Depois de coabitarmos no mundo, forçosamente, com o bem e o mal, deste confronto só avançamos com vida, se conseguirmos manter dentro de nós um sentimento elevado chamado esperança no futuro, qual bóia de salvação, que nos pode levar até ao fim da nossa vida. A força secreta que move todo o esforço humano é a esperança num amanhã diferente para melhor. Mas a esperança cristã, tal como a fé, não é uma esperança individual: é antes, uma esperança com os outros e para os outros.
O cristão deve ser homem de esperança, pois sabe de onde vem e para onde vai. Sabe que vem de Deus e regressa a Ele.
Para viajarmos neste grande barco da vida, o bilhete de ingresso chama-se, a família, mas logo que entramos nele, temos de perceber através do amor que temos à nossa família, que é inevitável fecharmos os olhos ao desafio de aceitarmos a concepção de uma família mais alargada, e dessa maneira estarmos abertos ao encontro e ao diálogo de gerações.
Tudo aquilo que não queremos para a nossa família, também não podemos, nem devemos querer, ou aceitar, para a grande família alargada, a quem chamamos o "próximo". O mundo na sua imensidão!.
Nasce em nós,então, a partir desse momento, outro conceito; o conceito da justiça social e o destino universal dos bens da Terra.
Chegámos, sem darmos por isso, a um porto até agora desconhecido, chama-se ele: um conceito cristão sobre a propriedade e o uso dos bens.
É o princípio típico da Doutrina Social Cristã; os bens deste mundo são originariamente destinados a todos.O Direito à propriedade privada é válido e necessário, mas não anula o valor de tal princípio.
Sobre a propriedade privada, de facto, está subjacente «uma hipoteca social», quer dizer, nela é reconhecida, como qualidade intrínseca uma função social, fundada e justificada precisamente pelo princípio do destino universal dos bens.
Depois, e ainda, dentro do mesmo barco, começamos a respirar mais levemente um ar de leve perfume que lido no frasco que o contém, se percebe chamar-se hino à caridade e ao amor ao próximo.
Conforme a fragrância escolhida, podemos optar pela caridade paciente, a caridade bondosa, a caridade discreta, a caridade da verdade e nunca deveremos comprar alguns outros tipos de caridade postas à venda como, a caridade indiscreta ou a caridade interesseira, ufana ou mesmo, invejosa.
Ao sairmos de novo do barco, no qual fizemos esta longa viagem, teremos seguramente descoberto que há outra forma de ser feliz na terra, que desconhecíamos e que, também, ainda nos pode levar à salvação que ansiamos.
Sem medo de nos rotularem de utópicos, sabemos ser esta a viagem aconselhada. O actual sistema político está a esgotar-se. O modelo económico também. Num momento que o mundo se está a tornar muito perigoso, por exigir novos e grandes desafios! "Desafios que Mudança". Foi ignorando esta verdade, que o mundo chegou aqui, ou seja, a este "Beco sem Saída"!
Quisemos ignorar que as reservas da Terra são finitas, tal como a matéria-primas, carvão, crude, água potável etc. Não queremos sair de cima da linha e vem lá o comboio! Em menos de um século, esbanjámos aquilo que seria o sustento de muitas gerações. Os conceitos de "trabalho", têm de mudar em breve. Do emprego também! A riqueza só para um terço da população mundial vai acabar. Teremos de viver com menos fartura (?) mas com muito mais solidariedade e valores.
Não é fácil tomar outro barco! Mas se nos atrasarmos,nunca mais acertaremos o passo com o futuro que alguns diziam estar para vir! Amanhã pode ser tarde demais!
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