Os nossos partidos do poder (PS/PSD), cuja existência custa aos portugueses uma soma incomportável das suas parcas possibilidades financeiras, são avessos a falar de si e, quando o fazem, avançam números de pouca credibilidade como sejam:
PS “ dixit “ ; O número de militantes do PS ronda os 73 mil. No entanto, o número de militantes com direito a voto para o congresso deverá ser substancialmente menor. Só votam aqueles que pagarem as quotas.
PSD “ dixit” ; O número de militantes do PSD, em 2007, segundo fontes partidárias, não ultrapassaria os 60 mil, contudo apenas 50% votaram nas eleições directas (será o número provável de militantes do PSD).
Isto ao nível das estruturas partidárias nacionais, o mesmo, ou pior, se constata com as listas de militantes ao nível local!
Ora, considerando um total nacional de mais de oito milhões de votantes (por baixo), temos dentro do PS e PSD, no melhor dos casos, um total de 133 000 militantes, sendo que metade não vota. Dos que votam, a maioria deles votam com quotas pagas pelos caciques.
Haja a coragem de radiografar os partidos e fazer um levantamento do perfil dos seus militantes e depressa se vai concluir que na sua grande maioria votam em quem lhes mandaram votar, a troco de milhares de pequenos favores. A sua capacidade e entendimento do votar é muito limitada e as carências familiares são inúmeras.
A discussão política dos problemas reais do país passa ao lado da vida interna dos partidos que, perdem todo o tempo digladiando-se entre facções e encontrando dentro do partido os seus maiores inimigos. As sinergias estão arredias, pior, o objectivo nacional é completamente arredado e dá lugar a guerras constantes que paralisam toda a estrutura partidária e afastam os melhores em capacidade de liderança, respeitabilidade e abertura à sociedade civil.
Apetece perguntar, como podem surgir dentro de um universo de votantes inferior a 0.01% do total nacional de votantes, os melhores servidores para o país ?
O restante imenso dos portugueses não contam ? Sempre serão 99,99 % !
Não seriam precisas tantas explicações para se perceber que, com honrosas excepções, o partido e o país ficam entregues sempre aos mesmos caciques que manipulam a maioria dos militantes. As excepções, vão sendo marginalizadas. Como podem estes partidos deter tanto poder ?
Será que qualquer um dos líderes dos partidos é o melhor primeiro-ministro para Portugal ?
Só com muita sorte. E se isso for possível, estará ele como candidato, preparado para tal, perdido que andou em tanta luta para conquistar o poder e manter o partido unido, embora vazio? Afastado ou nunca empossado na gestão de qualquer grande empresa ! Sem nunca ter participado em qualquer governo, nem sequer como secretário de Estado. Com habilitações de qualidade duvidosa !
Hoje, o objectivo de um líder partidário é governar o país e não o partido.
Não esquecer que o actual primeiro-ministro já falhou a maioria das promessas que fez em campanha ! A realidade que encontrou no país era outra e ele desconhecia-a.
Mesmo assim, como está a vida económica de Portugal, e a crise da educação, saúde e justiça e as contas do Estado ? Como vamos solucionar o desemprego e a reforma do Estado. Estará o tão apregoado Plano Tecnológico a servir a economia, para além da entrega gratuita de computadores?
Será a profusa distribuição de diplomas do 12.º ano o melhor caminho para a educação se pusermos de fora as estatísticas? Como ficou a tão contestada avaliação dos professores?
O povo já fez a sua parte apertando o cinto para equilibrar as finanças públicas e enfrentar o custo de vida e o desemprego !
Por fim, não é mais possível acreditar que o melhor primeiro-ministro de um país tenha que sair de dentro de um partido. Outro caminho teremos de encontrar e deixar para o líder partidário o difícil papel de apoiar e descobrir o melhor primeiro-ministro na sociedade civil, com provas dadas . De toda a ordem.
António Reis Luz