E agora, Francisco Assis? Partido Socialista. Na secção da Almirante Reis, imigrantes só mesmo na vizinhança.
Quem desce a Av. Almirante Reis, dificilmente se apercebe da secção do Partido Socialista, no primeiro andar de um prédio a pedir obras. Não há número na porta nem qualquer inscrição na campainha ou na caixa do correio. Só a bandeira pendurada na varanda nos indica que ali funciona a secção mais cosmopolita do partido liderado por José Sócrates. Pelos menos assim o disse Francisco Assis, no fórum da TSF de segunda- -feira. “Eu conheço a secção da Almirante Reis e sei que esses cidadãos têm uma importante actividade política lá“, afirmou o líder da bancada parlamentar socialista, justificando assim a presença de vários membros das comunidades indiana e paquistanesa no comício de sábado, em Évora. (…)
Depois de uma última tentativa, a porta da secção do PS abre-se finalmente, para revelar aquilo que todos desconfiam: ali não há homens de turbante, muito menos voluntários para a campanha do PS. Não é naquele apartamento transformado que se mobiliza a “estrutura voluntária não controlada”, como definiu a direcção de campanha do PS. Se estávamos à espera de encontrar os homens que se deslocaram num autocarro do PS até Évora, uma rápida visita ao espaço é suficiente para abandonar essa ideia. Num corredor que liga a sala ao bar, as paredes estão vestidas com os nomes dos militantes da secção, ainda do tempo das últimas eleições do partido. São pouco mais de 500, todos eles com nomes bem portugueses: Barbosas, Silvas e afins. “Imigrantes? Temos alguns vizinhos, mas aqui dentro não. Aparece um ou outro moçambicano, mas nunca vi nenhum indiano“, diz-nos um homem de 81 anos, que há muito perdeu a conta ao tempo de militância. “Estou no PS desde mil novecentos e… há muitos anos.” (…)
E a cada abordagem, o argumento demolidor “não entendo” seguido de um olhar desconfiado ao material de trabalho. Ninguém fala, ninguém percebe. A excepção terá sido mesmo naquela tarde de sábado, em Évora, onde uma população de turbantes se sobrepôs ao cante alentejano: “Sócrates é muito boa pessoa, tratou de dar nacionalidade, tratou de tudo”, disse então ao i um dos indianos presentes. (…)
Seguimos para Odivelas, onde vivem alguns dos imigrantes que participaram na campanha. Foram eles que agitaram as bandeiras e gritaram algumas palavras de apoio a José Sócrates. Perto da mesquita, abordamos alguns dos elementos que reconhecemos das imagens publicadas nos jornais e das peças televisivas sobre as acções de campanha do PS em Évora. O silêncio é palavra de ordem. Se alguns se ofereceram como voluntários para acompanhar a comitiva socialista, algo os fez mudar de ideias depois de aparecerem na televisão. (…)