A geração de ouro de Portugal queria era trabalhar e poupar para que nada faltasse aos seus filhos. Desde os idos de cinquenta, enfrentaram as guerras coloniais, emigraram e começaram a trabalhar com dezassete ou dezoito anos. Preocuparam-se com os seus pais, sem reforma alguma, e com os seus filhos para que chegasem mais longe que eles, se possível, até à Universidade!
De repente, em Abril de 74, começaram-nos a dizer para não trabalharmos tanto e pedirmos aumento do vencimento. Muitos ingenuamente fizeram-no. No final dos meses, os vencimentos começaram a estar em perigo. Havia boato de que era preciso reduzir custos e despedir, ou pré – reformar, os mais velhos, aqueles que nunca quiseram fazer greve. Aqueles que só queriam que os deixassem trabalhar.
Aos cinquenta anos o Joaquim, e o seu primo da Lisnave, que sabia reparar barcos muito grandes, estavam os dois sentados no jardim. Aos poucos vinham chegando cada vez mais e mais, já não havia bancos nem jardins que chegassem. De todas as profissões e empresas! A agricultora deixava de se fazer, a fruta era importada, e as pescas paravam por os barcos terem sido vendidos a troco de uma indemnização da UE! Vieram a descolonização, as nacionalizações e muitos carros topo de gama. Muitas viagens ao estrangeiro também!
Foi a ruptura total com uma geração de ouro . Com os valores de produzir e poupar! O lema foi importar e gastar! Mas estava escrito que teria de ser esta geração de bons cidadãos a pagar a crise, mesmo sem fazer greves. Naturalmente sentiu-se mal tratada, desprezada até.
Nos bancos do jardim ouviam-se coisas como estas: “pelo meu filho soube que na escola dele nenhum miúdo sabia o que era uma lima ou uma grosa. Ninguém sabia a tabuada ou fazer contas. Só sabiam que o Porto era lá do norte, por causa do jogo da bola. Tudo isto deve ser da minha cabeça pois, vi num jornal do clube do bairro, que agora estudam muito mais crianças mas, uma olhou para o jornal que eu lia, e não conseguia ler direito”. Era uma das muitas crianças que aumentavam as estatísticas da nossa escolaridade! Iludir era fundamental! A vida passou a ser dos oportunistas!
Noutro banco e noutro jardim, podia-se ainda ouvir : “fui visitar os meus antigos colegas para lhes contar as coisas estranhas que tenho sabido. Mais valia não ter lá ido, estava um licenciado no meu lugar a fazer contas de somar contando pelos dedos. Ainda me ofereci para o ajudar, mas ele olhou-me de soslaio, má cara e desprezo”.
Enterraram a geração de ouro nos bancos do jardim, prematuramente, e hoje continuam a tirar-lhe dinheiro e regalias que com tanto sacrifício tinham conseguido! É preciso para os desvarios!
Se calhar estavam a mais e deveriam ter morrido mais cedo, como os seus pais, aos cinquenta e tal anos. Era melhor para todos. Esticaram tanto, tanto a corda que partiram o fio condutor que unia as gerações actuais às gerações passadas! Agora, não encontram remédio para o défice das finanças públicas! Nem da dívida externa! Vão ver que ainda vêm ter connosco para o pagarmos! Meu dito, meu feito. Aos muitos licenciados desempregados nada podem pedir! Neste país de bravos marinheiros o barco afundou-se na praia vergado ao peso de uma dívida de 383 mil milhões de euros! Das janelas dos seus camarotes lá estão os responsáveis pelo desastre.Não querem abandonar o barco, nem fazer mea culpa ! Preferem contestar uma dívida de 1,tal mil milhões de que também são responsáveis! É o desnorte total. A tarefa de voltar a pôr o barco a navegar já começou mas, é obra para outra gente, para gente de valor, que bem merece todo o nosso apoio.
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