Sobram os dedos de uma só mão para contar aqueles Estadistas que apareceram à frente do nosso País nos últimos cem anos. Também não sei se haverá, entretanto, lugar para eles neste torrão à beira-mar plantado!
Estão a tornar-se um bem preocupantemente escasso! Ou se é, ou se não é. Eis a questão!
Sabe-se que se nasce já com esse dom, e o muito que se pode fazer, é ajudar alguém a melhorar o seu desempenho e dar-lhe espaço de virtude.
Mas, para tal, é preciso que eles apareçam mesmo.
Aqui radicam e mais transparecem todas as crises da vida partidária nacional. Querer ou saber como captá-los torna-se obscuro. Eles andam por aí, não muitos, mas andam. Mesmo num País ingovernável como parece estar o nosso! Com uma comunicação social viciada em casos pueris e desvirtuados e apostada em olhar para o lado para não cumprir a sua missão!
Este governo, com uma terrível agenda pela frente, com o tempo, acaba por se vir a sentir completamente tolhido na sua acção governativa e com uma liderança a pensar pequeno, se não forem aprofundadas medidas evidentes . A força das corporações, e outras forças, são de facto eficazmente bloqueadoras.
O País bem o sente.Num primeiro momento, os governantes que temos tido ainda inventaram uma qualquer ASAE, para mostrarem que mandam. De facto só mandam nas “ginjinhas do Rossio”!
Depois, o desânimo abate-se sem piedade no país. Eles não mandam nada! E o País vai andando de mal a pior.
Os possíveis Estadistas que existam neste reino, farejam esta realidade e, como qualquer homem comum, escondem-se na mediocridade, mesmo sentindo o chamamento.
Ficam-se nas covas. Não sentem o mínimo de condições exigíveis para avançar!
Aos donos dos partidos isto interessa e muito. A mediocridade da classe política serve a muita gente, não ao País. Os verdadeiros “ Homens de Estado ” para aparecerem precisam, no entanto, de acreditar ter chegado o momento certo. Depois, a sua acção e postura vão demolindo os bloqueios corporativos e vão fazendo sobressair os mais capazes. Afastam o servilismo e a obra começa a surgir. Com ela regressa a autoridade perdida.
O verdadeiro Estadista pensa na próxima geração, nunca na próxima eleição. O seu sentido de Estado funciona melhor que qualquer GPS (Sistema de Posicionamento Global) na descoberta do caminho certo para os altos interesses coletivos. Esse Estadista tem de ser uma pessoa desprendida, que siga na senda dos valores e da simplicidade do povo e não se deixe enredar nos pequenos interesses de grupo ou nas “tricas” de jornalistas desviados do alto sentido do poder informativo. Tal estadista torna-se incómodo, mas granjeia o respeito das maiorias. Arrasta com o seu forte carácter e força interior, todo o País para o desenvolvimento e bem-estar social.
Os bandos corporativos e empresários enfeudados, amantes de governantes fracos, deixam de ter a sua governação subterrânea, tão eficaz na defesa da continuidade dos seus interesses pessoais e de casta.
Os potenciais Estadistas, tal como os golfinhos na década de sessenta, quando a poluição invadiu o estuário do Tejo, fugiram para longe. A inteligência e sensibilidade dos golfinhos, tal como a dos Estadistas, não lhes permitem lidar, dia a dia, com tanta opacidade. Querem a água limpa, onde se movimentem com toda a transparência.
Quem nos diz se tal Estadista não anda já por aí? Só que as águas continuam poluídas pela movimentação frenética dos tubarões incomodados com as fortes correntes de mudança, não permitindo visualizá-lo.
As regras internas de funcionamento dos partidos devem ser legisladas e, portanto, serem iguais para todos, para que nos sufrágios haja, de facto, eleições democráticas.
Igualdade à partida.
Quem chamar a isto “coisas mesquinhas” não tem estatura de Estadista.
O povo paga com os seus altíssimos impostos os partidos que temos e deixa-lhes nas mãos o poder de conduzirem o País. Resta-lhe, a este povo, o direito que o funcionamento dos mesmos seja avaliado por uma credível “Alta Autoridade”, constituída por homens bons e de grande credibilidade. Em debate nacional.
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