Não é por acaso que os ministros mais próximos de Sócrates encetaram ataques furibundos ao poder judicial: (i) pretendem descredibilizar qualquer novidade mais nociva para Sócrates que possa surgir dos casos de que agora se fala (ou dos que ainda estão para aparecer); (ii) procuram dramatizar a vitimização do seu Chefe para exigirem um deslocado plebiscito popular à sua culpabilidade, à boa maneira dos autarcas acossados pela Justiça. Será que a Oposição está preparada para disputar eleições antecipadas em 2010? A gravidade da crise político-judicial com que o País se viu defrontado nos últimos dias obriga a uma resposta categórica a esta questão.
Com o PSD tal como está, seria oferecer a maioria absoluta a quem todos os dias demonstra não a merecer.
Ninguém acredita no funcionamento da Justiça e na sua independência face ao poder político. Quando se pensa que a justiça portuguesa bateu no fundo eis que a mesma se encarrega gloriosamente de mostrar que esse fundo é um mundo sem fim onde se pode sempre descer mais fundo. O processo ‘Face Oculta’, que na última semana se transformou num caso político de consequências imprevisíveis, é um bom exemplo disso mesmo. Num primeiro momento, enquanto o país era brindado com alegadas conversas entre José Sócrates e Armando Vara, o procurador-geral da República e o presidente do Supremo Tribunal de Justiça consideraram que tinha chegado a altura própria para tornar públicas as suas pequenas e irrelevantes guerras pessoais.
Pelo caminho, ficou-se a saber que as primeiras certidões extraídas com base nas tais famosas conversas passaram o Verão, em santo sossego, entre o gabinete do dr. Pinto Monteiro e o gabinete do dr. Noronha do Nascimento. Enquanto isto, sucediam-se os desabafos, com o presidente do Supremo a queixar-se de que as certidões lhe chegavam aos "bochechos" e o dr. Pinto Monteiro a anunciar que, por ele, abdicava do segredo de justiça e publicava as escutas das conversas em causa para "isto" (?) "acalmar" – seja o que for que isto queira dizer. Finalmente, no sábado, depois de uma ofensiva governamental, a Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado em que afirma que o presidente do Supremo considerou nulas as escutas e que as mandou destruir e que a própria Procuradoria não encontrou nelas "indícios probatórios" – o que, diga-se de passagem, não é o mesmo que indícios criminais. Perante isto, seria de esperar que o caso ficasse encerrado. Infelizmente, não é o que acontece. As suspeitas sobre José Sócrates mantêm-se, mal ou bem, porque no estado a que chegámos ninguém acredita no funcionamento da Justiça e na sua independência face ao poder político. E porque, como muitos têm defendido, as questões formais não apagam a substância da matéria.
Convém, no entanto, ter presente que estas questões formais, que muitos tentam desvalorizar, são essenciais ao funcionamento de qualquer Estado de direito. As escutas devem obedecer às regras que as determinam sob pena de se transformarem num instrumento aleatório que põe em causa os direitos essenciais de qualquer cidadão. É por estas e por outras que em relação a este caso tenho bastante mais dúvidas do que certezas. Até porque uma coisa é a lei ser susceptível de várias interpretações. Outra diferente é permitir que se diga tudo e o seu contrário.
O líder parlamentar socialista referiu-se aos casos que têm incomodado José Sócrates como "tentativa de homicídio de carácter". Não ficou claro se só se referia à ‘Face Oculta’ ou, também, às demais embrulhadas em que o actual primeiro-ministro se viu misturado (licenciatura nebulosa, Cova da Beira, as casas beirãs, os apartamentos lisboetas e o Freeport) juntamente com primos, tios e amigalhaços, com percurso político e existencial semelhante. Há várias hipóteses: (i) Francisco Assis fez jus ao seu nome e quis apenas pregar aos passarinhos; (ii) ou, como aventou Helena Matos no ‘Blasfémias’, Assis enganou-se e em vez de ‘homicídio’ queria dizer ‘suicídio’; (iii) por último, Assis errou porque figurou uma tentativa impossível por falta de existência do objecto.
O comissário Europeu para os assuntos Económicos fez recomendações aos diferentes países-membros relativamente aos prazos para retomar a via da consolidação das contas públicas, em que a data limite para alcançar aquele objectivo é 2013.
No caso de Portugal, em que se prevê que o défice esteja nos 8% do PIB e que o crescimento económico seja muito débil, não se imagina como conseguir um esforço de redução do défice na ordem dos 1,25% por ano, quando a carga fiscal atingiu o limite tolerável. Aquele valor, para ser conseguido, implicará um esforço de tal forma exigente que é irrealista.
Apesar disto, e ao contrário de outros países, o ministro das Finanças não só aceitou dar um sinal de redução do défice até Junho de 2010, como realizar a consolidação apenas nos dois últimos anos, o que significa reduzir o défice em 1,7% em 2012 e 2013. Esta intenção parece fantasia, mas pode ser uma realidade. Para reduzir o défice até Junho, basta utilizar a técnica do anterior Governo e estimar para 2009 um valor superior ao real porque, a seguir, qualquer um o faz baixar.
Quanto ao que se passará nos dois últimos anos da legislatura, o Dr. Teixeira dos Santos também não disse quem seria o ministro das Finanças nessa altura.
Nesta década, a economia vai avançar ao ritmo médio anual mais baixo desde o período 1910-1920
A economia portuguesa vai chegar ao final desta década com o pior desempenho dos últimos 90 anos. A julgar pelas últimas previsões da Comissão Europeia, o produto interno bruto (PIB) nacional vai crescer a uma taxa anual de 0,47% entre 2000 e 2010. É o ritmo mais baixo desde a década 1910-1920, a única em que o crescimento médio foi negativa e que coincidiu com a implantação da República e a Primeira Guerra Mundial. O PIB português tem vindo progressivamente a perder fôlego nas últimas décadas e chega ao início do século XXI a marcar passo. Desde 2000, Portugal já esteve duas vezes em recessão e vai sair da actual crise para mais alguns anos a marcar passo. Nem os fundos estruturais da União Europeia, mais de e20 milhões que entraram em Portugal vindos de Bruxelas desde 2000, conseguiram inverter esta situação. A economia portuguesa até foi a que vai ter maior impacto das verbas comunitárias até final de 2020. São quase 50% do PIB de ganho acumulado ao longo de vinte anos. Um efeito que continua longe, em termos de efeitos multiplicadores, do que acontece em outros países como alguns dos novos países do Leste Europeu ou até de parceiros mais antigos como a Espanha e Grécia.
16.11.2009 - 08:10 Por José Augusto Moreira, Paula Torres de Carvalho, Mariana Oliveira
A ordem de destruição dos CD com as gravações das conversas telefónicas entre Armando Vara e o primeiro-ministro, José Sócrates, não foi ainda cumprida. Apesar da ordem do presidente do Supremo ser de Setembro, os registos mantêm-se no processo e há dúvidas sobre se a decisão deverá ser cumprida.
Nelson Garrido
Uma das razões em defesa da conservação dos CD é o facto de, além de Sócrates, as gravações envolverem Vara.
Grandes almas, grandes homens estes que zelam de dia e de noite pelo pântano. Social, económico, político e judicial. A normalidade e a tranquilidade estão prestes a regressar ao sítio. Depois de uns dias de grande agitação e de muita excitação, as autoridades do costume arregaçaram as mangas, puseram-se ao trabalho e, imagine-se, sacrificando um dia de merecido repouso, vieram dizer aos indígenas que podem ficar descansados, discutir à vontade o destino da selecção nacional e começar a preparar o Natal de todas as compras e hipocrisias.
Tudo bem, portanto. Pelo meio há umas coisinhas sem qualquer importância que o vento do Outono há-de levar para bem longe. Nada de relevante. Afinal, no meio de muita sucata, parece que aconteceram umas conversazinhas pouco edificantes que uns espiões políticos a soldo de uma qualquer força oculta, nacional ou estrangeira, sabe-se lá, puseram a circular para afectar a imagem do sítio e dos seus excelsos governantes. Esses terríveis espiões, que obviamente já têm o seu destino traçado, com um longo e merecido castigo, tiveram até o topete de desconfiar que o senhor presidente relativo do Conselho tinha cometido um atentado contra o Estado de Direito, crime punido até oito anos de cadeia. Almas venenosas, perversas, sem vergonha, que ousaram escutar e emitir certidões em que davam conta das suas suspeições.
É evidente que tal comportamento é inaudito, inadmissível e feriu os mais profundos sentimentos das almas que zelam, de dia e de noite, pela paz social e pelo bom-nome do senhor presidente relativo do Conselho. E assim, antes que seja tarde e a insídia chegue aos ouvidos dos indígenas, vá de destruir tais escutas e enterrar o mais rapidamente possível este triste e lamentável caso que enlameou uma das mais altas figuras do Estado. O sítio, manhoso, pobre, deprimido, cheio de larápios, recheado de mentirosos e obviamente cada vez mais mal frequentado, vai rapidamente retomar a sua vidinha triste e cinzenta. E as autoridades do costume vão imediatamente tomar as medidas necessárias e suficientes para impedir que algum espião perverso ao serviço de forças ocultas possa mais alguma vez perturbar os negócios, os arranjinhos, as vigarices e os tráficos de influência das mais altas figuras do Estado de Direito. É caso para dizer que o sítio não tem presente, não tem futuro, mas tem almeidas competentes e eficazes que no momento certo varrem o lixo para as profundezas do Inferno. Grandes almas, grandes homens estes que zelam de dia e de noite pelo pântano. Social, económico, político e judicial.
Reza a lenda (mais do que a história ensina) que quando os turcos estavam na iminência de conquistar Constantinopla (Bizâncio), em 1453, o que mais inquietava os bizantinos era responder a uma intrincada questão: Qual é o sexo dos anjos? Verdadeiro ou não, o episódio ficou como referência máxima de um debate ocorrido na pendência de um problema grave e cuja inutilidade o torna ridículo.
Querer discutir o casamento gay com o País submerso em problemas que ninguém resolve, quando temos um primeiro--ministro engolido por um lamaçal jurídico e político, no momento em que ministros pontapeiam publicamente a separação de poderes e fazem as acusações mais graves de que me lembro ao poder judicial, parece ser um favor desvelado a quem quer camuflar o que é importante.
As propostas para a diminuição do peso do Estado, mesmo pelos partidos de direita, são sempre desconexas e vagas. Pior, não se ouviu na última campanha eleitoral uma palavra sobre o fim das «golden-shares», um programa para acabar com essa mistificação gigantesca que são as empresas municipais e regionais, um som sobre o fim das participações estatais indirectas em empresas privadas, uma posição clara sobre a privatização urgente das actuais empresas públicas e similares. É também, factualmente, o tamanho do Estado que tem degradado os partidos políticos.
A existência de muitos milhares de lugares nas mais variadas empresas que têm de ser ocupados, e para os quais o primeiro critério de atribuição não é a capacidade técnica mas sim a fidelidade política, faz dos partidos mais uma agência de empregos do que um local de pensamento e acção política. E é bom lembrar: quando se contribui para a degradação dos partidos, ajuda-se a degradar a própria democracia.
Sendo os critérios de recrutamento basicamente político-partidários - é quase ofensivo para a inteligência dos cidadãos ouvir ministros dizer que perguntaram aos principais gestores de empresas públicas quais foram os critérios para a selecção de funcionários - , não se pode exigir que os homens e mulheres que ocupam esses lugares não estejam inteiramente vulneráveis a quem domina a máquina partidária ou a quem esteja junto do poder. A questão chega a ser tão somente de sobrevivência ao negar-se um favor a um correligionário partidário com poder efectivo está-se a pôr em causa o próprio emprego: ao conceder-se, vê-se o peso negocial aumentado e, provavelmente, a conta bancária engordada.
O peso do Estado é tal que alguns empresários - poucos, bem entendido - acabam por chegar à conclusão de que é mais vantajoso investir em relações pessoais com pessoas politicamente influentes do que no desenvolvimento normal da sua empresa.
Em vez de se investir em formação profissional, oferece-se um carro de gama alta; em vez de melhor tecnologia, uma férias ao administrador da empresa pública x.
A corrupção torna-se, assim e também, um factor de empobrecmento das nossas empresas e da economia em geral.
O nosso Muro de Berlim continua de pé, sólido como nunca, feito de tijolos de favores e solidariedades desconhecidos, cimentado pela falta de coragem dos que sabem da origem de todos os podres, mas preferem olhar para o lado.
Na boa tradição portuguesa, sempre que surge um problema ou nos lembramos da sua existência, alguém vem sugerir uma lei para o resolver.
Legislar sobre tudo e mais alguma coisa, tornou-se a panaceia que cura todas as doenças.
Com o caso "Face Oculta" - designação curiosa para fenómeno de que toda a gente tem maior ou menor conhecimento - veio, para não variar, a estafada conversa do pacote legislativo contra a corrupção: medidas preventivas, medidas repressivas, códigos de conduta e afins.
Enquanto o Estado tiver o peso que actualmente tem dentro da comunidade, nomeadamente na economia, situações como as que estão em investigação, que envolvem trocas de favores, pagamentos, favorecimentos e demais vilanias, repetir-se-ão eternamente.
Quer se queira quer não, mais Estado significará, sempre, mais corrupção. Não há lei que mude este facto.
Talvez o homem novo fosse a solução, mas todos sabemos ao que levou a tentativa de o criar.
E, sejamos claros, nenhum partido, nomeadamente o Partido Socialista e o Partido Social Democrata, mostra vontade de querer alterar o actual estado de coisas.
O controlo da imensa máquina de empresas públicas, empresas participadas pelo Estado, fundações privadas com dinheiros públicos, empresas municipais, regionais e outras que tais é um dos grandes objectivos destas organizações políticas. É através delas que sustentam as ambições das máquinas partidárias, se pagam favores, se acalmam adversários políticos de dentro ou fora do partido, se compram silêncios.
É por isso que desconfio de Sócrates. Vale o que vale, mas para o meu julgamento vale muito. E as razões pelas quais desconfio fazem-me considerar que existe perigosidade na sua actuação para a democracia e para Portugal.
Compreendo muito bem que haja meus amigos no PS que se interroguem sobre as razões pelas quais "ataco" tantas vezes José Sócrates e que entendam esse ataque como uma questão de animosidade pessoal. Divirjo profundamente das suas políticas, que penso fazem mal ao país, e coloco-o numa espécie de top ten daqueles políticos do PS, do PSD e do CDS que entendo terem, pela sua acção política e governativa, provocado mais danos ao Bem Público, como foi o tandem Guterres-Pina Moura. Mas não são as discordâncias políticas, nem sequer é o julgamento sobre o Governo, que inclui ministros que respeito, que explicam a minha atitude.
ABRUPTO - (Versão do Público de 14 de Novembro de 2009.)
O problema com Sócrates é outro: é um problema de desconfiança política profunda. Acrescentei o adjectivo "política" porque o terreno dessa desconfiança é o da própria acção política, não o da pessoa, embora reconheça que é impossível separar de todo os dois níveis, porque a desconfiança implica também com uma questão de carácter. Mas gostaria que, no que eu digo e no que eu faço, a desconfiança ficasse no político e fosse a partir do político que inquinasse o julgamento do carácter e não ao contrário. Não penso que os políticos tenham que ser julgados pelo carácter, o que é sempre uma atitude propícia a um moralismo que acaba por ser arrogante, mas o carácter também importa e em determinadas circunstâncias importa mais. É o caso de José Sócrates.
Abrupto - (Versão do Público de 14 de Novembro de 2009.)
Arquivado em: Diversos — Rodrigo Adão da Fonseca @ 14:59
Queremos que os titulares de órgãos de soberania sejam cidadãos comuns? Nas democracias liberais mais desenvolvidas, o exercício dos principais cargos públicos representa, para os seus titulares, uma acrescida responsabilidade, que lhes confere alguns direitos e garantias especiais, mas também um maior escrutínio e limitação às suas liberdades, no plano formal e substantivo. É, por exemplo, o caso dos juízes, nos EUA, que sofrem limitações até na sua vida social. Mas também governantes, que obviamente, não são cidadãos comuns, e que portanto, têm de submeter a um maior escrutínio, no plano formal e substantivo. Querer limitar a apreciação política sobre as condutas dos titulares de órgãos de soberania, aplicar-lhes a mesma bitola e as mesmas regras que utilizamos em relação aos cidadãos comuns, diz muito sobre o estado de abandalhamento a que chegamos.
O Reino Unido está a resolver o problema da indisciplina nas escolas
O exemplo britânico. Os pais dos alunos com comportamentos violentos nas escolas britânicas vão passar a ser multados num valor que pode ir até aos 1450 euros. 'As intimidações verbais e físicas não podem continuar a ser toleradas nas nossas escolas, seja quais forem as motivações' sublinhou a Secretária de Estado para as Escolas. Disse também que ' as crianças têm de distinguir o bem e o mal e saber que haverá consequências se ultrapassarem a fronteira'. Acrescentou ainda que 'vão reforçar a autoridade dos professores, dando-lhes confiança e apoio para que tomem atitudes firmes face a todas formas de má conduta por parte dos alunos'. A governante garantiu que 'as novas regras transmitem aos pais uma mensagem bem clara para que percebam que a escola não vai tolerar que eles não assumam as suas responsabilidades em caso de comportamento violento dos seus filhos. Estas medidas serão sustentadas em ordens judiciais para que assumam os seus deveres de pais e em cursos de educação para os pais, com multas que podem chegar às mil libras se não cumprirem as decisões dos tribunais'. O Livro Branco dá ainda aos professores um direito 'claro' de submeter os alunos à disciplina e de usar a força de modo razoável para a obter, se necessário.
Em Portugal, como todos sabemos, o panorama é radicalmente diferente. Por cá, continua a vingar a teoria do coitadinho: há que desculpabilizar as crianças até ao limite do possível, pois considera-se que o aluno é intrinsecamente bem formado, o que o leva a assumir comportamentos desviantes são factores externos (contexto social e familiar) que ele coitado não consegue superar. Temos assim que o aluno raramente é penalizado e quando o é, os castigos ficam-se na sua maioria por penas ligeiras, não vá correr-se o risco de o menino/a sofrer traumas que o podem marcar para o resto da vida. As notícias sobre actos de vandalismo, de agressão, de indisciplina e de violência praticados em contexto escolar que, com progressiva frequência vamos conhecendo, deviam merecer da parte de quem tutela a educação, medidas mais enérgicas que infelizmente tardam em chegar.
O processo Face Oculta ressuscitou o sempre nebuloso tema do financiamento dos partidos. A notícia sobre os dois cheques alegadamente entregues ao CDS pelo empresário Manuel José Godinho, único arguido detido no processo, é mais no rol de “casos” que alimentaram suspeitas sobre ilegalidades em mais de 30 anos de democracia. A que se junta uma eventual oferta de dinheiro para uma campanha partidária como forma de resolver um problema na Refer.
Pedro Cunha (arquivo)
Desde 1974, só uma vez o Tribunal Constitucional, que fiscaliza as contas partidárias, concluiu ter sido provada uma violação grave da lei do financiamento
O presidente do Supremo Tribunal anulou e mandou destruir as escutas entre Sócrates e Vara. Infelizmente, Noronha Nascimento não anulou nem destruiu as dúvidas do país sobre o conteúdo dessas escutas. O problema, longe de ser legal, é agora político: pode um primeiro-ministro sobreviver ao clima de desconfiança que paira sobre ele? Um clima onde ‘tráfico de influências’ e ‘conspiração contra o Estado de Direito’ fazem parte da suspeição? A pergunta responde-se a ela própria: se Sócrates não esclarece coisa alguma; e se o Presidente junto do PGR, não parece interessado em avaliar a insanidade do regime, pondero seriamente se os jornalistas não deviam fazer serviço público e, caso as tivessem, que publicassem as conversas em falta. Seria um crime? Ainda que fosse, a história ensina que há crimes necessários para evitar crimes maiores.
A questão não é nova. Dura há anos e tem marcado a vida do PS nesta primeira década do século XXI. Começou com o processo Casa Pia, em que os dirigentes do PS, antigos e actuais, mostraram uma total falta de respeito pelas instituições e revelaram uma enorme falta de sentido de Estado. Foi a época das conspirações, das urdiduras e das cabalas montadas sabe-se lá por quem, mas em que os agentes judiciais estiveram sempre na linha de fogo dos socialistas. Veio mais tarde o caso Freeport e voltaram as campanhas negras e os ódios concentrados na Comunicação Social. Agora, está aí a ‘Face Oculta’, um caso de corrupção em que estão envolvidas diversas empresas estatais ou participadas pelo Estado. E, claro, muitos dos arguidos são gradas figuras do PS, como Armando Vara, amigo de José Sócrates. E quando a Justiça começa a descobrir actuações suspeitas do próprio primeiro-ministro, reveladas em escutas telefónicas autorizadas por um juiz, começa de novo o desvario socialista. Desta vez não são conspirações ou campanhas negras. Desta feita o PS foi mais longe e acusa inspectores da PJ e procuradores do Ministério Público de espionagem política. É caso para dizer que o PS está de cabeça perdida e a passar todas as marcas. E revela, mais uma vez, uma enorme falta de sentido de Estado.
O país inteiro da tasca à faculdade, questiona-se: "José Sócrates é corrupto?". Sobre essa hipotética corrupção de Sócrates, não tenho nada a dizer. Isso é com o Ministério Público (MP). O que interessa em Sócrates não é o seu - hipotético - percurso como corrupto, mas sim o seu trajecto como primeiro-ministro (PM). E esse trajecto, meus amigos, é marcado por um enorme desrespeito pelas regras de uma sociedade livre. Sócrates não sabe governar dentro das regras institucionais da liberdade. Por sistema, Sócrates ataca jornalistas e desrespeita instituições (ex: Tribunal Constitucional). Este " Face Oculta" é apenas o último caso de uma lista que já vai longa. A "era Sócrates" destruiu aquilo que restava da qualidade institucional da III República.
Seja qual for o destino jurídico das famosas escutas, existem ilações políticas a retirar do "Face Oculta". Estamos a falar de política, e não de uma aula de direito técnico na Independente. As escutas podem ser anuladas juridicamente, mas existe uma questão que só pode ser respondida politicamente: o PM falou, ou não, com Armando Vara sobre o grupo media do "amigo Joaquim"? A oposição, no parlamento, deve questionar o PM sobre esta matéria. Mais: esta questão deve ser investigada pelo MP. Porque isto, a tal democracia tem de ser transparente, meus amigos. Nós, os cidadãos otários, exigimos saber a natureza das ligações entre Sócrates, Vara e o "amigo Joaquim", o dono do jornal que lançou o caso que mais ajudou a campanha eleitoral de Sócrates. É importante saber quais são as ligações entre o governo e alguns grupos de media ( já agora, era bom saber o que se passou entre a PT e a Ongoing). É também importante saber se a banca portuguesa é, ou não, manipulável pelo partido do poder. O MP deveria investigar tudo isto, porque seria bom verificarmos se Portugal é uma democracia, ou se, na verdade, é um pântano onde políticos e banqueiros-que-foram-políticos tudo controlam nas costas de toda a gente. Meus amigos, esta dúvida marcial precisa de uma resposta clara; Portugal é uma democracia ou é uma sociedade onde bancos e jornais são controlados pelo partido do poder? Eu, sinceramente, até gostava que o "Face Oculta" fosse mais uma peça da campanha negra que forças ocultas lançaram sobre Sócrates. Mas, não vá o diabo tecê-las, o MP tem de tirar isso a limpo. E, enquanto espero (sentado) pelo MP, tenho a dizer que irei festejar o dia em que Sócrates cair do poder. Festejarei esse dia com uma alegria límpida e incontida. Nesse dia, a nossa democracia respirará melhor, apesar do deserto institucional que teremos pela frente. Esse deserto, meus amigos, será o ponto de partida da necessária refundação.
Dito isto, gostava de falar sobre um discurso que me impressionou: o do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado.
O SOL- 13-11-2009
Na parte substancial da sua intervenção, o ministro pôs-se a falar dos problemas internos do PSD, a comentar as lutas de facções, a notar que «já vai para o sexto líder em seis anos».
Ora, será este o papel de um ministro de Estado?
Será correcto – para não perguntar se será elegante – um destacado membro do Governo envolver-se nas questões internas de outro partido?
Nem nos clubes de futebol isto acontece...
O que se pede a um governante é que diga o que vai fazer – não é que critique os outros, para desvalorizar e desacreditar as críticas que lhe fazem.
Não me parece, entretanto, que esta forma de agir tenha partido de Luís Amado.
Não está na sua natureza fazê-lo.
Em crónica anterior, referindo-me ao ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, também assinalei que não lhe ficava bem envolver-se em questiúnculas partidárias e atacar os dirigentes de outros partidos.
E adiantei que não o sentia à vontade nesse papel.
Ora digo o mesmo em relação a Luís Amado.
Sou por isso tentado a pensar que o envolvimento de ambos neste tipo de tricas só é explicável por pedido expresso de José Sócrates.
Sócrates tem esse lado agressivo, quezilento, roçando por vezes o mau gosto na forma como ataca os adversários.
E, para não ser sempre ele a fazer esse papel, pedirá aos dois ministros de Estado – que têm uma imagem mais ‘respeitável’ – para o substituírem de vez em quando nos ataques à oposição.
Esse tipo de ataques, porém, em nada dignifica quem os faz – e muito menos dignifica o Estado.
d.r. O presidente do TC, Guilherme d'Oliveira Martins
14 Novembro 2009 - 12h48
Financiamento do projecto em causa
Tribunal de Contas analisa ‘Magalhães'
O Tribunal de Contas (TC) abriu no início deste mês uma auditoria ao financiamento público do projecto ‘Magalhães'. A investigação foi pedida pelo PCP que suscitou dúvidas quanto aos contratos firmados pelo Governo para a distribuição do computador pelos alunos do primeiro ciclo.
Segundo o jornal ‘Diário de Notícias', o Tribunal tutelado por Guilherme d'Oliveira Martins está a analisar a "legalidade dos procedimentos relativos ao financiamento das e-iniciativas", que incluem os programas e-escola, e-escolinha, e-oportunidade e e-professor. O ponto mais controverso é "a conexão com as obrigações assumidas no concurso público para atribuição das licenças de âmbito nacional para os sistemas de telecomunicações móveis de terceira geração realizado em 2000".
Em Julho deste ano, o PCP questionou o Governo sobre o custo do projecto ‘Magalhães' para os contribuintes. O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações respondeu informando que a iniciativa não tinha qualquer custo para o erário público, sendo suportada unicamente pelas empresas de telecomunicações (TMN, Vodafone e Optimus), no âmbito de um acordo para as licenças móveis de 3ª geração, uma verba total de 390 milhões de euros.
Mas dois anos antes, a 16 de Agosto de 2007, um despacho conjunto dos Ministérios das Finanças e Obras Públicas determinava a criação do Fundo para a Sociedade de Informação, com um capital de 24,9 milhões de euros suportado pelas três operadoras de comunicações. No mesmo despacho, os ministros consideravam daí em diante "extintas" todas as obrigações da TMN, Vodafone Optimus para com os "projectos necessários ao desenvolvimento da sociedade de informação".
Portugal está ao rubro com as ‘mentiras’ de Sócrates. O primeiro-ministro disse no Parlamento que desconhecia o negócio entre a PT e a TVI. Agora, as famosas escutas a Vara revelam uma outra versão dos factos: Sócrates conhecia o negócio e mentiu no Parlamento. O primeiro-ministro sentiu-se ‘insultado’ com a acusação, que considerou uma ‘inverdade’ (curiosa palavra). Mas sempre acrescentou que, entre amigos, é normal comentar notícias. Tanto barulho para quê?
Para nada. Primeiro, porque o ‘Expresso’ já tinha revelado, há quatro meses, que Sócrates estava por dentro do negócio desde Janeiro. Sócrates não desmentiu a ‘inverdade’. E, segundo, porque ninguém se mostrou incomodado com a notícia do jornal e o silêncio pesado do primeiro-ministro perante ela. Pelo contrário: até o reelegeram em Setembro. Berrar agora é berrar tarde.
Não se comprende que alguém que trabalhou no gabinete do primeiro-ministro é nomeado para o Conselho de Administração da Anacom, o regulador das comunicações. Os reguladores devem ser organismos independentes tutelados por técnicos de elevado mérito.
Não é o caso, como não tem sido nas últimas nomeações. E há, ainda, a velha questão da mulher de César. Esta nomeação, decidida pelo Conselho de Ministros, é uma vergonha para quem a faz e para quem a aceita.
Sobral de Sousa, implicado no "caso da mala" foi sócio do PM num negócio de gasolineiras
O empresário socialista Sobral de Sousa, acusado nos casos da Escola de Condução de Tábua e da mala de dinheiro entregue ao social-democrata António Preto, foi sócio de José Sócrates, Armando Vara e Rui Vieira (dirigente do PS e marido de Edite Estrela) na empresa Sovenco nos anos 90. António Preto conheceria Sobral mais tarde, em 1997, e garante: "Nunca me disse que conhecia Sócrates ou Vara". António Simões Costa, fundador do PS/Lisboa, foi o mentor da empresa e explica como nasceu a Sovenco e o que o aproximou dos demais sócios: "Conheci-os nas campanhas do partido e estivemos todos com Guterres". No ano da fundação da Sovenco, 1989, Sócrates e Vara já eram amigos. E porquê entrar nos negócios? Simões lembra uma conjugação de factores: "Cavaco governava com maioria e os suecos, com quem tinha relações, pediram-me alguém que representasse os pneus jislaved e as jantes Ronal".
Lembrou-se destes sócios por razões diferentes. "Sobral, também do PS, foi responsável pela implantação do Círculo de Leitores e vendi-lhes milhares de contos em peças de cristal: Rui Vieira trabalhava numa seguradora em Leiria, onde eu tinha uma fábrica; Sócrates e Vara conheci-os das campanhas do PS".
Recorda-se de lhe terem pedido apoio para começarem vida empresarial. Simões sugeriu que se associassem na representação sueca e na compra de terrenos para bombas de gasolina. Vara e Sobral de Sousa entraram em 1989, Sócrates e Rui Vieira um ano depois. Mas pouco tempo ficaram: "Ao fim de um ano disseram-me que Guterres lhes tinha apresentado um projecto para ganhar o partido. Respondi-lhes que se aceitassem deviam deixar a empresa. Tal como entraram saíram, não fizeram um negócio e o património que havia ficou".
De Sobral lembra-se do primeiro grande negócio: !Perguntou-me se queria entrar na compra de um terreno na Figueira". Simões não se entusiasmou. "Fui burro. Ele e o João (ex-presidente do União de Leiria) já o tinham vendido antes de o comprar. Não gastaram dinheiro e ganharam 140 mil contos cada". A amizade com os restantes ficou e Simões caracteriza-os: "Sócrates é decidido mas incapaz de violar princípios; Vara é voluntarioso e criativo e Sobral um negociante nato que gosta muito de dinheiro".
Olá! Conhece o relacionamento entreosseus dois olhos? Eles piscam juntos, eles mexem-sejuntos, eles choram juntos, eles vêem coisas juntos e eles dormem juntos, embora eles nuncasevejam um ao outro... A amizade deveria ser exactamente assim!
Estamos na SEMANA MUNDIAL DO MELHOR AMIGO. Quem éo teu melhor amigo? Enviaisto para todos osteus melhores amigos. Mesmo para mim, se eu for um deles. Vequantas conseguesreceberde volta. Se conseguiresmais de 3, então ésrealmente uma pessoaextraordinária.
Sobre as implicações políticas, partidárias e a nível do aparelho de Estado que o caso " Face Oculta" levanta, Mário Soares veio a terreiro dizer aos porugueses: «Há uma coisa que, com a repetição sistemática, verdadeiramente me preocupa». O quê ? A existência de redes tentaculares que alastram impunemente e corrompem desde o funcionário mais baixo a quadros intermédios e de topo das empresas com cargos de nomeação pública? O facto de figuras conhecidas do seu PS aparecerem atoladas neste lodaçal de corrupção, tráfico de influências e subornos ? A amostra do ponto a que se degradou a sua tão celebrada ética republicana?
Não, o que inquieta Mário Soares são : «as informações que, em momentos políticos específicos, aparecem e são glosados com bastantes pormenores nos jornais, rádios e televisões». O que desassossega o fundador do PS é «o segredo de Justiça, que é para ser respeitado e não pode ser infrigido». Com dezena e meia de arguidos já constituídos no caso "Face Oculta", Soares esperava que o processo se conseguisse manter longe do conhecimento público? Santa ingenuidade e caridosa preocupação - que não demonstrou nem uma nem outra, em recentes processos, como os do BPN ou do BPP. Sintomaticamente.
Também o seu concorrente presidencial Manuel Alegre reagiu na mesma linha, sentenciando que as violações do segredo de Justiça são «o mais grave problema da democracia». Mas num segundo momento, percebendo a dimensão do que estava em causa, corrigiu o tiro e veio informar o país que está «muito preocupado com tudo isto». Compreende-se porquê. E a inflexão.
Estão para sempre ligados a Linda a Pastora, como sejam o próprio irmão de Cesáreo Verde, de seu nome Jorge Verde, que também foi poeta.
Além do caso de Almeida Garrett, já atrás abordado, teremos de referir o nome de Manuel Pinheiro Chagas, figura das mais ilustres do século XIX, lente do Curso Superior de Letras, Par do Reino, ministro, brilhante parlamentar e jornalista, e reconhecido escritor, autor da famosa obra Morgadinha de Val-Flor, vinha frequentemente a Linda a Pastora, de visita à Casa dos Verdes, pois era sogro de Jorge Verde.
Natural de Linda - a - Pastora, Silvério Martins foi discípulo, em Mafra, do estatuário Alexandre Giusti.
Foi apreciável barrista e entalhador, vindo a falecer em 1795. Concebeu alguns presépios que se foram lamentavelmente perdendo mas, na Igreja de Nossa Senhora do Cabo, em Linda - a - Velha, ainda podemos apreciar um estimado baixo-relevo, em barro pintado, de grandes dimensões, representando a caminhada de Cristo para o Calvário, e as imagens de S. Sebastião ( datada de 1781) e de Santo Amaro ( já danificada). Os casos apresentados são um exemplo que nos permite ajuizar da extensão e do apreço em que era tida a mensagem do presépio, sua grande arte, a atravessar toda a sociedade, desde o nível palaciano ao conventual, desembocando no popular.
O notável artista alemão Hein Semke, falecido em 1995, viveu em Linda - a - Pastora e trouxe à vida artística portuguesa uma modernidade expressionista.
O que muita gente ignora é que entre 1924 e 1944, em Linda - a - Pastora, houve um fascinante foco cultural, artístico e literário, desenvolvido por alemães lá residentes, no qual Semke se integrou nos anos 30.
A irradiação desse circulo cultural e espiritual atraiu outros estrangeiros e até artistas, jornalistas e intelectuais portugueses que o frequentaram.
Através de Teresa Balté, companheira de Semke desde 1967 e que sobre ele escreveu e organizou o livro Hein Semke - A Coragem de Ser Rosto, editado em 1984 pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda e que procedeu a uma paciente e devotada busca das suas obras dispersas ou esquecidas e ao seu inventário, soube-se dessa "atalaia" de letras e artes, publicada na revista MVSEV, do Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, no seu número 15 (II série) em 1972, sob o título Else Althausse , o Génio Famoso de Linda - a - Pastora..
Embora não assinado, as suas trinta e tal sugestivas páginas, que recomendamos, foram escritas pelo marido de Else, o português Henrique Westenfeld .
Else foi uma artista plástica alemã que trouxe para Portugal o então chamado " Estilo Novo" e foi precursora das artes gráficas modernas. Trabalhou como ilustradora da revista ABC e do seu suplemento infantil, o ABCzinho.
O seu espólio encontra-se no Museu Soares dos Reis e nele há uma aguarela da capela de Valejas e um desenho à pena inspirado no cemitério de Carnaxide.
Um dos fulcros dessa actividade cultural situava-se na Casa da Marta, de Marta Ziegler, que viera para Portugal depois da Primeira Grande Guerra, foi enfermeira da Cruz Vermelha, trabalhou com o professor Carlos Santos e era apelidada de "Menina Marta", pelos habitantes de Linda - a - Pastora, aos quais facultava delicadamente serviços de enfermagem gratuitos.
Os mais idosos lembram-se ainda bem dela. Morava no actual Beco Manuel Pereira Azevedo, n.º 2, para onde Hein Semke se transferiu quando foi viver com ela.
Estamos a 3 de Outubro de 2004 e José Sócrates é eleito líder do PS. A 9 de Outubro, Armando Vara regressa à Direcção do partido pela mão de Sócrates. A 20 de Fevereiro de 2005, O PS vence as legislativas com maioria absoluta. A 2 de Agosto de 2005, há mudanças na Caixa Geral de Depósitos: Teixeira dos Santos afasta Victor Martins e Vara integra o "novo" conselho de administração. A maioria dos membros desse conselho é afecta ao PS.
Avancemos no tempo. Grande Plano. No primeiro semestre de 2007, a Caixa financia accionistas hostis ao conselho de administração em funções no BCP. Cresce o peso do banco do Estado no maior banco privado português. Vara e Santos Ferreira são incluídos em lista concorrente nas eleições para o conselho executivo. Os jornais falam no financiamento da Caixa ao empresário Manuel Fino, que apoia Santos Ferreira.
A 15 de Janeiro de 2008, Armando Vara é eleito vice-presidente do BCP. Segundo documentação divulgada pelo próprio banco, ficam a seu cargo as competências executivas mais relevantes. Armando Vara coloca-se precisamente no coração dos movimentos de créditos, dívidas, compras e vendas de acções e activos. No centro do fluxo de todos os interesses e influências.
Chegados aqui, com os actores certos nos papeis certos nas duas maiores instituições de crédito nacionais (CGD e BCP), tudo se torna possível. O primeiro golpe foi concluído. Começou então o segundo.
Com as possibilidades que o controlo do BCP oferece, o recém-chegado grupo Ongonig, que entretanto adquirira o Dário Económico e já tinha uma posição no grupo Impresa (SIC, Expresso etc.), é financiado para novas acções. Com o grupo Ongoing: José Eduardo Moniz sai da TVI e controla-se a Media Capital, depois de uma tentativa de aquisição pela PT abortada pelo Presidente e pela oposição. Em Fevereiro de 2009 torna-se possível ajudar o empresário Manuel Fino a aliviar os problemas financeiros (em parte criados pelo reforço da posição no BCP) junto da CGD prestando uma dação de recompra em pagamento com com as acções suas valorizadas cerca de 25 por cento do preço de cotação e com opção de recompra a seu favor. Torna-se também possível ajudar o "amigo Oliveira" a resolver os problemas financeiros do seu grupo de media (Diário de Notícias, TSF, Jornal de Notícias).
Tudo factos do domínio público que muitos a seu tempo denunciaram. Sócrates respondia com a cassete familiar: "quem tem procurado debilitar os órgãos de supervisão, lançando críticas à sua actuação no BCP, está a fazer "política baixa".
Política baixa, diz ele. Estamos perto do fim desta operação bem montada. Sócrates ganhou de novo as eleições. Mas este encadeamento todo precisava de confirmação. Incrivelmente, nas escutas a Armando Vara no caso "Face Oculta", eis que surge a arma do "crime" libertando fumo: "O primeiro-ministro e o "vice" do BCP falaram sobre as dívidas do empresário Joaquim Oliveira, da Global Notícias, bem como sobre a necessidade de encontrar uma solução para o "amigo Joaquim". Uma das soluções abordadas foi a eventual entrada da Ongoing, do empresário Nuno Vasconcelos, no capital do grupo. Para as autoridades, estas conversas poderiam configurar o crime de tráfico de influências". (Correio da Manhã, 7 de Novembro).
A primeira intervenção pública relevante de Vieira da Silva no Ministério da Economia foi sobre a moderação salarial. Disse o ministro que um aumento de 1,5% em 2010 poderá não ser sustentável. O ministro teve o cuidado de sublinhar que não "partilha da ideia que exista um padrão único ou um indicador que deve ser seguido de forma absoluta por todos os sectores económicos".
Nas empresas que dependem dos mercados externos, com cada vez maior concorrência, prejudicadas pelo euro caro e pela pouca procura, e onde o trunfo para sobreviver e conquistar mercado é esmagar as margens dos preços, os aumentos salariais podem ter um efeito nefasto. É verdade que a média salarial em Portugal é muito baixa. Milhões de trabalhadores por conta de outrem têm de fazer uma ginástica difícil para esticar o salário até ao final do mês, mas a competitividade da economia portuguesa ainda é mais baixa do que os magros salários, e apenas as empresas que aumentam a produtividade é que podem aumentar os salários. Lamentavelmente, poucos são os sectores e as empresas que aumentam a produtividade. É difícil para quem ganha tão pouco como a maior parte dos portugueses aceitar a estagnação dos salários, mas em tempos de crise os aumentos substanciais teriam tradução na subida do desemprego.
Não gosto nem da forma nem da substância da actividade governativa do primeiro-ministro.
Sou adversária política do Partido Socialista. Esse facto nunca me impediu de reconhecer – quando me deparei com ela – a qualidade de alguns dos seus agentes políticos e até o mérito das respectivas acções. O mesmo vale para os demais partidos do espectro político nacional. E o facto de ser militante do PSD também nunca me inibiu de discordar do meu Partido quando a minha consciência ou o que eu entendia ser a prossecução do interesse público assim o ditavam.
Quer isto dizer que não confundo adversários políticos com inimigos, nem diferenças de ideias com guerras. Nem para mim, o que outrem faz, apenas porque provém de outro partido, está mal por definição. Longe disso. Uma boa medida ou um bom projecto são bons para o País e para as pessoas, ou não. E se são, há que apoiar. Se não são, há que criticar e apresentar alternativas.
Isto clarificado, tenho de dizer que não gosto nem da forma nem da substância da actividade governativa do primeiro-ministro, basicamente porque não lhe reconheço um projecto digno desse nome para o País e porque a arrogância me incomoda. Aliás, sempre entendi a arrogância como uma espécie de fraqueza.
Mas gosto ainda menos de ver uma das mais altas individualidades do Estado envolta em suspeitas e dúvidas (justas ou injustas), corrosivas da confiança dos Cidadãos na Democracia e demolidora para as Instituições. As desgraças dos adversários políticos não me contentam nem um pouco. E ainda se fossemos um País com um tecido social forte, sempre a sociedade teria respostas independentes e lá estaria, por si. Agora, um País habituado a depender dos Poderes Públicos, estando parte das estruturas e agentes políticos, ao mais alto nível, sob suspeita, é insustentável. Há clarificações que a transparência exige. Mesmo que o Governo apareça agora aparentemente tão dócil, tão dialogante, nada apaga esta situação dramática.
Como dramática é a cautela e o meio silêncio de quase toda a Oposição, em torno de mais um processo de dimensões demenciais. E o ponto é que nada disto vai ficar por aqui, como veremos.
Há demasiadas faces ocultas cuja máscara ainda não caiu. No Portugal de hoje, nós, todos, desconfiamos.
E a confiança é um factor essencial ao desenvolvimento económico e cívico; mas essa, agora, não mora aqui.
Estou farto de uma Justiça talhada para que a verdade dos factos se perca no emaranhado burocrático dos tribunais. Estou farto das guerras deprimentes entre Noronha do Nascimento (STJ) e Pinto Monteiro (PGR) que só revelam – para além da obsessiva sua cegueira – falta de grandeza humana para as funções tão elevadas que ocupam.
Estou farto de um primeiro-ministro que saltita alegremente por entre casos suspeitos e nauseabundos (licenciatura, Cova da Beira, as casas beirãs, os apartamentos lisboetas, o Freeport, e, agora, a ‘Face Oculta’). Estou farto do seu tom de mártir improvável, do seu ar postiço de quem é permanentemente injustiçado por todos aqueles que não confiam nas suas pseudo-justificações. No fundo, estou farto desta III República.
Os optimistas que me desculpem, mas preocupação é fundamental. Os dados divulgados esta semana sobre a economia portuguesa têm um lado positivo a curto prazo (a recessão será este ano menor que o esperado e menos má que a média europeia) mas outro muito negativo quando se olha para os próximos dois anos.
Com efeito, quando se perspectivam 2010 e 2011, o cenário deixa-nos de cabelos em pé. Primeiro, confirma-se a tendência que vem de trás: vamos demorar mais tempo a sair da crise do que a União Europeia e registar crescimentos anémicos nos próximos anos. As outras duas tendências pesadas serão o disparo da dívida pública e a persistência do défice orçamental em valores muito elevados.
Para se fazer ideia de quão preocupante é esta evolução, recorde-se a previsão de Bruxelas sobre a dívida pública em percentagem do PIB: 77,4% em 2009, 84,6% em 2010 e 91,1% em 2011! Em 2002, este valor era de 55,5%. Ora o Pacto de Estabilidade e Crescimento estabelece que a dívida pública não deverá ultrapassar 60% do PIB. E Bruxelas vai dar cada vez mais atenção à dívida e menos aos défices, porque os governos em dificuldades não hesitam em retirar do perímetro de consolidação orçamental tudo o que possam.
O Executivo de José Sócrates não tem sido peco nesta matéria. Nestes últimos anos tem-se assistido, como bem lembra o ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga, em artigo que publicaremos para a semana, a um emagrecimento contabilístico do universo do Sector Público Administrativo (SPA), com a transformação de órgãos das administrações públicas em empresas ou entes públicos empresariais; e suborçamentação sistemática das indemnizações compensatórias pelo serviço público prestado pelas empresas públicas de transporte e das transferências para os hospitais, diminuindo artificialmente o défice público anual.
É um truque clássico que, como se disse, merecerá cada vez mais atenção de Bruxelas nos próximos anos, sobretudo em países com elevados défices orçamentais. E nós deveremos estar, segundo a Comissão Europeia, com um défice de 8% este ano e no próximo e de 8,7% em 2011. Ou, de acordo com Catroga, um défice actual já acima dos 10% e uma dívida pública total (directa e indirecta) acima de 100% do PIB.
Vejamos então o cardápio de remédios que o FMI receita para voltarmos a cumprir em 2030 (!) os 60% da dívida em relação ao PIB: não renovar as medidas de combate à crise, congelar em termos reais a despesa pública per capita com saúde e pensões durante dez anos (!) e reforçar as receitas fiscais através do alargamento da base tributária, do combate à evasão e aumento dos impostos (!).
Junte-se a isto o apelo por parte de vários economistas e do próprio Banco de Portugal para que se verifique uma grande moderação salarial, sob pena de aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade de cada empresa se tornarem "fábricas de desemprego" no futuro próximo, segundo Silva Lopes. E acrescente-se a previsão de que a banca portuguesa vai ter um ano muito difícil em 2010, com o agravamento do incumprimento, sobretudo no crédito concedido às PME, que vão ser as mais afectadas pela crise económica, e que constituem mais de 95% do tecido empresarial português. Quer cenário mais dantesco?
Por outras palavras, a nossa principal restrição é já e será ainda mais nos próximos anos o endividamento externo, a par de um crescimento insustentável da despesa pública. Ou travamos violentamente às quatro rodas ou alguém o fará por nós. E em nenhum dos casos o futuro será agradável
Texto publicado na edição do Expresso de 7 de Novembro de 2009 -
Daniel Bessa
A semana fica marcada pela divulgação das Previsões de Outono da Comissão Europeia. Foi na terça-feira. Os resultados para Portugal são maus. Em 2009, a despesa pública sobe para 51,6% do PIB, o défice para 8% do PIB e a dívida pública para 77,4% do PIB; espera-se, nos dois próximos anos, um agravamento, com o défice a subir, em 2011, para 8,7% do PIB e a dívida a subir, no mesmo ano, para 91,1% do PIB.
O défice externo manter-se-á, em 2009, acima dos 10% do PIB. O salário médio subiu, em Portugal, em 2009, 5,9% (tenho dúvidas sobre o método de cálculo que conduz a este valor, mas não tenho a menor dúvida de que deverá tratar-se da maior subida da zona euro); os custos salariais agravaram-se, e com isso o país perdeu, de novo, competitividade. Os crescimentos previstos para o PIB, de 0,3% em 2010 e de 1% em 2011, são dos mais baixos na União Europeia - e em todo o mundo.
Portugal poderia conviver com um ou outro destes maus resultados. Mas não pode conviver com todos eles em simultâneo. Não é um problema de ministro das Finanças (a cargo de quem ficou a reacção do Governo). É um problema de todos nós: Governo no seu conjunto, empresários, trabalhadores, opinião pública. Alguma implicação (uma adenda, para não pedir muito) no Programa do Governo?
Alcochete: Documento tem data de 17 de Dezembro de 2001
Dois milhões de libras de suborno no Freeport
A TVI divulgou ontem um fax altamente confidencial trocado entre três responsáveis da Freeport PLC, dois dos quais membros da administração daquela empresa inglesa, que deixa claro que a aprovação do Freeport de Alcochete, em 2002, foi facilitada pelo pagamento de luvas no valor de dois milhões de libras (cerca de 3,2 milhões de euros, na época).
No fax, enviado por Keith Payne a Ric Dattani e a Gary Dawnson em 17 de Dezembro de 2001, consta uma nota de rodapé manuscrita que é lapidar: "Jonathan, este é o fulano que me telefonou a saber do suborno de dois milhões de libras, sublinhei algumas partes interessantes a partir do ponto 4. Se o Parlamento é dissolvido até às eleições, o secretário de Estado não pode aprovar nem rejeitar nada." A data do fax é um detalhe importante: 17 de Dezembro foi o dia seguinte à derrota do PS nas eleições Autárquicas e à demissão de António Guterres de primeiro--ministro; um mês depois realizou-se no Ministério do Ambiente uma reunião de Sócrates com responsáveis da Freeport e o presidente da Câmara de Alcochete; e a 18 de Janeiro entrou um novo projecto do outlet na Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território de Lisboa e Vale do Tejo. À luz deste desenvolvimento, ganha importância a preocupação manifestada no fax por Keith Payne, em particular a mudança de Governo e a paralisação do processo.
Pedro Catarino Pedro Sarmento Coelho dizia que ia triplicar a produção de Aquacultura em Portugal
11 Novembro 2009 - 02h00
Cascais: Projecto de 30 milhões para produzir bivalves vai ser rejeitado
Ligações ao PS não safam negócios
Pedro Sarmento Coelho, um empresário de 33 anos, queria investir 30 milhões de euros para produzir bivalves no mar de Cascais, mas o projecto vai ser chumbado e nem as ligações ao PS o ajudaram. Foi um dos autores do programa eleitoral de José Sócrates, tendo sido convidado por João Tiago Silveira, na altura secretário de Estado da Justiça, para fazer a parte do mar juntamente com o seu chefe de gabinete, João Stoffel.
Conheça todos os pormenores na edição de quarta-feira do jornal 'Correio da Manhã'.
José Alberto Varela Martins, o magistrado a quem foi distribuído o processo contra os investigadores do Freeport, que foram constituídos arguidos por um dia, foi o mesmo que arquivou o caso José Luís Judas e o único magistrado a estar presente na mesa de honra do PS no lançamento da candidatura à Câmara de Cascais, em 2001, encabeçada por José Lamego. Segundo vários magistrados ouvidos pelo CM, a escolha de Varela Martins para tutelar o processo-crime contra os magistrados Paes Faria e Vítor Magalhães – na sequência de uma queixa apresentada pelo arguido Carlos Guerra – teria partido da procuradora distrital Francisca Van Dunen.
No entanto, em resposta ao CM, a procuradoria explicou que “a distribuição dos inquéritos efectua-se de acordo com critérios pré-definidos de rotação pelos vários procuradores-gerais adjuntos com total garantia de aleatoriedade”, afiançando que neste caso a distribuição “resultou exclusivamente da aplicação desses critérios e foi autonomamente efectuada pela secretaria”.
Carlos Guerra, arguido no processo Freeport, pediu o afastamento dos investigadores, o que foi recusado, e avançou com uma participação disciplinar e uma queixa-crime. Varela Martins ficou com o processo e interrogou os magistrados como arguidos, anulando esse acto um dia depois.
Ana Luísa Nascimento
João Miguel Rodrigues Francisca Van Dunen, procuradora distrital de Lisboa, e o procurador-geral, Pinto Monteiro
O primeiro-ministro tem azar. Não bastavam os primos conhecidos - com destaque actual para o primo Bernardo Pinto de Sousa, que noticiou a TVI, em 6-11-2009, vai ser ouvido no processo Freeport. A nossa comentadora residente M. Oliv. cita do semanário Sol, de 6-11-2009, que no processo Face Oculta é arguido Domingos Paiva Nunes, que o Sol alega ser marido de uma prima de José Sócrates: «Domingos Paiva Nunes, casado com uma prima do primeiro-ministro, que foi vereador da Câmara de Sintra (no executivo de Edite Estrela) e é actualmente administrador no grupo EDP». ABRUPTO
O diploma foi aprovado dias depois da tomada de posse do Governo de Silvio Berlusconi, e na altura a oposição considerou que se tratava de uma lei feita de encomenda para evitar que Berlusconi fosse a julgamento nos processos em que é acusado de corrupção.
imaginemos que o vice-presidente do segundo maior banco de um país está a ser investigado por favores ilegais a um empresário de resíduos industriais. No prosseguimento da investigação, descobrem-se indícios de que o primeiro-ministro do país teria tentado que o vice-presidente levasse o banco a subsidiar (pelo perdão de dívidas e outras coisas do tipo) um grupo de comunicação social em dificuldades financeiras, grupo esse conhecido por ser bastante simpático para com o primeiro-ministro, tendo mesmo até tido intervenção determinante em eleições recentes. Não há matéria para iniciar uma investigação? Julgo que o crime aqui exemplificado se chama tráfico de influências, e colocaria muito em causa: a concepção de exercício do poder do primeiro-ministro, a política de colocação de administradores em bancos privados com participação do Estado, os fins para que são colocados esses administradores e, finalmente, a independência da comunicação social privada face ao governo. Eu sei que tudo isto é meramente hipotético, mas não há matéria para iniciar uma investigação?
Entretanto, e ainda no domínio das hipóteses, imaginemos que, por portas travessas, os indícios se tornavam públicos e toda a gente passasse a saber. Toda a gente sabe e não se pode iniciar uma investigação? Quem descobriu os indícios não a pode iniciar, porque os indícios são considerados nulos. Mas existem. E toda a gente sabe. A coisa fica assim? Gostava que me explicassem como se eu fosse muito burro.
A Operação ‘Face Oculta’ começou a desvendar uma rede de negociatas que envolve o submundo político-empresarial e uma miríade de empresas com participações do Estado: REN, Galp, EDP, PT, Refer, etc., etc. E veio demonstrar até que ponto está corroído pela pequena e média corrupção, pelo tráfico de influências e os favorecimentos a troco de subornos, todo o vasto aparelho formado pelos incontáveis cargos de designação pública, desde os quadros intermédios a decisores de topo.
Acresce que o sentido de serviço ao bem público e o sentimento de defesa do prestígio e respeitabilidade das instituições se degradaram a tal ponto que muitos dos que as representam nem quando se vêem envolvidos em investigações e processos judiciais sentem o dever de se afastar de funções.
Se, há uns anos, António Vitorino ou Jorge Coelho resignaram de imediato aos cargos públicos que ocupavam, para salvaguarda do bom nome das instituições, independentemente das responsabilidades a apurar, agora, Armando Vara ou José Penedos só suspendem funções ao fim de vários dias e empurrados pela força de várias pressões.
Na conferência organizada há uma semana pelo SOL para o lançamento do livro de Ernâni Lopes, A Economia no Futuro de Portugal, tanto o autor como Vítor Bento impressionaram pela lucidez e profundidade de análise sobre o «definhamento de Portugal» nas últimas décadas, os desequilíbrios que resultam «da acumulação do endividamento» de um país que «consome muito acima do que é produzido» e da inexistência de uma «elite dirigente» respeitada, de uma classe política com «uma base robusta de fundamentação moral».
Falando da importância do trinómio «valores/atitudes/padrões de comportamento», Ernâni Lopes acredita que, «em paralelo com o que de pior encontramos» na realidade portuguesa, «existe muito de são, de honesto e de esforçado». Os exemplos recentes, reconheça-se, não são, no entanto, os mais animadores.
Até o pilar de valores e comportamentos que pretende ser a Igreja católica mantém em funções um padre, o de Boticas, que tinha em casa um arsenal ilegal de armas, que negoceia empréstimos e juros com os seus paroquianos como um usurário, que acumula terrenos, casas e dinheiro.
Não foi Jesus que expulsou os vendilhões do templo, derrubando as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que aí comerciavam? Já nem a Igreja segue os seus ensinamentos?
No momento em que se tornam mais visíveis as redes de corrupção e tráfico de influências (há muito instaladas e prosperantes na administração central, local e empresas na órbita do Estado), faz toda a diferença e destaca-se pelo contraste o exemplo do presidente da Câmara do Porto. Que não hesitou em denunciar às autoridades um engenheiro da Câmara que exigia centenas de milhares de euros a uma empresa em troca de favorecimento num concurso público. O engenheiro foi apanhado em flagrante acto de corrupção. E fica o exemplo de quem impõe princípios de rigor e ética na relação entre o poder político e os poderes económicos.
Portugal é o país da União Europeia em que a população está a envelhecer mais depressa, segundo um relatório hoje apresentado no Parlamento Europeu.
A organização refere que as pessoas com mais de 65 anos passaram de 11,2 por cento em 1980 para 17,4 por cento em 2008. Imediatamente atrás de Portugal segue a Espanha, segundo o mesmo documento, que adianta que uma em cada cinco pessoas tem mais de 65 anos em Portugal, Itália, Alemanha, Grécia e Suécia. A Irlanda é o país com a população mais jovem, com uma média de 35,1 anos. Em Portugal, a média é de 40,5.
Também a par da Espanha e da Itália, no âmbito da União Europeia a 15, Portugal é referido como o país que oferece menos assistência às famílias (1,2 por cento do Produto Interno Bruto - PIB), estando abaixo da média europeia, que é de 2,1 por cento do PIB. Os valores dos benefícios sociais para as famílias variam entre 23 e 2158 euros no espaço comunitário. Mas dentro dos 15, Portugal (151 euros anuais por pessoa, dados de 2006) e Espanha (212 euros) são apontados como os que menos dão assistência.
Portugal, tal como seis outros países, é indicado como tendo restrições nos rendimentos que impedem um grande número de famílias de receber benefícios directos para as crianças. O IPF também caracteriza como “nível crítico” a taxa de nascimento de 1,34, embora acima da Eslováquia, que tem o valor mais baixo da UE (1,25).
"Inverno demográfico"
A Europa está "imersa num nunca visto Inverno Demográfico", refere o mesmo instituto, ao lembrar o défice anual de nascimentos, o aumento dos abortos e a “explosão” de divórcios.
O relatório refere o aumento de idosos em relação aos menores de 14 anos, o decréscimo de 775 mil nascimentos anuais numa comparação com dados de há 26 anos (menos 12,5 por cento), a realização de 1,2 milhões de abortos, a descida de mais de 725 mil casamentos por ano e um milhão de divórcios. "O aborto e o cancro são as principais causas de morte", assinalou. A cada 27 segundos há um aborto nos 27 e a cada três minutos uma rapariga jovem interrompe uma gravidez, refere o relatório.
"Desde 1990 houve 28 milhões de abortos na União Europeia. Tantos como a população de Malta, Luxemburgo, Chipre, Estónia, Eslovénia, Letónia, Lituânia, Irlanda, Finlândia e Eslováquia", lê-se. Para o IPF, é necessário redireccionar as políticas da família dos países da União Europeia, de forma a encará-las como "um grupo social, económico, educativo e emocional” e não apenas “individualmente".
O relatório sublinha que tem sido a imigração a principal alavanca para o crescimento da população nos 27 e adianta que a Europa é cada vez mais um velho continente: há 85 milhões de idosos contra 78,5 milhões de jovens abaixo dos 14 anos. A média de idades fixa-se nos 40,3 anos, um aumento de três anos em 15 anos.
O IPF refere que se a pirâmide demográfica continuar a inverter-se, em 2050 a população europeia perderá 27,3 milhões de pessoas, caindo para 472 milhões, e a Alemanha será o país mais afectado. O documento também refere que uma em cada três crianças nasce fora do casamento, em especial na França e Reino Unido. O documento refere ainda haver 43 por cento de pessoas não casadas contra 45 que contraíram matrimónio.
"Há mais de um milhão de divórcios, o equivalente a um colapso de casamento a cada 30 segundos. Mais de 10,3 milhões de divórcios em 10 anos (1997-2007) na EU dos 27 afectou mais de 17 milhões de crianças", lê-se. Por outro lado, duas em três famílias não têm crianças. Em média, os agregados familiares têm 2,4 elementos. Entre os apoios, defende-se, num prazo de cinco anos, o gasto de 2,5 por cento do PIB para a Família, 125 euros mensais para crianças e durante nove meses para as grávidas.
É como se fizéssemos parte da proverbial ‘rede tentacular’ que vai afundando o País na sua triste mediocridade.
À medida que os escândalos rebentam e que a situação económica se degrada, a fama dos portugueses vai sofrendo danos irreparáveis. A tese, defendida um pouco por todo o lado, assenta num dado simples que parece explicar todos os infortúnios da pátria e as imensas trapalhadas em que esta se vê envolvida. Aparentemente, somos um povo desqualificado (ou mesmo estúpido, como alguns chegaram a admitir), imune às questões essenciais que afectam o nosso futuro. Todos os dias lemos que consumimos o que não produzimos, que não gostamos de trabalhar, que temos hábitos de novos-ricos e que vivemos, felizes e irresponsáveis, à conta do Estado e dos seus inúmeros subsídios. No fundo, é como se fizéssemos parte da proverbial ‘rede tentacular’ que inexoravelmente vai afundando o País na sua triste mediocridade. Basta ver como, apesar de todos os avisos em contrário, conseguimos eleger, mais uma vez, o eng. Sócrates, fiados no pior do socialismo e a milhas dos interesses do País, esses sim, salvaguardados por uma oposição corajosa, cujo único problema era o facto de não existir.
Este retrato, já de si penoso, agrava-se perigosamente sempre que rebenta um dos habituais escândalos nacionais onde a corrupção brilha, de braço dado com o tráfico de influências, o crime fiscal e outras patifarias avulsas. É verdade que a forma como estes escândalos, depois de semanas de grande entusiasmo e de muitas notícias bombásticas, adormecem invariavelmente num canto qualquer da Procuradoria, longe das primeiras páginas dos jornais e perante a indiferença da opinião pública, não abona particularmente a favor da nossa sempre frágil democracia. Se a Justiça sai invariavelmente de rastos de todos estes processos, os portugueses não se saem melhor, como se viu agora, com a operação ‘Face Oculta’. Nesta última semana, ficámos a saber que admiramos qualquer ‘chico--esperto’ que saiba desenvencilhar-se na vida, que sabemos que o trabalho não leva a lado nenhum e que nós todos, em última análise, somos também uns ‘chicos--espertos’, experientes na arte da ‘cunha’ e no exercício do pequeno favor. A bem destas teses tão refinadas, talvez os portugueses devessem deixar de ser o que são, deixando de pagar impostos e de tentar viver fora da órbita do Estado – como muitos tentam –, assistindo, com particular revolta, à forma como se desbarata o dinheiro dos contribuintes. Até porque as ditas teses esquecem um dado fundamental: que a Justiça e o Estado são fracos com os fortes, mas, em contrapartida, sabem ser fortes com os fracos.
Não há dúvida nenhuma. O senhor presidente relativo do Conselho é um homem com muito azar. Não se pode dar um pontapé numa pedra e saltam logo para a ribalta tios, primos, mãe, pai, amigos íntimos, professores e, claro, o próprio senhor presidente relativo do Conselho. Foi assim no caso da Cova da Beira, nos projectos manhosos da Guarda, na licenciatura em Engenharia, no Freeport e agora na operação ‘Face Oculta’.
É evidente que o senhor presidente relativo do Conselho diz-se vítima de perseguições, ódios pessoais, invejas políticas e outras coisas mais. Também é evidente que o senhor presidente relativo do Conselho não tem sido penalizado por todos estes casos, tanto do ponto de vista político como judicial. Antes pelo contrário. Governou quatro anos e meio com maioria absoluta, ganhou as últimas eleições Legislativas e aí está de novo à frente de um Executivo que tem por missão principal preparar novas eleições para o partido do senhor presidente relativo do Conselho voltar a ter maioria absoluta. E em matéria de Justiça estamos devidamente conversados.
Na Cova da Beira, apesar de muitas suspeitas, o senhor presidente relativo do Conselho é apenas testemunha de uma das arguidas, os projectos da Guarda foram devidamente arquivados, a licenciatura ficou na gaveta do Ministério Público, no Freeport é o que se sabe e agora, na ‘Face Oculta’, as conversas com o arguido e amigo Armando Vara estão há quatro meses no baú do senhor procurador-geral da República, prontas para ser despejadas na lixeira mais próxima quando chegar o momento oportuno.
Para grande satisfação dos suspeitos do costume, que já andam por aí a dar gritinhos de indignação pelo simples facto de um arguido ter sido escutado a ter conversas menos próprias com o senhor presidente relativo do Conselho.
Como se previa, a normalidade está prestes a ser reposta neste sítio horrível, pobre, deprimido, corrupto, manhoso e obviamente cada vez mais mal frequentado. Uma normalidade execrável e podre que serve às mil maravilhas aos abutres do costume, que se alimentam todos os dias à mesa do Estado e atiram para a miséria milhões de indígenas sem presente e muito menos sem futuro.
O senhor presidente relativo do Conselho é, sem dúvida nenhuma, a pessoa certa para alimentar, proteger, compreender e consolar nos momentos difíceis todas essas almas sequiosas de poder e dinheiro. Custe a quem custar, doa a quem doer. Justiça lhe seja feita.
O Factor Vara... Miguel Sousa Tavares - 08:00 Segunda-feira, 16 de Fev2009
Toda a 'carreira', se assim lhe podemos chamar, de Armando Vara, é uma história que, quando não possa ser explicada pelo mérito (o que, aparentemente, é regra), tem de ser levada à conta da sorte. Uma sorte extraordinária. Teve a sorte de, ainda bem novo, ter sentido uma irresistível vocação de militante socialista, que para sempre lhe mudaria o destino traçado de humilde empregado bancário da CGD lá na terra. Teve o mérito de ter dedicado vinte anos da sua vida ao exaltante trabalho político no PS, cimentando um currículo de que todavia, a nação não conhece, em tantos anos de deputado ou dirigente político, acto, ideia ou obra que fique na memória.
Culminou tão profícua carreira com o prestigiado cargo de ministro da Administração Interna - em cuja pasta congeminou a genial ideia de transformar as directorias e as próprias funções do Ministério em Fundações, de direito privado e dinheiros públicos. Um ovo de Colombo que, como seria fácil de prever, conduziria à multiplicação de despesa e de "tachos" a distribuir pela "gente de bem" do costume. Injustamente, a ideia causou escândalo público, motivou a irritação de Jorge Sampaio e forçou Guterres a dispensar os seus dedicados serviços. E assim acabou - "voluntariamente", como diz o próprio - a sua fase de dedicação à causa pública. Emergiu, vinte anos depois, no seu guardado lugar de funcionário da CGD, mas agora promovido por antiguidade ao lugar de director, com a misteriosa pasta da "segurança". E assim se manteve um par de anos, até aparecer também subitamente licenciado em Relações Qualquer Coisa por uma também súbita Universidade, entretanto fechada por ostensiva fraude académica. Poucos dias após a obtenção do "canudo", o agora dr. Armado Vara viu-se promovido - por mérito, certamente, e por nomeação política, inevitavelmente - ao lugar de administrador da CGD: assim nasceu um banqueiro. Mas a sua sorte não acabou aí: ainda não tinha aquecido o lugar no banco público, e rebentava a barraca do BCP, proporcionando ao Governo socialista a extraordinária oportunidade de domesticar o maior banco privado do país, sem sequer ter de o nacionalizar, limitando-se a nomear os seus escolhidos para a administração, em lugar dos desacreditados administradores de "sucesso". A escolha caiu em Santos Ferreira, presidente da CGD, que para lá levou dois homens de confiança sua, entre os quais o sortudo dr. Vara. E, para que o PSD acalmasse a sua fúria, Sócrates deu-lhes a presidência da CGD e assim a meteórica ascensão do dr. Vara na banca nacional acabou por ser assumida com um sorriso e um tom "leve".
Podia ter acabado aí a sorte do homem, mas não. E, desta vez, sem que ele tenha sido tido ou achado, por pura sorte, descobriu-se que, mesmo depois de ter saído da CGD, conseguiu ser promovido ao escalão máximo de vencimento, no qual vencerá a sua tão merecida reforma, a seu tempo. Porque, como explicou fonte da "instituição" ao jornal "Público", é prática comum do "grupo" promover todos os seus administradores-quadros ao escalão máximo quando deixam de lá trabalhar. Fico feliz por saber que o banco público, onde os contribuintes injectaram nos últimos seis meses mil milhões de euros para, entre outros coisas, cobrir os riscos do dinheiro emprestad ao sr. comendador Berardo para ele lançar um raide sobre o BCP, onde se pratica actualmente o maior spread no crédito à habitação, tem uma política tão generosa de recompensa aos seus administradores - mesmo que por lá não tenham passado mais do que um par de anos. Ah, se todas as empresas, públicas e privadas, fossem assim, isto seria verdadeiramente o paraíso dos trabalhadores!
Eu bem tento sorrir apenas e encarar estas coisas de forma leve. Mas o 'factor Vara' deixa-me vagamente deprimido. Penso em tantos e tantos jovens com carreiras académicas de mérito e esforço, cujos pais se mataram a trabalhar para lhes pagar estudos e que hoje concorrem a lugares de carteiros nos CTT ou de vendedores porta a porta e, não sei porquê, sinto-me deprimido. Este país não é para todos. P.S. - Para que as coisas fiquem claras, informo que o sr. (ou dr.) Armando Vara tem a correr contra mim uma acção cível em que me pede 250 000 euros de indemnização por "ofensas ao seu bom nome". Porque, algures, eu disse o seguinte: "Quando entra em cena Armando Vara, fico logo desconfiado por princípio, porque há muitas coisas no passado político dele de que sou altamente crítico". Aparentemente, o queixoso pensa que por "passado político" eu quis insinuar outras coisas, que a sua consciência ou o seu invocado "bom nome" lhe sugerem. Eu sei que o Código Civil diz que todos têm direito ao bom nome e que o bom nome se presume. Mas eu cá continuo a acreditar noutros valores: o bom nome, para mim, não se presume, não se apregoa, não se compra, nem se fabrica em série - ou se tem ou não se tem. O tribunal dirá, mas, até lá e mesmo depois disso, não estou cativo do "bom nome" do sr. Armando Vara. Era o que faltava! Aabei de confirmar no site e está lá, no site institucional do BCP. Vejam bem os anos de licenciatura e de pós-graduação ! Armando António Martins Vara - Dados pessoais: Data de nascimento: 27 de Março de 1954 / Naturalidade: Vinhais – Bragança / Nacionalidade: Portuguesa / Cargo: Vice-Presidente do Conselho de Administração Executivo / Início de Funções: 16 de Janeiro de 2008 / Mandato em Curso: 2008/2010 / Formação e experiência Académica - Formação: 2005 - Licenciatura em Relações Internacionais (UNI) / 2004 - Pós-Graduação em Gestão Empresarial (ISCTE)
Extraordinário... CV de fazer inveja a qualquer gestor de topo, que nunca tenha perdido tempo em tachos e no PS !
Conseguiu tirar uma Pós-graduação ANTES da licenciatura...
Ou a pós-graduação não era pós-graduação ou foi tirada com o mesmo professor da licenciatura, dele e do Eng. Sócrates... e viva o BCP e o seu "bom nome" !!!
A ‘Operação Face Oculta’ não pára de surpreender todos os dias. Primeiro foi a descoberta de uma rede tentacular dirigida por um sucateiro de Ovar que conseguiu entrar em várias empresas públicas ou participadas pelo Estado, entre as quais a Galp e a EDP, dois pesos-pesados da Bolsa portuguesa.
Agora, começam a surgir notícias sobre escutas a conversas entre Armando Vara, arguido do processo e vice--presidente do BCP com funções suspensas, e o primeiro-ministro. Obviamente que não são conversas de circunstância entre amigos de longa data que fizeram uma carreira política de mãos dadas. Nada disso.
São conversas sobre negócios e amigos que atravessam dificuldades económicas e financeiras e em que ambos tentam encontrar a melhor forma de ajudar a se ultrapassar a tormenta. Lê-se e custa a acreditar que tudo isto aconteça em Portugal. É claro que pode ser tudo legal. Mas claramente não é uma situação normal. E como o País tem assistido nos últimos anos a trapalhadas e a situações menos claras em que aparece sempre envolvido Sócrates, é imperioso que na hierarquia do Estado haja alguém que seja o último bastião da confiança dos portugueses.
As sondagens podem ser negativas para Cavaco Silva, mas no meio desta selva valha-nos o Presidente da República.
O cinema arruinou-me. Corrupção? Associação criminosa? Tráfico de influências? Imaginava um magnata do petróleo disposto a corromper um regime inteiro com malas prateadas e contas em Zurique.
Sem falar de jactos privados, guarda-roupa italiano e duas ou três galdérias (uma loira, uma ruiva, uma morena), capazes de desarmar qualquer gorila a golpes de sedução. Ou de karaté. Acordo para a realidade e, segundo as notícias, existe um corruptor que usa bigode e é sucateiro. Os corrompidos estão ao mesmo nível (bigode excluído).
Deus não dorme: cada povo tem o lixo que merece. Até porque o povo não se inquieta com o fedor do lixo. Pelo contrário: tende a louvá-lo e a premiá-lo, como se viu em eleições recentes. Quem mete ao bolso, faz pela vida. E, num país de pelintras, ‘fazer pela vida’ é o único filme que interessa.
Professor Medina Carreira
Nota: O Professor Medina Carreira sempre que fala, deixa o País a reflectir, estupefacto. Aqui deixamos a síntese de uma das últimas entrevistas que concedeu. A não perder.
"Vocês, comunicação social, o que dão é esta conversa de «inflação menos 1 ponto», o «crescimento 0,1 em vez de 0,6»..Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, que é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias...mas é sem açucar"
"Eu não sou candidato a nada, e por conseguinte não quero ser popular. Eu não quero é enganar os portugueses. Nem digo mal por prazer, nem quero ser «popularuxo» porque não dependo do aparelho político!"
"Ainda há dias eu estava num supermercado, numa bicha para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas, e em vez de multiplicar «6x3=18», contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7... Isto não é ensino...é falta de ensino, é uma treta! É o futuro que está em causa!"
"Os números são fatais. Dos números ninguém se livra, mesmo que não goste. Uma economia que em cada 3 anos dos últimos 27, cresceu 1% ...esta economia não resiste num país europeu."
"Quem anda a viver da política para tratar da sua vida, não se pode esperar coisa nenhuma. A causa pública exige entrega e desinteresse."
"Se nós já estamos ultra-endividados, faz algum sentido ir gastar este dinheiro todo em coisas que não são estritamente indispensáveis? P'rá gente ir para o Porto ou para Badajoz mais depressa 20 minutos? Acha que sim?
A aviação está a sofrer uma reconversão, vamos agora fazer um aeroporto, se calhar não era melhor aproveitar a Portela?
Quer dizer, isto está tudo louco?"
"Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a Justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da Justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo fôr..."
"Nós tivemos nos últimos 10-12 anos 4 Primeiros-Ministros:
-Um desapareceu;
-O outro arranjou um melhor emprego em Bruxelas, foi-se embora;
-O outro foi mandado embora pelo Presidente da República;
-E este coitado, anda a ver se consegue chegar ao fim"
"O João Cravinho tentou resolver o problema da corrupção em Portugal. Tentou. Foi "exilado" para Londres. O Carrilho também falava um bocado, foi para Paris. O Alegre depois não sei para onde ele irá... Em Portugal quem fala contra a corrupção ou é mandado para um "exílio dourado", ou então é entupido e cercado."
"Mas você acredita nesse «considerado bem»?Então, o meu amigo encomenda aí uma ponte que é orçamentada para 100 e depois custa 400? Não há uma obra que não custe 3 ou 4 vezes mais? Não acha que isto é um saque dos dinheiros públicos? E não vejo intervenção da polícia...Há-de acreditar que há muita gente que fica com a grande parte da diferença!"
"De acordo com as circunstâncias previstas, nós por volta de 2020 somos o país mais pobre da União Europeia. É claro que vamos ter o nome de Lisboa na estratégia, e vamos ter, eventualmente, o nome de Lisboa no tratado. É, mas não passa disso. É só para entreter a gente.."
"Isto é um circo. É uma palhaçada. Nas eleiçoes, uns não sabem o que estão a prometer, e outros são declaradamente uns mentirosos: -Prometem aquilo que sabem que não podem."
"A educação em Portugal é um crime de «lesa-juventude»:Com a fantasia do ensino dito «inclusivo», têm lá uma data de gente que não quer estudar, que não faz nada, não fará nada, nem deixa ninguém estudar. Para que é que serve estar lá gente que não quer estudar? Claro que o pessoal que não quer estudar está lá a atrapalhar a vida aqueles que querem estudar. Mas é inclusiva.... O que é inclusiva? É para formar tontos? Analfabetos?"
"Os exames são uma vergonha. Você acredita que num ano a média de Matemática é 10, e no outro ano é 14? Acha que o pessoal melhorou desta maneira? Por conseguinte a única coisa que posso dizer é que é mentira, é um roubo ao ensino e aos professores ! Está-se a levar a juventude para um beco sem saída. Esta juventude vai ser completamente desgraçada!"
"A minha opinião desde hà muito tempo é TGV- Não! Para um país com este tamanho é uma tontice. O aeroporto depende. Eu acho que é de pensar duas vezes esse problema. Ainda mais agora com o problema do petróleo."
"Bragança não pode ficar fora da rede de auto-estradas? Não? Quer dizer, Bragança fica dentro da rede de auto-estradas e nós ficamos encalacrados no estrangeiro? Eu nem comento essa afirmação que é para não ir mais longe...Bragança com uma boa estrada fica muito bem ligada. Quem tem interesse que se façam estas obras é o Governo Português, são os partidos do poder, são os bancos, são os construtores, são os vendedores de maquinaria...Esses é que têm interesse, não é o Português!"
"Nós em Portugal sabemos resolver o problema dos outros:A guerra do Iraque, do Afeganistão, se o Presidente havia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal nenhum sabe. Somos um país de papagaios...
Receber os prisioneiros de Guantanamo? «Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...» Saibamos olhar para os nossos problemas e resolvê-los e deixemos lá os outros...Isso é um sintoma de inferioridade que a gente tem, estar sempre a olhar para os outros. Olhemos para nós!"
"A crise internacional é realmente um problema grave, para 1-2 anos. Quando passar lá fora, a crise passará cá. Mas quando essa crise passar cá, nós ficamos outra vez com os nossos problemas, com a nossa crise. Portanto é importante não embebedar o pessoal com a ideia de que isto é a maldita crise. Não é!"
"Nós estamos com um endividamento diário nos últimos 3 anos correspondente a 48 milhões de euros por dia: Por hora são 2 milhões! Portanto, quando acabarmos este programa Portugal deve mais 2 milhões! Quem é que vai pagar?"
"Isso era o que deveríamos ter em grande quantidade. Era vender sapatos. Mas nós não estamos a falar de vender sapatos. Nós estamos a falar de pedir dinheiro emprestado lá fora, pô-lo a circular, o pessoal come e bebe, e depois ele sai logo a seguir..."
"Ouça, eu não ligo importância a esses documentos aprovados na Assembleia...Não me fale da Assembleia, isso é uma provocação... Poupe-me a esse espectáculo...."
"Isto da avaliação dos professores não é começar por lado nenhum. Eu já disse à Ministra uma vez «A senhora tem uma agenda errada"» Porque sem pôr disciplina na escola, não lhe interessa os professores. Quer grandes professores? Eu também, agora, para quê? Chegam lá os meninos fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira e não acontece coisa nenhuma. Vale a pena ter lá o grande professor? Ele não está para aturar aquilo...Portanto tem que haver uma agenda para a Educação. Eu sou contra a autonomia das escolas Isso é descentralizar a «bandalheira»."
"Há dias circulava na Internet uma noticía sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12ºano e agora vai seguir Medicina... Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram «meta-se nas novas oportunidades» e agora entra em Medicina... Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente, mas quem vai apanhar esse atleta olímpico com este tipo de preparação... Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice..."
"É preciso que alguém diga aos portugueses o caminho que este país está a levar. Um país que empobrece, que se torna cada vez mais desigual, em que as desigualdades não têm fundamento, a maior parte delas são desigualdades ilegítimas para não dizer mais, numa sociedade onde uns empobrecem sem justificação e outros se tornam multi-milionários sem justificação, é um caldo de cultura que pode acabar muito mal. Eu receio mesmo que acabe."
"Até hà cerca de um ano eu pensava que íamos ficar irremediavelmente mais pobres, mas aqui quentinhos, pacifícos, amiguinhos, a passar a mão uns pelos outros...Começo a pensar que vamos empobrecer, mas com barulho... Hoje, acrescento-lhe só o «muito». Digo-lhe que a gente vai empobrecer, provavelmente com muito barulho...Eu achava que não havia «barulho», depois achava que ia haver «barulho», e agora acho que vai haver «muito barulho». Os portugueses que interpretem o que quiserem..."
"Quando sobe a linha de desenvolvimento da União Europeia sobe a linha de Portugal. Por conseguinte quando os Governos dizem que estão a fazer coisas e que a economia está a responder, é mentira! Portanto, nós na conjuntura de médio prazo e curto prazo não fazemos coisa nenhuma. Os governos não fazem nada que seja útil ou que seja excessivamente útil. É só conversa e portanto, não acreditem...No longo prazo, também não fizemos nada para o resolver e esta é que é a angústia da economia portuguesa."
"Tudo se resume a sacar dinheiro de qualquer sitío. Esta interpenetração do político com o económico, das empresas que vão buscar os políticos, dos políticos que vão buscar as empresas... Isto não é um problema de regras, é um problema das pessoas em si... Porque é que se vai buscar políticos para as empresas? É o sistema, é a (des)educação que a gente tem para a vida política... Um político é um político e um empresário é um empresário. Não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro...é tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade."
"Este país não vai de habilidades nem de espectáculos. Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros. São propagandistas ! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país!" "Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista»... Se vem aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito... Vocês têm que arranjar um programa onde as pessoas venham à vontade, sem estarem a ser pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir. O Português está farto de ser enganado! Todos os dias tem a sensação que é enganado!"
É com alguma humildade que me atrevo a fazer uma abordagem ao artigo de opinião de Pedro Santana Lopes. Tenho por ele muito respeito, pelo tempo que já deu ao PPD/PSD, pelos ataques injustos que sofreu e por nunca lhe terem conseguido manchar a sua dignidade!
Contudo, ao explanar as suas ideias, no "post" abaixo, põe o dedo na ferida, mas passa um pouco ao lado, das verdadeiras razões do estado do partido. Relacionou as " directas", a "balcanização", Os "técnicos de representação permanente", os "gabinetes de estudo", o "desaparecimento do debate", o "número de mandatos" e a capacidade de filiar ! Todas estas coisas não serão, só por si, uma coisa maléfica! Dependendo muito das doses e do modo como são aplicadas, poderão ser, até, positivas e nunca abandonadas! Todas terão o seu espaço.
Os grandes problemas do PPD/PSD são o seu fecho à sociedade civil e o problema da filiação.
Um partido fechado à sociedade civil, está condenado no seu prestígio e na sua mínima funcionalidade. Como diz noutro artigo, que também reproduzi, lá ficarão no esquecimento as "chamadas mulheres e homens bons". Como não sendo branco, é preto, o partido passa a arratar-se na sua visibilidade de rua, exactamente na mediocridade, se não mesmo, muito pior que isso!
O grande problema é de facto o da filiação, ou seja, os "sindicatos de voto". Como estes estão a funcionar com "rédia solta", pouco importa os militantes irem votar ou não nas directas. O candidato nessa altura já está escolhido pelo "sindicato de voto" e já tem os votos assegurados para ganhar. De certeza mal escolhido, porque terá sido escolhido alguém que se deixou comprar. E que ficará amarrado a tudo que de pior vier!
Não esquecer que a "capacidade de filiar", deixou de ter em conta a qualidade e o prestigio dos militantes a recrutar. O que importa é a quantidade, daí aparecerem os "militantes fantasma" vindos dos bairos de gente muito pobre (sem desprimor) e gente com muita idade sem vocação nem vontade própria. Fácilmente manobrados e transportados. A maioria das vezes sem pagarem quotas, ou sem necessidade de o fazerem, pois são considerados vitalícios!
A quantidade de estes militantes é, percentualmente muito elevada, e isso permite a vida do "sindicato de voto". O partido é fechado. A entrada é dificultada a outras camadas da população mais conscientes. O PPD/PSD deixou de ser inter-classista e as ideias e o debate desapareceram de vez!
Perante isto, todas as coisas mencionadas no seu artigo deixaram de ter funcionalidade e as ideias, de forma quase errada por falta de autenticidade, são aquelas que os "técnicos da representação permanente" apresemtam. Por tal eles continuam a aumentar! Todavia, também eles se arrastam pela mão de tais sindicatos. NÃO HÁ VOLTA A DAR !
Alguém com dignidade e respeito por si próprio e pelo partido (o que dele resta) não pode aceitar as regras do jogo imposto pelas directas nestas condições, totalmente viciadas e domesticadas pelo tal "SINDICATO DE VOTO"
AS DIRECTAS não são, pois, as culpadas da balcanização ou feudalização. À medida que as ideias e o respectivo debate iam desaparecendo, ganhava cada vez mais peso o papel daqueles a quem chamei «os técnicos da representação». Esses técnicos são aqueles que se dedicaram profissionalmente a assegurar os lugares de representação política - primeiro ao mais alto nível do Estado, e depois, à medida que o número dessas pessoas aumentava na disputa de avenças ou assessorias no nível mais inferior do Estado.
Em vez de se discutirem ideias, em vez de funcionarem os gabinetes de estudo, passou a ter importância a capacidade de filiar pessoas (?). Principalmente desde que as "directas" foram aprovadas para a eleição dos líderes distritais, ainda antes de o serem a nível nacional.
O único caminho de terminar com a perpetuação do poder dessas pessoas que nunca fizeram mais nada na vida é, de facto, a limitação de mandatos aos mais variados níveis.
SOL - Pedro Santana Lopes
(?) - Recuso aceitar a expressão "filiar pessoas", por estar longe, muito longe daquilo que se passa na realidade nos partidos, particularmente no PPD/PSD.
EM VEZ DE IDEIAS, O QUE VALE HOJE NO PSD É A CAPACIDADE DE FILIAR PESSOAS (?)
Na passada semana escrevi sobre as razões pelas quais decidi exercer o cargo de vereador para que fui eleito na autárquicas de 11 de Outubro. Mas não esqueci sobre a razão que me fez admitir tomar a decisão contrária: o estado em que se encontra o PSD.
Já só raramente me refiro ao meu partido como PPD/PSD. Essa diferenciação para mim não é despicienda. O PPD/PSD, como dizia Francisco Sá Carneiro, era o «partido mais português de Portugal». Carlos da Mota Pinto, por sua vez, dizia que o PPD era o partido das pessoas que «sobem a vida a pulso». A verdade é que, com o passar do tempo, essas características, essas componentes do ADN do PPD/PSD, foram-se diluindo.
Julgo que fui o primeiro a dizer que o partido se "balcanizou". Cheguei a afirmar, num grande jantar na FIL, em Julho de 1989, que o PPD começava a ficar cansado de aturar o PSD. Já na altura exteriorizava o que comecei a sentir em 1986/87: a forças crescentes do aparelho e a decrescente ligação às mulheres e aos homens bons de cada terra. Em cada terra, notários, merceeiros, farmacêuticos, construtores civis ou professores primários, consoante os casos - mas, no geral, as figuras que se destacavam em cada comunidade -, juntavam-se ao partido de Sá Carneiro. Era um partido, ao mesmo tempo, muito interclassista - e esta característica ainda se mantém, mas rapidamente pode desaparecer.
Marcelo Rebelo de Sousa prevê que o processo Face Oculta venha a ter consequências políticas mais graves para o Governo do PS do que o caso Freeport. O ex-líder do PSD participou esta sexta-feira numa conferência sobre o futuro do país, em Braga, e também abriu a porta à aprovação do casamento de homossexuais no Parlamento.
“Para o Governo, o desgaste de um processo como este é maior do que no caso Freeport”, antecipa Marcelo. Ao contrário do caso que envolve o primeiro-ministro, a investigação Face Oculta “não é um processo pessoal”, o que impossibilita que haja “vitimização” do PS. “Este é um processo concreto e não é bom para um Governo em funções, porque cai em cima de sectores por si tutelados”, entende o ex-líder do PSD.
Marcelo defende também que Armando Vara fez bem em afastar-se da vice-presidência do BCP face ao seu envolvimento no caso e considera que José Penedos deve também pedir a suspensão das suas funções à frente da REN como forma de “preservar a confiança das pessoas nas instituições”.
À margem da conferência “Portugal 2010” que decorreu esta sexta-feira em Braga, Marcelo Rebelo de Sousa abriu a porta à aprovação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexto em sede parlamentar. O comentador político afirma que “em matérias de costumes” é “sempre favorável ao referendo”, mas no caso do casamento homossexual vê especificidades que podem facilitar uma decisão na Assembleia da República.
“As três forças políticas que o defendem fazem-no há muito e incluíram a proposta nos programas eleitorais. Houve debate eleitoral à volta dessa proposta o que faz com o parlamento tenha muito mais força para a aprovar”, argumenta.
Sobre a liderança do PSD, foram poucas as palavras: “O que disse está dito. Não faz sentido arrastar a polémica e o partido tem que seguir em frente”.
Julgava eu que medo de crucifixos era coisa de vampiros. Errei. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou a existência dos ditos nas escolas de Itália por serem uma ‘imposição’ sobre as crenças e descrenças de terceiros. O caso não é novo e já em 2005 o governo PS medrou sobre o assunto, obrigando as escolas a removerem a ‘provocação’. Pena que se tenha ficado pelos crucifixos, deixando de fora as festas, os feriados, o património, a toponímia, a estatuária e tudo aquilo que revela uma cultura com dois mil anos.
Espera-se agora que os nossos jacobinos não se sintam intimidados com a empreitada e comecem uma limpeza radical de norte a sul, produzindo um país tão vazio como a cabeça deles. E, já agora, que prescindam das férias de Natal (e respectivo subsídio), que todos os anos são obrigados a aceitar com nojo laico.
Neste ano, mais de 21 mil funcionários públicos reformaram-se e engrossam a lista dos beneficiários da Caixa Geral de Aposentações, que no final do ano passado contava com 416 mil reformados e ainda 134 mil beneficiários de pensões de sobrevivência.
A reforma com uma remuneração digna é um direito de todos os cidadãos que trabalharam e descontaram. Mas a crise financeira do Estado pode, igualmente, ameaçar no futuro o pagamento de reformas que em média ultrapassam os 1200 euros e em algumas classes profissionais qualificadas é superior a dois mil euros.
Nos próximos anos o ritmo de aposentação de funcionários públicos deve continuar a ter um índice elevado, até porque a média de idades dos servidores do Estado é elevada.
A despesa com os aposentados é uma dívida assumida para o futuro. É por isso que é fundamental, a médio prazo, o Estado voltar a equilibrar as contas, porque só com finanças públicas saudáveis é que o Estado poderá cumprir as suas obrigações e honrar os compromissos assumidos.
É importante assegurar que nas próximas décadas os funcionários públicos, e os trabalhadores que descontam para a Segurança Social, não sofrerão perdas significativas do respectivo poder de compra. A estabilidade social deste País depende de contas públicas equilibradas.
O nosso regime político está a transformar-se numa verdadeira sucata, com ‘sucateiros’ a mais e homens de virtudes a menos. O regime político-partidário, as ligações entre o poder de quem governa e os interesses instalados de certos grupos, as escolhas para os cargos e o tráfico de influências não souberam, ou melhor, não quiseram, adaptar-se aos valores da democracia.
Não é a democracia que é má. São os homens deste tempo, na procura dos seus interesses pessoais e particulares, que pouco fazem para melhorar a qualidade da democracia. O que interessa não é a qualidade do regime democrático ou a melhoria da vida dos portugueses mas a qualidade da sua carteira e da sua barriga, que cresce na proporção do crescimento dos seus bolsos. A sucata do regime tem saído vencedora, minando os alicerces do Estado de Direito.
As boas práticas, a ética de comportamento, em suma, os valores que enobrecem a democracia, têm perdido esta luta. E a triste realidade é que este lixo tóxico torna quase insustentável a vida em democracia, porque arrasta consigo os outros segmentos da sociedade. Desde a justiça à saúde, ao ambiente, até ao sector financeiro, tudo paga, em decréscimo de imagem e de credibilidade.
Mais importante para o País do que os grandes investimentos e obras é salvar o regime, dando um destaque cimeiro aos valores, aos princípios da honra, da probidade e da seriedade. É não permitir que Portugal se transforme num país de ‘sucateiros’, seja no poder político, no governo, na justiça, na banca ou nas finanças. É não permitir que gente séria e honesta seja arrastada nas ‘águas’ deste lixo. É defender o bom-nome dos homens públicos que não se deixam cair nesta tentação. É impor regras claras e rigorosas nos negócios do Estado, designadamente na contratação pública, porque quando o negócio ‘descarrila’ são sempre os mesmos que pagam. É impor um período significativo de nojo a quem sai do Governo ou de outros cargos públicos relevantes, evitando que salte de cargo em cargo, consoante as conveniências. É simplificar as leis, libertando-as das teias burocráticas e complexas que, muitas vezes, só servem para justificar e legitimar o favor do grande homem público, o salvador do negócio. É, no limite, criar regras – consensuais para o cidadão embora não para muitos políticos – de obrigar quem detém o poder público e o utiliza em seu próprio benefício a deixar, de imediato, vago o ‘lugarzinho’.
Um regime político que não é de sucata só pode ser implacável com os ‘sucateiros’ do regime. Só assim, para quem ainda acredita na redenção, se pode salvar o homem e melhorar o regime político.
Andre Kosters/ Lusa José Sócrates diz que está “triste” por o processo ‘Face Oculta’ envolver o amigo Armando Vara. O primeiro-ministro afirma que falavam regularmente.
07 Novembro 2009 - 02h00
Investigação: PJ ouviu principais figuras do PS durante períodos eleitorais
Sócrates em dezenas de escutas
O universo da Comunicação Social esteve sempre presente nas dezenas de conversas entre Armando Vara e José Sócrates, escutadas pela Polícia Judiciária de Aveiro e anexas a certidões que se encontram desde Julho passado na Procuradoria Geral da República. O primeiro-ministro e o ‘vice’ do BCP falaram sobre as dívidas do empresário Joaquim Oliveira, da Global Notícias – que detém títulos como o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias e a TSF –, bem como sobre a necessidade de encontrar uma solução para o ‘amigo Joaquim’. Uma das soluções abordadas foi a eventual entrada da Ongoing, do empresário Nuno Vasconcellos, no capital do grupo. Para as autoridades, estas conversas poderiam configurar o crime de tráfico de influências.
Saiba todos os pormenores na edição de sábado do jornal 'Correio da Manhã'.
José Sócrates perdeu a maioria absoluta. Sobra-lhe a certeza absoluta: diga o que disser, a oposição não está interessada em suicidar-se, abatendo em peso um governo recentemente eleito. A situação, de uma hipocrisia salvífica, permite um equilíbrio de farsa onde todos cumprem o seu papel.
O engº Sócrates, com voz grossa e decidida, retoma o programa eleitoral, apresenta-o no Parlamento e, lamentando a ausência de parceiros, atira um ‘deixem-nos trabalhar’ pungente e solitário. A oposição não se assusta com o tom e acusa o governo de falsos convites, falsos diálogos. E de um velho autoritarismo. A ‘discussão’ do programa não foi uma ‘discussão’; foi um número de teatro a que todos deram o seu calculado contributo. Só com o tempo, e a crise, e a necessidade de negociação dura, as máscaras de hoje vão cair uma a uma.
Grande parte dos nossos eleitores ainda votam sistematicamente pelo mesmo partido, com um sentimento igual ao que têm pelo seu clube predilecto !
Outra grande parte do eleitorado vota sempre de cartão amarelo ou encarnado na mão, como vêem fazer aos árbitros no futebol !
Ainda outra larguíssima faixa do eleitorado desiludida vota em branco ou abstém-se !
Num mundo em mudança constante, estes comportamentos são aparentemente incompreensíveis.
No panorama político nacional assistimos na última década ao aparecimento de vários politólogos em cena. Alguns, poucos, dão aulas de política em universidades exibindo um diploma que ninguém sabia terem, outros especializados nas áreas das “ Ciências Sociais e Políticas” e da “ Sociologia”, estão a dissecar a existência dos partidos em Portugal.
Sinto-me honrado por poder dizer o que sinto no JO, mas estes senhores falam de cátedra em revistas e jornais de grande expansão.
Gosto de lê-los até porque, com o currículo de quem assina, se tornam mais credíveis !
Um deles afirmou :
“ Até 2009, os partidos vão receber do Estado tanto quanto Bill Gates vai investir em Portugal: 64 milhões de euros .
Sem pretender fazer, por ora, qualquer viagem ao incrível mundo dos financiamentos políticos, vincámos a convicção que já tínhamos de que é o povo que paga os partidos que temos. Porquê ? E para quê ? Ainda não percebi.
Na verdade os partidos estão na posse de elites fechadas.
Afirmou, ainda, um mesmo senhor, membro de uma “Comissão de sábios” consultada nos trabalhos da “ Reforma do Sistema Eleitoral”, quando lhe perguntaram :
Acha que os partidos deixaram de ser espaços de afinidade ideológica e social e passaram a ser grupos mais pequenos e coesos de disputa eleitoral ? A resposta aí está :
Os partidos passaram a ser máquinas de conquista de poder, muito agarrados ao Estado por isso lhes chamamos (partidos de cartel) ....... deixaram de ser organizações de combate ideológico e programático e de massas e passaram a ser partidos de eleitores e, mais recentemente, de cartel”.
Na verdade passaram a ser máquinas de conquista de poder, que quando conquistado é distribuído pelos amigos. Os eleitores vão sempre perdendo!
Noutro jornal de grande dimensão consegui ainda ler a opinião de outro especialista político:
“ PS e PSD não nasceram de movimentos sociais, nem são o produto de clivagens sociais e ideológicas lineares. Ainda que com importantes diferenças, ambos são (partidos de cartel) construídos por elites e assentes na distribuição dos recursos públicos”.
Com o meu pensamento preso àquilo que de há muito sei ser um “ cartel”, coisa ligada ao mundo mafioso e aos "trust " dos interesses obscuros e, conhecedor da sua ilegalidade em Portugal, confesso que fiquei aturdido.
Dei por mim a pensar se será possível o PS e o PSD combinarem as suas actuações políticas nos bastidores, traindo aqueles milhares de pessoas que votam no seu clube de eleição ou, então, os outros que pretendem mostrar o cartão amarelo ou encarnado, punindo o partido infractor ?
Deste modo o infractor nunca é punido porque com os benefícios do cartel, só aparentemente perde o poder.
Provavelmente os únicos eleitores que estarão certos serão os que não votam ou se o fazem votam em branco!
Conversas com José Sócrates foram gravadas no processo ‘Face Oculta’, através das escutas telefónicas que a Polícia Judiciária (PJ) efectuou a Armando Vara, arguido no caso.
O Ministério Público (MP) de Aveiro (comarca do Baixo Vouga), onde está a ser investigado o ‘Face Oculta’, mandou extrair nove certidões por indícios de vários crimes, um dos quais é o de tráfico de influências. Por terem subjacentes factos fora da esfera de competência da comarca de Aveiro, estas certidões foram enviadas ao procurador-geral da República para decidir se as converte em inquéritos e qual o departamento ou magistrados competentes para os investigar.
Pelo menos um dos casos envolve Armando Vara e conversas com o primeiro-ministro, José Sócrates. Um dos temas abordados é a venda da TVI pelos espanhóis da Prisa. Recorde-se que, em Junho, após a revelação de que a PT estava a diligenciar a compra da estação, o negócio foi vetado por Sócrates, devido à polémica levantada. Acabou por ser a Ongoing a anunciar, nos primeiros dias de Agosto, que chegara a acordo com a Prisa: um negócio de 112 milhões de euros, financiado pelo BES e pelo BCP.
O SOL perguntou ao procurador-geral da República se já tomou uma decisão sobre estas certidões e, tendo em conta que os factos em causa envolvem o primeiro-ministro, onde irá decorrer a investigação.
Pinto Monteiro respondeu: «Estão a ser analisadas as nove certidões recebidas nesta Procuradoria-Geral da República, que estão directa ou indirectamente ligadas ao processo denominado ‘Face Oculta’. Por não estarem completamente documentadas, foram solicitados elementos complementares – que se aguardam».
Recorde-se que a lei estipula que factos (e escutas) envolvendo o primeiro-ministro, bem como o Presidente da República e o presidente da Assembleia da República, só podem ser investigados e julgados pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Ex-dirigente socialista e amigo de longa data do primeiro-ministro, Vara foi alvo de vigilâncias e de escutas pela PJ, pelo menos entre Abril e Julho. O vice-presidente do BCP foi constituído arguido por tráfico de influências, por ter aceite, segundo o MP e a PJ, participar numa «rede tentacular» que visou beneficiar as empresas de Manuel Godinho em concursos de recolha e tratamento de resíduos industriais de empresas participadas pelo Estado. Vara terá recebido 10 mil euros.
Uma análise aos currículos dos arguidos permite concluir que o ‘Face Oculta’ atingiu em cheio o PS e o círculo mais próximo de José Sócrates. Além de Armando Vara e de Paulo e José Penedos, outra figura central nesta teia de influências é um primo de Sócrates: Domingos Paiva Nunes, casado com uma prima do primeiro-ministro, que foi vereador da Câmara de Sintra (no executivo de Edite Estrela) e é actualmente administrador no grupo EDP.
Manuel Godinho é o único dos 15 arguidos que já prestou declarações perante o juiz de instrução, estando preso preventivamente por perigo de fuga, de continuação da actividade criminosa e de perturbação do inquérito. O juiz Costa Gomes considerou que Godinho poderia exercer pressão sobre testemunhas que ainda não foram inquiridas e sonegar documentos ainda não apreendidos. Com a prisão do empresário , o procurador João Marques Vidal, titular dos autos, tem o prazo de um ano para deduzir acusação – motivo pelo qual a equipa da PJ neste caso tem vindo a ser reforçada.
Os interrogatórios aos restantes arguidos prosseguiram ontem, estando prevista a audição de Armando Vara e do pai e do filho Penedos na terceira semana de Novembro.
Por indicação de Armando Vara, Paiva Nunes ( a ) – administrador da EDP Imobiliário, constituído arguido por corrupção no sector privado – telefonou a 31 de Julho a Godinho pedindo-lhe que indicasse o nome de três empresas para serem consultadas num concurso que a ‘sua’ empresa iria promover num dos seus edifícios localizados no Porto para o transporte, tratamento e triagem de resíduos. No dia seguinte, o pedido foi satisfeito por fax, sendo indicadas a O2, a 2ndmarket e um empreiteiro, António Guilherme. Logo a seguir, Paiva Nunes ligou de novo a Godinho, desta vez para lhe dizer que havia mais trabalho do género na EDP, para ele se candidatar, mas agora no Pocinho.
As propostas foram feitas por um dos funcionários de Godinho. Contudo, e segundo um telefonema feito por Paiva Nunes logo a seguir, estas propostas estavam mal elaboradas. Godinho pediu, então, a Paiva Nunes para que se encontrassem os dois, de modo a corrigi-las. O encontro realizou-se no dia 8 de Setembro, em Lisboa.
Logo a seguir, Paiva Nunes tratou do resto: contactou a Câmara Municipal do Porto, dizendo que o Conselho de Administração da EDP tinha decidido demolir um edifício na Rua do Ouro, sendo a O2 a empresa responsável pelos trabalhos.Quando, 15 dias depois, Godinho comentou com Paiva Nunes, por telefone, que já tinha terminado a obra da Rua do Ouro, este «exortou-o a prolongá-la», segundo a PJ de Aveiro. O objectivo passaria por cobrar trabalhos a mais.A 5 de Junho de 2009, Paulo Costa, quadro superior da Galp também constituído arguido por corrupção no sector privado e tráfico de influências, informou Manuel Godinho de que tinha um concurso «preparado para ele». E disse-lhe que seria contactado por José Chocolate Contradanças, administrador do grupo EMPORDEF (holding estatal controlada pelo Ministério da Defesa). O objectivo era que a empresa de Godinho obtivesse a adjudicação directa do tratamento dos resíduos produzidos pelas Forças Armadas.O empresário amigo de Américo Amorim Contradanças, que é arguido por corrupção para acto ilícito, contactou então Godinho, propondo-lhe que fizesse uma carta de apresentação das suas empresas. No mesmo telefonema, disse que Paulo Costa lhe falara do interesse de Godinho «em ser favorecido» nos concursos da sua empresa.Paulo Costa também apresentou a Manuel Godinho um empresário chamado Manuel Rodrigues – que ainda não foi constituído arguido. Ex-oficial da Marinha Mercante, empresário de transportes marítimos e amigo de Américo Amorim (principal accionista privado da Galp), Rodrigues é referido a Godinho por Paiva Nunes e Lopes Barreira por «possuir ligações extraordinárias» nas empresas do sector empresarial do Estado, nomeadamente nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.Após ter almoçado com Godinho e Paulo Costa, Rodrigues relatou a Lopes Barreira que poderia ajudar o grupo O2 a ser favorecido em concursos públicos de resíduos do sector empresarial do Estado. Ambos, segundo o DIAP do Baixo Vouga, combinaram assim associar-se no mesmo propósito.Antes, porém, Lopes Barreira ofereceu-se para falar com o secretário de Estado que tutelava os Estaleiros de Viana (João Mira Gomes, de quem disse ser «amigo pessoal»), com o objectivo, segundo a PJ, de conseguir tratamentos de favor para o grupo O2 no universo empresarial tutelado pelo Ministério da Defesa.Em declarações ao SOL, Manuel Rodrigues confirmou que almoçou com Manuel Godinho a pedido de António Paulo Costa («meu amigo há muito tempo»), mas negou ter feito algum contacto para favorecer o grupo O2. «Tenho muitos amigos, mas não sou pessoa para fazer isso. Limitei-me a dizer ao engenheiro Lopes Barreira, pessoa por quem tenho grande consideração, de que tinha gostado de almoçar com o senhor Godinho», afirmou.
(a ) Paiva Nunes é outro primo de José Sócrates, Administrador da EDP Imobiliário, ex-vereador do urbanismo da Câmara Municipal de Sintra (Executivo de Edite Estrela).
Hoje em dia é maior e mais forte o poder dos grupos do aparelho do que dessas supostas mini-elites. Mas a questão tomou contornos bem mais graves. Porque alguns grupos, com práticas marginais, começaram a infiltrar-se nas estruturas do PSD e a levarem por diante práticas absolutamente inconcebíveis.
Confesso que é muito difícil ter qualquer espécie de identificação com a vida interna do PSD, nalgumas áreas com que tenho contactado ultimamente. A troca de favores, a negociação de apoios, as mudanças de campo, o descaramento (ou seja, a capacidade de ter duas caras, completamente opostas, no mais curto espaço de tempo), o atrevimento de se aparecer em público a elogiar alguém que durante anos se considerava inaceitável. A utilização perversa de normas estatutárias. A facilidade em caluniar companheiros de partido, sujeitando-os às maiores humilhações.
A tudo isto se vai assistindo a nível local ou nacional. por isso mesmo - e tendo autoridade acrescida por ter disputado a liderança do partido com a actual presidente - procurei sempre apoiar Manuela Ferreira Leite. Na verdade, certamente com defeitos como todos os humanos, trata-se de uma pessoa decente e que podia contribuir para impor a dignidade e o respeito pelos princípios, valores e pela história do PPD/PSD. Pelo menos isso.
Como se pode constatar por estas palavras, considero muito grave a situação a que chegou o PPD/PSD. E exercer um cargo público nestas circunstâncias, em nome do PSD, não é nada fácil. Faço-o, como disse na passada semana, por respeito aos cerca de 40% que votaram no projecto que defendo para Lisboa. Compreendo Marcelo Rebelo de Sousa quando diz que não se quer sujeitar às actuais "regras do jogo" no PSD. Mas também compreendo alguns apoiantes de Pedro Passos Coelho quando defendem ser preciso um tempo novo.
HISTÓRIA DE UM SANEAMENTO SELVAGEM À MEDIDA DO MAU CARÁCTER DE LOPES DA COSTA E ANTÓNIO PRETO. MANUELA FERREIRA LEITE TOMOU CONHECIMENTO; OCULTOU E FOI CONIVENTE
Ao
Conselho de Jurisdição Nacional do
Partido Social Democrata
Rua de São Caetano n.9
1249- 087 Lisbo
2004-11-12
Assunto . Processo Disciplinar ( Militante n. º 9096 )
Ex.mo Senhor
Em resposta à s/carta de 09-11-2004, em seguida fundamentarei a minha participação há quase 4 anos numa lista de Independentes na Freguesia de Queijas.
Só lamento ter já passado tanto tempo, o que me obriga a um grande esforço para relatar tudo que se foi passando nessa altura. Na verdade talvez só num livro fosse possível fazê-lo com exactidão.
De há muito tempo se estabeleceu uma guerra sem quartel no concelho de Oeiras entre a Secção de Algés e o ex. Presidente da Câmara Dr. Isaltino de Morais.
Dessa luta enviarei alguns extractos de jornais (1) bem elucidativos, para permitir que alguém no partido entenda que estas coisas tornadas públicas não podem acontecer por mancharem a imagem do PSD e dos próprios militantes em desempenho de funções.
Refiro-me às lutas de grupos, para além do razoável.
Uma coisa é certa, quem é eleito tem de ser respeitado e acarinhado por todo o partido, não sendo de admitir que seja de dentro do seu próprio partido que partam os ataques mais ignóbeis para com quem foi eleito exactamente para o representar.
Nesta luta o Núcleo de Queijas tem desempenhado um mau papel ao alinhar incondicionalmente com a Secção de Algés, quando os interesses da freguesia e do PSD exigiriam algum comedimento para com a Câmara, que detém as atribuições e meios técnicos e financeiros necessários à resolução das nossas muitas carências.
Nesta guerra, uma mulher de seu nome Josefina Cigarra, que começou por ter a simpatia dos militantes desta vila em virtude do seu "aparente" isolamento familiar e pouca instrução, mas que aos poucos se foi revelando arrogante, de mau carácter e semeando intrigas e calúnias contra todos quantos lhe fizessem frente.
Muitos têm medo dela, vá lá saber-se porquê !
Atacando a vida privada das pessoas, mentindo sem qualquer cerimónia, foi obrigando a que os mais antigos e respeitáveis militantes locais, se fossem afastando da vida partidária, inclusive os próprios fundadores do Núcleo.
Sem qualquer noção do mal que ia infligindo às pessoas e ao próprio PSD, optou pela fuga em frente recrutando para dentro do partido gente do seu nível social, cultural e moral, em substituição dos que iam saindo.
A tudo isto a Secção de Algés foi fechando os olhos, a troco de alguns votos de gente totalmente instrumentalizada, com pequenos favores, quotas pagas ou feitos militantes no Centro Social em termos vitalícios!
Chegou ela ao desplante de forçar, ao arrepio dos estatutos e dos próprios companheiros de lista, a sua 4ª. eleição consecutiva para Presidente do Núcleo! Aí os amigos, avisados e assustados, barraram-lhe os intentos.
Deste modo temos hoje um ambiente humano no Núcleo de Queijas, que em nada fica a dever ao famoso PS de Matosinhos. E o pior é que a "teia" funciona mesmo, anulando de todo, as virtudes da democracia, nesta terra de gente boa.
Convido o senhor instrutor a fazer um levantamento estatístico dos resultados eleitorais nesta freguesia, para poder concluir que há mais de dez anos o PSD perde para o PS, com excepção das autárquicas, por virtude de Isaltino de Morais.
Provavelmente isto até pode interessar a alguém ! Não sei, admito. (2)
Controlando de forma caciqueira o Núcleo, aquando da elevação de Queijas a freguesia instalou-se também na Junta de Freguesia, mandando em toda a gente, inclusive no presidente que era então um independente.
Nunca conseguiu separar as funções do partido das funções autárquicas, o que originou que na campanha que fiz na rua para as eleições que eu venci em Dezembro de 1997, as pessoas me dissessem quando lhes pedia o seu voto:
"Para que é que vou votar em si, se depois quem manda é a «gorda»."
Comecei a aperceber-me também de que a Queijas não chegavam panfletos que eu encontrava noutras freguesias, o que me despertou para algo de anormal.
Seria essa a razão pela qual ela nessa campanha eleitoral chegou ao ponto de me impedir de ir à Sede de Campanha em Linda- a - Velha buscar o material de propaganda, como os outros candidatos, o que me obrigou a chamar o mandatário para resolver o problema.
Já em Queijas fui à Junta com testemunhas, estava ela como sempre ao balcão, e pedi-lhe que me dissesse onde estava o material de campanha da Câmara e da Freguesia, ao que ela malcriadamente me respondeu à frente de todos os funcionários:
"Se o senhor para cá vier, manda tanto como os que cá estão", respondi-lhe que se for eleito mandaria de acordo com as minhas atribuições, mas que tinha de ir comigo e me dizer onde estava o material desaparecido.
Fi-la entrar no meu carro e á força lá me foi mostrar onde o tinha escondido, algum, porque outro já tinha ido para o lixo. Com amigos fiz a distribuição do ainda existente.
De tudo isto e muito mais a Comissão Política de Algés teve conhecimento, todavia, sempre fingiu não saber, o que me levou a mais tarde pedir a demissão dessa mesma comissão política, bem como da comissão política do Núcleo de Queijas (3).
Entretanto já no exercício de novo mandato, da prepotência passou à desonestidade, falsificando documentos (4) e arrecadando dinheiros ilicitamente da CMO, enquanto ia mantendo em segredo um processo de obtenção de uma segunda reforma fraudulenta através e a expensas da Junta, então completamente exaurida de dinheiros na sua tesouraria.
Empossada na função de Secretária da Junta, veio a revelar-se praticamente analfabeta (5) obrigando, por isso, os outros membros a desempenharem as funções que lhe cabiam.
De facto esta mulher nasceu mesmo para fazer mal e só isso.
Nas reuniões do executivo votava sempre favoravelmente as propostas do executivo, por saber ter este assegurada a sua aprovação. Ao sair para a rua espalhava por todo o lado versões contrárias, inclusive aquando do processo da elevação de Queijas a vila.
Tudo estava mal na junta, era então propalado por ela na Praça Pública.
Esta conduta, bem como a sua atitude arrogante no atendimento da população, que havia retirado aos funcionários para melhor controlar, puseram-na na boca do povo.
Entretanto ia sendo protegida por certas pessoas..... às quais os seus métodos davam jeito e iriam permitir ascensão impensável dentro do partido a gente a ela ligada.
Ao nível do Núcleo o seu objectivo sempre foi esconder do partido o que aqui se passava na freguesia, fazer dos estatutos letra morta, nomear quem queria e muito bem lhe apetecia e, de nada informar os militantes de Queijas acerca do partido. De resto assembleias de militantes nunca se faziam e as eleições eram ocultadas com a certeza de que poucos liam o Povo Livre e assim quando queriam já não podiam propor outra candidatura.
De há muito que este Núcleo tem inscritos 320 militantes, mas só votam à volta de setenta a quem ela paga as quotas e dessa forma mantém as pessoas instrumentalizadas. É a "teia" a funcionar.... e de tanto ser assim os restantes militantes não manipuláveis, desiludidos, foram - se afastando, conseguindo ela sempre o seu objectivo que nunca foi ganhar eleições públicas para o partido, mas tão somente ganhá-las dentro do partido.
Deste modo o partido está fechado à "Sociedade Civil", qualquer tentativa de esclarecimento é inútil, e o partido em Queijas está prisioneiro de umas 60 pessoas, na sua maioria inconscientes do mal que estão a fazer a toda a população da freguesia.
O caciquismo tem ido ao ponto de inscrever em Queijas 70 militantes (juntam-se fotocópias) (6) de jovens da Amadora ligados a um empreiteiro, à data vereador da Câmara, de nome J. R. Branco, (7) metido num processo em investigação criminal, segundo os jornais, através do qual vereadores do PSD e do PS exigiam financiamentos para o partido e também para eles.
Sabemos todos do que se está a falar......tais supostos militantes nunca cá moraram nem trabalharam ! Mas votaram, pois até há testemunhas da Helena Lopes da Costa a ir buscá-los, em grupos, a uma camioneta para votarem! (8)
Muitos ainda estão nos cadernos eleitorais. É só consultá-los.
Quem vive em Queijas sabe que a Josefina Cigarra é uma pessoa totalmente desacreditada nesta freguesia.
Foi pois por vingança, contra quem não quis colaborar em todas estas manobras baixas feitas contra o prestigio do partido e dos seus membros eleitos, que esta mulher saneou da lista do PSD às autárquicas de Dezembro de 2001, 18 candidatos que ela própria tinha nomeado em 1997.
Recusaram-se a colaborar com ela. Com as suas falcatruas e mentiras.
A desfaçatez e impunidade deste saneamento foi de tal ordem que a população, conhecedora do trabalho levado a cabo na freguesia por estes autarcas saneados, ficou estupefacta. A partir daí ficaram em causa o bom nome e a própria dignidade de todos estes autarcas nomeadamente de mim próprio.
A dignidade de qualquer pessoa está muito acima de quaisquer estatutos.
Fiz então uma tentativa de recolha de assinaturas junto da população para me apoiarem na recandidatura, juntando 850 (8A) e ainda o apoio expresso de todas as associações, clubes colectividades e restantes forças vivas da freguesia.
Foram enviadas à Dr.ª Ferreira Leite, todavia em vão, pois a Helena Lopes da Costa a ia envenenando com mentiras e falsidades a meu respeito.(8B) Ela parecia gostar.
Em Julho de 2001, enviei também à Secção um balanço final do trabalho da Junta nos 4 anos de mandato. (9)
Não houve quaisquer explicações públicas, não podia haver. A única coisa que a Helena Lopes da Costa mandou para os jornais foi que eu me tinha recusado a ouvir o partido e só ouviria o povo que me elegeu. (10) Tremenda mentira, pois o Presidente da Câmara era o representante local do partido e fez rasgados elogios ao meu desempenho e colaboração partidária. Não esqueço também a sua grande colaboração a favor da resolução dos problemas da minha freguesia. Em conjunto decidimos o que era melhor para o partido e para a freguesia.
Fui membro da comissão política da Secção de Algés, com essa senhora ( Lopes da Costa) como presidente, e nunca lá foi chamado qualquer Presidente de Junta para receber instruções !
Afastei-me por a Josefina Cigarra de lá receber todo o apoio para as suas manobras de mau carácter. Foi isso que disse numa carta que lhe enviei e à própria Josefina.
Foi pois em nome dum vil saneamento e na defesa da honra e dignidade humana de mim próprio e dos meus companheiros que o movimento independente foi para a frente.
Apoiei financeiramente as despesas do Núcleo de Queijas do qual fui fundador, desempenhei dentro e mesmo fora do partido, funções representativas do PSD e só uma grande revolta poderia fazer-me ser candidato fora do partido como independente. Noutro partido nem pensar.
Ainda bem que o fiz pois os factos ocorridos têm - me dado toda a razão e uma cada vez maior admiração da população desta freguesia onde vivo há 40 anos.
Não sou um retornado à procura de terra. Esta é a minha terra.
Com esta atitude não prejudiquei o partido, a secção de Algés infelizmente prejudicou, fazendo candidato e Presidente da Junta uma pessoa completamente incapaz.
Eles bem o sabem. A sua impreparação é confrangedora! O partido pagará os custos.
A dita Josefina Cigarra teve muita dificuldade em preencher a lista de candidaturas do partido, nessas eleições!
Só conseguiu arranjar 18 candidatos, desses, vários não eram militantes (cinco) e outros não eram sequer moradores em Queijas (sete) justificando a sua inclusão com moradas falsas, incluindo o candidato a presidente!
Dos candidatos não militantes (cinco) diziam-se simpatizantes do partido socialista 4 e o outro é claramente simpatizante do partido comunista, afirmando depois das eleições, ter sido eleito pelo PSD, mesmo votando ele próprio noutro partido!
A lista formada pelos Independentes, na qual fiz questão de entrar como cabeça de lista, composta por 29 pessoas da freguesia, protegeu os 18 candidatos saneados injustamente por uma pessoa que, ela sim, há muito deveria ter sido corrida do partido.
A prova disso está nos resultados destas eleições, nas quais o PSD, INDEPENDENTES e PS obtiveram cada um 4 mandatos ! Numas eleições em que o PSD obteve maiorias absolutas em todas as outras freguesias.
Os Independentes ficaram a 60 votos da vitória mas ganharam ao PS, numa demonstração inequívoca da enorme admiração que eu, como Presidente da Junta, tinha e ainda tenho da população.
Estranhamente a mesma Presidente do Núcleo, perante estes resultados recusou-se a fazer uma coligação pós eleitoral com os Independentes, que daria um total de 8 em 13 eleitos.
Ela preferiu juntar-se ao PS na Junta ( conclua-se qualquer coisa ! ) e remeteu para a oposição muitos militantes dignos do PSD, que mesmo como independentes ajudariam o partido.
De resto a candidatura independente não afectou as votações para a Assembleia Municipal nem para a Câmara e com uma coligação acordada, em nada afectaria o PSD.
Só que esta mulher perdida e achada era vista com os socialistas de Queijas a quem passava todas as informações e decisões do executivo! Reunia-se com eles depois das assembleias !
Nas próximas eleições de 2005, afigura-se como certa a vitória do PS, dada a pobreza da actuação do executivo PSD/PS, principalmente do Presidente da Junta (PSD), recaindo todavia a impopularidade sobre o vencedor das eleições, o PSD.
Desta enorme injustiça levada a cabo pela Josefina Cigarra, Secção de Algés e Distrital, contra a vontade do Presidente da Câmara, ele sim conhecedor do trabalho desenvolvido na Junta nos anos 1998 a 2001, junto uma carta (11) que alguém divulgou por esta freguesia, na qual ele dava uma visão perfeita da situação vivida e relatada por muitos dos grandes jornais nacionais e dos quais também se junta fotocópia. (12)
Hoje percebe-se ainda melhor a forma como eu como Presidente da Junta me dediquei à defesa dos interesses desta freguesia, da sua população e como honrei o PSD e prestigiei o desempenho autárquico.
Seria bom para o nosso partido poder dispor de autarcas como eu fui, honesto, trabalhador, competente e amigo de toda a população sem excepção.
Não significou pois, a candidatura independente, qualquer acto de animosidade ou desrespeito para com o partido no qual milito vai para muitos anos, antes, significou uma vontade forte de defender pessoas injustiçadas e chamar a atenção de alguém responsável do PSD para a necessidade de pôr termo ao mais despudorado caciquismo que de há anos se instalou nesta terra de gente de bem que é Queijas, pela mão de uma pessoa que já perdeu, ou nunca teve, um verdadeiro sentido do que é uma sã convivência democrática e o respeito devido ao próximo.
Com os meus muito respeitosos cumprimentos
O Militante 9096
António Reis da Luz
QUEIJAS
NOTA: O processo foi deixado prescrever, facto comunicado por escrito, sem qualquer nota de culpa para mim ou para os responsáveis e agentes a quem fiz acusações gravíssimas. ESTA NÃO É UMA POLÍTICA DE VERDADE, NEM ESTAS PESSOAS PODEM IR SENTAR-SE DE NOVO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA !!!!!
Sobram os dedos de uma só mão para contar aqueles Estadistas que apareceram à frente do nosso País nos últimos cem anos.
Estão a tornar-se um bem preocupantemente escasso ! Ou se é, ou não se é. Eis a questão !
Sabe-se que se nasce já com esse dom, e o muito que se pode fazer, é ajudar a melhorar o seu desempenho.
Mas, para tal, é preciso que eles apareçam.
Aqui radica, e mais transparece, toda a crise partidária; querer ou saber como captá-los. Eles andam por aí,
não muitos, mas andam. Mesmo num País ingovernável como parece estar o nosso !
Este, ou qualquer outro governo, com o tempo, acaba por se sentir completamente tolhido na sua acção governativa, com uma liderança a pensar pequeno. A força das corporações, e "outras", são de facto eficazmente bloqueadoras.
O País também o sente.
Num primeiro momento, os governantes que vamos tendo ainda inventam uma qualquer ASAE, para mostrarem que mandam. De facto mandam nas “ginjinhas do Rossio” !
Depois o desânimo abate-se sem piedade. Eles não mandam nada ! E o País vai andando mal.
Os possíveis Estadistas, que existam neste reino, farejam esta realidade e, como qualquer homem comum, escondem-se na mediocridade, mesmo sentindo o chamamento.
Ficam-se nas covas. Não sentem o mínimo de condições exigíveis para avançar !
Aos donos dos partidos isto interessa e muito. A mediocridade da classe política serve a muita gente, não ao País. Principalmente quando o líder governativo apelida os seus opositores de mesquinhez, tomando como mérito seu o sacrifício de todo o povo para equilibrar as finanças públicas.
Os verdadeiros “ Homens de Estado ” para aparecerem precisam, no entanto, de acreditar ter chegado o momento certo. Depois, a sua acção e postura vão demolindo os bloqueios corporativos e vão fazendo sobressair os mais capazes. Afastam o servilismo e a obra começa a surgir. Com ela regressa a autoridade perdida.
O verdadeiro Estadista pensa na próxima geração, nunca na próxima eleição. O seu sentido de estado funciona melhor que qualquer GPS (Sistema de Posicionamento Global) na descoberta do caminho certo para os altos interesses colectivos. É uma pessoa desprendida, segue na senda dos valores e não se deixa enredar nos pequenos interesses de grupo. Torna-se incomodo, mas granjeia o respeito das maiorias. Arrasta com o seu forte carácter e força interior, todo o País para o desenvolvimento e bem-estar social.
Faz crescer o PIB em vez de escravizar a população com escandalosos impostos.
Os bandos corporativos, amantes de governantes fracos, deixam de ter a sua governação subterrânea, tão eficaz na defesa da continuidade dos seus interesses pessoais e de casta.
Os potenciais Estadistas, tal como os golfinhos na década de sessenta, quando a poluição invadiu o estuário do Tejo, fugiram para longe. A inteligência e sensibilidade dos golfinhos, tal como a dos Estadistas, não lhes permite lidar, dia a dia, com tanta opacidade. Querem a água onde se movimentam bem transparente.
Hão-de voltar um dia.
Mesmo assim, talvez esteja na hora do País pôr nos grandes jornais mundiais um anúncio como segue:
“ Estadistas precisam-se; condição indispensável falarem a língua de Camões desde nascença”
Certamente que no “ casting ” será rejeitado todo e qualquer candidato por afirmar que, com excepção do seu, todos os partidos estão mal.
Certamente será escolhido todo e qualquer candidato por afirmar que todos os partidos devem ser profundamente revistos no seu funcionamento interno. Todos estão mal.
Em especial há um que está completamente anestesiado!
As regras internas de funcionamento dos partidos devem ser legisladas e , portanto, serem iguais para todos , para que nos sufrágios haja, de facto, eleições democráticas.
Igualdade à partida.
Quem chamar a isto “coisas mesquinhas” não tem estatura de Estadista.
O povo paga com os seus altíssimos impostos os partidos que temos e deixa-lhes nas mãos o poder de conduzirem o País. Resta-lhe, a este povo, o direito que o funcionamento dos mesmos seja avaliado por uma credível “Alta Autoridade”, constituída por homens bons e de grande credibilidade. Em debate nacional.
A avaliação quando nasce é para todos. “ Cada um dará o seu melhor para um país mais justo, para um país mais pobre (como diria Sócrates) ... “.
É lugar comum dizer-se que sem partidos não há democracia, mas o inverso também é verdadeiro.
Os nossos partidos do poder ( PS/PSD), cuja existência custa aos portugueses uma soma incomportável das suas parcas possibilidades financeiras, são avessos a falar de si e, quando o fazem, avançam números de pouca credibilidade como seja:
PS “ dixit “ ; O número de militantes do PS ronda os 73 mil. No entanto, o número de militantes com direito a voto para o congresso deverá ser substancialmente menor. Só votam aqueles que pagarem as quotas.
PSD “ dixit” ; O número de militantes do PSD, em 2007, segundo fontes partidárias não ultrapassaria os 60 mil, contudo apenas 50% votaram nas eleições directas ( o número provável de militantes do PSD).
O partido do actual governo tentou que todos os partidos fizessem prova de terem pelo menos 5.000 militantes devidamente identificados, tendo com isso levantado uma autêntica revolução. Isto da parte dos mesmo que querem a abolição do segredo bancário para todos os cidadãos e não enjeitam em devassar a sua vida privada.
Ora, considerando um total nacional de mais de oito milhões de votantes, temos dentro do PS e PSD, no melhor dos casos, um total de 133 000 militantes, sendo que metade não vota. Dos que votam, a maioria deles votam com quotas pagas pelos caciques.
Haja a coragem de radiografar os partidos e fazer um levantamento do perfil dos seus militantes e depressa se vai concluir que na sua grande maioria votam em quem lhes mandam votar, a troco de milhares de pequenos favores. A sua capacidade e entendimento do votar é muito limitada e as carências são inúmeras.
A discussão política dos problemas reais do país passa ao lado da vida interna dos partidos que, perdem todo o tempo digladiando-se entre facções e encontrando dentro do partido os seus maiores inimigos. As sinergias estão arredias, pior, o objectivo nacional é completamente arredado e dá lugar a guerras constantes que paralisam toda a estrutura partidária.
Apetece perguntar como podem surgir dentro de um universo de votantes inferior a 0.01% do total nacional de votantes, os melhores servidores para o país ?
O resto imenso dos portugueses não contam ? Sempre serão 99,99 % !
Não seriam precisas tantas explicações para se perceber que, com honrosas excepções, o partido e o país ficam entregues aos cacique que manipulam a maioria dos militantes. As excepções vão sendo marginalizadas.
Como podem os partidos deter tanto poder ?
Será que qualquer um líder dos partidos é o melhor primeiro-ministro para Portugal ?
Só com muita sorte. E se isso for possível estará ele como candidato preparado para tal, perdido que andou em tanta luta para conquistar o poder e manter o partido unido ? Afastado ou nunca empossado na gestão de qualquer grande empresa ! Sem nunca ter participado em qualquer governo, nem sequer como secretário de Estado. Com habilitações de qualidade duvidosa !
Hoje, o objectivo de um líder partidário é governar o país e não o partido.
Não esquecer que o actual primeiro-ministro já falhou a maioria das promessas que fez em campanha ! A realidade que encontrou no país era outra e ele desconhecia-a.
Mesmo assim como está a vida económica de Portugal, e a crise da educação, saúde e justiça ? Como vamos solucionar o desemprego e a reforma do Estado. Estará o tão apregoado Plano Tecnológico a servir a economia, para além da entrega gratuita de computadores ?
Será a profusa distribuição de diplomas do 12.º ano o melhor caminho para a educação se pusermos de fora as estatísticas?
Como ficou a tão contestada avaliação dos professores?
Porque vão milhares de portugueses a Cuba ser operados se tudo vai bem ? A expensas das autarquias ?
Muito, muito mais se poderia perguntar e dizer calando as loas publicitárias de alguns média e do próprio governo.
O povo já fez a sua parte apertando o cinto para equilibrar as finanças públicas e enfrentar o custo de vida e o desemprego !
Por fim, não é mais possível acreditar que o melhor primeiro-ministro de um país tenha que sair de dentro de um partido. Outro caminho teremos de encontrar e deixar para o líder partidário o difícil papel de apoiar e descobrir o melhor primeiro-ministro na sociedade civil, com provas dadas.
É lugar comum dizer-se que sem partidos não há democracia, mas o inverso também é verdadeiro.
Os nossos partidos do poder ( PS/PSD), cuja existência custa aos portugueses uma soma incomportável das suas parcas possibilidades financeiras, são avessos a falar de si e, quando o fazem, avançam números de pouca credibilidade como seja:
PS “ dixit “ ; O número de militantes do PS ronda os 73 mil. No entanto, o número de militantes com direito a voto para o congresso deverá ser substancialmente menor. Só votam aqueles que pagarem as quotas.
PSD “ dixit” ; O número de militantes do PSD, em 2007, segundo fontes partidárias não ultrapassaria os 60 mil, contudo apenas 50% votaram nas eleições directas ( o número provável de militantes do PSD).
O partido do actual governo tentou que todos os partidos fizessem prova de terem pelo menos 5.000 militantes devidamente identificados, tendo com isso levantado uma autêntica revolução. Isto da parte dos mesmo que querem a abolição do segredo bancário para todos os cidadãos e não enjeitam em devassar a sua vida privada.
Ora, considerando um total nacional de mais de oito milhões de votantes, temos dentro do PS e PSD, no melhor dos casos, um total de 133 000 militantes, sendo que metade não vota. Dos que votam, a maioria deles votam com quotas pagas pelos caciques.
Haja a coragem de radiografar os partidos e fazer um levantamento do perfil dos seus militantes e depressa se vai concluir que na sua grande maioria votam em quem lhes mandam votar, a troco de milhares de pequenos favores. A sua capacidade e entendimento do votar é muito limitada e as carências são inúmeras.
A discussão política dos problemas reais do país passa ao lado da vida interna dos partidos que, perdem todo o tempo digladiando-se entre facções e encontrando dentro do partido os seus maiores inimigos. As sinergias estão arredias, pior, o objectivo nacional é completamente arredado e dá lugar a guerras constantes que paralisam toda a estrutura partidária.
Apetece perguntar como podem surgir dentro de um universo de votantes inferior a 0.01% do total nacional de votantes, os melhores servidores para o país ?
O resto imenso dos portugueses não contam ? Sempre serão 99,99 % !
Não seriam precisas tantas explicações para se perceber que, com honrosas excepções, o partido e o país ficam entregues aos cacique que manipulam a maioria dos militantes. As excepções vão sendo marginalizadas.
Como podem os partidos deter tanto poder ?
Será que qualquer um líder dos partidos é o melhor primeiro-ministro para Portugal ?
Só com muita sorte. E se isso for possível estará ele como candidato preparado para tal, perdido que andou em tanta luta para conquistar o poder e manter o partido unido ? Afastado ou nunca empossado na gestão de qualquer grande empresa ! Sem nunca ter participado em qualquer governo, nem sequer como secretário de Estado. Com habilitações de qualidade duvidosa !
Hoje, o objectivo de um líder partidário é governar o país e não o partido.
Não esquecer que o actual primeiro-ministro já falhou a maioria das promessas que fez em campanha ! A realidade que encontrou no país era outra e ele desconhecia-a.
Mesmo assim como está a vida económica de Portugal, e a crise da educação, saúde e justiça ? Como vamos solucionar o desemprego e a reforma do Estado. Estará o tão apregoado Plano Tecnológico a servir a economia, para além da entrega gratuita de computadores ?
Será a profusa distribuição de diplomas do 12.º ano o melhor caminho para a educação se pusermos de fora as estatísticas?
Como ficou a tão contestada avaliação dos professores?
Porque vão milhares de portugueses a Cuba ser operados se tudo vai bem ? A expensas das autarquias ?
Muito, muito mais se poderia perguntar e dizer calando as loas publicitárias de alguns média e do próprio governo.
O povo já fez a sua parte apertando o cinto para equilibrar as finanças públicas e enfrentar o custo de vida e o desemprego !
Por fim, não é mais possível acreditar que o melhor primeiro-ministro de um país tenha que sair de dentro de um partido. Outro caminho teremos de encontrar e deixar para o líder partidário o difícil papel de apoiar e descobrir o melhor primeiro-ministro na sociedade civil, com provas dadas.
Sou um crítico assumido por entender que as coisas no sistema político nacional e partidário não estão nada bem, mesmo nada bem.
É por essa razão que não quis deixar de colaborar com o PPD/PSD e, apesar do descontentamento, enviei - lhe os pontos principais que considero merecedores de atenção neste tema, depois de ler os actuais estatutos insertos na net (www.psd.pt ).
Em jeito de comentário, expresso o meu sentir, para de seguida fazer as observações que me parecem mais oportunos e, apresentar as alterações que reputo de indispensáveis, com moderação, para poderem mexer com o País profundo.
Analisarei “Um País Aprisionado” por dois partidos aprisionados e divididos, que é o nosso País, que está realmente prisioneiro e quase moribundo, tomado de inacção e a viver, neste momento, de um tratamento de choque que o pode deixar ainda mais próximo da sua total descaracterização.
Ou talvez não.
Sem qualquer exagero, é como se um poder misterioso o comandasse na sombra e comandasse também o ritmo de moribundo a que ele está a funcionar.
Os dois partidos são, naturalmente, o PS e PPD/PSD que estão aprisionados por poderosas forças que parecem residir a seu montante! A figura física de tais forças será muito semelhante à figura do colossal gigante “ Adamastor”. Forte e feia.
Uma figura monstruosamente enorme e disforme, que sobressaía do duro e volumoso Cabo das Tormentas., que hoje, os portugueses querem de novo dobrar, mas os actuais “Adamastores ” não deixam ! O Cabo Boa Esperança não está ainda à vista.
Por pura cegueira e sentimentos antidemocráticos ? De outro modo, seria melhor para todos e não só para alguns .
Entretanto, o povo português vive sem auto-estima e ainda menor motivação individual ou colectiva.
Apesar de na sua maioria desconhecer a existência dos tais “ Adamastores”, de uma forma subconsciente, pressente-os, o que se reflecte na sua acção, ou inacção, e na situação lastimável em que se encontra o nosso País.
Ao nível das pessoas mais conscientes da realidade em que vivemos, e apesar de haver jornalistas muito domesticados, alguns já começam a perder o medo e a publicar coisas como esta:
“ Por este andar, a prazo mais ou menos distante ( .... ) , teremos não quatro, nem três, nem dois, mas apenas um grande partido nacional com quatro cabeças “,
Fernando Madrinha – Expresso
Será talvez por isto, por causa dos monstros, que tanto se ouve o povo dizer : “ Hoje, já não chegaria um Salazar, seriam precisos pelo menos uns vinte”.
Estes curtos comentários mais não serão do que uma chamada de atenção, para a necessidade de na “Revisão dos Estatutos” do PSD, se tomarem medidas de choque, transparentes, saudáveis e corajosas, que despertem os dois partidos que, quase sem oposição, dominam a política nacional, PS e PPD/PSD.
Hoje é bem visível que no PS existem dois partidos, um PS NOVO e um PS VELHO. O primeiro é temente a Deus e frequenta os templos o segundo é laico e republicano.
O PPD/PSD tem nos seus estatutos, de há muito tempo, duas siglas ( Art.º 76.º dos estatutos ), : “ Num período transitório, cujo termo será determinado pelo Conselho Nacional, o Partido Social Democrata ( PPD/PSD), usará igualmente a designação Partido Popular Democrático – PPD e a sigla PSD”.
Quero ignorar a razão das duas siglas, aparentemente inofensivas .
Porém, na sua vida interna , a conflitualidade é feroz, não na procura de soluções para os enormes problemas e carências da nossa sociedade mas na conquista do poder que os possa (a sua facção) levar a ser governo e conquistar lugares no parlamento, câmaras ou Juntas. Os problemas do país virão a seu tempo, se vierem !
Aproveito para deixar uma pergunta : quando um novo militante se vai inscrever no PPD/PSD ou no PS , em qual sensibilidade destes partidos se inscreve? Se nada lhe perguntarem, ou informarem, como poderá o inscrito aceitar ser descriminado, mais tarde, por não pertencer a uma qualquer destas facções ?
SUBORNOS E COMISSÕES PASSAM POR CONTAS EM PARAÍSOS FISCAIS
As autoridades suspeitam de que muitos dos pagamentos e negócios feitos por Manuel Godinho passaram por contas bancárias sediadas em paraísos fiscais. A informação vem também explanada nos mandados de busca, depois de a última reforma de processo penal ter obrigado as autoridades a fornecerem aos arguidos os elementos probatórios, caso fossem apresentados ao juiz de instrução. Neste caso, as autoridades recolheram também milhares de documentos e registaram centenas de horas de escutas telefónicas. Há também milhares de registos das vigilâncias feitas aos arguidos. Os mandados falam ainda em registos bancários e os contactos dos subornos são registados ao detalhe. Os indícios serão agora avaliados por um juiz em primeiro interrogatório judicial.
Manuel Godinho, arguido detido e em prisão preventiva 05 Novembro 2009 - 02h00
Escutas: Conversa gravada pela Polícia Judiciária de Aveiro
PJ escuta Vara a exigir 10 mil euros
Armando Vara e Manuel Godinho encontraram-se em Vinhais em Fevereiro deste ano, mas nunca marcaram qualquer encontro por telemóvel. O empresário de Ovar era tido como um homem bastante cauteloso, e as suas conversas telefónicas nunca eram explícitas. Diz o despacho que determinou a prisão preventiva de Godinho que só a partir do primeiro encontro de 7 de Fevereiro Vara e o empresário começaram a falar ao telefone. Mesmo assim, as conversas eram inócuas, servindo apenas para marcar encontros. 'Correio da Manhã'.
1– O caso ‘Face Oculta’não compromete o PS tal como o processo BPN não inculpa o PSD. O que nos deve fazer pensar é o modo como a presença obsidiante do Estado no mundo dos negócios favorece o tráfico de influências exercido por aqueles que a ‘politiqueirice’ promoveu sem mérito. Quando Guterres ascendeu ao poder, a esperança socialista era Vara e não Sócrates. A similitude dos percursos foi estorvada pela Fundação e por Sampaio mas ficou a amizade e a intrínseca identidade de valores.
2 – Quaisquer dúvidas acerca do facto de Armando Vara não ser um banqueiro ‘à séria’ ficam desvanecidas pela quantia por que se terá deixado subornar: dez mil euros! Os casos BCP, BPN e BPP ensinaram--nos que um verdadeiro homem da banca não se aventura por menos de 1 ou 2 milhões…
Desde que foi empossado em primeiro-ministro, Sócrates leva para a praça pública, um copo com água, cheio exactamente até metade. Sempre que acha oportuno, vem dizer, ao país inteiro, que:
O copo está meio-cheio !
Com benefício da dúvida, é de acreditar que pretende, com isso, levantar a confiança e auto – estima dos portugueses ! Seria louvável se o copo não estivesse meio-cheio e meio- vazio, há demasiado tempo!
Sempre que o PIB, o desemprego etc., muda 0,1% favoravelmente, o país é largamente informado ! A máquina publicitária está afinada e é poderosa !
Já se for desfavoravelmente, quando as variáveis estacionam ou diminuem de 0,1 %, o silêncio é sepulcral !
Em boa verdade o copo está sempre na mesma !
E Portugal, para recuperar o imenso atraso que regista, em todos os aspectos económicos e sociais, precisa de elevadas subidas no seu PIB. Muito maiores que as dos outros países!
O povo, mesmo sem nada entender de percentagens, nem de economia, a não ser da de sua casa, fica impávido, mas as sondagens lá continuam em alta para Sócrates.
Estamos perante um “ study case” ?
Parece indesmentível existir uma permanente manipulação dos dados tornados públicos, pois, com atenção, vê-se que infelizmente, não há motivos nenhuns para tanta euforia e entrega. Antes pelo contrário.
Fomos, através do copo meio-cheio e meio-vazio, aprendendo que há muitas formas de manipular a opinião pública, manipulando as muitas variáveis económicas, financeiras e sociais.
A Portugal não basta o copo meio-cheio, temos de ter sempre o copo cheio. Só dessa forma recuperamos o vergonhoso atraso que numa década fomos acmulando!
Portugal é um tacho vazio ( para milhões de portugueses), que exige e necessita de enchimento (crescimento) rápido. Para já e muito, muito acima dos outros países !
A economia caseira de cada português faz-lhe sentir, sem mentiras, de há muitos anos a esta parte, que estamos em queda acentuada de nível de vida.
Sócrates sabe–o bem. As reformas aumentam, vergonhosamente, 3 euros !
A manipulação deste desastre conhece, ainda, outras formas. Uma das mais corriqueiras é a do “ betão “ tão criticado a Cavaco, pelos socialistas.Nessa altura Portugal não tinha infra-estruturas e necessitava dele para o seu desenvolvimento. Muito. Hoje, já não é assim.
O betão, certamente interessa a alguém, não aos portugueses. Portugal, actualmente, é um dos países da Europa com mais Auto-Estradas por quilómetro quadrado. O novo plano rodoviário prevê mais 570 Kms nos próximos anos. As obras públicas de barragens, o aeroporto e TGV, são despesas para disfarçarem a falta de crescimento do PIB, ou seja, a incompetência dos nossos governantes!
O betão não é economia real, criadora de riqueza directa. A nossa produtividade continua das mais baixas da EU. As falências aceleram em Portugal ! O desemprego real, dispara! O défice também.
A curto prazo, com o betão, os seus efeitos podem parecer positivos mas, a médio prazo, é o caminho para o abismo. É para lá que vamos, através de puro ilusionismo, para alcançar as estatísticas anunciadas e diminuir o desemprego e a falta de crescimento do PIB.
Estamos a esquecer o crescimento sustentado do país.
Sócrates está grudado no poder ! Está muito longe de ser um verdadeiro "Estadista".Nós e as futuras gerações pagaremos este erro tremendo, bem caro. Estamos perante uma visão retrograda e incompetente.
Preocupado com o imenso crescimento populacional Malthus, em 1978, publica uma série de ideias alertando para a importância do controle da natalidade. Malthus acreditava que o crescimento humano desordenado acarretaria a falta de recursos alimentícios para a população, gerando como consequência a fome.
Entre nós o aborto já foi aprovado e acarinhado!
A crise de alimentos já chegou ! O tempo da comida barata já passou ! Nesta conjuntura vamos ver o que faz Sócrates. Talvez faça como Guterres, e bata com a porta, assustado com o pântano !
Convido os meus leitores para quando lerem este artigo de opinião, se sentiremcomo se estivessem a vogar, não na água de um rio, mas sobre ela.
Este rio, quero eu que represente o estado a que o nosso país chegou, envergonhadamente, na cauda dos países da União Europeia, em tudo que é negativo.
Podem mesmo imaginar esse rio, um daqueles com água pouco transparente( a poluição !) e fria , naturalmente também pouco profunda. A sua torrente vai esbarrando e manchando as imensas pedras espalhadas no seu leito, sem que a água nunca as cubra nem lave.
Assim, voaremos entre o real e o imaginário visionando do alto, o nosso berço.
Com a publicação deste artigo o autor pretende somente levar as suas dúvidas , sobre a sociedade em que vivemos, até às pessoas que, como ele, não têm acesso a todo um mundo que se presume existir, pelas contradições visíveis, inexplicáveis e frequentes, que qualquer observador atento pode detectar , diríamos, no seu dia a dia , com um pouco de espírito de observação .
Quem ouvir os noticiários , ler os jornais e alguns livros e for ouvindo os telejornais, procurando estabelecer uma relação entre as notícias, depara certamente com acontecimentos aparentemente sem lógica , mas que se percebe não acontecerem por acaso , tal o grau de eficiência que existe na sua execução.
É como se um conjunto de pessoas, não expostas, mas muito influentes, através de um complicado sistema de cordelinhos, conseguissem encaminhar todos os acontecimentos a seu belo prazer, supõe-se também que com vantagens próprias asseguradas .
Provavelmente tudo não passará de simples coincidência, ou mesmo pura alucinação. Digamos o imaginário a funcionar.
Mas, em boa verdade e realidade, os valores são relegados e combatidos, as teorias do “relativismo” são acarinhadas e defendidas .
O mau uso e concepção da “tolerância” atiram - nos para o meio do extenso “lodaçal” em que vivemos.
O mérito, a honestidade, o desempenho, a competência e a inteligência das pessoas parecem ser um estorvo à funcionalidade do “Sistema” que tudo controla.
Este prefere o servilismo de legiões de “clones” onde abundam o oportunismo, a denúncia, e a incompetência, ou mesmo, o analfabetismo endémico.
Dessa forma conseguem um total domínio estruturado, no mau sentido, da nossa Sociedade Civil !
Foi assim que se deu o aparecimento da descrença e da desmotivação colectivas, por todo o nosso País.
A suspeita e o desencanto são o estado de espirito do povo.
Qualquer pessoa mais resoluta e forte no seu carácter, é sempre traída no seu idealismo pelo poder, pela corrupção e pela mentira.António Reis Luz
Ernâni Lopes diz que Portugal "é um doente que não morre" e que também "não fica bom"
Portugal é um doente que não morre e que está a definhar. São palavras de Ernâni Lopes, olhando para a situação em que está mergulhada a economia portuguesa.O antigo ministro das Finanças apresentou esta manhã em Lisboa, o seu último livro sobre a "Economia no Futuro de Portugal". O jornalista Vítor Rodrigues Oliveira resume o essencial da visão do antigo ministro que critica aqueles que procuram ganhar dinheiro, enganando os contribuintes. A cerimónia de apresentação do livro decorreu no CCB, em Lisboa.
As previsões económicas divulgadas ontem por Bruxelas indiciam que o pior da crise já terá passado. A Europa não caiu no abismo e agora recuperará em ritmo lento.
Mas há uma pesada herança que será paga duramente nos próximos anos: os défices orçamentais excessivos. No caso português, o estado das finanças públicas é calamitoso e, mais tarde ou mais cedo, haverá pesados aumentos de impostos. O défice está ao nível da primeira metade da década de 80 quando Portugal era objecto dos draconianos planos do FMI (Fundo Monetário Internacional). Bruxelas aponta para que o défice luso em 2011 atinja 8,7%, o que significa o pior registo da democracia.
A acumulação de défices irá traduzir-se nos próximos dois anos na elevação da dívida pública para o patamar dos 100% do PIB. Esta é a dívida conhecida, porque a dívida real é superior por causa dos empréstimos de empresas públicas com aval do Estado e das parcerias público-privadas com passivo público.
Os desequilíbrios da década de 80 foram absorvidos por um bom ritmo de crescimento do PIB e pelas privatizações, mas o País está longe do dinamismo dos anos 80 e 90 e já não tem muitos anéis para vender. Portugal arrisca a tornar-se um Estado inviável e a nossa qualidade de vida nas próximas décadas está ameaçada.
A expressão “LOBBIES “, palavra inglesa, só muito recentemente teve tradução para a língua portuguesa . A propósito desta palavra volta a pairar a ideia de algo mais ou menos sigiloso , mas quanto ao modo de funcionamento e às técnicas prosseguidas, já o caso fia mais fino. Também quanto às finalidades da sua existência todos aceitarão que são as mais variadas, mas, em concreto, tudo se torna muito mais complicada .
Os “lobbies” ? São terríveis ! São interesses ocultos ! Bom, eles estão mesmo ocultos em Portugal.
Como em tudo o resto, existem os bons e os maus. Entre estes, muitos não andarão longe das associações do crime organizado do mundo económico – financeiro etc.
Quanto ao seu baptismo com o palavra “lobby”, há quem diga que é fruto da sua actividade ser desenvolvida por representantes de interesses económicos junto dos políticos, nos átrios ( lobbies em inglês) dos vários edifícios onde pontifica o poder.
Também há quem lhes atribua outras origens, para o lado dos medonhos «lobisomens».
Conta-se que Ovídio, poeta romano, descreveu que Zeus procurou refúgio no castelo do tenebroso rei Lycaon. Este, de facto, tentou matá-lo, misturando carne humana no seu jantar.
Zeus apercebendo-se disso, destruiu o castelo, exilou o rei e condenou-o a passar o resto dos seus dias como lobo. Vem daí o fenómeno da transformação de homens em lobo, conhecido por licantropia.
Durante muitos séculos as populações viveram atormentadas, acreditando na existência dos «lobisomens».
Muita gente foi acusada de ser «lobisomem» e por isso condenada à morte.
Em Portugal, todavia, o pavor continua entre as populações. É que anda aí por todo o lado um novo tipo de «lobisomens». Tão maus como os antigos.
Desta vez, porém, é mais complicado, porque estes existem mesmo.
São os homens que representam todo o tipo de interesses de forma oculta, ou seja, os lóbis – mais concretamente os «lobisomens».
Estes cheiram a corrupção, negócios escuros, tráfico de influências, armas, droga e todo o tipo de interesses não legais. Todos sabem que assim é, mas dizem-no de forma tão vaga, tão genérica e sem provas, que o combate a esta praga fica por acontecer.
Seria muito natural os interesses organizarem-se. Muito legítimo até.
Aliás, por todo o mundo os lóbis estão organizados e legalizados. Fazem parte das actividades, como parceiro, da economia, da política e da vida social.
O mais curioso é que há algum tempo o PSD apresentou um projecto - lei para a legalização dos “lobbies” ! Entretanto caiu no esquecimento.
Algum lóbi encarregou-se disso.
Pelas referências aos «lobbies» nos jornais, o nosso País parece estar minado deles ,contudo , sobre quem os organiza e como, é tudo um mistério.
A julgar pelas notícias, altas figuras da política actuam , sem cerimónia , a favor de grandes interesses económicos. É a prova de que os negócios correm por dentro dos partidos e da política. E não deviam.
É fácil detectar nas grandes empresas, universidades, bancos, seguradoras etc. quadros e administradores que estiveram em vários governos. Não certamente pela sua competência, mas por serem profundos conhecedores dos meios, dos processos e das pessoas que estão empossadas em lugares onde se tomam as decisões.
Os “ lobbies “ , dá para perceber , que são conduzidos por pessoas colocadas nos lugares certos , para facilitar , dificultar ou até desviar o normal curso de certos processos , de maneira a que as conclusões finais sejam aquelas que mais interessam a quem fomentou os ditos « lobbies ».
Agora como se articulam essas pessoas , como são instruídas , quem as coloca e como , e o modo como também são protegidas, é mais difícil de perceber .
Percebe-se que tem de ser um trabalho feito em rede , as informações têm de circular com fluência , e o sigilo é fundamental, tendo em vista o sucesso a alcançar. Em toda esta cadeia humana não pode haver descontentes , sendo difícil perceber como tal é conseguido .
O descontente normalmente desabafa a sua revolta com alguém , a menos que esteja coagido a não o fazer, por medo naturalmente de perder, no futuro, oportunidades que sozinho não conseguiria alcançar .
Agora quem tem força para lhes dar segurança e oportunidades ? Uma pessoa isolada não é crível, mais parece trabalho de organizações. Mas que organizações ?
Quem protege estas organizações e como ultrapassam o “Poder “ legitimamente constituído ? Ou se entrelaçam com ele ? Ou o dominam ?
Volto a acreditar que tudo isto passa ao lado da maioria da população , que vive quase completamente absorvida pelas preocupações do dia a dia . Provavelmente qualquer trabalhador tem ao seu lado pessoas a trabalharem num qualquer «lobby », sem do facto se aperceber .
Por último , não tenhamos quaisquer dúvidas , que os “lobbies “ atravessam partidos , governos , organismos públicos , Assembleia da República e todo o lado , onde possa haver , uma ponta que seja , de poder de decisão ou interesses.
Os intervenientes em tais processos , salvo raras excepções , só podem ser pessoas sem escrúpulos, pouco interessadas na defesa do que é justo ou da verdade e, somente norteadas no cumprimento cego das instruções de quem lhes paga .
Graças à alteração que o PS aprovou ( 2006 ) na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, com a abstenção da oposição, certas e determinadas ligações em que os deputados participem, não serão de descriminar no registo de interesses dos políticos !
A surpresa vem exactamente da protecção ao segredo que, ele mesmo, faz funcionar o “ famigerado sistema “.
Já havia sido, segundo parece, por influência do Ex – Presidente da República, Jorge Sampaio, que foi legislado o recurso dos cidadãos a criarem Movimentos de Cidadãos Independentes nas eleições autárquicas .
Muita gente acreditou, muito sinceramente, que a abertura às candidaturas de INDEPENDENTES, poderia vir refrear este terrível salto do país para o suicídio, em consequência da desastrosa actuação dos partidos . Pobres criaturas !
Pobres porque quando falam do “sistema” falam do poder paralelo a que muita gente dá apoio, ingenuamente, ou não. Fala-se de forças ocultas, de grandes interesses pessoais ou de grupos pecaminosos, também de pequenos favores que vão minando a credibilidade dos que andam na política!
Gente infiltrada nos sindicatos, nas empresas, na Administração Pública, nos partidos, nas escolas, no futebol, nas igrejas, enfim assumem-se como uma divindade de polaridade negativa que, como o ar, somos obrigados a respirar ! Tal polaridade corrói os princípios basilares de uma sociedade democrática, os valores que se julgam inerentes a uma humanidade digna e constitui - se numa grande perigosidade, terrivelmente devastadora, montando todo o tipo de corrupção e ilícito.
Porém, é na vida autárquica que o sistema se movimenta mais perto dos cidadãos, e onde os políticos de serviço, são escrutinados diariamente por estes. É aqui que sem ler os jornais, ou ouvir os telejornais, muito antes disso, o povo detecta os mínimos sinais de riqueza exterior nos políticos de proximidade. É aqui que o mesmo povo se interroga da razão de certas pessoas, vestidas de políticos, sem méritos abonados, constarem sempre das listas eleitorais . Curiosamente, muitas vezes, sem assumirem a liderança !
Naturalmente que em tudo isto e muito mais, o pernicioso “ sistema” veste a pele dos partidos políticos, numa hábil e subtil rede de complexos comportamentos e atitudes que se harmonizam entre os vários partidos, colocando em secundaríssimo plano as disputas partidárias.
Sentiu – se, muito sinceramente, que a abertura às candidaturas de INDEPENDENTES, poderia vir refrear este terrível salto do país para o abismo. Triste desengano!
Os termos da lei aprovada limitam – se à formação dos movimentos e à sua actividade até ao acto eleitoral ! E depois ?
Com independentes autarcas eleitos, que precisam de apoio como os partidos, estes já não têm cobertura legislativa !
Com a imaginação fértil do português, logo se descobre e recorre à constituição de uma qualquer associação local .
Três tipos de candidatura passaram a ser possíveis para o poder local ; partidos, coligações de partidos e grupos de cidadãos Independentes.
Chegados aqui será obrigatório perguntar ; qual a diferença entre um partido político/ coligação e um movimento de independentes ? Qual a vantagem do aparecimento destes?
Para quem acreditou que eles fariam a diferença, para melhor, e forçariam os partidos a uma desejável mudança de comportamento político, resta – lhe a desilusão.
Tirando um ou outro caso, os independentes nada trouxeram, antes pelo contrário !
Deram cobertura aos descontentes partidários e tornaram – se simples prolongamentos dos partidos ! Ou seja, foram ocupados por gente afecta ao sistema ! E só !
Tudo piorou, porque em vez de o sistema viver das sensibilidades dos partidos, passou a viver das sensibilidades de um grupo independente que gira, obrigatoriamente, em função de um líder forte e carismático .
É este líder que vai comandar uma câmara, uma Junta e, praticamente sem oposição, estabelece uma indesejável promiscuidade entre órgãos que por lei são independentes ! Câmaras e Juntas !
Se tiver existido a tentação de nomear um candidato como líder , pela sua boa imagem junto da opinião pública, mas tal candidato não estiver dentro do sistema, então, rapidamente ele deixará de comandar por ser cilindrado por pessoas que de independentes nada têm !
O verdadeiro independente fica rápidamente a falar sozinho !
Provavelmente nem será convidado a fazer parte da associação de independentes necessariamente criada para dar continuidade ao trabalho dos eleitos.
Forçoso será concluir que, os auto – proclamados movimentos de cidadãos independentes, de independentes nada têm !
Nunca irão melhorar o péssimo desempenho dos partidos por estarem inquinados das mesmas maleitas !
Do MCI pioneiro neste concelho, o cabeça de lista e seu promotor foi afastado . Era talvez o único independente. Os seguintes ( 4 ) na lista foram repescados e feitos políticos. Porquê ?
Talvez com um pouco de atenção, os leitores possam descortinar algum caso evidente daquilo que se acaba de explanar. Depois é só pensar um pouco e concluir :
-Os movimentos independentes servem pessoas não a população. São o prolongamento dos partidos e sofrem do mesmo mal.
-As Associações dos mesmos são “ Um Nado - Morto”. O futuro vai demonstrá-lo.
O “ sistema” não perdoa aos verdadeiros independentes, os outros, mais dia menos dia, é vê-los a falar alto ! É o Portugal que temos ! Os resultados estão à vista !
Tenho a sensação de que em Portugal, tal como noutros países, muitos dos que opinam sobre a globalização têm sobre ela uma ideia muito imprecisa, incompleta ou mesmo errada.
A globalização, ou mundialização como alguns preferem, traduz a crescente interligação e interdependência entre os países em resultado da liberalização dos fluxos internacionais de comércio, de capitais, de tecnologias e de informação e do aumento da mobilidade das pessoas que se têm vindo a verificar depois da 2ª guerra mundial.
Nos anos recentes, o termo globalização invadiu os meios de comunicação social devido, principalmente, às manifestações ruidosas, algumas delas violentas, organizadas contra as reuniões cimeiras de chefes de Governo dos países industrializados. Mais recentemente, o interesse pelo tema foi suscitado a propósito da Conferência sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, que teve lugar em Monterrey, no México, e da Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, na África do Sul.
Tendo uma visão apenas da Globalização económica a História, vamos encontrá-la já muito antes do Império Romano. A Globalização aparece na constituição do Império Chinês; na civilização egípcia, que manteve o domínio de todo o continente africano; Na Grécia, que apesar das cidades-estado, que mesmo independentes viam uma globalização da economia. O que os Romanos fizeram foi jurisdicizar a Globalização da economia. Os gregos descobriram o direito. Mas é em Roma que o direito surge como instrumento de poder, pois só assim os romanos poderiam organizar e controlar o Estado. Além disso, com a expansão territorial, os romanos vêem-se obrigados a construir uma rede de estrada, que possibilitou a comercialização e a comunicação entre os diversos povos.
Porque os portugueses se lançaram às grandes descobertas? Não só para se proteger dos mouros espanhóis, mas também para procurar novas rotas comerciais de globalização. Nesses séculos(XIV e XV), ocorreu um descompasso entre a capacidade de produção e consumo. O resultado disso era uma produtividade baixa e falta de alimento para abastecer os núcleos urbanos, enquanto a produção artesanal não tinha um mercado consumidor, a solução para esses problemas estava na exploração de novos mercados, capazes de fornecer alimentos e metais a ao mesmo tempo, aptos a consumir os produtos artesanais europeus.
Outro exemplo que temos, é do século XIX, chamado de Imperialismo ou neocolonialismo. Ocorreu quando a economia européia entrou em crise, pois as fábricas estavam produzindo cada vez mais mercadorias em menos tempo, assim, com uma superprodução, os preços e os juros despencaram. Na tentativa de superar a crise, países europeus, EUA e Japão buscaram mercados para escoar o excesso de produção e capitais. Cada economia industrializada queria mercados cativos, transformando o continente Africano e Asiático em centro fornecedor de matéria prima e consumidores de produtos industrializados, gerando com isso um alto grau de exploração e dependência económica.
Podemos comparar essa dependência económica e exploração com os dias de hoje, pois é difícil de acreditar na possibilidade de os países desenvolvidos serem generosos com os demais, os emergentes e subdesenvolvidos.
Já no final dos anos 70, os economistas começaram a difundir o conceito de globalização, usada para definir um cenário em que as relações de comércio entre os países fossem mais frequentes e facilitadas. Depois, o termo passou a ser usado fora das discussões económicas.
Assim, as barreiras comerciais entre os países, começaram a cair, com a diminuição (a eliminação) de impostos sobre importações, o fortalecimento de grupos internacionais (como o Mercosul ou a Comunidade Européia) e o incentivo do governo de cada país à instalação de empresas estrangeiras em seu território.
O Banco de Portugal decidiu abrir um inquérito preliminar a Armando Vara , vice-presidente do BCP , para determinar se há matéria que leve ao cancelamento da autorização para exercer funções na administração de instituições financeiras, soube o Expresso junto do banco central.
A decisão foi tomada durante a tarde de ontem e, para já, o Banco de Portugal (BdP) está "dependente da colaboração que o Ministério Público nos quiser prestar", pois face às notícias divulgadas na comunicação social, a situação que envolve Armando Vara não implica operações do banco.
O inquérito preliminar agora aberto pode, se houver matéria de facto, levar à abertura de um processo que venha a cancelar o registo de que Armando Vara necessita para integrar os corpos sociais de uma instituição financeira. O BdP avalia a idoneidade dos candidatos a estas funções antes de as exercerem. Mas sempre que exista algum facto relevante é feita uma nova avaliação que pode levar ao seu cancelamento.
Não faltam escândalos
Tavares Moreira ainda cumpre uma suspensão de sete anos de exercer estas funções devido a irregularidades alegadamente cometidas à frente do Central Banco de Investimento. Outros gestores do CBI estão suspensos e a medida pode vir a atingir vários administradores do BCP, que integraram o banco liderado por Jardim Gonçalves.
Escândalos é o que não tem faltado no BCP desde 2007, mas até que ponto o facto de o seu vice-presidente ter sido constituído arguido pode fragilizar ainda mais o banco e agravar as fracturas que resultaram de meses de guerra intensa entre facções?
Joe Berardo, um dos principais accionistas do banco, com 6,22%, diz não ter "informação suficiente para comentar". "Acho invulgar o que está a acontecer. Não dá para acreditar que pessoas tão bem remuneradas se sujeitem a isto por causa de 10 mil euros. Quando se fala de milhões ainda pode haver a tentação. O montante é ridículo. Parece um caso de ficção. Mas nestas coisas da politiquice nunca se sabe...".
Berardo vai investigar
Berardo diz que está desapontado mas que se "Armando Vara diz que está inocente, não tenho razões para desconfiar. Vou fazer investigações para pôr isto a limpo. Até prova em contrário acredito na pessoa. Não gosto de atirar culpas para cima de ninguém sem ter provas".
E não tem dúvidas de que "esta situação afecta a imagem de todas as instituições envolvidas".
Já a Teixeira Duarte, que tem cerca de 7%, refere que "confia nas estruturas do banco e no seu funcionamento em quaisquer situações, incluindo esta". E acrescenta que após a posição oficial tomada pelo banco, "se considera informada e reitera a confiança nos órgãos sociais do banco".
"Neste momento há apenas indícios, nada está provado, tenho muita consideração por Armando Vara", disse, por seu lado, Faria de Oliveira, presidente da CGD, que tem 2,5% do BCP.
Mal-estar interno no banco
O Expresso sabe que dentro do banco o facto de não ter havido consequências provocou algum mal-estar. No entanto, ninguém o assume publicamente. Da comissão de trabalhadores do banco, a resposta é que não foi tomada qualquer posição sobre o assunto e nem sequer está agendada qualquer reunião para analisar os factos.
Nem mesmo os ex-administradores, que se sentiram 'condenados' antes de terem sido declarados arguidos em processos que envolveram a utilização de offshores, querem falar do assunto. Mas lembram o que aconteceu no final de 2007, quando o governador do BdP, Vítor Constâncio, reuniu com alguns accionistas do banco, recomendando que não apoiassem ex-administradores do banco que se candidatavam à administração do grupo. Entre eles estavam Filipe Pinhal e Christopher de Beck. Na altura, nem sequer havia qualquer processo aberto pelo BdP.
Oficialmente, o BCP declara-se unido. Em comunicado, Luís Champalimaud, presidente do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) - órgão a quem compete supervisionar a actuação da administração - diz ter reunido com o conselho de administração executivo (CAE), "o qual lhe assegurou estar salvaguardado o regular funcionamento, não existindo qualquer quebra de confiança entre os seus membros". Champalimaud disse também que, "considerando estar defendido o interesse da sociedade, aguarda serenamente o apuramento dos factos pelas instâncias competentes".
Vara diz-se inocente
Esta reacção surgiu quando ainda pouco se sabia sobre o que estava em causa no processo. E é justificada também pelo facto de a matéria em causa nada ter que ver nem com o sector financeiro nem com o BCP especificamente. Para já, está marcada uma reunião do CGS no dia 11 de Novembro, que já estava agendada desde Abril.
Armando Vara, numa "nota pessoal" enviada na quinta-feira à hora do almoço aos colaboradores do banco, declarou-se inocente. "Aguardo com o maior interesse as provas que as autoridades venham a exibir relativas ao meu envolvimento no processo, o que por certo será efectuado em sede própria e não através da comunicação social".
Texto publicado na edição do Expresso de 31 de Outubro de 2009
1.A blogosfera, com toda a sua comunidade e conteúdos dos "blogs", forma já hoje, um apreciável conjunto composto por quem faz, por quem disponibiliza e por quem lê e vai conquistando as elites.
2.A blogosfera serve para entreter, debater, informar, denunciar etc. Serve para ajudar quem não tinha voz, a conquistar um espaço sem intermediários.
Veja-se só: um grupo de ex-trabalhadores da Capepresso (da Maia) com salários em atraso decidiu criar um blogue. Aqui fica o Enganados e Sem Nada. Para que seja um exemplo, e para que a blogosfera também possa ser um espaço de luta por direitos e por dignidade.
3.Este novo mundo dos "Bloggers", pela sua diversidade social, cultural e etária, cobrindo variadíssimos horizontes, impôs-se ao respeito da sociedade e muito especialmente aos políticos. Em período eleitoral, o próprio primeiro-ministro reuniu-se com os seus representantes, tentando uma manobra de apaziguamento aos ataques que sofreu. Reconheceu o seu peso informativo e a rebeldia desta boa gente. Não quis guerra, embora dispusesse de armas para tal.
4.Falando hoje dos que “fazem”, teremos de lhe tirar o chapéu: eles gastam dinheiro e tempo por amor à inovação, aos bons hábitos, à verdade e criatividade e a muitas outras coisas de que a sociedade está tão carecida. Não é concorrente de ninguém e assume riscos complicados, não pelo gosto de criar problemas, mas pelo dever cívico de trazer, sempre, algo de novo ao mundo, mais que não sejam costumes e hábitos salutares, de momento em queda livre.
5.Seria para eles muito mais fácil bajular os poderosos e olhar para o lado no que concerne às complicações e às injustiças desta vida cada vez mais desumanizada.
6.Mas transformou-se aos poucos, não sem muitos dissabores e algum sofrimento, numa comunidade irrequieta mas profundamente respeitada pelo comum dos entendidos e bem-intencionados. Um bem-haja a todos eles.
Os jornais gratuitos são o único meio de comunicação em Espanha, e parece que no resto do mundo, que conquistam novos leitores.
Os jornais gratuitos, sustentados somente pelos anúncios, conquistaram para a leitura de noticiário e de artigos de opinião gente que até agora não comprava, com regularidade, jornais. Este parece ser o tipo de negócio dentro da informação, que continuará a crescer . A blogosfera com toda a sua comunidade e conteúdos dos blogs, forma já hoje, um apreciável conjunto composto por quem faz, por quem disponibiliza e por quem lê e vai conquistando as elites.
A Internet não conquista leitores mas transfere-os de outros meios acabando por os ir esvaziando.
As audiências da rádio mantêm-se estáveis, mas a compra de revistas parece em queda.
A imprensa diária das bancas considera os jornais gratuitos uma “ séria ameaça” e embora não se preveja a sua extinção até final da década, ninguém sabe como será ela dentro de poucos anos.
Hoje, à volta de 70% das noticias publicadas nos nossos jornais são da responsabilidade das agências de informação e ou dos gabinetes de imprensa. As funções dos jornalista têm deixado de ser activas, na imprensa comercial, mediando somente entre as fontes da noticia e os leitores, limitando-se a uma atitude passiva, aceitando a noticia formatada pelas agências, assessorias e gabinetes de Imprensa.
Nesta situação passiva a que se remetem, os jornalistas não se encontram tão pressionados, nem tão suspeitos face à promiscuidade, ficando deste modo, tudo isto, para os lados das fontes organizadas de informação. Em países como a Espanha e os EUA a influência destas fontes nos jornais é muito menor.
As próprias agências portuguesas admitem o seu poder actual de condicionar e influenciar o noticiário dos nossos jornais . Todavia, estes factos, a acomodação e a passividade da imprensa, estão a abrir crises de representação política e informativa.
De resto, com as idênticas crises de representação se está a debater toda a nossa sociedade civil , cada vez mais afastada do pensamento e atitude dos políticos.
Por tudo que está escrito para trás, começa a sentir-se nos cidadãos uma enorme vontade de assalto aos meios de informação, visível no desabrochar dos blogs e dos jornais gratuitos.
Parece, até, ter nascido já o jornalismo do cidadão, em oposição aos políticos e à política, em suma, aos detentores do poder !
É o renascer do desejo da comunidade organizada em rede, abraçada aos valores que lhe são mais caros como a proximidade, a participação e a discussão.
Em boa verdade, uma comunidade cívica é marcada por uma cidadania activa, com espirito de serviço público e por um tecido social onde reside a confiança e cooperação.
É aberta e transparente mas detesta intromissões, venham de onde vierem, principalmente de uma política estruturada.
A comunidade cívica tem raízes muito ligadas à sociedade civil e as virtudes cívicas alardeadas pela família, a vizinhança, as igrejas e as associações voluntárias em geral.
Resta, por último, acrescentar aquilo que começa a ser consensual : “ os meios sociais devem ser ainda interactivos , apaixonados, livres e promoverem em contínuo o intercâmbio.”
Fazendo, em simultâneo, a denúncia da passividade do jornalismo, do corporativismo, do associativismo e de toda e qualquer promiscuidade com os poderes instalados que tendencialmente os pretendem dominar na mira do voto.
Colaborar sim, mas sem muitas festinhas ou namoros, porque o poder é corrosivo.
A Abraço está reconstruir a Casa Ser Criança e todos podem ajudar,através do envio de cabos eléctricos que já utilizados e que podem ser reciclados.
Que tipo de Cabos?
Todos; telefone, computador, etc;
Como ajudar?
Indo a uma estação dos CTT, pede uma embalagem solidária, coloca os cabos e selecciona a Abraço de entre as várias as Instituições, e os CTT fazem-nos chegar a caixa gratuitamente;
OU
Indo a um Centro Comercial Dolce Vita, e colocando lá os Cabos;
Os tubarões são animais marinhos carnívoros. A maior parte deles vive em águas salgadas. Existem várias espécies de tubarões sendo as mais conhecidas: o tubarão martelo, o tubarão baleia, o tubarão branco, etc... Iremos falar mais pormenorizadamente de alguns tubarões.
Tubarão Branco
O tubarão branco (Carcharodon carcharias) é uma espécie de tubarãolamniforme. É o peixe predador de maiores dimensões existente na actualidade. Os tubarões brancos podem atingir 7,5 metros de comprimento e pesar até 2,5 toneladas. Esta espécie vive em águas costeiras de todos os oceanos, desde que haja populações adequadas para servirem de presas, em particular os pinípedes, mais especificamente os da ordem dos mamíferos aquáticos (como por exemplo, as focas, os leões-marinhos e as morsas).
Tubarão Baleia
Distribuição e habitat O tubarão baleia habita os oceanos tropicais de águas quentes. Mesmo sendo pelágico, agrega-se de forma sazonal para se alimentar, em zonas como o recife de Ningaloo (na Austrália), em Pemba, em Útila, nas Honduras, nas Filipinas e em Zanzibar (na costa do leste da África). O seu habitat restringe-se a aproximadamente 30° de latitude desses locais. O tubarão baleia é uma espécie solitária e raramente é vista em grupos, excepto em locais com alimentação abundante, como o recife de Ningaloo. Os machos mantêm maiores distâncias entre si do que as fêmeas, que normalmente tendem a permanecer em locais fixos. A pele destes peixes é marcada como um “tabuleiro de damas” de pontos claros e listas amarelas. Estes pontos são específicos em cada indivíduo, e por isso, podem ser usados para identificar cada animal e fazer uma contagem exacta da população. A sua pele pode ter até 10 cm de espessura. O tubarão baleia tem duas barbatanas dorsais. A cauda de um tubarão baleia tem a parte superior maior do que a inferior, mas quando adulto, esta diferença diminui. Os espiráculos do tubarão encontram-se mesmo atrás dos olhos. O tubarão baleia não é um nadador eficiente; o corpo inteiro está em movimento quando o animal nada. O resultado deste movimento, que é muito incomum para tubarões, resulta numa velocidade média de 5 quilómetros por hora.
José Rebelo O empresário Manuel Godinho é o único arguido da operação ‘Face Oculta’ que está preso preventivamente
02 Novembro 2009 - 00h30
‘Face Oculta’: Ana Paula Vitorino considerada “um entrave”
Pedido dinheiro para campanha
Manuel Godinho, único arguido em prisão preventiva no processo ‘Face Oculta’, queria a todo custo resolver o diferendo com a Refer. E uma das propostas que lhe foram feitas por um quadro da empresa foi avançar com dinheiro para o financiamento da campanha do PS. Outra era afastar Ana Paula Vitorino do Governo, considerada "um entrave". Só assim seria possível ultrapassar os diferendos judiciais e voltar a ganhar as empreitadas daquela empresa pública.
Luís Pardal, presidente do conselho de administração da Refer que abriu um inquérito ao acidente na linha do Tua, também parecia não colaborar, o que obrigou Godinho a intensificar os contactos. O empresário falou com Carlos Pais de Vasconcelos, Lopes Valentim e Espadinha Guiomar, todos quadros da Refer, para que aqueles lhe fornecessem informação privilegiada e lhe abrissem portas de forma a conseguir ganhar alguns dos concursos.
Dizem os mandados de busca emitidos pelo Ministério Público que Manuel Godinho lhes deu telemóveis para poderem falar em segurança e prometeu contrapartidas financeiras caso aceitassem colaborar.
Nos meses seguintes, os contactos foram intensos. Entre Fevereiro e Abril, Manuel Godinho falou quase diariamente com o quadros da Refer. Foi recebendo informação detalhada e soube sempre, antecipadamente, da abertura dos concursos. Sabia até o que os concorrentes tinham para oferecer, de forma a melhorar as propostas.
A 25 de Março, pelas 12h41, Manuel Godinho e Carlos Vasconcelos voltam a conversar. Nessa altura já era claro que Luís Pardal não cederia. Ana Paula Vitorino também não agradava ao empresário de Ovar, porque protegia o presidente do conselho de administração, recusando-se a afastá-lo. "Carlos Vasconcelos afirmou (....) que a superação do seu problema poderia ter como contrapartida a entrega de um donativo para uma campanha partidária", lê-se no mandado. Nas semanas seguintes a Polícia Judiciária filmou diversas entregas em dinheiro.
FUNCIONÁRIO "RIGOROSO" OBRIGA A MUDANÇA
A 8 de Abril, Manuel Godinho soube que ganhara mais um concurso público com a Refer. Caber-lhe-ia a eliminação de 15 lotes de resíduos ferrosos, o que o empresário tentou logo que resultasse num lucro maior do que o previsto. A 15 de Abril, Espadinha Guiomar avisou--o de que não poderia adulterar o peso dos resíduos e apropriar-sede resíduos nobres como se de ferrosos se tratassem por causa de um funcionário "rigoroso". Guiomar tentou "amolece-lo", mas a solução acabou por ser mudar a hora do transporte.
PORMENORES
ANA PAULA VITORINO
A ex-secretária de Estado dos Transportes, que saiu do Governo, escusou-se a comentar ao ‘CM’ as referências ao facto de ser um "entrave" aos negócios de Godinho. "Não comento investigações", afirmou.
PRESSÕES
Dois advogados prometeram pressionar a secretária de Estado Ana Paula Vitorino para que demitisse Luís Pardal e conseguisse que a O2 voltasse a ganhar todos os concursos.
Sérgio Moreira Brandão serviu-se da condição de dirigente na Câmara do Porto e propôs a uma empresa entregar-lhes o negócio da gestão de semáforos em troca de um suborno
01 Novembro 2009 - 00h30
Corrupção: Judiciária e empresários montam armadilha a engenheiro
Apanhado pela PJ a receber ‘luvas’
Sérgio Moreira Brandão, engenheiro e dirigente da Câmara do Porto no Departamento de Gestão de Trânsito do município, avisou uma empresa sobre as suas condições para lhes entregar a manutenção e expansão do sistema de semáforos na cidade até 2012. Para ganharem o concurso teriam de lhe pagar por fora, em ‘luvas’, dez por cento dos 3,9 milhões de euros orçamentado para aquele negócio. Os responsáveis da empresa concordaram, sim, mas em desmascarar a tentativa de corrupção de Sérgio Moreira Brandão. E ajudaram a Polícia Judiciária a montar uma armadilha que anteontem à tarde levou à detenção do engenheiro, apurou o CM.
Os contactos entre um empresário e o chefe da Divisão Municipal de Intervenção na Via Pública da autarquia já duravam há algum tempo. As regras impostas por Sérgio Moreira Brandão eram claras: em troca de 400 mil euros, pagos em notas, garantia a batota no concurso público que permitisse à empresa vencer sem dificuldades e assegurar o negócio. O seu interlocutor fingiu-se interessado em alinhar no esquema de corrupção e, ao mesmo tempo, pôs a Judiciária do Porto a par de toda a situação.
Ao que o CM apurou, também Rui Rio foi entretanto informado do caso. Inclusive, no último dia 12 o presidente da Câmara do Porto entrou em contacto com Almeida Rodrigues, director nacional da PJ, a propósito deste assunto. A investigação estava em curso, mas, para consolidar a prova, faltava apanhar Sérgio Moreira Brandão em flagrante delito a receber dinheiro. Sexta-feira à tarde foi a altura escolhida para avançar.
Um elemento da empresa marcou encontro num local público do Porto com o responsável da Câmara e à hora combinada lá estava Sérgio Moreira Brandão, pronto para receber a primeira parte de 400 mil euros, em notas. Só que a PJ fotografou e assistiu a toda esta transacção – detendo o engenheiro. Presente ontem ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, Sérgio Brandão foi afastado da autarquia e terá de se apresentar regularmente à PSP até julgamento.
JOVEM ENGENHEIRO CIVIL ESPECIALISTA EM HIDRÁULICA
José Sérgio Moreira Brandão formou-se em Engenharia Civil pela Universidade do Porto, onde se especializou em Hidráulica. Tem 32 anos, e até ontem ocupava o cargo de chefe da Divisão Municipal de Intervenção na Via Pública, sob dependência da directora do Departamento Municipal de Trânsito e Intervenção na Via Pública, Manuela Maria Martins Bernardes. Foi eleo representante de Rui Rio no programa CIVITAS, projecto que reúne as principais cidades europeias na procura de soluções de mobilidade e de transportes.
PORMENORES
PROVAS "INEQUÍVOCAS"
A PJ do Norte diz ter "provas "inequívocas do crime de corrupção" praticado por Sérgio Moreira Brandão.
DENÚNCIA DE RUI RIO
Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, diz que a denúncia à Polícia Judiciária foi feita por si logo"no dia a seguir às eleições".
EMPRESA ESPANHOLA
A empresa que o dirigente camarário tentou corromper é uma multinacional espanhola.
Calma. A porcaria vai assentar e os corruptos vão continuar a fazer a sua vida à sombra desta democracia de maus costumes.
O Ministério Público chegou à conclusão de que o contrato de concessão do terminal de contentores de Alcântara foi feito à medida dos interesses do grupo Mota-Engil. Evidentemente que esta evidência não significa que alguém vá preso. Nada disso. Neste caso, o negócio foi feito por anjinhos que não receberam nada em troca e só pensaram, a todo o momento, nos interesses estratégicos do sítio. É natural.
É em nome desses interesses estratégicos que o Estado anda metido em tudo e mais alguma coisa. A esquerda baba-se com os sectores estratégicos e as empresas estratégicas. Pois é. É a face visível de um sistema corrupto, cada vez mais corrupto, em que vale tudo para fazer fortuna e impor aos privados regras sujas de um jogo cada vez mais porco e repelente. Agora aí está mais uma operação policial que descobriu uma pequena parte da face oculta do sistema. No centro do caso, que está a excitar os indígenas, aparece um sucateiro que criou um grupo empresarial ao fim de muitos anos de trabalho e que terá corrompido uns senhores de colarinho muito branco para fazer negócios com empresas estratégicas do Estado, empregar centenas de trabalhadores e pagar-lhes os salários.
Obviamente que está preso. Os outros, senhores de gravatas caras que circulam nos corredores do poder e das empresas públicas estratégicas há imensos anos, ligados aos partidos do Bloco Central, os patrões do polvo, andam por aí à espera de novas e mandados já com um rol imenso de defensores. É evidente que neste sítio manhoso, cada vez mais manhoso, corrupto, cada vez mais corrupto, pobre, cada vez mais pobre, deprimido, cada vez mais deprimido, cheio de larápios, e que larápios, chicos-espertos, e que chicos, cheio de mentirosos, e que mentirosos, e obviamente cada vez mais mal frequentado, o que não falta é sucateiros que só sobrevivem corrompendo os patrões do sistema.
Claro que não são todos iguais. Há os pequenos, os médios e os tubarões. Desta vez caiu na rede um à medida do sistema que andou por aí a fazer negócios corruptos com várias empresas estratégicas do Estado. Obviamente que está preso. Mas nestas coisas de corrupção é preciso muita calma. Nada de excitações. As campainhas de alarme já começaram a tocar em todos os corredores do poder, e, mais cedo do que tarde, em nome dos altos interesses do Estado, tudo irá voltar à normalidade. A porcaria vai assentar e os corruptos vão continuar a fazer a sua vidinha à sombra desta democracia de muitos maus costumes.
Os Governos gostam de planear. Aliás, a maioria confunde planeamento com governação. Portugal é a prova de que tal não resulta.
O anterior Governo planeou compulsivamente. Os resultados estão à vista. Tombamos na lista da Transparência Internacional que avalia a corrupção. Baqueamos no Índice de Desenvolvimento Humano. Afocinhamos na lista da Liberdade de Imprensa. E, um a um, quase todos os países que estavam do lado de lá do Muro de Berlim estão em vias de nos ultrapassar nos vários índices económicos.
Um grande americano do século XX, George C. Marshall, disse: "Os pequenos actos que se executam são melhores do que as grandes acções que se planeiam." Nem o nome nema máxima, estou certo, impressionará minimamente os socráticos planos prestes a surgir.
A comparação entre as operações ‘Furacão’ e ‘Face Oculta’ é inevitável, mas não é correcta. A ‘Furacão’ visou a prática ilícita de entidades colectivas, num primeiro nível, e depois de algumas pessoas.
Aplicou uma técnica de pesca de arrasto nas buscas, levando bases de dados inteiras dos bancos. É de enorme complexidade contabilística e, a partir de certa altura, orientou-se mais para a recuperação de receita fiscal e menos para o apuramento das responsabilidades criminais. Há já decisões de tribunais superiores e muita discussão jurídica à volta do caso. Na prática, a ‘Furacão’ é um megaprocesso de difícil gestão processual do qual não se pode esperar grandes resultados criminais.
Já a ‘Face Oculta’ parece ser o oposto de tudo isso. As buscas foram cirúrgicas e feitas numa fase já muito adiantada da investigação, com um grande apuramento dos indícios probatórios contra os suspeitos. Está centrada nas práticas corruptivas do empresário Manuel Godinho, trabalhadas ao milímetro com escutas a telemóveis e ambientais, vigilâncias, seguramente com documentação fotográfica, de encontros entre os arguidos e sem guerras entre polícias e magistrados. É de esperar uma rápida acusação. Para já, pelo menos na fase de investigação, a ‘Face Oculta’ seguramente prestigiará a Justiça.