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“25 de Abril, sempre.” Que pensa do 25 de Abril ?
Há 34 anos foi o menino de caracóis loiros, cuja figura reguila se esticava para colocar o cravo numa espingarda de Abril. A fotografia tornou-se o símbolo da revolução, mas o miúdo de roupa esfarrapada, descalço, fotografado por Sérgio Guimarães saiu de Portugal mal atingiu a maioridade. Foi estudar em Londres e apaixonou-se por uma inglesa. Trabalha lá e espera o primeiro filho, que nasce no início de Maio.
- Diogo Bandeira Freire, o menino da revolução, tem 37 anos, vive numa casa de tijolos vermelhos com um jardim, na margem Sul do Tamisa. Vive a vida à inglesa: deixa o Audi A3 estacionado à porta, para não ter de pagar cinco libras de portagem para entrar no centro da cidade e vai de transportes públicos para o emprego. Leva numa lancheira o que comerá ao almoço. E trabalha como ‘financial controler’ sete horas e meia por dia numa empresa de tecnologia.
- Nunca pensei nisso, mas se o 25 de Abril representa democracia, liberdade e a consciencialização das pessoas sobre deveres, como o de votarem, a frase é válida.
Mas já tinha ouvido falar do 25 de Abril ?
Já, mas nunca tinha pensado sobre ela. Há milhentas maneiras de interpretá-la: se significa nacionalizar todas as indústrias, tirar os bens às pessoas: não muito obrigado. O 25 de Abril, de certa forma, também tem duas faces.
O Menino que com três anos aparece num poster que correu mundo, a pôr-se em bicos de pés para meter um cravo no cano de uma espingarda, trinta e sete anos depois, definiu bem o 25 de Abril, mas poderia ter dito muito mais....
Entrevista de Fernanda Cachão – CM
Muito para além da anarquia vivida e das injustiças cometidas, o 25 de Abril levou todo um povo, que tanto já havia sofrido, a acreditar que um país, uma família ou simplesmente uma pessoa, podiam receber um vencimento sem trabalhar duro. O nosso país, também, tem ainda duas faces , a do trabalhador da iniciativa privada, coberto de esforço e de impostos para manter uma função pública esbanjadora, engordada pela revolução e pelas promessas do socialismo. Sem trabalho certo. Condenado à precariedade!
A outra face, dos trabalhadores da função pública que, sem culpa, se deixaram adormecer toda a vida, no sabor doce de uma vida fácil, impregnada de direitos . Mais, ainda, um emprego para toda a vida !
Nenhum capitão explicou ao povo, que cada trabalhador ganhará o pão com o suor do seu rosto. Foram anos de andar para trás !
E para que isso aconteça, há que criar condições de haver emprego para todos, logo o investimento é fundamental e indispensável, e é também preciso haver confiança dos investidores.
A própria China, anos a fio defensora do socialismo puro e duro, se quis fugir à fome, teve que embarcar no celebre “slogan”: «um país dois sistemas», mantendo o socialismo para forçar a aceitação da austeridade, então, ainda necessária, e o capitalismo para conseguir o desenvolvimento e mudar a situação.
Neste momento os chineses produzem muito e de tudo, espalham-se por todo o mundo trabalhando, em jornadas diárias sem limite de horas, à procura da riqueza que lhes permita um nível de vida confortável.Vão consegui-lo .
Nenhum capitão explicou ao povo que sem estabilidade e autoridade, não há emprego nem riqueza produzida para depois distribuir com justiça.
Nenhum capitão explicou ao povo que o mundo e os países são feitos de continuidade na evolução, sem rupturas que, as mais das vezes, provocam destruição e atrasos de longos anos, suportados pelas classes mais desfavorecidas. A nossa vizinha Espanha optou pela nomeação de um rei em desfavor de um Presidente da República, tão caro ao politicamente alienado povo português. Não optou pelo comunismo ou socialismo e foi moderada. O resultado está bem de ver, com a Espanha a dar ao seu povo um nível de vida cifrado quase no dobro do nosso.
E, ainda ajudam , com milhares de empregos, os trabalhadores portugueses !
Tanto se poderia dizer sobre isto, mas por agora importa lembrar que Portugal, cheio de reservas em ouro no Abril de 74, chegou aos anos oitenta na cauda da União Europeia ! O consumismo desenfreado, sem sustentação, atirou-nos, neste novo século, para os piores indicadores da UE ! A Divida Externa é clamorosa ! Chegou a hora da mudança ! Olhos postos na Grécia ! António Reis Luz