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M - Paula teixeira da Cruz
Sócrates empurra-nos teimosa e arrogantemente para um desastre anunciado até à náusea
Como explicar que o Governo de José Sócrates persista na intenção de grandes gastos, em empreendimentos vultuosos, que não só não contribuem para o nosso crescimento como nos vão endividar mais? Para além, claro, de aprofundar as desconfianças dos mercados sobre o País... que tanto continua a gastar e muito deve... Porquê?
Todos sabemos que o País não tem dinheiro, que está profundamente endividado, logo, há prioridades.
Qual a família que, estando endividada, continua a pedir mais e mais dinheiro emprestado para aquisições não prioritárias? Quais as famílias que compram produtos sumptuários, estando desempregadas ou com necessidades básicas por resolver?
Que gestão económica de um País é esta em que um Presidente da República – com a autoridade que lhe é reconhecida – e enquanto Professor de Economia avisa que é elementar, repito, elementar, reconhecer estes erros e se depara com a teimosia do Governo? Porquê?
Que gestão é esta que faz com que ex-ministros das Finanças de diferentes sensibilidades se inquietem com a pressa do Governo em assinar o contrato do TGV Poceirão--Caia e solicitem uma audiência ao Presidente da República, noutro grito de alerta, que recebeu do Governo (mais) uma resposta arrogante? Porquê?
É sempre bom ouvir a voz da experiência, do conhecimento, mas as decisões participadas não fazem o gosto ao Governo.
Nem mesmo os alertas dos presidentes do BES e do Santander Totta sobre a falta de crédito fazem Sócrates recuar e essas instituições teriam interesse em conceder crédito, se também se pudessem financiar. O Governo arrisca-se, ainda, a deixar projectos caros a meio... e, além do mais, vai diminuir o pouco crédito disponível para as pequenas e médias empresas e para as famílias que dele precisam. Porquê?
Após tudo isto, temos de nos interrogar: será que o primeiro-ministro é hoje um ser fora da realidade do País ou, noutra explicação, que interesses são superiores aos da ponderação dos interesses do País? Que gestão é esta, que pressa é esta?
E, obviamente, o argumento das indemnizações vultuosíssimas não colhe, pois não só ocorreu uma alteração de circunstâncias, como não se iniciaram obras e, finalmente, a prevalência do interesse público no regime da contratação pública limita-as.
Seja como for, José Sócrates empurra-nos teimosa e arrogantemente para um desastre anunciado até à náusea. Porquê?
Em cerca de um mês e meio a taxa de juro dos bilhetes de tesouro aumentou o custo em quatro vezes. É um triste sinal da degradação da credibilidade financeira portuguesa no exterior. O spread das obrigações portuguesas face às alemãs nunca esteve tão caro.
Chegou ontem aos 325 pontos, o que significa que mais de metade do que o País paga pela dívida pública de longo prazo é o preço da má-fama. Enquanto mais uma agência de rating ameaça cortar a nota do País, a Bolsa sofre mais um abanão. E os próximos meses ainda podem trazer piores notícias.
Parte desta tragédia deve-se ao contágio da Grécia, o primeiro país do Euro a correr o risco de entrar na bancarrota. Há a acrescentar o óbvio do interesse dos especuladores, que ganham milhões à conta desta volatilidade e da agiotagem. Mas o País também se colocou a jeito para ser o segundo Estado do Euro a ser atacado. A fragilidade económica, as más decisões políticas e a economia anémica são os ingredientes que facilitaram o contágio do vírus grego.
Portugal ainda não é a Grécia, mas não adianta gritar em vão, pois, como sempre, os especuladores e as agências de rating fazem ouvidos de mercador a tantas queixas. Só com resultados na economia e com rigor nas contas é que as pressões financeiras podem abrandar. Mas os sinais não são animadores.
Longe vão os tempos em que as amantes eram mulheres sérias, fiéis ao seu amo e senhor, que as sustentava o melhor que podia com o dinheiro que ganhava honestamente na labuta do dia-a-dia. Hoje não é assim.
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