Mas é surpreendente que tantas vozes se levantem contra o que consideram ser um ataque à classe média. Afinal, quem nas últimas décadas mudou de estilo de vida, passando a consumir mais, foram aqueles que passaram o limiar da pobreza para ascenderem à classe média. Seria excelente, se não fosse uma ilusão, fomentada até pela irresponsabilidade dos políticos.
Numa economia como a nossa, que praticamente não cresce há doze anos, essa melhoria de nível de vida era insustentável. Baseava-se no crédito, que deixou milhares de famílias encravadas. O próprio défice das contas do Estado decorre, em parte, de benefícios que as pessoas recebiam e aos quais agora têm de renunciar.
Parece que alguns pensaram ser possível corrigir os nossos desequilíbrios financeiros sem dor. É um engano. Mas essencial é que a dor sirva para curar a doença.
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