Cruzado voltando para casa.
Inimigos dos Cruzados, por Gustave Doré.
No início do século XII, o mundo muçulmano tinha praticamente esquecido a Jihad, a guerra religiosa travada contra os inimigos do Islão. A explosiva expansão da sua religião durante o séc. VIII tinha-se reduzido às memórias de grandeza dessa época. Após a queda de Jerusalém, muitos proeminentes líderes religiosos, como o qadi Abu Sa’ ad al-Harawi, tentaram convencer o Califa Abássida a preparar a Jihad contra os Firanji. No entanto, somente perto de duas décadas depois é que o sultão turco designou um proeminente militar, um atabeg chamado Zengi, para resolver o problema Firanj. Após a primeira cruzada, a moral dos muçulmanos estava de rastos.
Os Firanj detinham uma reputação de ferocidade entre os Turcos e os Árabes. Com os espectaculares sucessos em Antioquia e Jerusalém, os Firanj pareciam quase imparáveis.
Eles humilhavam o poderoso califado egípcio anualmente e faziam investidas em terras inimigas impunemente. Exceptuando os vassalos do Egipto, a maioria dos aterrorizados líderes muçulmanos dos territórios mais próximos pagavam um pesado tributo para assegurar a paz. Zengi iniciou o longo e lento processo de modificar a imagem que os muçulmanos tinham dos Firanj. Tendo recebido o domínio das terras à volta de Mossul e Alepo, Zengi começou uma campanha contra o Firanj em 1132 com a ajuda do seu lugar-tenente Sawar. Em cinco anos conseguiu reduzir o número dos castelos importantes ao longo da fronteira do Condado de Edessa e derrotou o exército firanj em batalha.
Cruzado voltando
Em 1144 capturou a cidade de Edessa e neutralizou de forma efectiva o primeiro domínio estabelecido pelos Cruzados. Zengi foi o primeiro líder muçulmano a enfrentar os firanj e que não só sobreviveu, como triunfou. Ele provou que os firanj podiam ser bloqueados. Os líderes de Bagdad aprovaram os sucessos de Zengi, e cedo um grande número de títulos precediam o seu nome: O Emir, o General, o Grande, o Justo, o Ajudante de Deus, o Triunfante, o Único, o Pilar da Religião, a Pedra de Base do Islão, …Honra de Reis, Apoiante de Sultões … o Sol dos Merecedores, … Protector do Príncipe dos Fiéis.
Zengi gostou tanto da enchente de elogios, que insistiu que os seus arautos e escrivães utilizassem todos os títulos na sua correspondência. Embora Zengi fosse um grande herói militar, ele foi simplesmente muito implacável e cruel nas suas campanhas contra Damasco para motivar os muçulmanos para uma guerra religiosa. Uma noite do ano 1146, encontrando-se ele alcoolizado, ao ter presenciado a um erro do seu eunuco particular, Lulu ("pérola"), e prometeu mandá-lo executar por incompetência. Mais tarde, enquanto Zengi dormia, Lulu pegou na adaga do seu dono e apunhalou-o repetidamente e fugiu, coberto pela escuridão da noite.
O herdeiro de Zengi, Nur al-Din, e o seu sucessor Salah al-Din ("Saladino"), eram extremamente piedosos, observando rigidamente a Sunna e os Pilares do Islão na sua vida pública e particular. Ambos rodearam-se de religiosos e teólogos e sábios em geral. Para além disso fizeram uma activa campanha para espalhar o fervor religioso e propaganda entre os seus súbditos muçulmanos. Com os seus exemplos de religiosidade, Nur al-Din iniciou - e o seu sucessor Salah al-Din cultivou - uma guerra religiosa, uma jihad, contra os Firanj. Enquanto que Zengi apenas podia contar com os seus soldados, o apelo à jihad atraiu os soldados muçulmanos de toda a Arábia, Egipto e Pérsia. Este massivo exército permitiu Salah al-Din esmagar os Firanj na Batalha de Hattin e enfraquecer as forças da Terceira Cruzada de Ricardo Coração de Leão.
A chama da Jihad de Salah al-Din deixou de arder em 1193, quando morreu. O irmão do Sultão, Saphadin, não pretendia entrar em mais guerras, e quando Coração de Leão foi para a Europa, o poderio militar dos Firanj estava praticamente neutralizado e não mais necessidade de derramamento de sangue. A partir desta altura Saphadim acreditava que a coexistência pacífica com Firanj ainda era possível. Várias décadas mais tarde, uma jihad iria finalmente purgar os Firanj da Síria e Palestina, embora até 1291, os muçulmanos ainda partilhassem uma pequena parte desse território com os Firanj.
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