Cavaco, que Soares dizia “desconhecer”, representou o primeiro dirigente da democracia portuguesa que chegava ao poder fora da resistência contra Salazar e ao PREC e com uma formação dominantemente económica em vez de jurídica .
A maioria absoluta de Cavaco Silva, uma verdadeira subversão de um sistema eleitoral construído para obrigar a governos de coligação, abrindo caminho a um ciclo de governabilidade sem passado até então e sem futuro até 2005 (19 de Julho de 1987).
Procedeu-se à desregulamentação da economia e fez-se a privatização do espaço televisivo e da comunicação social escrita do estado. Criação da SIC e da TVI.
Fez-se a Revisão Económica da Constituição permitindo finalmente a existência de uma plena economia de mercado e as privatizações. O PS que tinha bloqueado mudanças na parte económica da Constituição finalmente cedeu ao PSD (1989).
Tivemos a primeira Presidência portuguesa da UE. Nunca até então a alta administração pública portuguesa tinha conhecido uma prova tão dura.
A Expo, a realização urbana de grande dimensão mudando a face oriental de Lisboa e levando ao clímax o ciclo de grandes obras dos anos do “cavaquismo” (1998).
Adesão ao euro, principal manifestação da decisão estratégica de manter Portugal no chamado “pelotão da frente”, ou seja no grupo mais avançado da EU, abrindo caminho à questão do défice suscitada pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (1 de Janeiro de 1999).
Percebe-se que Portugal vai recuperando o seu prestigio junto das outras nações e que a integração europeia vai na senda daquilo que os demais parceiros da EU fizeram anteriormente. Liberalização da economia e entrega à iniciativa privada do seu desenvolvimento.
Ao contrário de todo o esforço dos partidos e forças de esquerda para seguirem os passos das economias socialistas/comunistas ( que não tardariam a desaparecer repentinamente do mundo) a nossa evolução foi sendo no caminho das democracias europeias.
Foi neste sentido que as empresas anteriormente nacionalizadas foram quase na sua totalidade devolvidas à iniciativa privada.
Em todo este problema de saber quem detém a posse das empresas, há um outro que não pode ser esquecido por dizer respeito aos seus trabalhadores. Eles são, foram e continuarão a ser o maior capital dessas mesmas empresas e do país e nessa condição viram-se confrontados com difíceis adaptações e uma nova realidade na estabilidade do emprego.
Aquando das nacionalizações as empresas tinham um passado e naturalmente que, aparte algumas injustiças que sempre há, os seus técnicos teriam sido escolhidos pelas provas dadas, seus quadros do mesmo modo. Eram aqueles que na sua actividade diária mostraram ter o perfil adequado a esses desempenhos.
No acto das nacionalizações, que foram actos revolucionários, a primeira acção era regra geral o saneamento selvagem de toda a estrutura de comando ou até técnica. Muita gente de lágrimas nos olhos viu ser-lhes retirado o trabalho e os direitos adquiridos. Normalmente eram substituídos por outros , por vezes alheios às empresas, nomeados nunca por desempenhos ou qualidades demonstradas. Ascenderam a tais posições de relevo na estrutura dessas empresas, mais como comissários políticos. A qualidade pedida era que fossem de esquerda de preferência activistas políticos e antifascistas.
Nesta situação as empresas foram-se deteriorando, adoecendo até se verem forçadas a estender a mão aos cofres do Estado. Os salários começaram a estar em perigo todos os meses, foram poucos os casos de encerramento com despedimento colectivo.
Do lado oposto, nas privatizações, os novos donos foram muitas vezes os donos antigos mas, mesmo sendo outros, o problema era o mesmo. As indemnizações pelas nacionalizações, quando as houve, foram ridículas, mas no acto da privatização têm na sua frente um Estado sem recursos, que tentava encaixar o máximo dinheiro para alcançar o equilíbrio das suas finanças públicas.
Os pretendentes à posse das empresas conheciam-nas como ninguém, estudavam-nas, e conheciam muito bem, igualmente, cada um dos seus empregados. Os anos haviam decorrido e os tais antigos colaboradores já não eram jovens, logo, salvo poucos casos os candidatos às empresas, bons conhecedores de actos de gestão, exigiam antes da privatização que as empresas tivessem uma média etária dos seus empregados dentro dos valores recomendados pelos manuais.
Daqui saírem às centenas e mesmo aos milhares de trabalhadores para a tão famosa pré – reforma. Naturalmente defraudados pelas circunstâncias da vida apareciam sentados nos bancos do jardim homens com cinquenta, ou até menos, anos de idade!
O afastamento forçado, naturalmente, não lhes tinha permitido uma actualização constante mas tinha sim aumentado a sua desmotivação, e era nesta situação de frustração que iriam sair, com muitos sonhos por realizar, e agravando os cofres da segurança social . Por outro lado a empresa ficaria com menores encargos salariais e com uma média etária mais baixa, mas com um capital de experiência muito inferior.
Os outros , os comissários políticos, esses também saiam, mas o sistema arranjava-lhes outra colocação, quase sempre ao abrigo dos cofres do Estado. Afinal eram políticos.
Conclusão : Num país, no mundo, em cada uma das empresas ou organizações governativas, os empresários e os governantes são muito importantes mas, o maior capital são as pessoas e a motivação que lhes for estimulada.
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