão vai ter também consequências bem perniciosas. Primeiro, vai representar um choque para os portugueses. Quando virem outros países recuperarem da crise e nós a continuarmos afundados , os nossos compatriotas não vão gostar do cenário que lhes surgiu pela frente. Será mais uma frustração a somar a várias outras. Depois, porque quanto mais tempo demorarmos a perceber as razões estruturais da nossa crise interna, mais tempo precisaremos para executar a terapia necessária para lhe fazer frente. Os portugueses perceberão então que andámos a perder tempo, a adiar soluções, a hipotecar o futuro.
Luís Marques Mendes
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