Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2012

ZÉ AFONSO

 

Zeca Afonso, 25 anos de ausência

 

Há 25 anos Zé Afonso acabou por ceder à doença que o minava, cujos traços eram bem visíveis no seu último e emocionante concerto no Coliseu dos Recreios. Celebrava-se a inexorável morte que o Zeca enfrentava com uma desmesurada coragem.

Deixa um vasto património musical. Um património musical que deu a volta à música portuguesa, dando um salto para qualquer coisa de novo e complexo que ainda não se esgotou, que é inesgotável. Salto que dificilmente voltará a ser dado com tal intensidade e radicalidade. São um conjunto de músicas que, libertando-se dos espartilhos dos fados e guitarradas que se arrastavam rotineiramente, entraram decididamente no campo da contestação política moldando-a numa música, também ela  inovadora. Com a companhia de Adriano Correia de Oliveira,José Niza, Godinho, Rui Pato fez-se à estrada, no seu sentido literal e no sentido metafórico. Nunca mais a música não erudita portuguesa perdeu esse quadro de referências, onde José Afonso foi e continua a ser personagem central.

 

 

 

 

A obra de José Afonso, poeta e andarilho continua a ser um caso impar que não deixa ninguém indiferente, sejam amigos e admiradores, sejam inimigos e adversários políticos, obrigados a reconhecer uma vasta obra lírica, que roça muitas vezes o sublime. Foi um homem que se quis livre e tinha uma atitude muito particular e afirmativa perante a vida e a intervenção cívica. Homem íntegro e independente, recusou condecorações e prebendas, empenhou-se nas lutas que pensava serem as mais justas. Correu mundo sempre motivado por intervir, não se detendo perante as impossibilidades, algo que sempre lhe foi estranho.

Ouvir José Afonso, os seus poemas, as suas músicas, é sentir o vento da genialidade musical correndo contra a vida para a mudar. Um mundo inesgotável de prazer, seja nos poemas de intervenção directa seja naquelas de ironia surrealizante. Cada disco seu é sempre um grito de revolta, com uma força que nunca se esgotou.

O que nos deixou não se deixa encerrar em palavras, sempre escassas para descrever e caracterizar tamanho legado.

Mais do que ler ou escrever textos ditirâmbicos, o que se deve propor é a urgência de ouvir, ouvir sempre e mais José Afonso, sobretudo nestes tempos de música e textos magros de ideias.

José afonso SEMPRE!

O que faz falta

publicado por luzdequeijas às 14:22
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