SEDES acusa José Sócrates de governar para as eleições
É mais um documento muito duro para o Governo. A Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) – que em Fevereiro tinha alertado para um “mal-estar difuso” que se “alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional” – vem agora a público, a propósito da discussão do Estado da Nação (quinta-feira, no Parlamento), acusar o executivo de José Sócrates de estar a governar pensando nas eleições de 2009 em vez de na administração do país.
Os membros do Conselho Coordenador da SEDES, no primeiro documento emitido desde que Luís Campos e Cunha lidera a associação (assumiu o cargo em Abril), não têm dúvidas em afirmar que a aproximação das eleições (europeias, autárquicas e legislativas) tem tido “consequências claras e visíveis na vida política portuguesa”. Essas consequências não são positivas. Para a SEDES, depois de três anos “de esforços de estabilização orçamental” e de “várias reformas que exigiram coragem política”, o executivo começa a recuar.
E dá como exemplos a “declaração do fim da crise orçamental”; “a ênfase nos investimentos públicos”; “a cedência à agitação social” e “as recentes baixas de impostos”.
07.07.2008 - 19h51 Luciano Alvarez
Público
26 Abril 2009 - 00h30
Infelizmente, os números do desemprego não surpreendem. E o pior é que o exército de desempregados vai ainda aumentar. Não chegará aos 17% já registados em Espanha, mas a marca dos 10% será ultrapassada, o que para os padrões nacionais é um patamar catastrófico.
O Instituto de Emprego já conta 484 mil pessoas sem emprego, mas o número real dos atingidos por este drama já supera o meio milhão, porque há pessoas que já desistiram de ir aos centros de emprego só por causa das estatísticas.
Na realidade, milhões de portugueses são afectados pelo drama, porque a família e os amigos das vítimas também sofrem. E a Segurança Social, tutelada por Vieira da Silva, tem de gastar cada vez mais no apoio social, enquanto nos cofres entram cada vez menos receitas.
- Esta crise vai ter efeitos prolongados na sustentabilidade da Segurança Social. O emprego é o principal contribuinte do sistema. Com menos a descontar e mais pessoas a receber, é difícil consolidar um pé-de-meia para fazer face à bomba demográfica que se aproxima, com a entrada na reforma de quem agora tem 50 anos.
- Sérios problemas terá a geração que nasceu na década de sessenta. A maior parte já descontou mais de 15 anos, mas ninguém pode hoje garantir que daqui a 25 anos haja dinheiro para lhes pagar de acordo com as respectivas contribuições.
24 Abril 2009 - 00h30
O PS sacou do mais tremendista – e demagógico – argumento contra a criminalização do enriquecimento ilícito. Podia falar de forma racional e objectiva na defesa de direitos fundamentais para não avançar com a inversão do ónus da prova.
Esse campo garantístico é vasto e os socialistas têm nas suas fileiras bons especialistas na matéria. Mas não, preferiu dizer que criminalizar o enriquecimento ilícito seria "suspender a democracia" e, por isso, avança com uma solução administrativa que penaliza, com o pagamento de uma taxa de 60 por cento, quem não conseguir explicar rendimentos superiores a 100 mil euros.
Esta ‘não-suspensão da democracia’ é fabulosa. Atira para uma entidade puramente administrativa e dependente dos governos o controlo de um problema de raiz penal. Transforma o Estado em cobrador de dinheiro negro, obtido a roubar e a traficar, o que também faz dele uma espécie de cúmplice na receptação. E é uma solução destituída da protecção de qualquer espécie de valores, coisa que costuma ser a razão para criar ou aperfeiçoar uma sanção penal.
Ou seja, a solução apreciada pelo Governo em matéria de luta contra o enriquecimento ilícito não é uma ‘suspensão da democracia’, mas apenas e só uma pura aberração política.
28 Abril 2009 - 02h12
Os dois procuradores e pelo menos a responsável pela Polícia Judiciária de Setúbal chegaram anteontem a Inglaterra e reuniram durante todo o dia de ontem com as autoridades inglesas. O objectivo é cruzar informação, encontrar o rasto às luvas alegadamente pagas no caso Freeport.
Um dos alvos é a empresa Mecaso que tem, como sócios-fundadores, dois familiares de José Sócrates: a sua mãe, Maria Adelaide Carvalho Monteiro, e o seu primo, José Paulo Pinto de Sousa. Polícia Judiciária e Ministério Público procuram indícios de transferências consideradas suspeitas. E, para acelerar a investigação, optaram por dirigir-se a Londres, de modo a recolher a informação considerada fundamental.
José Paulo Pinto de Sousa também há muito que surge como um dos principais suspeitos de ter sido o receptor das luvas que Charles Smith disse ter pago a um parente de Sócrates. Mas só a análise da informação bancária poderá confirmar os dados recolhidos pelos investigadores.
Nesta diligência, que chegou a estar marcada para a semana passada, as autoridades tentam ainda detectar todas as contas offshore por onde poderão ter passado as comissões alegadamente pagas a Charles Smith. Verbas essas que posteriormente poderão ter sido distribuídas por portugueses directamente envolvidos no licenciamento do outlet de Alcochete.
A reunião, no gabinete anti-fraude da polícia britânica, começou bem cedo. À hora do fecho da edição, ainda estaria a decorrer. Não era visível, na rua, nenhum movimento, nem tinha sido detectável a saída dos magistrados portugueses ou da coordenadora superior da Judiciária.
No encontro com os polícias britânicos, Paes Faria, Vítor Magalhães (ambos procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal) e Maria Alice (directora da PJ de Setúbal) tiveram sempre ao seu lado o técnico das Finanças que já se encontra há uma semana em Inglaterra. Aquele quadro, a trabalhar com o Ministério Público desde a operação ‘Furacão’, está a analisar a documentação bancária, já detectada na investigação das autoridades inglesas. E ontem terá apresentado à comitiva do MP e da PJ as suas conclusões. Desconhece-se os resultados, mas a reunião deverá continuar durante o dia de hoje.
DENÚNCIA ANÓNIMA ABRE CASO
Uma denúncia anónima entregue em 2004 na Polícia Judiciária de Setúbal – que o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, diz ser da autoria do antigo autarca Zeferino Boal – deu origem à investigação do caso Freeport.
Até à data, são arguidos no processo os promotores do outlet de Alcochete, o escocês Charles Smith e o seu sócio luso, Manuel Pedro.
MAGISTRADOS
Paes Faria e Vítor Magalhães são procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal. Viajaram com Maria Alice, directora da PJ de Setúbal. A comitiva foi encontrar-se com um técnico das Finanças que está em Londres há já uma semana.
FAMÍLIA DE GOVERNANTE FUNDOU HOLDING
A Mecaso é uma sociedade gestora de participações sociais e foi constituída a 12 de Fevereiro de 1999, antes do licenciamento do outlet de Alcochete.
Nessa altura, José Sócrates era secretário de Estado do Ambiente e acabava de ser visado noutra investigação. Uma denúncia dava conta de que teria favorecido uma empresa no concurso do aterro da Cova da Beira, participação que o Ministério Público acabou por arquivar sem investigar sequer a sua veracidade relativamente ao governante.
Também foi nesse mesmo ano que José Sócrates comprou o andar onde vive em Lisboa, no edifício Heron Castilho. E foi igualmente na mesma altura que, tal como o CM já noticiou, Maria Adelaide vendeu a sua casa em Cascais e comprou um apartamento no mesmo edifício.
A empresa Mecaso teve ainda um outro sócio, na altura da fundação. O inglês Matt Merzougui fez parte da equipa que fez nascer a holding, inicialmente com sede na travessa Nova de S. Domingos, na Praça da Figueira, em Lisboa.
O rasto das transferências consideradas suspeitas constitui o alvo da equipa do Ministério Público e da Polícia Judiciária que agora está em Inglaterra.
'PRIMEIRO-MINISTRO DEVIA TER TIRADO LIÇÃO'
Manuela Ferreira Leite apontou ontem o dedo a José Sócrates em relação ao caso Freeport. Em entrevista à SIC, a presidente do PSD referiu que 'o primeiro-ministro devia ter tirado a lição, mas não tirou' e considerou que o chefe do Governo está a fazer com que a história se repita ao insistir em avançar com investimentos como o TGV e o novo aeroporto de Alcochete. 'Na véspera de eleições não se tomam decisões polémicas', considerou. Para a líder do PSD, 'o Governo toma decisões a pensar em questões eleitorais' e 'nos interesses de grupos fortes que dominam as obras públicas'.
Em entrevista a Mário Crespo, Ferreira Leite disse ainda que o caso Freeport 'não pode deixar de ser investigado e esclarecido até ao fim'.
PORMENORES
INVESTIGAÇÃO
A empresa Mecaso surge pela primeira vez referida na investigação à Câmara da Amadora. No entanto, as suspeitas que recaem sobre a mesma não são conhecidas, já que se trata de uma das mais longas investigações das autoridades portuguesas. O processo, que visa Joaquim Raposo, esteve quase três anos parado no Ministério Público e não tem diligências marcadas há meses
SUSPEITAS DE PRESSÕES
Continuam a ser investigadas as alegadas pressões aos magistrados que actualmente se encontram em Inglaterra. Paes Faria e Vítor Magalhães ter-se-ão sentido pressionados na sequência de uma conversa com Lopes da Mota, do Eurojust, que terá sugerido o arquivamento do caso por prescrição
REUNIÃO COM CAVACO
O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, vai ser recebido amanhã de manhã pelo Presidente da República. Na conversa com Cavaco Silva, o responsável dará conta das alegadas pressões aos magistrados que investigam o caso Freeport.
NOTAS
PEDIDO: CARTA ROGATÓRIA
As autoridades inglesas pediram aos portugueses informações em forma de carta rogatória. No documento consideravam José Sócrates suspeito, o que foi logo negado por Cândida Almeida.
VIAGEM: SILÊNCIO TOTAL
A deslocação da comitiva portuguesa a Londres foi ontem confirmada pela PGR que, no entanto, não deu qualquer informação sobre o tempo que demorará esta diligência.
GABINETE: IDENTIFICAÇÃO
No gabinete antifraude da polícia britânica a presença do CM foi imediatamente notada. Os polícias identificaram os jornalistas, apenas para confirmar que eram 'portugueses'.
25 Abril 2009 - 00h30
A polícia inglesa já conseguiu detectar os levantamentos em dinheiro das 150 mil libras enviadas pela Freeport para a empresa de Charles Smith e que terão sido utilizadas no pagamento de subornos a um primo de José Sócrates, avançou ontem a TVI no seu ‘Jornal da Noite’. No DVD divulgado há uma semana pela estação de Queluz, Charles Smith conta a história a Alan Perkins e adianta que o dinheiro recebido em três tranches, de 50 mil libras cada, foi usado para pagar uma parte do preço combinado com os homens de Sócrates para o então ministro do Ambiente licenciar o outlet de Alcochete.
No referido DVD, Smith também esclarece que a verba foi depositada na conta da Smith & Pedro como se se tratasse do pagamento dos serviços de consultadoria efectuados pela empresa à Freeport e que tinham sido tributados como tal pela administração fiscal portuguesa.
Estas revelações da TVI surgem no momento em que um perito financeiro que trabalha com os procuradores do caso Freeport está em Londres há vários dias, como o CM noticiou, e que os investigadores Paes Faria e Vítor Magalhães, eventualmente acompanhados de Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, estão de malas aviadas para Londres. As autoridades inglesas vão entregar aos colegas portugueses 25 dossiês com muita informação bancária e receberão em troca os últimos depoimentos recolhidos em Portugal e informações sobre contas e outras movimentações financeiras de alguns dos envolvidos no processo.
MAIS DADOS
MIL EUROS
Charles Smith contou aos investigadores que pagava mil euros por mês a José Manuel Marques, director do Instituto de Conservação da Natureza.
MULHER MÁ
O mesmo Smith afirmou que Onorina Silvestre, consultora da Câmara de Alcochete, lhe pedia dinheiro, mas que nunca recebeu nada porque "era uma mulher má".
CORRECÇÃO
Sócrates entregou no passado dia 23 de Março no Tribunal Constitucional os rendimentos auferidos no período em que foi ministro do Ambiente.
Os meninos e meninas estavam bem sentados, com os computadores ligados, as mãozinhas em cima das carteiras e relativamente em silêncio. Como era dia solene, a sala estava cheia de flores e alguns ostentavam orgulhosos um cravo na lapela do casaco.
Respeitosamente, alguns meninos e meninas subiram à tribuna e desataram a falar do 25 de Abril, da crise, do Salazar de Santa Comba Dão, do esquerdismo, de sequestros, de saudades dos tempos que já lá vão. Já a sessão ia longa quando chegou a vez de falar o senhor Presidente da República. A expectativa era muito grande, esperava-se um raspanete, um puxão de orelhas ao Governo que, em silêncio, com o senhor presidente do Conselho ao meio, ouvia tudo o que se dizia na sala. Contra, principalmente, e a favor, pela voz de um capitão de Abril que entrou nos atalhos e sarilhos da política partidária.
Cavaco Silva levantou-se, sem cravo na lapela, algo que escandaliza os guardiões da moral e dos bons costumes abrilistas, e começou a dar uma aula de bom comportamento aos meninos e meninas que representam os indígenas deste sítio manhoso, pobre, sem futuro, hipócrita quanto baste e obviamente cada vez mais mal frequentado.
O senhor Presidente da República sabe perfeitamente o que a casa gasta, e por isso mesmo chamou à atenção de todos que num ano repleto de actos eleitorais não devem chamar nomes feios uns aos outros, não podem andar a contar mentiras aos eleitores e muito menos mostrar que têm montes de dinheiro para gastar em cartazes, esferográficas, filmes para as televisões, grande comitivas com carros potentes, almoçaradas, jantaradas e espectáculos obscenos para os grandes líderes mostrarem as suas habilidades no palco. E Cavaco Silva também lembrou aos meninos e meninas, principalmente aos socratinhos e laranjinhas, que o melhor é começarem desde já a pensar em soluções de Governo, porque o tempo das maiorias absolutas já deu o que tinha a dar.
Nem todos os alunos gostaram da lição de bom comportamento. Enquanto os portistas e laranjinhas aplaudiram de pé, que o respeitinho é muito bonito, os corrécios dos comunistas e trotskistas amuaram e os socratinhos, com o chefe a olhá-los bem de frente, ficaram manifestamente embaraçados, uns de pé, outros sentados, uns a bater palminhas e outros nem por isso.
O discurso de Cavaco Silva nos 35 anos do 25 de Abril foi exemplar e é bem revelador do estado a que chegou esta treta de democracia.
Numa escola em Lisboa
Comentários - É este o caminho que deveria ter sido escolhido nos quatro anos e meio de mandato, mas nunca em cima das eleições, porque deste modo, é claro que se trata de eleitoralismo. Entregar cheques na saúde, no ensino e em tudo que fôr possível e deixar as pessoas escolherem quem quiserem para os servir. Nunca com um primeiro-ministro a dar cheques. Tudo o que possa dar não é dele, mas sim do povo e para o povo. Os cheques seriam entregues pelas repartições públicas, pelas escolas e professores, ou então, enviados pelo correio com tada a normalidade. Tal e qual como pagamos os impostos e recebemos, se fôr o caso, os acertos do IRS. Chega de foguetório. É desta forma que se poderia ter feito a " Reforma do Estado", que infelizmente não passou do ponto zero. A despesa pública deveria ter sido reduzida, mas acabou por subir e muito. O eleitoralismo a poucos meses do acto eleitoral é muito feio. É para este foguetório que a esquerda quer o Estado com muito dinheiro para distribuir. Diga-se esbanjar ! Fica-se à espera do cheque escola .... Milhares de idosos continuam sem dentes .... também a morte está perto e pouco comem porque o dinheiro escasseia!
A crise gerou um monstro psicótico: o medo da crise, que acaba por agravar o problema. Há neste ano um maior número de famílias com mais dinheiro disponível do que em 2008. É o caso de funcionários públicos e pensionistas, com um aumento de 2,9% no rendimento, que poupam nos combustíveis, que estão mais baratos, e na prestação do crédito à habitação, que para milhares de famílias permite poupanças de centenas de euros por mês.
Mesmo as famílias com mais dinheiro disponível gastam menos e poupam mais. Têm medo do futuro, por isso cortam nas despesas. Esta poupança representa menos negócios e mais desemprego na economia. Por exemplo, quando muita gente desiste de ir à pastelaria tomar o pequeno-almoço, os donos sentem o efeito na caixa registadora, reduzindo as encomendas. Desta equação resultam: menos emprego, mais falências, mais pessimismo e mais medo. A economia precisa mesmo de confiança, mas tal bem não está disponível no mercado nem se faz por decreto.
Cardeal Martins
Alberto Martins parece ter falhado a carreira. Como Jaime Gama bem lembrou, no ambiente histórico de Guimarães, em que decorreram as Jornadas Parlamentares do PS, quem era baptizado na Colegiada de Guimarães ( centro nacional de peregrinações e primaz de todas as colegiadas de Portugal ) tinha assegurada uma carreira eclesiástica de sucesso. Ora, sendo Alberto Martins efectivamente baptizado na Colegiada de Guimarães, se tivesse optado pelo seminário já deveria ser neste momento cardeal a sério, como o nosso bom D. José Policarpo ou mons. Saraiva Martins, e não apenas um sucedâneo guterrista, como Pina Moura.
SOL - 18-04-2009
Docentes em luta jurídica
Nunca a política de Educação foi tão contestada nos tribunais
O Governo de José Sócrates é o que mais processos judiciais teve até hoje por causa de assuntos relacionados com a Educação. O Estatuto da Carreira Docente, a avaliação do desempenho e a gestão escolar geraram já inúmeras acções - tantas que quer o Ministério, quer os sindicatos têm dificuldades em chegar a números certos. Só a avaliação do desempenho gerou pelo menos 13 providências cautelares nos tribunais administrativos de todo o país. E os concursos para directores de escola estão na base de oito acções que vão ser interpostas na próxima semana pela Federação Nacional de Professores ( Fenprof ).
Mário Nogueira, da Fenprof, diz que se está perante « uma situação inédita e muito complicada». E sustenta que a forma como esta equipa ministerial tem legislado está na base de muitos dos problemas jurídicos que dão origem a estes processos. « O Ministério faz portarias, despachos internos e às vezes até simples faxes para alterar a legislação», acusa o sindicalista. « Se o tribunal aceita as nossas acções, é porque há ilegalidades. Não se vai a tribunal por causa de algo que é injusto, mas sim de algo que é ilegal», justifica, lembrando, que « nunca a Assembleia da República iniciou tantos processos de apreciação parlamentar e fiscalização da constitucionalidade de matérias relacionadas com a Educação».
O SOL - 18-04-2009
Marxismo
Ricardo Gonçalves, o mais heterodoxo dputado do PS, numa conversa de jornalistas em que se comentavam os casos mediáticos de corrupção política, desarmou-os com esta teoria : «A corrupção deve ser entendida como uma arma política natural da esquerda para corresponder ao princípio marxista da " acumulação primária de capital" - e assim se criar uma nova burguesia deste regime».
O SOL 18-04-2009
O 1.º - ministro recusa prestar declarações no “ caso Portucale”. Conselho de Estado vai ter de decidir
O SOL, 18-04-2009 – Ana Paula Azevedo
20 Abril 2009 - 09h00
O Bloco de Esquerda diz mata, o PCP esfola e o PS vai atrás dos dois na caça aos corruptos e aos malandros que têm fortunas e não pagam ao Fisco. Nesta batida furiosa a tudo o que mexe com dinheiro não escapam os ordenados e prémios de gestores, públicos ou privados.
De repente, por milagre, os indígenas assistem perplexos a uma catadupa de promessas, propostas de leis e resoluções sobre uma matéria que a classe política sempre quis meter na gaveta em nome das liberdades, direitos e garantias consagrados na santa Constituição.
O chamado pacote Cravinho, que mereceu um chumbo indignado do PS, já foi completamente ultrapassado por esta febre de transparência e honestidade que arde nas cabeças dos membros do Governo do senhor presidente do Conselho e de muitos parlamentares da Casa da Democracia. A discussão bizantina sobre o enriquecimento ilícito e sobre se o ónus da prova devia caber ao cidadão ou à Justiça foi estilhaçada em dois tempos.
Agora, um amanuense fiscal desconfiado com a riqueza de um indígena já pode ir vasculhar as suas contas bancárias e aplicar-lhe uma taxa de 60%. O ónus da prova de que o dinheiro foi ganho de forma legítima e que os impostos devidos estão em ordem compete ao desgraçado que cair na mira do bufo fiscal. Os protestos, esses, não têm efeito suspensivo. E a razão, se a tiver, pode vir quando o homem já estiver a fazer tijolo. E os gestores, banqueiros ou não, públicos ou privados, que ganham prémios fabulosos e reformas de milhões, vão levar com uma taxa de 75% por causa das coisas, mas principalmente por causa desta onda demagógica e populista de atacar tudo o que mexe e tem dinheiro.
Mas a perplexidade dos indígenas tem toda a razão de ser. Em primeiro lugar nunca foram contra a corrupção e muito menos contra quem dá o golpe num Estado ladrão que gasta metade da riqueza criada no sítio. Em segundo lugar, neste sítio manhoso, hipócrita e cada vez mais mal frequentado, os corruptos nunca foram nem serão castigados pelos eleitores. Bem pelo contrário. Ganham as eleições, são aclamados e perdoados pelos indígenas, que só têm pena de não poderem fazer o mesmo. É por isso que este foguetório legislativo não faz qualquer sentido. A corrupção devia ser pura e simplesmente legalizada e os corruptos obrigados a divulgar o que roubam e a quem roubam. Preto no branco, sem vírgulas ou pontos finais. Tudo transparente, tudo democrático.
19 Abril 2009 - 00h30
As palavras do Presidente da República sobre os gestores que perderam “o sentido da decência” ou que são “submissos” em relação aos agentes governamentais tiveram eco junto de empresários e políticos. José Roquette, que falou ontem no 4º Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), exactamente onde anteontem Cavaco Silva discursou, refere que “existe alguma subserviência” dos empresários “em relação ao poder político”. Também os líderes do PSD e do CDS-PP, respectivamente Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas, se manifestaram de acordo com os alertas deixados pelo Chefe de Estado.
'Há alguma cultura nesse sentido [de submissão]', observa José Roquette, salientando que essa subserviência 'não é boa para a competitividade do País'. O antigo banqueiro considera que apenas num quadro de 'interacção' entre empresários e governantes será possível ultrapassar a crise. Sobre a estratégia adoptada pelo Governo para fazer face à conjuntura económica, Roquette considera que se está apenas a 'atirar dinheiro' para os problemas.
Do lado partidário, Manuela Ferreira Leite concorda 'inteiramente' com os avisos deixados pelo Presidente, questiona as medidas do Governo face à crise e adianta: 'Essas medidas não passaram de anúncios, nem sequer existiram, ou se existiram foram mal aplicadas e tiveram mau resultado.'
Já Paulo Portas considerou 'interessante' as palavras de Cavaco Silva e sublinhou: 'O Presidente da República diz que temos de ter um Estado mais dinâmico do ponto de vista social e eu estou de acordo.'
Até Campos e Cunha, o primeiro titular da pasta das Finanças no Executivo do primeiro-ministro José Sócrates, critica as opções do Governo. 'Estou convicto de que é errada a maioria dos grandes projectos, nomeadamente na área dos transportes', salientou Campos e Cunha no congresso da ACEGE. O antigo ministro das Finanças defendeu ainda que o défice deste ano será superior a seis por cento.
MINISTRO REITERA APOIO DO ESTADO ÀS EMPRESAS
O ministro das Finanças afirmou ontem que o Estado 'não pode deixar' de apoiar as empresas numa altura de crise, considerando que as declarações do Presidente da República não são um recado para o Governo. 'Todos temos razões para estar preocupados com a conjuntura económica e com o agravamentodo desemprego. É perfeitamente natural, e até salutar, que os portugueses se preocupem e que os responsáveis políticos também o façam. Esta situação exige a responsabilidade e a preocupação de todos nós', observou Teixeira dos Santos.
APONTAMENTOS
'TUDO NA MESMA'
Na abertura do congresso da ACEGE, o Presidente da República defendeu que os escassos recursos do País não devem ser gastos em opções que deixam 'tudo na mesma'.
DESFAVORECIDOS
Cavaco Silva frisou a necessidade de proteger os mais desfavorecidos, considerando que 'seria um erro muito grave' optar-se 'por estratégias de combate à crise que ajudassem a perpetuar os desequilíbrios sociais já existentes'.
DECLARAÇÕES
'VAMOS VIVER UM AMBIENTE MAIS POPULARISTA': Campos e Cunha, Economista
'A curto prazo, o perigo maior que pode surgir para os gestores é a deflação. Vamos viver um ambiente mais populista – comportamentos que não se registavam desde 1975 – e a consequência deste ambiente populista do ponto de vista das políticas públicas, nomeadamente o exemplo da remuneração dos gestores, do sigilo bancário, das indemnizações a gestores com um imposto de cem por cento, entre outras.'
'DISPENSAMOS O CARINHO DO ESTADO': Henrique Granadeiro, PT
'Seguramente que não era o problema da Portugal Telecom que estava na mente [do discurso] do Presidente da República. Não houve nenhuma invasão por parte do Governo ou dos seus membros na esfera de intervenção própria de decisão da PT. Se o Estado se preocupa com a PT? Nós dispensamos esse carinho. Não queremos é que empatem. As intervenções do sr. Presidente da República são pelo menos matéria de reflexão para todos nós.'
'EXISTE UMA TENDÊNCIA PARA A MANIPULAÇÃO': José Roquette, Empresário
'O Presidente da República pôs o dedo em muitos pontos concretos. Claramente existe alguma subserviência do poder económico ao poder político. Nós, empresários, somos uma parte importante da sociedade civil, e o que devia existir era uma integração. Existe sempre uma tendência das várias forças políticas de fazerem alguma manipulação da realidade estatística do País, o que obviamente não ajuda muito.'
19 Abril 2009 - 09h00
Desorientação
Conforme se vai conhecendo a dimensão mais profunda e dramática da crise que está a atravessar o sistema económico mundial, de forma crescente vai emergindo um clima de desorientação que coloca o País à beira de um ataque de nervos.
As últimas previsões do Banco de Portugal foram uma espécie de cataclismo. Multiplicaram-se as análises de especialistas, que cada vez são menos especialistas e mais palpitadores de boletim do totoloto desdizendo hoje aquilo que disseram ontem, multiplicando a confusão, revelando a efemeridade das suas próprias previsões e a vacuidade das suas análises. Para alimentar ainda mais este estado de demência económica e financeira, a política entrou na fase superior da hipocrisia.
Como bem sublinhava Emídio Rangel, é de um mau gosto, para não dizer insultuoso, o prazer sádico com que alguma oposição saboreia, e se apraz, com esta terrível situação, suportando-se nas leituras simplistas e populistas de que o Governo é o culpado de tudo. É contra esta mediocridade que se deve compreender o último discurso de Cavaco Silva. Embora muitos empresários não tenham gostado, embora o Governo tenha sido zurzido, e o espectro político em geral, a verdade é que a situação é de tal maneira complicada que não vai lá com meras operações de cosmética, com maquilhagem estatística, com a cultura do subsidiozinho que fez de Portugal um país de subsidiodependentes. De esquemas. De cunhas. De intercessões milagrosas junto deste ou daquele ministro.
A chulice da riqueza pública é a maior doença nacional. A fonte produtora de caciques, clientes e serventuários. De negócios menos claros, de investimentos que resultam em catástrofes. E é por aqui que tem de começar a reforma que nos permite emergir desta crise. Procurando a transparência, a coragem de ser responsável por grandes vitórias mas também pelas grandes derrotas. Ou seja, acabar de vez com a politiquice de feirante e casuísmo que hoje domina a vida pública portuguesa. O País precisa de mudar. E rapidamente. Ou então este furacão que está a devastar as economias europeias vai transformar-nos nos pedintes mais tesos, embora espertalhaços, quando os ventos da reanimação começarem a soprar. E nestes tempos, mais do que o palpite vale a sensatez. Mais do que soluções milagrosas ou previsões catastróficas, é fundamental saber transformar o medo em coragem, a desorientação em serenidade e determinação. Ou não restará País com decência para os nossos filhos.
Na presença de Charles Smith, Cabral explicava ao administrador inglês as razões dos pagamentos de luvas a um ministro que já não estava no poder. E isto porque este licenciado e mestre em Direito pela Faculdade de Direito, hoje com 44 anos, saiu do Governo de Guterres e foi nomeado inspector--geral do Ambiente pelo novo ministro do PSD, o famoso Isaltino de Morais. Cargo que manteve com os três ministros seguintes, dois sociais-democratas e um do CDS. Um homem importante e que, como diz João Cabral no DVD, podia efectivamente meter medo a muita gente com projectos pendentes na área do Ambiente. Filipe Baptista manifestamente não gosta muito de se dar a conhecer. No portal do Governo não tem perfil e na declaração de rendimentos apresentada no Tribunal Constitucional referente ao ano de 2005 esqueceu-se de mencionar os seus rendimentos.
Ontem, bombardeado com suspeitas e com notícias, foi obrigado a emitir um comunicado, no qual classifica as alusões ao seu nome no caso Freeport de falsas e difamatórias. Mas a verdade é que era chefe de gabinete de Sócrates na altura do licenciamento, foi de facto inspector-geral do Ambiente e está há quatro anos instalado na residência oficial de São Bento, como secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. E é, indiscutivelmente, uma das poucas pessoas que almoçaram ou jantaram todos os dias com Sócrates. Longe vão os tempos em que foi assessor do provedor de Justiça, de 1994 a 1997, e assistente na Faculdade de Direito de Bissau, em 1997 e 1998.
Filipe Baptista tem outra particularidade importante. É independente, facto que lhe permitiu andar sempre a navegar nas águas socialistas ou sociais-democratas. Mas não se pense que este discreto membro do Governo não tem peso político. Gosta de andar na sombra, mas está sempre na primeira linha para defender José Sócrates quando as ondas da Comunicação Social se viram contra o chefe. Foi assim no Ambiente, quando rebentou a polémica com a co-incineração e o então ministro do Ambiente teve de enfrentar as populações de Souselas e de Setúbal, para além de alguns membros influentes do seu partido, como o histórico Manuel Alegre. Será assim hoje, curiosamente, com o caso Freeport. Mas não só. O primeiro-ministro não há dia que não fale com o ex-chefe de gabinete e, naturalmente, com Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência, também seu secretário de Estado no Ambiente no Governo de António Guterres.
SOCIALISTAS EM SILÊNCIO SOBRE ACUSAÇÃO A SÓCRATES
Evitam o tema e alegam que não viram o ‘Jornal Nacional’ da TVI. 'Não vi', é a resposta pronta de dois militantes socialistas nos corredores que dão acesso à Sala Tejo, no Parque das Nações, onde decorreu ontem uma iniciativa das Novas Fronteiras socialistas para apresentar a lista de candidatos às eleições europeias de 7 de Junho.
O líder, José Sócrates, também não dá margem para perguntas além da presença de Jorge Sampaio na iniciativa, destacando-o como uma grande figura do socialismo democrático. E não é expectável que aborde, de alguma forma, este assunto na qualidade de primeiro--ministro. A estratégia é remeter para a nota do seu gabinete emitida há algumas semanas quando foi exibido o som do DVD em que Charles Smith se referia a José Sócrates como 'corrupto'.
Capoulas Santos, eurodeputado, apenas afirma ao CM que não viu o DVD e que não vai contribuir para o debate. Já José Lello, secretário nacional para as relações internacionais do partido, prefere atacar a TVI: 'Só gosto de ver telejornais. É um magazine [o ‘Jornal Nacional’].'
Há quem opte por questionar a credibilidade de Charles Smith no processo e há ainda quem veja com grande preocupação o 'desgaste' que o processo pode ter na imagem do primeiro-ministro.
O SENHOR GESTOR DO AMBIENTE
Rui Gonçalves, ex-secretário de Estado do Ambiente de José Sócrates, anda um pouco desaparecido depois de nos primeiros tempos ter vindo a público defender o licenciamento do Freeport. Desde Abril de 2008 é vogal da Empresa Geral de Fomento e, por inerência, presidente do conselho de administração de várias empresas de saneamento básico criadas por José Sócrates.
O GRANDE AMIGO DE SÓCRATES
Manuel Pedro Cunha da Silva Pereira, mais conhecido por Pedro Silva Pereira, foi secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza do ministro do Ambiente José Sócrates. Desde 2005 é ministro da Presidência e o grande confidente e conselheiro de Sócrates. Não há nada que aconteça no PS ou no Governo que não tenha a sua marca-d’água.
APONTAMENTOS
PROCESSO EM LONDRES
O resultado das diligências feitas pelas autoridades portuguesas já estão em Inglaterra, onde também corre uma investigação ao caso Freeport. Ao mesmo tempo, segundo a TVI, os procuradores vão em breve a Londres buscar os 25 volumes da investigação britânica.
QUATRO CRIMES
Os procuradores do Ministério Público já definiram os crimes que estão em investigação no processo Freeport: corrupção para acto ilícito, tráfico de influências, branqueamento de capitais e participação em negócio.
NOTAS
PSD: INDEPENDÊNCIA DA JUSTIÇA
Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, defendeu ontem na Guarda 'a independência do poder judicial e da investigação', por considerar que no País 'existe um clima de perda de autoridade'
ARGUIDOS: SMITH E PEDRO
Os antigos sócios Charles Smith e ManuelPedro são até ao momento os únicos arguidos da investigação ao licenciamento do Freeport,o outlet de Alcochete
SETÚBAL: QUATRO
Quatro homens, três advogados e um ex-ministro, foram ouvidos esta semana na Polícia Judiciária de Setúbal: Augusto Ferreira do Amaral, Gandarez, Cristina de Sousa e Albertino Antunes
Parece que tudo muda para tudo ficar na mesma. Nos EUA, os mesmos que conduziram à ruína das empresas, receberão milhões em prémios.
Interesses muito estranhos
Expresso – 10-04-2009
INTERESSES MUITO ESTRANHOS
Para Cavaco Silva, não há dúvidas: "Na génese da crise financeira e económica que o mundo enfrenta, muito pesaram a violação de normas éticas e a adopção de comportamentos de risco". "Muitos foram os gestores financeiros que, simplesmente, perderam o sentido da decência", sublinhou Cavaco Silva na sessão de abertura do 4º Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores, que decorreu na Universidade Católica, onde estiveram também o Cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
O Chefe de Estado considerou por isso "urgente que os decisores reajustem as prioridades e corrijam as injustiças e os erros que a crise desmascarou". Mais: "Seria um erro muito grave, verdadeiramente intolerável, que, na ânsia de obter estatísticas económicas mais favoráveis e ocultar a realidade, se optasse por estratégias de combate à crise que ajudassem a perpetuar os desequilíbrios sociais existentes."
Para o Governo, Cavaco Silva deixou recados directos: "Não se trata de governar para os números, nem para as estatísticas. "Não é altura para intervencionismos populistas ou voluntaristas sem sentido. Os recursos do País são escassos e é muito o que há ainda por fazer. É preciso garantir o máximo de transparência na utilização dos dinheiros públicos", avisou o Presidente.
E foi mais longe: "Empresários, gestores e banqueiros submissos em relação a ministros e secretários de Estado ou outros agentes políticos pouco contribuem para o desenvolvimento sustentável do nosso País."
FRASES
"Este é um risco efectivo. Muitos dos agentes que beneficiaram do status quo e que tiveram um papel activo na crise financeira continuam a ser capazes de condicionar as políticas públicas."
"Esta não é altura para intervencionismos populistas ou voluntarismos."
"O pior que nos poderia acontecer era a crise acentuar a tendência de as empresas procurarem a protecção do Estado para a realização dos seus negócios."
"É preciso ter coragem de,em vários domínios, começar de novo."
Cavaco Silva
"Um funcionário do Fisco faz tudo: investiga, julga e aplica a lei", afirmou Paulo Rangel, que avisa: "O Fisco não se pode substituir aos tribunais". "Isto é um crime clandestino [enriquecimento ilícito]. Não há intervenção do Ministério Público, não há julgamento, não há acusação, nem garantias, simplesmente há um fiscal que investiga e aplica a pena", sublinhou o líder parlamentar do PSD, que garantiu no entanto ser a favor do levantamento do sigilo bancário. Mas para Paulo Rangel não há dúvidas: "A proposta do Governo é inconstitucional." Até porque, acrescentou, "há inversão do ónus da prova".
Os contribuintes só escapam à penalização caso consigam justificar os rendimentos obtidos, o que para o PSD constitui uma clara inversão do ónus da prova. "Quem tem de provar como é que obteve os rendimentos é o contribuinte. Portanto aqui há a inversão do ónus da prova", concluiu Paulo Rangel.
Confrontado com as acusações, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, acusou o PSD de "tentar confundir as pessoas" por querer "tratar como matéria criminal uma questão de natureza fiscal". O diploma seguirá agora para o Parlamento, para ser aprovado ainda nesta legislatura, de forma a entrar em vigor em 2010, mas com efeitos práticos em 2011.
Na especialidade, as propostas do Governo e do BE, anteontem aprovadas, poderão sofrer alterações.
Para o constitucionalista Vital Moreira, cabeça-de-lista do PS às eleições europeias, "não há qualquer problema" com a proposta do Governo.
"O PSD ESTÁ A FAZER FOGUETÓRIO POLÍTICO"
O ministro das Finanças acusa o PSD de fazer "foguetório político" com as críticas dirigidas ao Governo sobre a sua proposta relativa ao enriquecimento ilícito. Teixeira dos Santos recordou que a taxa de 60% que o Governo pretende aplicar sobre os rendimentos não justificados que os contribuintes não expliquem "não é nada de inédito na nossa Constituição". O ministro refere ainda que uma taxa de 100% só poderia ser aplicada em casos de enriquecimento através de actos criminais, "algo que compete aos tribunais averiguar".
APONTAMENTOS
AUGUSTO PINOCHET
Francisco Louçã reafirmou ontem que o BES recebeu parte da fortuna de Augusto Pinochet, avaliada em cerca de vinte milhões de dólares, citando a imprensa estrangeira, após o banco ter desmentido.
ARREPENDIDOS
O PSD vai propor ao Ministério Público a promoção, nos crimes de corrupção, dos mecanismos de atenuação especial, de dispensa de pena, para corruptos colaborantes com a Justiça.
EX-JUIZ DO TC CRITICA
Guilherme da Fonseca, ex-juiz do Tribunal Constitucional, admite que o levantamento do sigilo bancário aprovado pelo Governo pode pôr em causa alguns direitos fundamentais.
18 Abril 2009 - 00h30
Alguns documentos do caso Freeport que têm vindo a público são falsos. O CM sabe que algumas testemunhas ouvidas esta semana na Polícia Judiciária constataram que certos documentos, que a equipa de investigação juntou ao processo em resultado das diversas buscas efectuadas desde 2005, não correspondem nem de perto nem de longe aos que têm aparecido publicamente. "Há documentos que não são idênticos aos do processo", afirmou ao CM uma dessas testemunhas, que não tem dúvidas de que "alguém anda a forjar papéis para tentar incriminar pessoas inocentes e evitar que se descubra a verdade".
Um deles, sabe o CM, é o fax em inglês com o pedido de quatro milhões de libras, supostamente enviado nos primeiros dias de Dezembro e que teria estado na origem da queixa de Smith ao tio de José Sócrates. O sócio de Manuel Pedro falou na altura a Júlio Monteiro de um escritório de advogados e terá atribuído a autoria desse memorando de uma página, não assinado nem datado, ao escritório de Albertino Antunes, Alexandre Oliveira e José Francisco Gandarez. Aliás, este último já nem era sócio do referido escritório em Dezembro de 2001. O CM sabe que Gandarez saiu da sociedade de advogados em Setembro de 2001, embora tenha de facto participado no jantar de Fevereiro de 2001 no Clube de Empresários, e não de Novembro de 2001 como noticiámos noticiou ontem, em que estiveram presentes os consultores do Freeport, o embaixador inglês, o ministro da Economia Mário Cristina de Sousa, sogro de Gandarez, e um elemento do então ICEP, Instituto de Comércio Externo de Portugal. O CM sabe também que os advogados ouvidos como testemunhas não puderam fazer muitas declarações devido ao sigilo profissional. Isto porque a Ordem dos Advogados indeferiu todos os pedidos de levantamento do sigilo profissional.
EX-ADVOGADO DE MANUEL PEDRO OUVIDO ONTEM NA PJ
Albertino Antunes, um dos sócios do escritório de advogados, que trabalhou para a Smith & Pedro de 2000 a 2005, foi ontem de manhã ouvido na Polícia Judiciária de Setúbal pela equipa de investigadores do caso Freeport. Albertino Antunes, ex-jornalista e um dos fundadores da TSF, é amigo de longa data de Manuel Pedro, um dos arguidos do processo, e foi até há cinco meses o advogado do sócio de Charles Smith. O CM sabe mesmo que em 2005, quando o licenciamento do Freeport começou a ser investigado e a Polícia Judiciária fez buscas aos escritórios de Manuel Pedro, Albertino Antunes foi o seu advogado em todas as diligências efectuadas na altura, antes do processo ter parado durante vários anos. Nos últimos interrogatórios, porém, Manuel Pedro apareceu acompanhado da advogada Paula Lourenço, amiga pessoal de José Sócrates, que também defende Charles Smith, o outro arguido do processo e sócio de Manuel Pedro na Smith & Pedro.
DVD MOSTRA SMITH A ACUSAR JOSÉ SÓCRATES
Aos seis minutos da conversa com Alan Perkins, administrador da Freeport, e João Cabral, ex-funcionário da Smith & Pedro, o escocês Charles Smith, sócio daquela empresa, acusa José Sócrates de ser corrupto. "O primeiro-ministro, o ministro do Ambiente, é corrupto", diz Smith no vídeo gravado de forma secreta por Alan Perkins, e revelado ontem pela TVI.
A conversa, gravada a 3 de Março de 2006 nos escritórios da Freeport, já era conhecida, mas as imagens dessa reunião só ontem foram mostradas. Na gravação vê-se apenas dois protagonistas: Charles Smith e João Cabral. A voz atribuída a Alan Perkins ouve-se, mas a sua imagem não é visível.
Ao longo da gravação, Smith e Cabral explicam o processo do pagamento, feito em tranches de três e quatro mil euros, em 2002 e 2003. Smith diz que inicialmente era para ser pago 500 mil, sem precisar a moeda, e que chegou a ser pedido um milhão, também sem precisar a moeda. Este DVD é aceite como prova em Inglaterra, mas não em Portugal. As autoridades portuguesas nunca pediram uma cópia desse vídeo.
JUÍZES DEFENDEM AUTONOMIA DA INVESTIGAÇÃO
António Martins, que ontem tomou posse para um segundo mandato à frente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, afirmou que há uma "constante tentação do poder político em minimizar a independência do poder judicial". Sem fazer referência ao processo Freeport, o desembargador considerou, porém, que a "autonomia do Ministério Público é um pilar essencial" e que não é admissível que essa autonomia "possa ser em qualquer processo objecto de dúvidas".
APONTAMENTOS
DOIS ARGUIDOS
Os antigos sócios Charles Smith e Manuel Pedro, consultores do Freeport, são até ao momento os únicos dois arguidos no processo de investigação ao outlet de Alcochete.
SÓCRATES SUSPEITO
O primeiro-ministro José Sócrates foi considerado suspeito pelas autoridades inglesas, que numa carta rogatória enviada a Portugal pediam que fosse investigado. Já o Ministério Público tem negado que seja suspeito.
INQUÉRITO ÀS PRESSÕES
O caso das pressões sobre os magistrados do processo Freeport, que apontam Lopes da Mota como intermediário do Governo, vai ser investigado por um inspector do Ministério Público nomeado pelo procurador-geral da República.
DVD SEM REACÇÕES
O gabinete do primeiro-ministro não adianta mais comentários ao comunicado feito no final de Março, após a TVI ter divulgado o som do DVD onde Charles Smith acusa José Sócrates de "ser corrupto". Nessa altura, o primeiro-ministro disse que ia processar os intervenientes no caso.
SMTIH DESMENTIU
No final de Março, Charles Smith confirmou ter tido reuniões com Alan Perkins, algumas na presença de João Cabral, para discutir questões do Freeport, mas garantiu ser falso que "alguma vez me tenha referido ao primeiro-ministro de forma injuriosa".
NOTAS
PROCESSO: JUIZ DE RELEVÂNCIA
Em despacho de 6 de Março, o juiz de instrução Carlos Alexandre considera o caso Freeport de especial relevância. O caso foi iniciado em Fevereiro de 2005 pela Judiciária de Setúbal
CRIMES: CORRUPÇÃO EM CAUSA
O despacho do juiz elenca quatro crimes em investigação neste caso: corrupção para acto ilícito, tráfico de influências, branqueamento de capitais e participação económica em negócio
PRESCRIÇÃO: PRAZO MAIS LARGO
Face às penas aplicadas aos crimes em investigação, que oscilam entre cinco e 12 anos, o inquérito só poderá ser declarado prescrito em 2012, na melhor interpretação possível
PIRATARIA
Uma das ligações do site da Procuradoria-Geral da República estava ontem inacessível alegadamente devido a um ataque de pirataria informática.
Quem quiser governar, então, que ouça as vozes da gente simples que vêm das famílias, dos vizinhos , das igrejas, dos pequenos clubes , das colectividades, das associações, dos ranchos folclóricos, dos dadores de sangue, enfim, de todo o lado.
A saúde moral do nosso país, de qualquer país, está dependente de muitas coisas, essas sim, básicas para a obtenção de uma economia próspera, resultante de altos níveis de confiança entre a população. A tais níveis de confiança chama-se capital social. Sem capital social não poderia haver sociedade civil, e sem sociedade civil não poderia existir democracia bem sucedida.
São estes milhões de gente boa, que não têm a defesa das corporações, das elites, das teias, dos lobbies, dos partidos e dos aparelhos, mas que são o Portugal autêntico. Não aqueles que em vez de estudarem andam todo o ano em manifestações de rua , gastando o nosso dinheiro. Não aqueles que despudoradamente fazem buzinões, manipulados por partidos. Não aqueles que passam toda a sua vida em sindicatos, ou os que nos aparecem nas televisões, sistematicamente a exigir serem ouvidos, quando o povo já não os pode sequer ouvir. António Reis Luz
Há uma multiplicidade de estudos empíricos dos mais variados académicos e instituições que mostram a existência de uma elevada correlação entre a qualidade das leis, a sua aplicação e o grau de desenvolvimento. Mais, evidenciam que as primeiras condicionam o segundo. Como a nossa cada vez mais triste experiência mostra, não se trata apenas da criar boas leis mas da capacidade de proceder à sua adequada aplicação. A sensação cada vez mais presente nos agentes económicos de que as instituições nacionais fracassam na luta à corrupção é frustrante, preocupante, imoral e, certamente, geradora de empobrecimento. Ao enfraquecer os (legítimos) direitos de propriedade, a corrupção distorce a rendibilidade dos investidores pela tomada de risco. Esta distorção diminui o incentivo a investir, o próprio investimento e, por consequência, o crescimento económico. Ou seja, exigir eficácia a quem tem de lutar contra a corrupção é uma questão básica de exercício de direitos e deveres de cidadania. Mas é, também, tratar adequadamente da nossa riqueza colectiva e do nosso futuro.
Mas a frase do cartaz tinha ironia à mistura. "Estamos a agradecer ao Presidente porque foi preciso ele vir cá para fazerem obras... mas só nos sítios por onde ele passou", reclamou, ao CM o líder da associação de estudantes, Vítor Guimarães. Cavaco não parou nem falou com os alunos.
Este foi, de resto, o único incidente de um dia longo para o Presidente da República, que começou de manhã cedo na Universidade de Évora e que terminou na Faculdade de Ciências de Lisboa, já perto das 19h00. Pelo meio, Cavaco visitou o ISA, a Carris e o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), onde estudou e foi professor. Com a Matemática como tema desta 5ª jornada do Roteiro para a Ciência, a ideia era mostrar centros de investigação e empresas onde a ciência dos números é imprescindível e tem aplicação prática.
Mas as primeiras palavras de Cavaco, em Évora, foram sobre os números revelados anteontem pelo Banco de Portugal, que prevêem para 2009 uma contracção para a economia de 3,5%. "As previsões não poderiam ser mais negativas. Estamos todos preocupados", disse. O PR mostrou-se, porém, pouco surpreendido: "Dependemos muito dos mercados internacionais e as exportações caíram 14 por cento. O que pode surpreender um pouco é a queda no investimento de 15 por cento." E colocou a tónica na resposta à crise, frisando que "é preciso actuar já hoje apostando no conhecimento, na inovação".
Já em Lisboa, no ISEG, Cavaco Silva alertou que, para o País ser competitivo, é fundamental a Matemática: "É imprescindível aumentar o número de pessoas com competências para Matemática. Espero que os jovens percebam e invistam na Matemática porque é compensador."
QUANDO O PRESIDENTE PROVOU UM NOVO TIPO DE AZEITE... SÓLIDO
E se um dia destes pudesse barrar o pão com azeite sólido, como se fosse manteiga? Cavaco Silva já provou este azeite, no Instituto Superior de Agronomia, onde a técnica está a ser aperfeiçoada, com o auxílio da Matemática. E foi também no ISA que o PR viu como a Matemática pode ajudar a medir o stress da vinha e melhorar assim a qualidade do vinho. Já depois do almoço na Gulbenkian com 25 especialistas de diversas áreas em que a Matemática é fundamental, Cavaco viajou num autocarro da Carris e visitou a sede da empresa, em Miraflores (Oeiras), onde viu a importância da Matemática para gerir carreiras e escalas e se encontrou com Isaltino Morais. Emotivo foi o regresso ao ISEG, onde encontrou ex-colegas. "Aprendi aqui que a Matemática não é fácil e divertida. Exige sim disciplina e muito trabalho", disse. O dia acabou com uma visita a uma exposição no museu da Ciência da Universidade de Lisboa.
PORMENORES
TEMAS
Matemática é o quinto tema do Roteiro para a Ciência, depois das tecnologias limpas, de informação, biotecnologia e ciências do mar.
COIMBRA
O Roteiro termina hoje na Universidade de Coimbra, onde Cavaco inaugura o Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde.
Os mais actualizados indicadores da crise, com o governador do BP a prever, para 2009, uma recessão de 3,5%, o investimento a cair mais de 14% e o consumo 9%, acabam de ser anunciados. Trata-se de um tema que, obviamente, interessa ao futuro do País, ao nosso futuro, e que, por isso, tem de dar lugar a debate e a confrontação política. Pois, ainda aqui, os tenores do costume, decepcionados com a contenção presidencial, que falou apenas em números que não podiam ser mais negativos, clamam pela intervenção de Cavaco Silva, para que, a 25 de Abril, diga, preto no branco, o que pensa sobre o tema.
35 Anos sobre a Revolução, já era tempo de deixarmos de fazer da política uma espécie de ‘apito dourado’ e de estarmos sempre a pretender que seja o árbitro a marcar os golos de que não somos capazes.f
O jantar no Clube de Empresários aconteceu quando Mário Cristina de Sousa já não era ministro da Economia, cargo que ocupou de Setembro de 2000 a Julho de 2001, tendo como colega de Governo José Sócrates, ministro do Ambiente, que se manteve no lugar até Março de 2002. Acompanhado do seu advogado, Pedro Fragoso Mendes, Mário Cristina de Sousa foi interrogado pelos dois procuradores do Departamento Central de Investigação e Acção Penal Vítor Magalhães e Paes Faria e por um inspector da Polícia Judiciária de Setúbal. Durante a hora a meia que durou a audição, os investigadores colocaram diversas questões ao ex-ministro, sendo que a grande maioria incidiu sobre a sua presença no jantar, quem o convidou, qual dos presentes conhecia e qual o conteúdo das conversas mantidas nessa noite de Novembro no Clube dos Empresários. Visivelmente abalado com o facto de estar envolvido neste processo, mesmo que na qualidade de testemunha, Mário Cristina de Sousa também teve de esclarecer os investigadores sobre eventuais contactos que terá feito depois do jantar com membros do Governo, nomeadamente com José Sócrates, para tentar perceber o que se estava a passar com o processo Freeport no Ministério do Ambiente. E isto porque, poucos dias depois do jantar, concretamente a 5 de Dezembro, os advogados Albertino Antunes e José Francisco Gandarez, da Smith & Pedro, terão enviado o célebre fax a pedir os quatro milhões de libras para desbloquearem o licenciamento do Freeport.
COLEGA DE JOSÉ SÓCRATES DURANTE 11 MESES DE GOVERNO
Mário Cristina de Sousa teve José Sócrates como colega de Governo durante 11 meses. Economia e Ambiente eram os dois ministérios directamente envolvidos no projecto Freeport, daí as questões colocadas ontem pelos procuradores Paes Faria e Vítor Magalhães ao ex-ministro da Economia sobre o relacionamento que teria como o então ministro do Ambiente. Em particular se a questão do investimento no complexo Freeport teria alguma vez sido abordado durante a reunião do Conselho de Ministros.
Do lado do Ministério da Economia a questão do investimento estrangeiro era tratada pelo ICEP – Instituto do Comércio Externo de Portugal, directamente tutelado pelo Ministério da Economia. O ICEP era responsável pelo acompanhamento de investimentos de montante superior a um milhão de contos.
Ao Ministério do Ambiente cabia toda a tramitação que dizia respeito aos impactes ambientais que o projecto iria provocar na zona de Alcochete.
SMITH & PEDRO TEVE RECEIO DE PERDER O CLIENTE FREEPORT
Depois do jantar ocorrido no Clube dos Empresários, em Novembro de 2001, Charles Smith recebe na Smith & Pedro uma proposta dos advogados Albertino Antunes e José Francisco Gandarez que, a troco de 1,2 milhões de contos, se propõem criar uma "equipa" para viabilizar o projecto Freeport. O memorando, que se encontra junto ao processo, tem data de 5 de Dezembro de 2001 e pede urgência na resposta em face da iminente rejeição do projecto (o que veio a acontecer a 9 de Dezembro).
Estes acontecimentos levam Charles Smith a recear que os ingleses do Freeport denunciem o contrato com a Smith & Pedro. Para evitar esta situação, e conservar o Freeport como cliente, Charles Smith vai ter com Júlio Monteiro, tio de José Sócrates. Depois de falar do valor pedido pelos advogados, Smith consegue, através de Júlio Monteiro, uma reunião com o então ministro do Ambiente. Será Manuel Pedro a ir ao encontro com José Sócrates.
PINTO MONTEIRO AUSENTE DA POSSE DE JOÃO PALMA
O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, foi a grande ausência da tomada de posse do novo presidente do Sindicato do Ministério Público (SMMP), João Palma, o magistrado que denunciou as pressões sobre os investigadores do processo Freeport.
Apesar de não ter nada em agenda para ontem à tarde, e ao contrário do vice--PGR, que enviou uma mensagem, Pinto Monteiro ‘ignorou’ a cerimónia da passagem de testemunho de António Cluny a João Palma, que no seu discurso criticou fortemente o próprio Ministério Público.
"Temos um MP e órgãos de polícia criminal cuja acção se dirige para a investigação da grande massa de desprotegidos e menos afortunados, limitando-se a acção penal a certos patamares, excluindo-se dela os mais poderosos e influentes", afirmou João Palma que, sem fazer referências ao processo Freeport, prometeu combater a imagem de um MP "arquivador" e aqueles que pretendam fazer dos magistrados "comissários políticos obedientes".
No final, João Palma manifestou-se confiante de que irá ser recebido pelo Presidente da República, revelando também que irá pedir uma audiência ao PGR. Recusou no entanto revelar se já foi ouvido no caso das pressões.
A directora do DCIAP, Cândida Almeida, e o socialista Manuel Alegre assistiram à tomada de posse.
APONTAMENTOS
MARIA ALICE AUSENTE
A coordenadora da Polícia Judiciária de Setúbal, Maria Alice Fernandes, só por momentos esteve na sala em que Mário Cristina de Sousa foi interrogado. Entrou, cumprimentouo ex-ministro e o seu advogado e voltou a sair.
SÓ UM INTERROGATÓRIO
Mário Cristina de Sousa muito dificilmente voltará a ser ouvido pela equipa de investigadores do caso Freeport. Tal só acontecerá se entretanto aparecerem depoimentos contraditórios sobre o jantar no Clube de Empresários.
DOIS ARGUIDOS
Charles Smith e Manuel Pedro, ex-sócios da Smith & Pedro, são, neste momento, os únicos arguidos no caso Freeport.A Smith & Pedro era a empresa de consultoria que representava os ingleses da Freeport PLC em Portugal.
LOPES DA MOTA
A Procuradoria-Geral da República abriu, no início deste mês, um inquérito para apurar se houve pressões de Lopes da Mota, o procurador adjunto que é presidente do Eurojust, sobre os magistrados que têm a investigação do caso Freeport.
MAGISTRADOS
Vítor Magalhães e Paes Faria são os procuradores que estão a coordenar as investigações ao caso Freeport.
DISCURSOS
"O SMMP combaterá sem tréguas aqueles que pretendam transformar o MP num corpo amorfo de funcionários ou comissários políticos obedientes."
"Preocupa-nos aquilo a que chamamos de falta de energia investigatória do MP.O MP está hoje limitado nas suas capacidades de investigação."
"Temos um MP e órgãos de polícia cuja acção penal se dirige para a investigação da grande massa, excluindo-se os mais poderosos e influentes."
João Palma Presidente do SMMP
NOTAS
CANDIDA: CONCLUSÃO EM 2009
A procuradora Cândida Almeida revelou ontem esperar que a investigação do processo Freeport esteja concluída até ao final do ano, e reafirmou que os magistrados não se sentem pressionados
CHUMBO: REFORMULAÇÃO
Para evitar o segundo chumbo do projecto, os advogados aconselhavam os ingleses do Freeport a mexerem nas áreas da discoteca e no bowling
PAGAMENTO: 10% NO INÍCIO
Albertino Antunes e José Francisco Gandarez exigiam como forma de pagamento um adiantamento de 10% aquando da aprovação condicional do projecto Freeport
17 Abril 2009 - 00h30
Dia a dia
Os produtores de legislação presentearam ontem o País com uma nova colecção de articulados contra os mais esconjurados males nacionais: corrupção, fuga ao fisco, tráfico de influências, enriquecimento ilícito, peculato, branqueamento de capitais e o mais que ninguém de bem quer na sociedade.
Espera-se que seja por bem da justiça e da democracia. E, sobretudo, reclama-se que funcione, o que a avaliar pelo que se tem visto, não é fácil. De facto, não tem sido por falta de legislação que Portugal suscita dúvidas aos observatórios internacionais de combate à corrupção e correlativos. O que se aponta é a falta de condenações por corrupção, prática criminosa que não se considera erradicada em nenhuma parte do mundo. Corrupção há até nas bem organizadas e controladas sociedades da Suécia, Noruega ou Dinamarca. A diferença é que lá a Justiça condena corruptos, corruptores, fugas ao fisco e tráficos de vário género, enquanto nas chamadas ‘repúblicas das bananas’ o mesmo tipo de criminosos passeia-se intocável nos meios do poder político e económico.
Sem pôr em causa a importância de ver no mesmo dia Governo e Assembleia da República avançarem com novos instrumentos legislativos, temos de perguntar porque não se anda mais depressa para um Portugal mais justo e rigoroso e porque é que as leis, apresentadas no papel como eficazes, são sempre tão difíceis de aplicar.
Paulo Portas – Independente – 10-01-97
É certo que muitas leis nacionais resultam hoje da necessidade de adaptação das leis comunitárias ao nosso sistema jurídico.
António José Saraiva – 11-10-2008
16 Abril 2009 - 00h30
O chavão mais recorrente desde que a crise nos usurpou o quotidiano consiste em culpar o liberalismo de todos os males.
As incriminações partem dos que preferem a intervenção estatal como motor da sociedade em prejuízo da liberdade económica (e da política, consequentemente). Elegem a acção do Estado como fazedor universal da felicidade, sobretudo dos mais desfavorecidos, e vigiam o êxito dos indivíduos e das empresas como perigos latentes. Para tal, os impostos aumentaram para pagar uma máquina estatal que incha sem parar e que já absorve mais de 50% da riqueza.
Mas, após 40 anos de dilatação do Estado dito Social, ainda há mais de dois milhões de pobres: o modelo falhou. Derramar biliões para o Estado gastar não é solução – apenas cegueira feita de muita fé
"Nós daremos as respostas que forem necessárias em função da evolução da situação e em função das nossas capacidades", garantiu o ministro do Trabalho, Vieira da Silva. Na mesma linha está o ministro das Finanças que garante que o Executivo quer combater os despedimentos. "Nas áreas que têm a ver com o desemprego, com os apoios sociais, não podemos ser, de facto, avarentos".
Apesar das garantias do Governo, os partidos da Oposição responsabilizam o Executivo de José Sócrates pela situação económica do País. A Oposição exige um orçamento rectificativo, o que já foi recusado, e mais medidas de combate à crise.
"O que temos é um Governo que entrou em colapso e chegou ao fim da linha", criticou o líder do CDS-PP, defendendo que a atitude correcta "não é baixar os braços" e alertando que, com a inflação de menos 0,2 por cento, as pensões de reforma vão baixar em 2010. "Eu já nem pergunto onde é que está o socialismo, eu pergunto onde é que está a vossa justiça social", questionou Paulo Portas.
Para o BE é necessária mais "ousadia" do Governo. "Será que o Governo vai cruzar os braços e deixar que o desemprego atinja os números que se perspectivam?", refere Luís Fazenda.
PORMENORES
RECIBOS VERDES
O deputado do BE Francisco Louçã pediu ontem esclarecimentos ao ministro das Finanças sobre o envio de notificações a trabalhadores a recibos verdes para que paguem uma multa de 154,5 euros pela não entrega de um anexo que o ministério "já possui".
ORÇAMENTO
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, defendeu ontem que não há razões para rectificar o Orçamento de Estado, apesar de defender que o Estado "não pode ser avarento" na resposta às questões sociais.
SECTOR TÊXTIL
O coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco, Luís Garra, considerou ontem que "o Estado gasta menos dinheiro se apoiar empresas do que se deixar os trabalhadores irem para o desemprego".
Conheça todos os pormenores em exclusivo, na edição do ‘Correio da Manhã’ desta quinta-feira.
Não há provas de que haja alguma determinação genética para o fenómeno. Os portugueses podem ser brilhantes a Matemática, e não faltam casos, sem precisar de recuar até Pedro Nunes, o genial inventor do Nónio. Mas o nível médio é confrangedor.
Ainda recentemente ficou famosa uma decisão judicial que reduzia de "um sexto para um quinto" a execução de uma penhora.
Há algumas condicionantes que favorecem a fobia nacional. Aprender Matemática exige esforço, trabalho e concentração. Também é fundamental que haja professores que gostem de ensinar uma matéria, que quando é bem explicada chega a ser apaixonante. Sem bom ensino a Matemática, não podemos aspirar ter uma economia com inovação e competitiva. Saber Matemática é mais do que saber as operações aritméticas; é aprender a pensar de forma mais rigorosa. Em boa hora o Presidente da República pensou em dedicar o dia de ontem à Matemática, mostrando diversas aplicações práticas do dia-a-dia.
Hoje, nas escolas, não se sabe quem era Händel e suponho que os nomes de Bach, ou Mozart, ou Haydn, dizem pouco nas salas de aula. Sinto-me cada vez mais desiludido com o esquecimento destas coisas, culpa minha de não saber acompanhar ‘o ar do tempo’.
Sou dos que pensa que o ensino da música deveria ser universal e obrigatório – seria uma forma de ‘democratizar’ a arte em vez de escondê-la para eleitos. Infelizmente, em democracia, se a maioria defende o mau-gosto, é ele que ganha. Tenho pena, mas Händel não é popular.
- Comecei por duvidar. A princesa de Kent (vive no palácio de Kensington, sim) é a autora de ‘A Serpente e a Lua’ (Civilização). O tema? O mais indicado para uma princesa: o triângulo entre Henrique II e duas damas das quais descende.
FRASES
"Não é permitido o uso de qualquer tipo de maquilhagem " (Uma das normas para os militares do sexo masculino, ontem no CM)
"Se soubessem o que eu estava para escrever, agradeciam-me o prolongado silêncio" (Samuel Úria, no blogue ainda não está escuro)
3,5% de quebra no PIB é mais do que um número abstracto. Significa uma baixa da riqueza produzida em 5,6 mil milhões de euros este ano. O que a estimativa do Banco de Portugal diz é que este ano, em média de cada um dos 365 dias, a riqueza produzida baixa 15,3 milhões de euros. Esta quebra da riqueza traduz-se em mais empresas a fecharem as portas e em mais desemprego. Com estes números é natural que a taxa que mede o exército das maiores vítimas da crise, os desempregados, ultrapasse a fasquia dos 10%. Enquanto o desemprego e as falências disparam, o investimento privado desaparece e as exportações são penalizadas porque a crise é global .
A retoma não depende de Portugal. Só quando ventos mais favoráveis soprarem na Europa poderemos aspirar a uma mítica recuperação. Mas uma coisa é certa: a primeira década do novo milénio está perdida. Portugal está mais pobre, e todos vamos sofrer com isso.
O Boletim da Primavera do Banco de Portugal revela que o último trimestre foi desastroso para a economia mundial e atingiu em cheio o nosso país, com uma queda do Produto Interno Bruto de 1,8 por cento, uma redução das exportações de 8,9 e do investimento de 8,4 por cento. A procura externa dirigida à economia portuguesa passou de um crescimento positivo de 2,5 por cento para uma projecção negativa de -13 por cento.
Com este cenário é inevitável o aumento do desemprego, a diminuição do consumo e a descida da inflação.
'O desemprego não deverá aumentar tanto como a dimensão da recessão pareceria indicar, uma vez que o comportamento normal das empresas é o de tentar conservar os seus trabalhadores na expectativa de a quebra de crescimento ser temporária', afirma Constâncio, que faz um apelo ao Governo: 'Responder à crise actual deve ter, assim, como principal preocupação tentar minorar o desemprego e os seus efeitos humanos e sociais. Isso é particularmente importante para evitar um aumento da pobreza em Portugal.'
O governador aconselha o Executivo a ter 'prudência' na adopção de medidas que possam colocar em causa a sustentabilidade das finanças públicas. Recusando-se a comentar sobre quais os efeitos que estas novas projecções terão no défice público, Constâncio refere que, se o aumento do défice resultar da diminuição da receita fiscal, 'não é necessário um orçamento rectificativo'.
Mas nem tudo são más notícias. A recessão traz consigo um maior aforro das famílias, proporcionado por uma redução do consumo, em particular dos bens de consumo duradouro (carros e electrodomésticos) que sofrem uma queda de 17 por cento. 'Prevemos um aumento real de cerca de dois por cento do Rendimento Disponível médio das famílias portuguesas', refere Constâncio, adiantando que este facto supõe 'uma forte subida da taxa de poupança dos particulares (de 6,2 para nove por cento do rendimento disponível).
GOVERNO ADMITE REVER PREVISÕES
O Governo admite rever as previsões para a evolução da economia portuguesa. Teixeira dos Santos afirmou ontem que 'continuamos atentos à evolução económica e às condições sociais que este agravamento implica'. O ministro das Finanças referiu que 'o Governo fará as suas previsões no momento oportuno': 'Estamos conscientes da incerteza que esta crise nos traz', diz Teixeira dos Santos, que promete acelerar os investimentos públicos.
REACÇÕES
'RECESSÃO BASTANTE CAVADA E GRAVOSA' (Bagão Félix, ex-ministro)
A contracção de 3,5 por cento do PIB é um valor bastante acentuado e que representa uma recessão bastante cavada. Em termos de curto prazo é sobretudo gravosa para os que perdem emprego.
'É UMA REALIDADE DEVASTADORA' (Miguel Frasquilho, PSD)
É uma realidade devastadora aquela que vamos encontrar em 2009. Portugal irá registar o pior desempenho económico em 34 anos. Desde 1975 que não se tinha um cenário tão mau.
'SÃO MÁS NOTÍCIAS PARA O PAÍS' (Honório Novo, PCP)
São más notícias para a economia, para o País e para os portugueses, sobretudo para aqueles que mais precisam. Exige-se que o Governo comece a falar claro.
'EXISTE O RISCO DE DEFLAÇÃO' (Ana Drago, BE)
Vamos de pior previsão em pior previsão. O risco da deflação existe (...) é preciso estimular o consumo. São precisos pequenos investimentos e não investimentos para 2010.
FRASES DE CONSTÂNCIO
- 'Se a retoma vier no final de 2009 o desemprego não aumentará como previsto.'
- 'Em todos os países europeus os défices orçamentais vão aumentar. Está no PEC. Parece-nos que o risco de deflação está completamente afastado [em Portugal]. O desemprego não deverá aumentar tanto como a dimensão da recessão pareceria indicar.'
NOTAS
GESTORES: CRITÉRIO
O presidente do Instituto Português de Corporate Governance, João Talone, defendeu que o Governo deveria divulgar os critérios de escolha dos gestores públicos
PME INVEST: APOIA 26 MIL
As três linhas PME Invest apoiaram já 26 mil empresas em Portugal, tendo sido utilizados 81 por cento dos incentivos, no valor de 3,4 mil milhões de euros
PROJECÇÕES DO BANCO DE PORTUGAL PARA 2009 (Taxa de variação em %)
| PROJECÇÃO ACTUAL | BOLETIM DE INVERNO 2007 | REVISÃO |
| 2008 / 2009 | 2008 / 2009 | 2008 /2009 |
Produto Interno Bruto | 0.0 / -3.5 | 0.3 / -0.8 | -0.3 / -2.7 |
Consumo Privado | 1.7 / -0.9 | 1.4 / 0.4 | 0.3 / -1.3 |
Consumo Público | 0.5 / 0.4 | 0.2 / -0.1 | 0.3 / 0.5 |
Formação Bruta de Capital Fixo | -1.7 / -14.4 | -0.8 / -1.7 | -0.9 / -12.7 |
Procura Interna | 0.9 / -3.5 | 1.0 / 0.0 | -0.1 / -3.5 |
Exportações | -0.4 / -14.2 | 0.6 / -3.6 | -1.0 / -10.6 |
Importações | 2.1 / -11.7 | 2.4 / -1.0 | -0.3 / -10.7 |
CONTRIBUTO PARA O CRESCIM. DO PIB (em p.p.)
PROJECÇÃO ACTUAL | BOLETIM DE INVERNO 2007 | REVISÃO | |
| 2008 / 2009 | 2008 / 2009 | 2008 /2009 |
Exportações líquidas | -1.0 / 0.3 | -0.8 / -0.8 | -0.2 / 1.1 |
Procura Interna | 1.0 / -3.9 | 1.1 / 0.0 | -0.1 / -3.9 |
Balança Corrente e de Capital (% PIB) | -10.5 / -7.9 | -9.0 / -7.9 | -1.5 / 0.0 |
Balança de Bens e Serviços (%PIB) | -8.9 / -6.6 | -8.0 / -7.0 | -0.9 / 0.4 |
Ind. Hamoniz.de Preços no Consumidor | 2.7 / -0.2 | 2.7 / 1.0 | 0.0 / -1.2 |
Fonte: Banco de Portugal
O grilo falante
Reformas do Estado
Sempre fui adepto da mudança. O problema português é que hoje não há tempo para as mudanças serem assimiladas e se criarem rotinas.
O País não precisa de mais leis nem de novas leis - precisa, muito simplesmente que as leis sejam cumpridas.
Ora aqui é que bate o ponto. Em Portugal, as leis estão sempre a mudar porque não se cumprem. Como há uma sensação geral de ineficácia, existe a necessidade de estar constantemente a mudar tudo. Mas, como s leis mudam constantemente, acabam por nunca obter resultados. É um ciclo infernal.
Em Portugal sucede de certa forma o inverso do que se nos países de cultura anglo-saxónica.
Aí, a lei resulta da experiência, da acção, e por isso está profundamente enraizada nos hábitos, é cumprida e aplicada sem esforço.
Em Portugal está sempre a ser reinventada por meia úzia de iluminados, muitas vezes desligados da realidade, existindo um permanente divórcio entre a lei e a sua aplicação.
Nos países anglo-saxónicos parte-se da realidade para o sistema legal; aqui, parte-se da teoria para fazer leis - que muitas vezes são difíceis ou impossíveis de aplicar.
José António Saraiva - Expresso - 11 - 10 - 2008
O novo PS é temente a Deus e frequenta o templo. O velho PS acha que o Grande Arquitecto do Universo criou o homem e deu-lhe um avental. O novo PS acredita que a essência da política é o consenso e aceita a substituição da ideologia pela técnica. O velho PS concebe a política como conflito permanente e despreza todas as biografias onde conste um gabinete e falte um combate. O novo PS tem uma linhagem onde Jesus, Sartre e Marx constituíram uma improvável trindade, cultivada nos cafés de Paris e sufragada nas academias, sempre em nome de um novo imaginário e só raramente frequentado. O velho PS orgulha-se de outra genealogia, ficando-se pela República, venerando Afonso Costa e tirando esforço e proveito dos da solidão “ antifascista” e seus exílios difíceis ou dourados. O novo PS tem um passado de compromissos, ainda recentes e assaz equívocos, com a “revolução” e o PCP, mas alinha agora pelo pensamento único , de todas as tecnocracias, sem audácia na análise dos problemas nem coragem no receituário proposto; o novo PS chegou ao centro depois de um longo caminho por várias esquerdas. O velho PS não foi assim nem gosta de quem era : o seu passado próximo é resolutamente anticomunista, o que lhe confere autoridade moral para, no presente, defender l´autre politique e agilidade táctica para, em consequência, apresentar uma visão mais unitária e “frentista” da esquerda ; o velho PS voltou à esquerda após longas estadias e cedências no centro. O novo PS começou por ser terceiro-mundista, epidemia vivida com tal romantismo que nada faria supor uma evolução para o dogmatismo de Maastricht, sendo difícil de conceber como é que os mesmos que sonhavam com um Che, em cada esquina rezam agora por um euro em cada bolso. O velho PS, pelo contrário, sempre foi do agrado do “ amigo americano”, puxa os galões de uma lealdade atlantista sem ingenuidades, viu na Europa o seguro da democracia sem perceber nada de economia mas, nos últimos anos, tem um flirt com os eurocépticos, reabilitando um certo nacionalismo progressista. O novo PS, partido de engenheiros, doutores e aparelhistas, foi pós-revolucionário nos anos oitenta, até descobrir os “ novos democratas “ nos anos noventa – os do poder, claro. O velho PS, partido de advogados, trovadores e aparelhistas, foi sempre democrático e demagógico e nunca exibiu demasiadas virtudes. O novo PS não tem tumbas nem romagens, mas avia ministros como quem fabrica em série. O velho PS, por sua vez, tem imensos heróis mas ficou sem ministros. Como outrora os bandos se dividiram, e o novo PS debutou na CDE enquanto o velho PS fundava a CEUD, também nas vésperas da “ nova maioria” houve, na casa socialista, uma batalha imperceptível, cujos despojos andam por aí e marcaram acerto de contas. É que o novo PS foi aos Estados-Gerais e venceu, enquanto o velho PS apostou no Congresso “ Portugal que Futuro” ?” e ficou a ver.
Paulo Portas – O INDEPENDENTE – 10 de Janeiro de 1997
14 Abril 2009 - 08h53
Maioria com contratos a prazo
A Qimonda vai dispensar 600 trabalhadores da fábrica de Vila do Conde, a maioria dos quais com contratos a prazo, anunciou esta terça-feira a administração da empresa.
Serão entretanto mantidos cerca de mil trabalhadores naquela unidade da multinacional alemã, dos quais 800 terão os contratos suspensos pelo menos durante seis meses.
Estas decisões foram transmitidas esta terça-feira aos trabalhadores, com a administração a referir que uma equipa de cerca de 200 pessoas vai manter a operacionalidade da empresa.
Entretanto, a empresa anunciou também que vai continuar a procurar soluções de continuidade do negócio, mantendo em aberto a possibilidade de a unidade de Vila do Conde vir a integrar uma futura solução para o grupo Qimonda.
Reformas do Estado
Expresso – José António Saraiva 11-10-2008
No entanto, segundo o JN , desde a semana passada, a Qimonda Portugal começou a dispensar cerca de 200 trabalhadores temporários e que, nos dois últimos meses, a produção da fábrica sofreu forte quebra.
Entretanto, antes de entrar em processo de insolvência, e quando já se encontrava numa situação financeira difícil, a sociedade que comanda a multinacional Qimonda retirou 150 milhões de euros em lucros acumulados do maior exportador português.
João Paulo Madeira – joão.madeira@sol.pt
João Paulo Madeira – joao.madeira@sol.pt
Os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a descida de preços verificada entre Março de 2008 e o mesmo mês deste ano se ficou a dever essencialmente à variação verificada 'na classe dos Transportes, reflectindo sobretudo a redução significativa dos preços dos combustíveis.
Por outro lado, face a Março de 2008, os preços relativos à Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis aumentaram.
Em termos de inflação média anual, o valor em Março fixou-se nos 1,9 por cento, acima dos 2,1 por cento estimados pelo Governo no Orçamento Suplementar para o conjunto de 2008.
Em comparação com o mês de Fevereiro, o Índice de Preços do Consumidor registou uma variação mensal de 0,8 por cento, tendo a inflação sido nula em Fevereiro de 2009. A inflação registou uma quebra de 0,7 pontos percentuais em relação à observada em Março do ano anterior.
"A variação média dos preços nos últimos doze meses diminuiu 1,9 por cento, menos 0,2 pontos percentuais do que em Fevereiro", acrescenta o INE.
» COMENTÁRIOS
De acordo com o relatório de governo da petrolífera, divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Ferreira de Oliveira, Fernando Gomes, Carlos Gomes da Silva, André Palmeiro Ribeiro e os representantes da petrolífera italiana ENI, Cláudio De Marco e Fabrizio Dassogno, tiveram, em média, um salário mensal da ordem dos 48 700 euros (considerando 14 meses), mais de 1800 euros por dia. Para além deste ordenado, a Galp oferece aos administradores executivos a constituição de um Plano de Poupança Reforma (PPR) que, em 2008, contou com uma contribuição da empresa superior a 90 mil euros por administrador.
A petrolífera decidiu não estabelecer qualquer sistema de prémios ou participação nos lucros. Ainda ao abrigo da política de remunerações actualmente adoptada na companhia, a remuneração dos administradores da Galp Energia inclui todas as remunerações devidas pelo exercício de cargos em órgãos de administração das sociedades do grupo Galp Energia.
O administrador que cessar funções antes do fim do mandato terá direito a uma compensação que será, no máximo, o dobro da remuneração mensal fixa.
A companhia não tem, de momento, planos de atribuição de acções nem de opções sobre acções ou qualquer outro sistema de incentivos com acções aos administradores.
O ex-ministro da Administração Interna do governo de António Guterres e ex-presidente da Câmara do Porto, é um dos administradores executivos mais antigos da petrolífera. Fernando Gomes ocupa aquele cargo desde 2005 e foi reeleito em Assembleia Geral para o mandato 2008-2010. A comissão executiva reuniu-se 49 vezes durante 2008.
Em termos de impostos, a Galp Energia pagou 198 milhões de euros (menos 15 milhões do que em 2007), a que correspondeu uma taxa efectiva de imposto de 29 por cento (contra 33 por cento em 2007).
COMISSÃO EXECUTIVA DA GALP ENERGIA (Na foto, da esquerda para a direita)
André Palmeiro Ribeiro
Responsável pelas áreas de aprovisionamento, logística e refinação.
Cláudio De Marco
Administrador executivo com o pelouro da área Financeira.
Fernando dos Santos Gomes
Responsável pela exploração e produção internacional.
Manuel Ferreira de Oliveira
Presidente Executivo da Galp, responsável pelo planeamento.
Fabrizio Dassogno
Administrador executivo responsável pela área de Gás e Energia.
Carlos Gomes da Silva
Responsável pela Distribuição, Recursos Humanos e Marketing.
PORMENORES
LUCROS DE 478 MILHÕES
O resultado líquido consolidado foi de 478 milhões em 2008, com as vendas e prestações de serviços a subirem 20,1%.
4 BLOCOS EM PENICHE
O primeiro período de exploração, em colaboração com a Petrobrás, dos quatro blocos offshore de Peniche termina em 2010.
13 Abril 2009 - 09h00
Estado do Sítio
A Páscoa tem destas coisas. Arranjam-se uns dias de descanso, com tolerâncias de ponto pelo meio, e a malta pira-se para a santa terrinha ou para as habituais praias algarvias na tentativa legítima de esquecer o mais possível um quotidiano cheio de incertezas e de muito medo. Sim, medo.
Não, não é medo dos processos do senhor presidente do Conselho contra colunistas e jornalistas, em que avança com chorudos pedidos de indemnização que as empresas de comunicação social terão de reflectir nas contas que apresentam aos seus accionistas. Não, não é medo de perder lugares, mordomias, prebendas e outras coisas mais que os partidos políticos destinam a uma mão-cheia de serventuários que andam por aí a fingir que isto é uma democracia a sério. Não, não é medo das medidas fascizantes, como as classificou e bem Manuel Alegre, de um bando de chefes e chefinhos da administração pública que andam por aí a regular saias, decotes, perfumes e roupa interior.
Não, não é medo de uns higieno-fascistas que aprovam leis sobre o sal no pão e que por este andar vão legislar sobre a dieta alimentar dos indígenas, as horas de deitar e de acordar, a quantidade de álcool que podem beber e a doçaria que devem comer e a que horas do dia. Não, não é medo de magistrados que acham normalíssimo andar a dar recados do senhor presidente do Conselho e do senhor ministro da Justiça a colegas que investigam um caso em que o senhor engenheiro civil está envolvido. Não, não é medo de magistrados que há muito perderam a vergonha na cara e não se demitem nem são demitidos dos cargos que ocupam. Não, não é medo destas tristes e miseráveis realidades.
O medo de muitos indígenas que por fatalidade vivem neste sítio pobre, hipócrita, manhoso e cada vez mais mal frequentado é bem diferente. É o medo de não terem futuro, é o medo de filhos e de netos continuarem a não ter futuro devido a políticas erradas, a políticas assassinas, a políticas que inevitavelmente vão levar o sítio para o abismo com um endividamento externo incomportável que será pago, e bem pago, por várias gerações. Mas o medo no sítio não é de hoje, é ancestral, é um medo salazarento, um medo de romper com um passado triste e um presente muito miserável, um medo de mudança, um medo reaccionário, um medo de incomodar e zangar. Um medo presente nas eleições e que impede os indígenas de usarem os votos para pôr em sentido a clique instalada no poder.
PROFESSOR DE JOSÉ SÓCRATES
Imensas coincidências. É a vida ....
PSD avança contra o enriquecimento ilícito
Paulo Rangel admite que o PSD proponha a perda de bens para o Estado
O PSD está a ponderar propor que todo o património injustificado de titulares de cargos políticos reverta a favor do Estado.
Essa é uma norma que os sociais-democratas admitem incluir no projecto-lei sobre enriquecimento ilícito, que vão levar à Assembleia da República na próxima semana. Além da proposta do PSD, o Governo será ainda confrontado com um pacote de medidas do Bloco de Esquerda de combate à corrupção, para o qual os socialistas já mostraram alguma abertura. A criação da figura do crime de enriquecimento ilícito, há muito defendido pelo socialista João Cravinho, não será, contudo, pacífica, já que a ideia é rejeitada pelo PS e suscita dúvidas até no Bloco de Esquerda.
SOL - 10-04-2009
Comentário - Vamos então ver quem é verdadeiramente de esquerda ou, então, anda a enganar o povo. Este é o caminho para desmascarar o novo socialismo da treta.
Há duas motivações fundamentais para a aplicação do dinheiro em paraísos fiscais. A mais frequente é o chamado ‘planeamento fiscal’, uma forma legal de pagar menos impostos. Mas também há um importante fluxo de dinheiro ilícito. Nem todos os offshores são iguais mas qualquer pequeno barão da droga sabe quais são os paraísos fiscais que lavam mais branco e de forma segura.
A maior parte do dinheiro português em offshores é de fortunas legítimas e de empresas, especialmente bancos e financeiras, os grandes especialistas em ‘planeamento fiscal’.
Este fenómeno é global. Acontece em toda a Europa, nos EUA e noutros países ricos, mas não deixa de ser irónico que os contribuintes que não têm maneira de escapar às obrigações fiscais sejam agora os fiadores de muitas entidades que ganharam milhões por escaparem ao pagamento de impostos graças ao sofisticado ‘planeamento fiscal’.
A Páscoa é, como sabem, a principal festa cristã e, apesar das múltiplas interpretações que ao longo dos séculos foi tendo, a verdade é que no essencial o sentido de alegria e de satisfação que adquiriu não foi, em regra, posto em causa.
Pois é nessa direcção que vão estas linhas nas vésperas de mais uma celebração. E como bom cristão, um ovo para cada um se deliciar na refeição profana que está a chegar.
O meu primeiro ovo de chocolate vai para o rato de sacristia que comanda a ERC e para o senhor Silva, com cara de menino Tonecas, que trata da Assembleia da República, da comunicação social e agora, nos tempos livres, faz algumas horas nos bombeiros voluntários ao serviço do Governo.
Aparece a falar de tudo, a responder a todos e ainda debate com Morais Sarmento na TVI 24.
Uns dizem que está a fazer tirocínio para um dia substituir Sócrates, outros que a sua ânsia de protagonista não tem limites. Por enquanto, só consegue espalhar o ridículo com as suas actuações.
A comunicação social, que está ao seu cuidado e do profeta Arons, tem piorado bastante, em tudo. Julgam que vão controlar toda a comunicação social. O resultado não pode ser mais catastrófico.
O meu segundo ovo vai naturalmente para Francisco Pinto Balsemão. Boa Páscoa, já que as notícias não são boas para os lados de Carnaxide.
Tem sido um penoso caminho para o fundo do buraco em quase todas as áreas do seu império. Até no BPP, o seu casino preferido, jogou, apostou e perdeu. Teve este ano uma prenda especial dada pelo Silva do Norte. Conseguiu travar o processo da TDT. O Silva fez-lhe todas as vénias e até o Quinto Canal foi parar à arrecadação da Quinta da Marinha.
O meu terceiro ovo vai para Joaquim Oliveira. De um dia para o outro, sem qualquer qualificação para o efeito e também sem o "guito" para tanta fartura transformou-se num potentado da comunicação social.
Poucos anos depois, com o império a abanar, faz o maior despedimento de que há memória no sector e promete medidas arrasadoras como fundir o ‘Jornal de Notícias’ e o ‘Diário de Notícias’.
Deram-lhe tudo sem quaisquer credenciais, vamos ver agora, que os clubes estão arrasados, o que acontecerá a este arrivista que parece ter tido mais olhos que barriga.
A nível do censo comum, a justiça, em Portugal, ou não é cega, apenas brandindo contra alguns a sua espada; ou, sendo cega, não tem espada, a ninguém impondo as justas penas; ou, pior ainda, não tem balança, não pesando nem medindo os actos dos cidadãos, que assim, independentemente de cumprirem, são todos tomados por iguais.
A tudo isto acresce o espectáculo dos inúmeros julgamentos judiciais e mediáticos de uma enorme quantidade de figuras públicas. Nunca, como hoje, houve tantos e tão mal explicados casos. da corrupção ao peculato, tráfico de influências ou pedofilia, envolvem governantes, presidentes de câmara, vereadores, deputados, embaixadores, banqueiros, inestidores, gestores, jornalistas, apresentadores, comunicadores, etc.
Os processos discutem-se nos jornais e arrastam-se nos tribunais. Na televisão misturam-se, sem qualquer hipótese de juízo razoável, a verdade e a mentira. No fim, não há reultados palpáveis e o sentimento de justiça esboroa-se.
Entretanto, na percepção popular pesa a velha ideia de que não há fumo sem fogo. E, no contexto, faltando o esclarecimento e as consequências, difícil será acreditar que não haveria fogo e de que mesmo o fumo era só aparente.
Há uma dinâmica nestes casos que lhes assegura vida própria, e, numa lógica progressivamente autofágica, de novidade em novidade, numa cadência ininterrupta de revelações, cada vez mais o que parece é.
Sem uma justiça que funcione, capaz de autoridade e eficácia nas decisões, os veredictos jogam-se na rua e determinam-se por uma lógica que prescinde das razões precessuais. Pior: a emergência do julgamento na praça pública esvazia e desacredita o papel dos tribunais . Sintomaticamente, uma condenação judicial tende a agravar menos do que uma campanha mediática bem orquestrada.
E o mais grave é isto. Consentindo com a progressiva degradação da justiça, acabámos totalmente vulneráveis à atoarda, à manipulação e à insídia.
Neste ponto, de retorno exigente e difícil, é fundamental perceber que não adianta discutir soluções óptimas, num registo abstracto, como é típico de quem não quer mudar coisa nenhuma. Muito pelo contrário, importa responder à urgência da situação e agir com a noção clara de estarmos mergulhados num pântano de interesses (aliás, directamente comprometidos com a presente ineficácia da justiça formal).
Ora, aqui chegados, a criminalização do enriquecimento ilícito pode ser um primeiro e poderosos sinal de que se pretende finalmente inflectir o caminho. Desde logo, porque significa um passo objectivo no sentido de credibilização da justiça e dos seus agentes. Depois, porque, em política, a dimensão simbólica é sempre essencial.
Sofia Galvão - sofia.s.galvão@gmail.com - Expresso 10 de Abril de 2009
10 Abril 2009 - 00h30
O Governo aprovou ontem as prioridades de política criminal. Chamar prioridade a um catálogo tão extenso, que na prática inclui todo o tipo de crimes, até parece um paradoxo. Mas de paradoxos está a Justiça cheia, a começar pelo aumento dos crimes violentos e proliferação de formas cada vez mais sofisticadas de criminalidade, enquanto as cadeias têm cada vez menos presos e escasseiam os meios de investigação ao serviço do Ministério Público e polícias.
Dizia o padre Américo, fundador da meritória obra casa do Gaiato, que não há maus rapazes. Infelizmente a realidade tende a contradizer a boa-fé do sacerdote. Contudo, a política criminal portuguesa parece acreditar ingenuamente que todas as pessoas são boas, fazendo quase de tudo para evitar a sua ida para a prisão.
Dá para desconfiar que leis com tantas garantias para criminosos não tenham como objectivo principal nem a Justiça, nem a Segurança, mas antes a poupança do Estado com o sistema prisional.
Prometido como prioridade pelo ministro da Justiça está também "o combate ao tráfico de influências, corrupção, branqueamento e participação económica em negócio". Promessa repetida há anos, mas cujas boas intenções a realidade desmente. E, com tudo isto, a autoridade do Estado fica mais frágil.
Correio da Manhã – Denunciou a existência de empresas do regime. Quais são essas empresas?
Henrique Neto – Algumas são públicas, outras privadas: são as empresas que o Governo favorece. Por exemplo: a JP Sá Couto, que fornece os computadores ‘Magalhães’. Há tantas empresas em Portugal que fazem computadores, por que razão foi escolhida aquela empresa?
– As empresas do regime falseiam a concorrência?
– Falseiam a concorrência, nomeadamente nos fornecimentos ao Estado. Havendo várias empresas [no mesmo sector de actividade], por que razão são escolhidas sempre as mesmas?
– A proximidade das empresas ao poder político significa que há interesses ocultos?
– Não sei. Limito-me a constatar que há empresas que são favorecidas pelo Governo.
– O Governo tem consciência dessa situação?
– Se tivesse, teria mais cuidado. O caso da Mota-Engil em Alcântara [a quem foi dada a concessão do terminal de contentores] é outro exemplo de favorecimento. O Governo não deveria dar concessões sem concurso público.
– O primeiro-ministro, José Sócrates, reafirmou esta semana que o Governo é contra a criminalização do enriquecimento ilícito. Como interpreta esta posição?
– É uma posição difícil de explicar. O PS sempre foi um partido da ética e da decência. É difícil perceber como é que o PS tem feito uma inversão tão grande de valores. É muito claro que este Governo não quer dar à Justiça o poder de julgar casos de enriquecimento ilícito.
– A inversão do ónus da prova é um perigo?
– Vários juristas já demonstraram que não há nenhum problema com a inversão do ónus da prova. Todos os constitucionalistas têm dito que isso não é inconstitucional, mas em todo o caso caberia ao Tribunal Constitucional (TC) decidir. Por que razão este Governo tem enviado tantas leis inconstitucionais para o TC e não quer mandar esta?
Sócrates é que se atrasou na " Ópera Crioula"
Todos se lembram da famosa vaia que Sócrates e a namorada levaram no CCB quando foram assistir à " Ópera Crioula". Na altura o gabinete do primeiro-ministro atirou as culpas para José Maria Neves, primeiro-ministro de Cabo Verde. O pobre homem quando soube da história nem queria acreditar. Com toda a razão. A verdade é que foi o casal Sócrates que se atrasou meia hora e deixou o pobre José Maria Neves a secar à porta do CCB. Como dizia o outro, não havia necessidade.
CM - 10-04-2009
A FILHA, O PRIMO E A FESTINHA
Sandra Felgueiras, a filha da conhecida Fátima Felgueiras, ex-sócia de José Sócrates, fez anos e fechou o Stones para a festa. Dado curioso é que convidou Hugo Monteiro, primo de Sócrates.
CM - 10-04-2009
AS CONTAS DA MINISTRA
Lurdes mete os pés pelas mãos
A ministra da Educação anda visivelmente cansada. São as guerras com os outros professores, alunos e com toda a oposição. Ainda por cima Sócrates inventou a história do " Magalhães " e atirou - a para cima de Maria de Lurdes Rodrigues. Na sua última ida ao Parlamento a ministra disse esta pérola ; " É que dos 300 mil alunos que já receberam o " Magalhães ", 350 mil famílias não tiveram de pagar nada." Está visto. É mais um efeito do choque tecnológico.
CM - 10-04-2009
Porque é que o Governo, desde o primeiro dia, pediu tanto a demissão de Souto Moura?
Que concretos telefones estão inscritos no envelope 9 que causaram tanto incómodo? Que chamada? De quem para quem?
Porque é que o Código Penal e o Código de Processo Penal foram revistos à medida do Processo Casa Pia?
Porquê a rápida aprovação da Lei de Política Criminal e da Lei de Execução de Política Criminal, subordinando a referida política e os seus executores ao Governo?
Porquê a pressa na revisão do Estatuto do Ministério Público, com poderes para deslocar Magistrados e nomeações de confiança?
Porquê tanta pressão?
Porque é que a Polícia Judiciária não depende de quem é suposto "mandar" na investigação – o Ministério Público – e sim do Governo?
Enquanto isto acontece, há escova branqueadora a percorrer o regime.
Com franqueza, com tanta questão difícil, dura e que condiciona o nosso futuro, era evitável tanta conversata inútil ou pérfida. Agora vêm o discurso e a prática branqueadora. Já basta o que basta, para andarmos a ouvir muitos dos que incentivaram a entrada de toxicidades várias na nossa Sociedade, por exemplo a defesa de certas securitizações, até de empresas públicas ou o apoio a situações de imoralidade óbvia de certos concelhos de administração de instituições públicas, ou ainda a certos agentes políticos, virem agora "dar-nos lições" ou falar-nos de grandes obras que (não) deixaram e (não) fizeram, exibindo umas negras asinhas pintadinhas de branco. Mas há quem tenha memória e eu, infelizmente, tenho-a em demasia. A verdade é que os casos de branqueamento se sucedem. É extraordinário as vezes que algumas personagens aparecem recicladas. Da lama saem imaculadas.
Francamente, com lavagem de personagens não vamos a lado nenhum. Tem de terminar o tempo em que as teias de influências políticas, económicas e mediáticas permitem manter uma imagem de seriedade de quem o não é ou mesmo da sustentabilidade eterna de dúvidas, sejam elas de que sector forem (económico, político, judicial). Este quadro de fundo da Sociedade Portuguesa não permite que nos centremos no essencial. Estou a falar mesmo do essencial, isto é, da nossa viabilidade social.
A guerra ao Ministério Público não terá nada a ver com o branqueamento que anda por aí?
Desde presidentes de câmara que fora da política tinham modestos salários e conseguiram a proeza de acumular patrimónios de milhões, a ex-ministros com níveis de enriquecimento dignos de ricos mandatários dos petrodólares de Angola, não faltam casos de enriquecimento mal explicados.
Se a proposta apresentada em 2006 pelo PSD tivesse sido aprovada, que visava punir quem adquirisse 'um património ou um modo de vida que fosse manifestamente desproporcional ao seu rendimento', poderia haver já pessoas a ser julgadas e talvez houvesse mais vergonha de enriquecer à custa do dinheiro dos contribuintes.
O CM sabe que houve, de facto, um almoço em que participaram várias pessoas, incluindo Cândida Almeida, mas a conversa sobre a tese da prescrição do caso aconteceu depois. Estas são as informações precisas que foram dadas pelos magistrados Vítor Magalhães e Paes Faria ao procurador-geral da República, Pinto Monteiro, e que vão constar dos depoimentos dos procuradores no inquérito.
A reconstituição feita pelo CM junto de várias fontes aponta para quatro ‘recados’ sensíveis. O mais polémico estará na alusão explícita, feita por Lopes da Mota, a um pedido de Sócrates a Alberto Costa no sentido de levar o presidente do Eurojust a falar com os investigadores. 'Sócrates pediu a Alberto Costa para que eu vos transmitisse a sua enorme preocupação e que, se perdesse a maioria absoluta por causa deste processo, irá haver retaliações'. Esta será a frase mais complicada, a par de outras, em que Lopes da Mota terá falado do 'peso da responsabilidade que [os dois magistrados] tinham sobre os ombros'.
A palavra ‘retaliações’ foi usada várias vezes, bem como a ideia de que os dois magistrados 'ficavam sozinhos no processo', caso não arquivassem. No dia seguinte, já de Haia, Lopes da Mota telefonou a dar informação sobre os documentos doutrinários que sustentavam a sua tese da prescrição e arquivamento dos factos relacionados com corrupção para acto lícito. O telefonema foi presenciado pelo juiz de instrução, Carlos Alexandre, pela directora da PJ de Setúbal, Maria Alice Fernandes, e pela inspectora Carla Gomes. Foi depois desse telefonema que os procuradores falaram a Cândida Almeida, com o intuito de a proteger de uma eventual divulgação pública. O CM sabe que não houve nenhuma denúncia dos factos ao Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.
INVESTIGADORES E PROCURADOR EM BRAÇO-DE-FERRO
Um braço-de-ferro entre os investigadores do processo Freeport e o procurador no Eurojust, Lopes da Mota, apontado como intermediário do Governo no caso das pressões, levou a que apenas Paes Faria e Vítor Magalhães assinassem uma declaração final sobre esta polémica dirigida à hierarquia do Ministério Público.
Os investigadores recusaram assinar um documento a desmentir as pressões, facto que era exigido por Lopes da Mota. O resultado foi a elaboração de uma declaração, na qual os investigadores não fazem qualquer referência a Lopes da Mota e garantem estar em condições de proceder à investigação com completa autonomia. Paes Faria e Magalhães garantem também não haver pressões na hierarquia do Ministério Público.
MAGISTRADOS NÃO ACEITAM INSPECTOR ALÍPIO
Alípio Ribeiro, ex-director da Polícia Judiciária nomeado pelo ministro Alberto Costa, é actualmente um dos inspectores do Ministério Público e, como tal, poderia ser nomeado para instruir o inquérito ao caso das pressões. No entanto, vários procuradores contactados pelo CM não acreditam que Pinto Monteiro escolha Alípio Ribeiro, dadas as ligações de amizade a Alberto Costa, um dos nomes citados na polémica. 'Deve ser uma pessoa sobre a qual não possa ser levantada qualquer suspeita. Não concebo a ideia de ser ele', disse um dos magistrados.
APONTAMENTOS
CAPUCHO APELA A PSD
António Capucho, presidente da Câmara de Cascais e membro do Conselho Nacional do PSD, considerou ontem que o partido deve separar a política da Justiça, mas não pode deixar de se pronunciar sobre o processo Freeport.
MINISTRO NEGA PRESSÃO
O ministro da Justiça, Alberto Costa, garantiu, em nota enviada à Comunicação Social, que 'o Governo não faz nem fez quaisquer pressões sobre magistrados' relativamente ao 'caso Freeport' ou a 'a outros processos'.
No acórdão de 24 de Março, ao qual o CM teve acesso, os desembargadores acolheram a tese do arguido e do Ministério Público, segundo a qual Ferreira de Sousa apenas "quis repor a verdade e defender o seu bom-nome, agindo no exercício do direito à liberdade de expressão". A Defesa de Ferro vai recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça, confirmou ao CM o advogado Pedroso Lima.
Em causa esteve uma notícia publicada no CM, em Março de 2004, onde, a propósito do processo Casa Pia, o professor universitário acusou Ferro de "ser um grande mentiroso" e de mentir "sobre o seu passado e sobre o seu currículo". O docente disse então que o socialista tinha tido conhecimento da existência de abusos sexuais na Casa Pia em 1994, acusando-o ainda de não ter presidido à Associação de Estudantes de Económicas em 1969, como constava do seu currículo, mas sim em 1971, concluindo, por isso, que Ferro era "moralmente inapto para o exercício de qualquer cargo público".
O ex-secretário-geral do PS avançou com uma queixa por difamação e com um pedido de indemnização cível de cem mil euros. O tribunal deu-lhe razão e condenou o professor a pagar-lhe mil euros por danos morais. Na sequência de um recurso, o tribunal da Relação de Lisboa veio agora revogar a sentença, por considerar que Ferreira de Sousa não agiu de forma premeditada nem "procurou que as suas ofensas tivessem a maior repercussão possível, aproveitando o escândalo Casa Pia para o efeito". "Tratando-se de meros juízos de valor, não existe a possibilidade de ser provada a verdade da imputação", escrevem ainda os juízes da 5ª secção.
APONTAMENTOS
JUIZ DO FREEPORT
O juiz que condenou o professor universitário Ferreira de Sousa a pagar uma indemnização a Ferro Rodrigues, Alexandre Oliveira, foi o mesmo que condenou o ex-inspector José Torrão por violação de segredo de funcionário no âmbito do caso Freeport.
MORGADO TESTEMUNHA
Maria José Morgado e Saldanha Sanches foram testemunhas de defesa de Ferreira de Sousa. A procuradora contou que encaminhou o professor para o Ministério Público, onde veio a ser ouvido como testemunha do caso Casa Pia. Ambos entenderam que o arguido agiu de boa-fé.
CURRÍCULO E CASA PIA
Ferreira de Sousa disse em tribunal que Ferro teve conhecimento de abusos sexuais na Casa Pia em 1994, muito antes de o escândalo ter rebentado, e provou que este mentiu quando disse que tinha presidido à Associação de Estudantes de Económicas em 1969.
Ângela Silva – Expresso 21 de Abril 2007
Assim, Cavaco Silva frisa que "é importante que os poderes públicos tenham presente a situação em que se pretende que o País se encontre quando a crise financeira internacional estiver ultrapassada, de modo a que as possibilidades de desenvolvimento futuro não fiquem comprometidas". Uma referência que pode ser interpretada como uma crítica aos grandes projectos de investimento público. E, perante a crise, recorda o apelo aos agentes políticos para deixar de lado "querelas estéreis".
Cavaco retoma ainda a polémica do novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores, considerando que "valores basilares da Democracia" foram postos em causa, criticando os deputados pela solução "absurda" encontrada.
O Presidente também não esquece que "a necessidade e relevância das Forças Armadas não são menores do que no passado".
FRASES DO PRESIDENTE
"Não temos o direito de deixar aos nossos filhos um passivo que tenham dificuldade em suportar."
"É de todo incompreensível que a agenda política seja desviada para temas que provocam fracturas"
"Não é compreensível que os Deputados hajam decidido hipotecar [...] liberdade de acção dos seus sucessores"
REACÇÕES
"GOVERNO INSISTE NUM CERTO PERCURSO": Jorge Costa, Deputado do PSD
O País não se pode endividar da forma como este Governo tem vindo teimosamente a fazer. Infelizmente, o Governo é teimoso e teimosamente insiste num certo percurso, apesar dos vários alertas vindos de várias frentes. Esperemos que um dia destes caia em si e arrepie caminho."
"PENA É QUE AVISOS NÃO SEJAM OUVIDOS": Diogo Feio, Líder da bancada do CDS
O mandato do do Presidente da República é um mandato com êxito. Pena é que os seus avisos não sejam ouvidos pelo Governo. O Estado Português é, na Zona Euro, o que tem mais dificuldade para ter crédito. Esta questão dos grandes projectos, que implica recurso ao crédito, é um erro."
"HÁ GRANDES PROJECTOS E GRANDES PROJECTOS": Francisco Louçã, Dirigente do BE
Temos estado em desacordo com o Presidente da República em algumas questões. [...] Há grandes projectos e grandes projectos, não sei a que se refere o Presidente da República em concreto e não comento o que não conheço. Não faz sentido estar a entrar indirectamente nessa questão."
Os magistrados laboram em condições deploráveis. O eventual convite de um político abre portas para outra dimensão feita de mordomias e de deferências a que não estão habituados. A partir daí, a ânsia do nomeado residirá no atraso do seu regresso ao inferno dos tribunais ou, pelo menos, no aleitamento de um novo convite redentor.
Um magistrado que desempenhou um cargo de nomeação política perdeu a sua virgindade intelectual, lançando, para sempre, dúvidas sobre a sua equidistância. Se Lopes da Mota não tivesse sido secretário de Estado do Governo Guterres, estas suspeições teriam um timbre tão chocante?
Helena Garrido
Helenagarrido@negocios.pt
Criticas a “querelas estéreis”, incompreensão com o facto de a agenda política ser desviada para “temas que provocam fracturas na sociedade portuguesa” na actual situação de crise, preocupações com os efeitos sobre o nível de vida dos “nossos filhos e dos filhos dos nossos filhos” das “decisões que se tomam no presente” e alertas para a situação do País depois da crise. São as marcas das mensagens de Aníbal Cavaco Silva sobre a crise económica e financeira, o primeiro tema que escolhe para o prefácio do seu livro do terceiro ano de mandato.
“Na situação que o país atravessa, o Presidente da República não pode limitar-se ao diagnóstico”, afirma Aníbal cavaco Silva lembrando que tem “sublinhado” por diversas vezes aquelas que entende serem “as prioridades estratégicas da política nacional” para “construir um futuro mais promissor”.
Logo de seguida o Presidente escreve sobre a defesa “das gerações mais novas”. E naquilo que pode ser entendido como mais uma critica aos grandes projectos de obras públicas que vão ser pagos a prazo, Cavaco Silva avisa: “As decisões que se tomam no presente não podem ignorar os seus efeitos no futuro”. É de imediato mais claro, ao manifestar-se preocupado com a possibilidade de, com o que se decide hoje, estar a reduzir o nível de vida no futuro. “Não temos o direito de deixar aos nossos filhos – e aos filhos dos nossos filhos – um passivo que tenham dificuldades em suportar, condenando-os a um nível de vida inferior àquele que os nossos pais proporcionaram”.
Numa perspectiva de mais curto prazo, o Presidente alerta para o impacto que as decisões actuais podem também ter no estado do País quando a crise financeira terminar. “É importante que os poderes públicos tenham presente a situação em que se pretende que o País se encontre quando a crise financeira internacional estiver ultrapassada, de modo a que as possibilidades de desenvolvimento futuro não fiquem comprometidas”.
Sobre o ambiente político, Aníbal Cavaco Silva lembra que tem reforçado o seu apelo para que “os agentes político, no respeito pelas diferenças e pelo debate de ideias, deixem de lado querelas e divisões estéreis” procurando antes cooperar “para que o País vença as dificuldades”.
Quanto às prioridades políticas, o Presidente sinaliza criticas à agenda do partido que suporta o Governo. Diz Cavaco Silva que “é de todo incompreensível que a agenda política seja desviada para temas que provocam fracturas na sociedade portuguesa, que dividem os Portugueses e distraem a sua atenção da resolução dos problemas nacionais”, numa altura em que “todos os esforços devem estar centrados na recuperação do atraso económico, no combate ao desemprego e ao risco de pobreza e de exclusão social e na redução das disparidades de rendimento”.
No início do seu texto afirma ainda que percebeu desde a primeira hora que o efeito da crise financeira sobre a economia portuguesa iria ser significativo. “O abrandamento da economia portuguesa que se tem vindo a verificar não me surpreende excessivamente”, afirma acrescentando mais adiante: “Desde muito cedo que se tornou óbvio para mim que uma crise do sistema financeiro internacional de tal dimensão não poderia deixar de vir a ter consequências muito negativas sobre os níveis de produção, o emprego e as condições de vida das famílias”.
A data que começa por referir é o primeiro semestre de 2007, considerando que desde essa altura tornou-se claro que se estava perante uma deterioração acentuada do sistema financeiro com consequências globais.
Ainda no contexto dos efeitos da crise afirma: “Entendi que é importante falar verdade aos Portugueses, de modo a induzir comportamentos que permitam atenuar os efeitos da crise e preparar um futuro colectivo mais próspero e mais justo”. Registe-se que o Governo reconheceu a crise entre finais de 2008 e início de 2009.
No prefácio do seu livro “Roteiros III – 2008-2009”, o Presidente escreve ainda sobre o caso do Estatuto dos Açores, sobre os jovens e sobre o seu papel enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas.
A Associação Internacinal dos Magistrados Europeus pela Democracia e as Liberdades ( MEDEL ), expressou a sua " total solidariedade e amizade" para com os magistrados portugueses que investigam o caso Freeport. " A questão que ocupa actualmente os juízes e os magistrados do Ministério Público em Portugal repercute-se no seio da MEDEL", escreve Vito Monetti, presidente da associação, numa carta dirigida a João Palma, recentemente eleito presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. " Apercebi-me de que têm estado sujeitos a ataques mediáticos e políticos muito fortes, devido ao persistente sentimento de independência e autonomia que tem norteado os colegas encarregues de proceder a importantes inquéritos e investigações".
CM 07-04-2009
Assim, Cavaco Silva frisa que "é importante que os poderes públicos tenham presente a situação em que se pretende que o País se encontre quando a crise financeira internacional estiver ultrapassada, de modo a que as possibilidades de desenvolvimento futuro não fiquem comprometidas". Uma referência que pode ser interpretada como uma crítica aos grandes projectos de investimento público. E, perante a crise, recorda o apelo aos agentes políticos para deixar de lado "querelas estéreis".
Cavaco retoma ainda a polémica do novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores, considerando que "valores basilares da Democracia" foram postos em causa, criticando os deputados pela solução "absurda" encontrada.
O Presidente também não esquece que "a necessidade e relevância das Forças Armadas não são menores do que no passado".
FRASES DO PRESIDENTE
"Não temos o direito de deixar aos nossos filhos um passivo que tenham dificuldade em suportar."
"É de todo incompreensível que a agenda política seja desviada para temas que provocam fracturas"
"Não é compreensível que os Deputados hajam decidido hipotecar [...] liberdade de acção dos seus sucessores"
REACÇÕES
"GOVERNO INSISTE NUM CERTO PERCURSO": Jorge Costa, Deputado do PSD
O País não se pode endividar da forma como este Governo tem vindo teimosamente a fazer. Infelizmente, o Governo é teimoso e teimosamente insiste num certo percurso, apesar dos vários alertas vindos de várias frentes. Esperemos que um dia destes caia em si e arrepie caminho."
"PENA É QUE AVISOS NÃO SEJAM OUVIDOS": Diogo Feio, Líder da bancada do CDS
O mandato do do Presidente da República é um mandato com êxito. Pena é que os seus avisos não sejam ouvidos pelo Governo. O Estado Português é, na Zona Euro, o que tem mais dificuldade para ter crédito. Esta questão dos grandes projectos, que implica recurso ao crédito, é um erro."
"HÁ GRANDES PROJECTOS E GRANDES PROJECTOS": Francisco Louçã, Dirigente do BE
Temos estado em desacordo com o Presidente da República em algumas questões. [...] Há grandes projectos e grandes projectos, não sei a que se refere o Presidente da República em concreto e não comento o que não conheço. Não faz sentido estar a entrar indirectamente nessa questão."
CarlosAlexandreutilizouo mesmo tipo de argumentação jurídicaquetemvindoa adoptar noutros casos. Invocou a gravidade dos crimes que estão sob investigação – corrupção, desde o início do caso – para prorrogar o prazo pelo tempo 'objectivamenteindispensávelàconclusão da investigação, tendo em contaanecessidadederealizar mais diligências.
Este prazo dá a margem pretendida pelos investigadores para terminarem o trabalho mas não será de excluir que a investigação venha a acabar antes de Junho. O CM sabe que os procuradores Vítor Magalhães e António Paes Faria ponderam ouvir José Sócrates e seguem uma linha de investigação centrada nas actividades da empresa Mecaso, sociedade gestora de participações sociais, que tem um primo e a mãe do primeiro-ministro entre os sócios.
José Sócrates, caso venha a ser notificado para prestar declarações como testemunha no inquérito, tem a prerrogativa de responder por escrito, depois de autorização do Conselho de Estado, única entidade chamada a intervir nesse processo.
Como seria de esperar, o dr. Lopes da Mota desmentiu categoricamente qualquer tentativa de pressão sobre os dois magistrados que tutelam o caso Freeport: ao contrário do que tem sido noticiado, o presidente do Eurojust garante que nunca lhes sugeriu o arquivamento do processo – quando muito, pode ter dado uma opinião descontraída sobre a matéria – nem nunca se referiu aos perigos que corriam as suas carreiras, caso estes persistissem em não levar em conta a sua habilidosa sugestão – na pior das hipóteses, ofereceu-lhes um conselho amigo sobre a melhor forma de singrar na vida. Nada mais! E nada que justifique o alarido que se fez à volta deste incidente.
À boa maneira portuguesa, o dr. Lopes da Mota limita-se a confirmar o que lhe parece ser óbvio. É verdade que teve um almoço com os dois colegas que têm em mãos o processo, onde, naturalmente, no meio disto e daquilo, se falou da investigação em curso e do seu hipotético arquivamento. Pelo caminho, e como vinha a propósito, achou por bem lembrar-lhes que o engº Sócrates queria que o caso fosse rapidamente esclarecido. Dando mostras de uma incomensurável boa-fé, o dr. Lopes da Mota esclareceu posteriormente que se tinha limitado a dar conta de um facto que toda a gente conhecia, já que o primeiro--ministro, por diversas vezes, tinha verbalizado esse desejo – e já que esse desejo, como se depreende, deve ser uma espécie de farol, capaz de iluminar a investigação que os seus colegas levam a cabo.
Quanto aos ‘recados’ que o dr. Alberto Costa terá enviado aos dois magistrados, através da sua estimável pessoa, parecem-lhe ainda mais fáceis de explicar. Antes de mais, não houve ‘recados’. Houve, sim, uma infeliz coincidência temporal que fez com que ele tivesse estado com o ministro da Justiça pouco antes de se encontrar com os procuradores que estão à frente de uma investigação que envolve o nome do primeiro-ministro. Perante isto, o dr. Lopes da Mota não precisa de desmentir nada: tudo o que ele confirma é mais do que suficiente. Se o presidente do Eurojust, o homem que assegura a ligação entre a investigação portuguesa e a investigação inglesa, no caso Freeport, andou por aí, em conversinhas dúbias, saltitando alegremente do gabinete do dr. Alberto Costa para a mesa dos magistrados responsáveis pelo processo, então, das duas uma: ou o dr. Lopes da Mota se demite; ou o dr. Lopes da Mota é demitido. Independentemente de se saber se foi mandatado para o efeito ou se, como diz o procurador--geral da República, gosta apenas de "brincadeiras estúpidas" – o que, diga-se de passagem, parece demasiado estúpido.
COSTA DEMITIDO POR PRESSÕES EM MACAU
O actual ministro da Justiça, Alberto Costa, foi demitido de director dos Assuntos de Justiça de Macau, em 1988, depois de ter contactado um juíz - no âmbito de um processo que envolvia a televisão de Macau - " com o propósito de que este arquivasse um processo e soltasse os dois arguidos presos " .
A garantia é de António José Barreiros, à data director dos Assuntos de Justiça de Macau, que ontem lembrou o caso no seu blogue para rectificar a notícia publicada por um jornal : " Demiti Alberto Costa por despacho fundamentado ( .... ) . Estava em causa a televisão de Macau e a ligação desta a uma empresa de que eram sócias criaturas ligadas ao Partido Socialista.
CM - 6 de Abril de 2009
Anteontem à noite, durante um jantar-comício em Castelo de Vide, a líder do PSD anunciou que iria novamente avançar com a proposta, porque estava preocupada com os casos de corrupção no País que "estão a minar a economia e a democracia". "Vamos fazê-lo porque temos de dar um sinal muito forte à sociedade portuguesa de que não é tolerável o aproveitamento de funções públicas em proveito próprio", explicou Manuela Ferreira Leite, sublinhando que o combate contra a corrupção será travado com medidas "polémicas e de ruptura" se for necessário.
A líder dos sociais--democratas considerou ainda que o primeiro-ministro, além de não ter dado prioridade política ao tema, acrescentou-lhe uma intencional desqualificação dos agentes do sector. A este propósito, Vitalino Canas reagiu dizendo que são declarações exageradas e que descredibilizam a Justiça.
PORMENORES
PENAS DE PRISÃO
O diploma do PSD, chumbado em 2007, propunha pena de prisão até cinco anos em casos de enriquecimento ilícito para titulares de cargos políticos e públicos.
JUSTIFICAÇÃO
O socialista Ricardo Rodrigues explicou na altura que o diploma não foi aprovado porque a proposta iria "fazer um País de suspeitos".
VOTOS FAVORÁVEIS
O diploma do PSD, quando foi presente à Assembleia da República, contou com os votos favoráveis do PCP e BE e a abstenção do CDS-PP.
'A pior coisa que pode acontecer a um procurador-geral da República é ter um processo contra o Primeiro-ministro do seu País. É complicado em qualquer país, mas isso é do senso comum. Seria de uma hipocrisia enorme dizer que é um processo igual aos outros porque não é', afirmou o juiz conselheiro, considerando que apesar de o caso não ser igual a tantos outros, não quer dizer que não tenha que ser seja alvo de investigação.
A propósito das alegadas pressões aos magistrados responsáveis pelo caso do outlet, Souto Moura garantiu que nunca sofreu pressões.
'Enquanto procurador-geral nunca senti pressões de ninguém, mas também não era preciso senti-las no sentido de me dizerem algo directamente. Eu sabia o que as pessoas gostariam que eu decidisse e o que gostariam que não decidisse', afirmou o juiz, garantindo: 'Mas isso não me condicionou em nada'.
Vários contactos, telefónicos e pessoais, entre os quais uma conversa num gabinete do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) – que terá sido ouvida por outras pessoas – sustentam a tese de que Lopes da Mota, defensor do arquivamento do Freeport, agiu a pedido de um membro do Governo de José Sócrates. O presidente do órgão europeu para a cooperação judiciária internacional, por onde também passou o processo Freeport, terá alertado os investigadores para as dificuldades de progressão na carreira que poderiam enfrentar, o que foi interpretado pelos procuradores como 'ameaças efectivas', tendo em conta o percurso de Lopes da Mota e as suas amizades políticas – ex-secretário de Estado da Justiça do Governo de Guterres, à data colega de Executivo de José Sócrates. Por outro lado, a própria Cândida Almeida, coordenadora do DCIAP que integrou a comissão de honra de Mário Soares nas eleições presidenciais, também já tinha sugerido o arquivamento parcelar da investigação ao licenciamento do Freeport.
Todos estes factos terão chegado ao conhecimento do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), que insiste em levar o caso ao Presidente da República, Cavaco Silva. Apesar do comunicado do procurador-geral da República, Pinto Monteiro, que revelou estar já a averiguar a conduta do magistrado do Eurojust, o presidente do Sindicato confirmou ao CM que mantém interesse em ser recebido por Cavaco Silva. 'Continuamos muito interessados em ser recebidos pelo Presidente da República, dada a gravidade da situação', limitou-se a dizer João Palma, recusando adiantar mais pormenores. Já Lopes da Mota nega todas as acusações de pressões. n
JOSÉ SÓCRATES REFERIDO EM DVD
O DVD, divulgado pela TVI na passada sexta-feira, mostra o empresário Charles Smith, arguido no processo Freeport, a chamar 'corrupto' a José Sócrates. No DVD, que terá sido gravado sem o conhecimento do escocês, Smith aparece a admitir que o actual primeiro-ministro – à data do licenciamento do outlet de Alcochete ministro do Ambiente – terá recebido dinheiro para viabilizar o outlet. O nome de Sócrates também é invocado em e-mails trocados entre familiares seus e os promotores do Freeport. n
PERFIS
VÍTOR MAGALHÃES
Vítor Magalhães, procurador de 54 anos, nasceu em Agosto de 1955 em Angola. Esteve muitos anos na comarca de Sintra e está actualmente no DCIAP.
ANTÓNIO PAES FARIA
António Paes Faria, de 49 anos, é natural da Figueira da Foz. Está há mais de 20 anos na magistratura e passou por Macau como director-adjunto da Polícia Judiciária. l José Luís Lopes da MOta, de 54 anos, é natural do distrito da Braga. Foi secretário de Estado da Justiça de Guterres, passou por Felgueiras e está agora no Eurojust.
'FOI UMA REUNIÃO DE TRABALHO'
A responsável pelo DCIAP, Cândida Almeida, participou ontem na reunião do procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, com os procuradores Paes Faria, Vítor Magalhães e o presidente do Eurojust Lopes da Mota. No final, 01h45m depois, a assessora Ana Lima afirmou: 'O procurador-geral da República mantém e reafirma o que disse no comunicado [de terça--feira] e nada há a acrescentar.' Lopes da Mota saiu sem dizer uma palavra. Cândida Almeida disse que se tinha tratado apenas de 'uma reunião de trabalho' sobre o Freeport. n
JOÃO CORREIA PROCURA ACAREAR PROCURADORES
João Correia, advogado e membro do Conselho Superior do Ministério Público eleito pela Assembleia da República, propôs ontem a convocação dos procuradores envolvidos na polémica das pressões para a reunião extraordinária de amanhã a realizar na Procuradoria-Geral da República.
Segundo apurou o CM, a proposta, que tem como objectivo ouvir Paes Faria, Vítor Magalhães e Lopes da Mota – e eventualmente proceder a uma acareação –, chegou ontem aos conselheiros, mas não foi bem recebida no Ministério Público. Uma das razões invocadas é o facto de este órgão do Ministério Público, com competências de disciplina, ser também integrado por não-magistrados com ligações ao PS, entre os quais o deputado Ricardo Rodrigues. A sugestão de João Correia, que anteriormente também propôs uma sindicância à investigação, só será analisada amanhã. n
CASO FREEPORT ENSOMBRA REUNIÃO SEMANAL
O Presidente da República, Cavaco Silva, recebe hoje o primeiro--ministro, José Sócrates, para a tradicional reunião semanal. No contexto do caso Freeport, o encontro de ambos reveste-se de alguma expectativa.
O novo responsável do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), João Palma, já pediu uma audiência ao Chefe de Estado, mas segundo uma fonte autorizada de Belém não há neste momento informação disponível.
Seja como for, Cavaco tem cumprido sempre as formalidades nas relações institucionais com as diversas entidades. Por isso, a nova direcção do sindicato deverá ser recebida em Belém. n
REACÇÕES NO PS
'O DVD É UM ELEMENTO QUE FEZ MUITA MOSSA' (João Cravinho, Ex-dirigente socialista)
O DVD [exibido na TVI] é um elemento que fez muita mossa e representa um conjunto de afirmações extremamente graves (...) Tal como o procurador-geral dá conta, averiguará, e é muito importante que o público, o cidadão comum, saiba das averiguações dentro dos termos em que estas matérias devem ser conduzidas.'
'OBJECTO DE CALÚNIA, INTRIGA, INVEJA' (Alberto Martins, Líder da bancada socialista)
A sua pessoa [José Sócrates] tem sido objecto de um dos piores males da sociedade portuguesa. Males que têm sido definidos na literatura, na poesia e vida portuguesa pela sua dimensão na calúnia, na intriga, na inveja e no maldizer. Com a liderança de José Sócrates iremos encontrar o caminho do progresso.'
'DESILUDIDO COM A LENTIDÃO DA JUSTIÇA' (Mário Soares, Ex-Presidente da República)
Confio na Justiça, embora esteja desiludido com a lentidão da Justiça. Peço-lhes que sejam céleres e que não haja fugas (...). Uma coisa são as campanhas que se fazem e o que a imprensa diz, outra é a realidade. Infelizmente a nossa imprensa não é muito escrupulosa nessa matéria e tem-se assistido a um excesso de intriga e maledicência.'
NOTAS
ALEGRE: APOIO AO SINDICATO
O socialista Manuel Alegre manifestou apoio ao presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, no dia 31 de Março. 'Tenho por ele estima e consideração', disse
MAGISTRADO: LIGAÇOES AO PS
Lopes da Mota foi secretário de Estado da Justiça de Guterres, foi casado com a actual vereadora socialista da Cultura da CM Lisboa, e suspeito de ter fornecido informações a Fátima Felgueiras
MARINHO: ARTIGO NO CONSELHO
O Conselho Superior da Ordem dos Advogados deverá analisar amanhã o artigo do bastonário, no qual Marinho Pinto acusa a PJ de encomendar a carta anónima que deu origem ao Freeport
Basta olhar para o Estatuto do Ministério Público. Liquida as regras objectivas do concurso para acesso e promoção de magistrados, acaba com o mérito e impõe a confiança como elemento absoluto. Um bom burocrata sabe que tem ali um instrumento de controlo. Todos os lugares de promoção passam a depender da hierarquia. Com subtilezas: os coordenadores dos DIAP são ultrapassados pelos procuradores distritais na nomeação das suas equipas. Deixa de haver lugares fixos e tudo passa a comissões de serviço de três anos, não renováveis nos casos em que cessa a confiança.
O exemplo que interessa: os magistrados do Freeport quando terminarem a comissão de serviço podem ser colocados, ao fim de trinta anos de carreira, em cascos de rolha. Neste momento, estão já totalmente nas mãos da confiança que a hierarquia pode ter ou não no seu trabalho e não neste propriamente dito. E como a hierarquia é tantas vezes preenchida por pessoas que passam a carreira em nomeações políticas para cargos... Há muitos exemplos de escolinha, se quiserem discutir. Nem precisamos de ir ao futebol!
Vossa Excelência, senhor presidente do Conselho, tem toda a razão. Não tenha meias-medidas, nem deixe que o seu generoso coração amoleça por um instante. É preciso zurzir em todos esses infiéis que andam por aí desalmadamente a pôr em causa as suas virtudes e as suas obras, realizadas em nome da Pátria e dos valores nacionais e socialistas. O desaforo não tem limites. Primeiro puseram em causa os projectos que Vossa Excelência executou com sabedoria e enorme generosidade para uma gentinha que nunca na vida sonhou viver debaixo de um tecto concebido por tão excelsa figura.
Com que orgulho tais almas falam a vizinhos, amigos, filhos e netos dessas magníficas obras de arte concebidas por Vossa Excelência nas profundezas da Pátria e guardam com zelo os riscos e rabiscos desenhados por alguém que, contra ventos e marés, em boa hora chegou a presidente do Conselho. Não contentes com o desaforo, vieram lançar suspeitas sobre as obras que Vossa Excelência concebeu por esta terra de Santa Maria para acabar com a vergonha das lixeiras a céu aberto. Gente safada, sem vergonha, cheia de inveja, digna de um sítio manhoso, pobre, hipócrita e cada vez mais mal frequentado que foi capaz de atirar lama para a licenciatura em Engenharia Civil de Vossa Excelência. Pobre gente, pobres almas que nem perceberam o alto significado do diploma ter sido assinado a um Domingo, glorioso dia do Senhor. Sim, poucos por este mundo de Cristo se podem gabar de tal façanha.
É um prenúncio, é Deus a mostrar-nos que temos ao leme da Pátria o Homem que nos vai levar a dobrar de novo o Cabo das Tormentas. Pobre gente, pobres almas que, desesperadas com a sua força e perseverança, vêm agora lançar suspeitas sobre um grande empreendimento que Vossa Excelência aprovou rapidamente e em força em nome de Portugal e da Santa Aliança com a bendita Inglaterra que tantas e tantas vezes nos salvou dos nossos inimigos. Não há perdão, não há redenção, não há fogo do Inferno que chegue para castigar essa gentinha que anda por aí a enlamear Vossa Excelência e a sua bem aventurada família, não poupando nada nem ninguém, nem a sua excelsa mãezinha, nesta corrida cega para o abismo. É por isso que Vossa Excelência não pode deixar o seu generoso coração falar mais alto. Chegou a hora de zurzir com força nessa escumalha que usa a pena e a língua venenosa para o enxovalhar, nosso querido e amado grande líder.
O facto de a freguesia ainda não dispor de saneamento básico não preocupa a maioria dos 55 habitantes. De facto, estes defendem que, "a internet é importante para fixar os jovens".
Na casa de Joaquina Monteiro, de 81 anos, a internet é comparada ao aparecimento da televisão. Ali, é José Lages, com nove anos, que comanda as operações no pequeno computador ‘Magalhães’. "Muitas vezes, no fim de jantar, juntamo-nos à volta do computador", garante o pai de José, Jorge Lages. "É mais fácil para ter acesso à informação e utilizamos muito o computador para falar com a família no estrangeiro", reconhece Joaquina, enquanto observa o neto a utilizar o portátil. "Ainda ontem vi, pelo computador, o meu filho que está na França", adianta. O que continua a faltar são os esgotos – os dejectos são despejados nas fossas, como há várias décadas.
AUTARCA DIZ QUE O INVESTIMENTO FOI "BEM FEITO"
No passado, os habitantes de Ruivós que quisessem ter acesso grátis à net tinham de percorrer 20 quilómetros até à sede do concelho. Além disso, aquelas pessoas que já tinham placa de rede móvel poupam agora 30 euros por mês.
Lourenço Caramelo, presidente da Junta de Freguesia de Ruivós, explicou ao CM que o investimento "rondou 20 mil euros" mas foi "bem feito". "Sentimos a necessidade de proporcionar aos mais novos qualquer coisa de que eles gostassem muito. Por isso nada melhor do que a internet grátis", referiu o autarca, que já recebeu "muitos elogios" pela iniciativa. Quanto à falta de saneamento básico, Lourenço Caramelo reconhece a falha mas garante que "é uma competência da Câmara. Compreendemos que não pode chegar a todos".
"NÃO TEMOS ESGOTOS MAS VAMOS TENDO OUTRAS COISAS"
A internet sem fios chegou a Ruivós há cerca de duas semanas e é o assunto que domina as atenções dos idosos. Alguns queixam-se de que, realmente, o saneamento "faz falta", mas isso não implica que a localidade não possa ser dotada de outras infra-estruturas.
Clotilde Pereira, de 79 anos, falou ao CM junto à tampa da sua fossa e concorda com a instalação da internet, que não é para ela, mas sim "para os mais novos e para as crianças que hão-de vir. Não temos saneamento, mas vamos tendo outras coisas", diz a moradora, considerando que não é um problema o facto de não haver saneamento básico. "Temos a fossa, e quando está cheia, a Câmara vem cá e esvazia-a, por isso não há problema. Nunca tive saneamento e não morri."
APONTAMENTOS
CEM MIL SEM ESGOTOS
Segundo o Inquérito às Despesas das Famílias de 2006/07, do Instituto Nacional de Estatística, existiam em Portugal cerca de cem mil famílias que não tinham rede de esgotos instalada nas habitações.
300 MIL ‘MAGALHÃES’
Segundo os últimos dados do Ministério da Educação, já foram distribuídos 300 mil computadores ‘Magalhães’ por todo o País. Ainda falta entregar 150 mil, que chegarão aos alunos só depois da Páscoa, garantiu a ministra da Educação há uma semana.
CM - 10-07-96
05 Abril 2009 - 13h26
Existem cerca de 31,9 milhões de portugueses e luso-descendentes até à terceira geração espalhados pelo Mundo. Se não fosse a emigração, Portugal teria actualmente uma população de mais de 40 milhões de habitantes.
O estudo, intitulado ‘Emigração: A diáspora dos portugueses’, foi feito pelo empresário português Adriano Albino, de 78 anos, natural de Grijó de Parada, em Bragança, mas que emigrou para Terras de Vera Cruz em 1951.
A conclusão do empresário é resultado de um estudo detalhado realizado através de um levantamento de portugueses que emigraram para diversas partes do mundo entre 1951 e 1965, altura de grande emigração portuguesa. Segundo estatísticas oficiais, 4,53 milhões de portugueses emigraram durante esse período de tempo.
A partir desse número, Adriano Albino calculou um coeficiente multiplicador dessas famílias que chegaram às diferentes parte dos Mundo.
No Brasil, para onde partiram 1,2 milhões de portugueses, depois de realizar uma investigação de campo através de entrevistas e recolha de dados de centenas de emigrantes, o empresário considerou que o factor multiplicador seria nove, o que totaliza 10,8 milhões de portugueses.
Com base nessa mesma metodologia, Adriano Albino estendeu o estudo a outras regiões do Mundo, concluindo que existem 9,31 milhões de portugueses e luso-descendentes nos EUA e Canadá, 3,19 milhões em África, 154.800 na Ásia, 7,54 milhões espalhados pela Europa e 193.360 na Oceania.
O estudo, recentemente publicado no Brasil, teve em consideração o nome do emigrante, estado civil, data da chegada, cidade de origem, número de filhos, netos e bisnetos, e cada uma dessas regiões do Mundo.
05 Abril 2009 - 00h30
Espanha vai aprovar uma lei sobre branqueamento de dinheiro pelos políticos. Aproveitando a transposição de uma directiva comunitária, o governo espanhol acrescentou novas regras. Com essa lei, bancos, seguradoras, antiquários, joalharias, galerias de arte, notários e empresas ficam obrigados a informar as autoridades sobre operações suspeitas.
Mas os destinatários do novo diploma não se diluem nessa genérica e vaga designação que são os ‘titulares de cargos públicos e políticos’. Agora, operações que venham a ser feitas por chefes de Estado e de Governo, ministros, secretários de estado, deputados, membros de tribunais superiores, incluindo do Ministério Público, passam a estar sob vigilância.
Por cá, o sentido é contrário. Tudo o que é político, senador ou personalidade, tende a ficar a salvo da lei. É preciso esticar a corda e a tensão instalar-se para saber se é possível pedir autorização para inquirir, investigar, pedir informação. Perguntar, apenas, então, dá direito a umas atoardas de um cão de fila qualquer.
Por cá, as leis são minuciosamente trabalhadas para preservar quem está próximo do poder e as nomeações pensadas em função de interesses particulares. Isso é ‘o poder’, obviamente democrático e sempre construído à sombra da velha legitimidade dada pela máxima de que o povo é quem mais ordena...
CHEGA DE SANTOS SILVA -
" Uma coisa é certa : a parelha funciona.
E, seja qual for a cabeça pensante, ainda bem para o PS que é Sócrates quem vai a votos e não Santos Silva.
Porque este, com a sua simpatia e afabilidade reconhecidas, não ganhava nem a Jerónimo de Sousa."
O SOL - 4 de Abril de 2009
SANTOS SILVA - Socialista, Social-democrata ou sómente SS ?
"E essa confusão leva-me a pôr uma hipótese ela própria " heterodoxa ". Será Santos Silva que está sempre de acordo com o chefe - ou, pelo contrário, será o chefe que segue as opiniões de Santos Silva ?
Quem é, afinal, o ventríloquo ?
Quem é que dita a táticta ?
É Santos Silva que, qual cordeiro, diz tudo o que Sócrates lhe manda dizer - ou é Sócrates que imita com os lábios as palavras que Santos Silva articula na garganta ?
É Santos Silva que fala pela cabeça de Sócraes - ou Sócrates que fala pela cabeça de Santos Silva ?
É Santos Silva, o celebrado professor universitário, que recebe lições do licenciado - ou este que segue as lições do professor ?
O SOL - 4 de Abril de 2009
SANTOS SILVA - Também é isto que distingue as pessoas que mantêm a espinha direita, dos yes man.
Uns são capazes de dizerem o que pensam mesmo quando é inconveniente; os outros só dizem o que é conveniente dizerem.
Na política habituámo-nos a que haja muitos YES MEN por duas razões : porque muitos políticos não pensam nada e portanto adoptam as ideias que vêm de cima - e porque, querendo assegurar os lugares que têm, receiam que qualquer heterodoxia possa fazer com que as percam.
Mas dos homens superiores espera-se mais alguma coisa.
Espera-se um rasgo, uma discordância - porque não é crível que pensem sempre o mesmo que os chefes ou que vivam no pânico de lhes desagradar. É por isso que a subserviência de Augusto Santos Silva me faz alguma confusão.
O SOL - 4 de Abril de 2009
SANTOS SILVA - Um político ou um comentador, para se fazer ouvir, para influenciar a opinão pública, não pode ser sempre previsível - tem de ser de vez em quando inesperado, tem de ser capaz de temperar o elogio com a crítica e vice-versa.
Quando se sabe sempre de antemão o que irá dizer, quando se tem a certeza de que não dirá algo de surpreendente, o interesse pelas suas intervenções reduz-se a zero - e a sua influência será limitada ou nula.
Qualquer intervenção política só poderá ser influente se tiver alguma novidade.
O SOL - 4 de Abril 2009
SANTOS SILVA - Outra coisa que impressiona é a sua fidelidade cega ao líder.
Apesar de ser muito inteligente, segundo se garante, não diz nada da sua cabeça.
Não foge por um momento à ortodoxia.
Não usa um único argumento novo, não tem uma única nuance em relação ao que diz o chefe : repete as mesmas coisas com as mesmas justificações.
Por vezes faz-me lembrar Vasco Graça Moura - que também é indubitavelmente inteligente e culto mas apoia acriticamente quem estiver no poder no PSD.
Faz-me confusão como estes homens não percebem que os elogios recorrentes se banalizam e perdem todo o efeito.
O SOL - 4 de Abril 2009
SANTOS SILVA - O tal que gosta de malhar na direita, melhor dizendo " a torto e a direito ", às tantas já não sabe onde está a malhar. Única excepção que segue sem falhas é para com Sócrates - " His master voice "
SANTOS SILVA tem um problema : a imagem que projecta é muito agressiva, a sua expressão é por vezes quase sinistra, vemo-lo com facilidade fardado de oficial de um qualquer regime totalitário.
E o que diz não foge à regra. Não que diga própriamente imbecilidades : o seu discurso é articulado, fala fluentemente, tem vocabulário.
Mas a violência que coloca no discurso chega a ser chocante.
Não foi por acaso que disse que gostava de « malhar» nos adversários : ele gosta mesmo de malhar, gosta de bater, nao gosta de discutir nem de dialogar.
Se pudesse, batia-lhe fisicamente.
O SOL 4 de Abril 2009
Poderes da ERC suscitam polémica
Augusto Santos Silva garantiu ao EXPRESSO que os espaços informativos ficam salvaguardados desta legislação desde que, por exemplo, “no final de uma reportagem sobre uma manifestação da extrema-direita de natureza xenófoba o pivô se iniba de fazer comentários favoráveis à manifestação”.
Esta é provavelmente a mais grave iniciativa do actual governo do Partido Socialista e tudo aponta para que vá avançar sem grandes problemas nem resistência substancial. Com a aplicação do critério descaradamente enunciado pelo ministro Augusto Santos Silva materializa-se claramente o que antes apenas se adivinhava nas entrelinhas e no espírito das orientações politicamente correctas recebidas da União Europeia.
Sendo certo que a intervenção (directa e indirecta) do Estado na comunicação social em Portugal era já extensíssima, as novas medidas configuram a instituição explícita e inequívoca de mecanismos de censura permanente pelo governo do Partido Socialista. Quem não julgou que se pudesse chegar a este ponto em Portugal em 2006, tem aqui a clara confirmação do que já se podia intuir há algum tempo. Ficam a faltar os blogs, mas a voracidade censória dos socialistas fará certamente com que não tarde a apresentação de medidas para limitar a liberdade de expressão também neste meio.
Quem pensar que nada tem a temer por não se encontrar entre os grupos agora determinados como alvos preferenciais da censura governamental deve ter em conta duas coisas: primeiro, que quem define os critérios que configuram uma transgressão na prática é (necessariamente) a mesma entidade que institui a censura (ou seja: o Estado); segundo, que uma vez aceite explícita e abertamente o princípio da censura, como agora foi feito, nada impede que o próprio leque de transgressões seja progressivamente alargado com base nos mais diversos argumentos politicamente correctos.
Leitura complementar: Lápiz azul. Por Gabriel Silva.
( clicar acima para ver )
QUEM É O VENTRÍLOQUO ?
UM VENTRÍLOQUO é um indivíduo que fala com a garganta. Assim, pode falar com a boca fechada - o que significa que pode falar parecendo que está calado.
E isto permite que uma pessoa que esteja a seu lado a fazer os movimentos dos lábios correspondentes ao que ele vai dizendo pareça que está a falar ; mas quem verdadeiramente fala é o ventríloquo.
Veio-me esta ideia à cabeça a propósito de um ministro. Precisamente o ministro Santos Silva.
Toda a gente que o conhece diz que é um homem brilhante, o seu curriculo é invejável, dir-se-ia que é uma daquelas pessoas que ainda são capazes de pensar pela sua cabeça.
E, no entanto, as suas intervenções públicas são uma lástima.
SOL - 4 de Abril 2009
Investigação Empresa da mãe de Sócrates citada no processo de corrupção na Amadora A empresa da mãe do primeiro-ministro, que está a ser investigada no âmbito do Freeport, surge envolvida num processo de corrupção na Câmara da Amadora, o qual abarca outras figuras relevantes do PS
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A equipa que está a investigar o caso Freeport suspeita que José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo do primeiro-ministro, possa ser o parente que o arguido Charles Smith acusa de ter sido o receptor das ‘luvas’ alegadamente entregues a Sócrates para conseguir o licenciamento do projecto de Alcochete.
José Paulo Bernardo está também referenciado num outro processo, que desde 2001 corre no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), onde se investigam indícios de tráfico de influências, corrupção, financiamento a partidos e branqueamento de capitais, e que tem como figura principal o actual presidente da Câmara da Amadora, Joaquim Raposo.
Raposo é um dos vários suspeitos deste vasto processo, cuja investigação se tem arrastado apesar de já terem sido constituídos oito arguidos. Em causa, soube o SOL, estão os actos ilícitos praticados por uma rede de pessoas ligadas à Câmara da Amadora e a empresas de construção civil, e que envolve também elementos da Direcção Regional de Ambiente e Ordenamento do Território, a que presidiu Fernanda Vara.
Esta arquitecta – uma das arguidas no processo da Amadora – integrou a comissão que deu parecer favorável ao Estudo de Impacto Ambiental que permitiu o licenciamento do projecto Freeport, em Alcochete.
Nas buscas desencadeadas pela Polícia Judiciária, em 2004, às empresas suspeitas neste processo e a vários serviços da Câmara da Amadora, o computador do presidente, Joaquim Raposo, foi um dos que mais provas deu aos investigadores. Foi aqui, soube o SOL, que surgiu a referência à Mecaso – uma das empresas de Maria Adelaide Carvalho Monteiro, mãe de José Sócrates, e José Paulo Bernardo, o primo de quem agora se suspeita.
Joaquim Raposo, que o SOL não conseguiu contactar antes do fecho da edição após várias tentativas, ao ter conhecimento da notícia afirmou que «o único computador que foi levado era o do presidente da Assembleia Municipal, António Preto», e não o seu.
Confrontado com uma escuta que existe no processo, o presidente da Câmara de Amadora adianta ainda que «nunca» ouviu falar da MECASO nem conhece o primo do primeiro-ministro. «Logo, não lhe podia ter telefonado», afirma.
Em relação a Fernanda Vara, Raposo diz apenas ter tido contacto enquanto autarca, para lhe «pedir alguns pareceres».
Quando li o aforismo, confesso que já imaginava represálias. Não de Sócrates; mas da sra. Cicciolina, que durante longos anos teve casamento estável e consta que fiel. Enganei-me. Foi Sócrates, e não Cicciolina, quem se sentiu ofendido. E, ofendido, o primeiro-ministro decidiu inaugurar um novo capítulo na relação do governo com a opinião: processar qualquer colunista que duvide sobre uma carreira que parece mais esburacada do que um queijo suíço.
Só espero que o eng. Sócrates não amue por eu comparar o seu passado a um queijo. O mesmo já não posso dizer do queijo.
Ana Simões disse à PJ do Porto, em telefonema feito às 22h40 de 6 de Março passado, que o antigo marido estava no Porto e, apesar de aguardar o julgamento do processo Cova da Beira, pelo qual estará sujeito a termo de identidade e residência, não tinha informado as autoridades da sua intenção de sair de Portugal na companhia de uma cidadã russa. "Eu continuo onde estou e não penso em fugir", afirmou António José Morais. E rematou: "Para fugir, tinha de haver alguma coisa que me preocupasse, e muito menos [fugia] para a Rússia, que é um país muito frio."
O processo Cova da Beira foi desencadeado por uma denúncia anónima, em 20 de Maio de 1997, sobre alegadas práticas de corrupção na construção da estação de tratamento de lixos daquela zona. A denúncia dizia que a HLC – Higiene e Limpeza de Coimbra terá disponibilizado 300 mil contos (1,5 milhões de euros) para pagar ‘luvas’.
COMPLEXIDADE FOI RECUSADA
A juíza do caso Cova da Beira recusou qualificar este processo como "de excepcional complexidade". Clarice Gonçalves fundamentou esta decisão no número de arguidos, que são três, e os elementos constantes nos autos. Mesmo assim, a juíza concedeu aos arguidos a prorrogação do prazo para a apresentação da contestação e meios de prova por 20 dias.
Em Março, os arguidos António José Morais, Ana Simões e Horácio Carvalho haviam solicitado, com base no nº 6 do artigo 107º do Código de Processo Penal (CPP), a prorrogação do prazo de contestação por 20 dias. A defesa de António José Morais fundamentava até o pedido com a duração do inquérito por mais de dez anos.
A prorrogação do prazo de 20 dias começou a contar ontem, com a notificação dos arguidos da decisão da magistrada.
SAIBA MAIS
INQUÉRITO
O inquérito do caso Cova da Beira durou mais de dez anos, na sequência de uma denúncia anónima em Maio de 1997.
1,5 milhões de euros, segundo a denúncia, foi quanto a HLC, vencedora do concurso da estação de tratamento de lixos, terá pago em ‘luvas’.
750 000 euros, do total de 1,5 milhões de euros alegadamente pagos em ‘luvas’, terão sido, segundo a denúncia, para o secretário de Estado do Ambiente (então José Sócrates). Sócrates foi ilibado no caso.
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... Porque estorvando-se uns aos outros, não fazem falta e ficará a todos nós mais barato.
Como estas elites que nos governam só sabem o que sabe o comum dos mortais, ao país só resta ficar com um punhado deles.
Como estas elites que nos governam só sabem o que sabe o comum dos mortais, ao país só resta ficar com um punhado deles.
Em ano de eleições, havemos de ver feitas as obras adiadas, inaugurações, mais subsidios,etc...Quem são os hiprocritas!?
uma no cravo e outra na ferradura,quem é que atribui esses sbsidios!quem é que age de forma populista!Quem é o chulo!?